“Todas as linhas que atravessam o meu rosto, contam historias de quem eu sou...”

ELLIE...

Estava em desespero, quando Ethan entrou no quarto, como se fosse um ladrão, entrei em um estupor, quando o encarei, seu rosto era uma mascara de dor e desespero, ele estava angustiado, queria decidir algo, queria saber como eu sabia daquilo. Quando fiz a pergunta, não sabia a resposta, muito menos se a queria, mas perguntei mesmo assim. Estava apavorada, não queria ouvi-lo, queria esquecer, queria que Jo voltasse ao normal, que a família Joseph fosse embora, que minha vida voltasse ao normal como sempre fora. Os olhos de Ethan se encontraram aos meus, eles me analisavam, como se tentassem me reconforta, o encarei por um minuto e então as palavras fugiram de meus lábios:

—O que você é?

Quando terminei as palavras, ele suspirou, sua expressão mudou para cansado, ele encarou o chão sua voz soou triste e rítmica como se um lamento:

—Um monstro. — Quando ouvi aquelas palavras mais lagrimas fugiram de meus olhos como se fossem um rio e elas queriam ir para o mar, sua expressão era serena e cansada, ele parecia um garotinho grande, mas frágil, forte, mas indefeso. Queria o reconfortar, mas ao mesmo tempo a repulsa que me atingiu, me fazia querer fugir, mas no fim queria ficar ao lado dele.

—O que exatamente?— Minha pergunta saiu como um animal assustado gemeria, não queria ouvir a resposta, eu praticamente já sabia, mas queria ouvir de sua boca.

—Um vampiro. —Suas respostas eram curtas como se ele escolhesse o que falar, so não sabia o motivo.

—Conte-me tudo que você é! — Disse embargadamente, queria saber o que o feriria? Como ele se tornara aquilo? Por que Jo me queria? Quem era sua criadora e por que escolheram Starville para morarem? — Eu prometo não contar a ninguém.

Ele me analisou, uma de suas sobrancelhas se ergueu e me encarou serio, sua voz agora não tinha mais medo agora era uma mistura de raiva e determinação, como se eu estivesse avançado uma espécie de patamar em seus conceitos. Sua voz saiu em um tom baixo:

—Primeiro Ellie você precisa analisar suas opções. — ele parou de falar, me observou alguns instantes, minha expressão era fria e séria, algumas lagrimas ainda desciam, mas ainda sim estava séria. — você tem escolhas.

—E quais seriam?— minha voz saiu séria e concentrada. Ele suspirou vacilante como se quisesse que eu escolhesse a alternativa correta, mas que não poderia interferir em meu livre arbítrio, então ele disse:

—Eu te contarei tudo que quiser saber e poderá opinar em conhecer mais sobre nois ou esquecer tudo. — Ele me encarou, fiquei confusa com aquelas opções que ele me dera.

—Como fará eu esquecer? —Minha voz estava se estabilizando, agora eu não sabia se esquecer era a melhor idéia.

—Eu irei forçá-la a apagar qualquer memória que tenha sobre nois, sobre o que viu ou sobre quem somos. — Sua expressão era triste novamente, como se eu escolhesse esquecer ele teria que me deixar, quando pensei nisso uma dor no meu peito se instalou, eu não poderia viver assim, sem ele, alem do mais esquecer so seria mais perigoso para mim mesma.

—Não quero esquecer, não quando meus amigos já estão envolvidos com vocês, não quando eu estiver correndo perigo em minha ignorância, — o encarei tentando ser verdadeira, quando o fato era que eu estava maluca. — Não se eu tiver que ficar sem você. — Ele me encarou espantado como se compartilhasse o que eu sentia.

***

Ethan...

Estava surpreendido com tamanha coragem de Ellie, como se ela tentasse encarar aquilo tudo com sua força e sabedoria, mas ela tinha algo alem, conseguia sentir que era mais que apenas humano. Sua voz começava a ficar seria e entendia como ela se sentia.

—Você já me forçou a esquecer algo? -A pergunta me cortou como se aquelas palavras fossem navalhas, e sim elas me machucavam.

—Nunca utilizei nenhum dom que pertenço, -a encarei, tentava conversar calmamente, estava realmente empenhado, queria que Ellie fizesse parte de minha vida.

—Quantos anos você tem?-Ellie havia se estabilizado, sua voz era firme e trêmula.

—Nasci em mil novecentos e quarenta. - meu ano de nascimento era um soco em minha cara, eu deveria ter idade para ser um avo para ela. Ellie se encolheu, e me encarou, ela me surpreendia a cada momento.

—Se você nasceu em 1940, — ela parou um pouco tentando fazer as contas, sua expressão calculista e fria. —Você tem 74 anos?

Então aquela era minha idade, havia anos que perdi o costumes de contá-los, eu nem se quer lembrava os costumes daquela época, se me esforçasse conseguiria relembrar tudo, mas se eu lembrasse talvez me perdesse nas memórias e alucinações e me entregaria ao vicio e a dor que sempre me assombrou.

—Sim, pelo menos presumo que sim. — Ela me encarou confusa e distante, minha expressão era a mesma, eu queria que ela não chorasse, mas suas lagrimas sempre corriam como se todas as minhas palavras fossem algo que a assustasse.

—Quando se transformou?— me concentrei no meu passado e algumas lembranças começaram a mergulhar em minha mente. Eu estava assustado com o rumo da conversa, mas iria contar tudo a ela.

—Me transformei em 1960, — sorri sordidamente com todas as lembranças, não me orgulhava de tudo aquilo, mas era preciso reviver para que Ellie me aceitasse. O relógio ao lado da cama de Ellie apitou, eram cinco horas da manha havia me esquecido da hora. Olhei para a janela e o horizonte se tingia de uma cor mais clara, indícios de que o sol despontaria.

—Ellie preciso ir antes que o sol nasça. — ela tentou argumentar, mas antes disso a encarei e prossegui. — assim que o sol se por terminarei de contar a historia para vocês.

Fui em direção a janela, abri e saltei em direção ao solo, assim que meus pés o tocaram sai em direção ao refugio.

***

ETHAN, 1960...

Estava frio em Washington, era inverno, esta caminhando em direção em minha, meus pais haviam morrido na guerra, minha mae uma enfermeira que ajudou as tropas, e meu pai um dos mais de mil soldados dos Estados Unidos. Vivia sozinho, um jovem de vinte anos correndo atrás de uma vida justa sozinho não era uma boa alternativa.

Estava indo em direção a minha casa quando uma garota de cabelos castanhos e olhos verdes entrou em minha linha de visão sua pele era clara e ela sorria para mim, me aproximei mesmo com meus instintos pedindo que eu fugisse fui cortes com ela, ela me olhou de cima abaixo e disse:

—Boa noite senhor Ethan, sou Asha Joseph, — sua voz era linda, um coral inteiros das melhores vozes do mundo todo não chegaria aos pés daquela garota. —me acompanharia ate minha casa?

No momento não pensei muito, ela era bonita, mas não a desejava, eu queria protegê-la como um irmão protegeria, ofereci meu braço a ela e entrei no caminho que era meu destino...