Edward’s POV

Olhos chocolates, temerosos, assustados, coração surrado pela vida, de alguma forma me chamava, me pediam socorro. Era como se Bella precisasse de uma proteção e segurança mais do que tudo. No meu consciente, e em meu coração, eu sabia que aquela mulher nunca mais sairia da minha vida, eu havia encontrado a pessoa com que eu faria o meu para sempre, ela era a mulher da minha vida. Eu seria tudo o que ela precisasse, um amigo, um companheiro, um irmão, um conselheiro, um protetor. Exatamente, como ela era para mim. Eu havia me entregado totalmente a ela, e não conseguia achar nenhuma parte de mim que estivesse arrependido por isso, pelo ao contrario, eu nunca estive tão feliz, e com um estado de espírito totalmente bem. Muito bem.

Bella’s POV

Alivio. Essa palavra me soava perfeitamente. E a sensação que ela trazia também era absurdamente incrível. Eu estava aliviada por lhe revelar parte de meu passado, e ter a certeza de que ele estaria comigo. Por enquanto por agora. Existiam muitos segredos a ser revelados, e eu não fazia a menor ideia como seria sua reação ao revelar a ele, era estúpido, mas eu precisava nem que fosse por um só momento sentir como era ter ele me amando e estando comigo, mesmo que depois que ele soubesse realmente toda a verdade, ele me odiasse, ainda assim eu o continuaria amando, e lutaria por ele. Porque simplesmente, eu na aguentaria viver sem ele afinal.

Quando o crepúsculo se formava, nós achamos melhor por fim voltamos para nossas casas, e deixar o possível jantar para um outro momento.

Ao chegar a minha residência, adentrei logo no banheiro, e tomei uma ducha morna, enquanto a água caia senti meus músculos se relaxarem. Depois de alguns minutos, finalizei meu banho, me enrolei em uma toalha, e penteei meus longos cabelos molhados. Coloquei um moletom e uma camiseta, ambos surrados.

Pensando em Charlie e Renée, a dor que antes me dilacerava, e causava um aperto em meu coração, agora dera lugar a saudade, depois de tanto tempo, eu não estava curada, mas era como se eu nunca estivesse ferida. A mesma dor que me queimava por dentro, fez com que eu voltasse para perto das lembranças deles.

Segui o caminho que me levava até o ultimo quarto da casa, onde ficavam guardados alguns de meus pertences e segredos. A chave desde sempre eu carregara comigo, para não haver problemas futuros. Girei a maçaneta, e abri a porta que me dava passagem para o cômodo, fechando-a logo em seguida. Em baixo do assoalho do quarto ficava um baú, com as coisas que pertenceram a Charlie e Renée. Por sorte, e bondade divina, nunca passara pela cabeça de James que ali havia coisa tal. Com a caixa onde os ficava algum dos materiais de luta de Charlie, nas mãos, eu a abri. Passei de leve meus dedos entre os pertences, fechei meus olhos tentando conter as lagrimas que tentavam escapar. Minha mente não entendia que me agarrar as pequenas lembranças que eu tinha deles, era o que me levaria para mais perto de ambos, mas tudo será diferente, a partir de agora.

–Eu vou fazer isso por você, pai. Perdoe-me por ser fraca, mas agora eu serei mais forte do que nunca, eu prometo a vocês. –uma leve brisa roçou em meus cabelos, os movimentando, e eu tive a certeza de que eles estariam comigo.

(...)

Do lado de fora de meu apartamento, alguém malditamente apertava a campainha capaz de ensurdecer. Em plena manhã, após uma longa noite de árduo trabalho.

–Merda de capainha! James você não tem a chave não? –eu gritei exaltada, indo até a porta e abrindo-a.

–Bella! -Jake disse abrindo seu sorriso.

–Seu idiota! Acha que minha capainha é o que? –eu disse franzindo o cenho.

–Estou feliz em te ver também, e sim eu estou bem, obrigado por se preocupar. –ele disse. Eu suspirei e o abracei.

–Desculpa, estava nervosa. Entre. –disse dando passagem para ele e trancando a porta atrás de mim.

–Já estou acostumado, não se esqueça que eu tenho um “macho alfa” em casa. Aquela mulher não é mulher em algumas circunstancias. –ele disse indignado, e eu cai no riso.

–Deixa Leah saber desses comentários Jake, você perderia suas bolas que você tanto ama. –ele estremeceu.

–Nem ouse, Isabella Swan. –eu sorri sarcástica.

–Você não tem que trabalhar hoje?

–Eu tenho, mas precisava falar com você antes, só estava esperando aquele louro desgraçado sair. Mas falando em trabalhar, você esta com olheiras profundas que chega a dar medo.

–Ah que porra Jacob, não enche, eu não dormi ainda. –eu disse, e ele riu. -Pois bem pode dizer chefe. –eu disse, me sentando no sofá.

–Quero que você me fale. –ele disse cruzando os braços na frente de seu peitoral.

–Eu te falar o que? –eu perguntei confusa.

–Bells, você sabe que eu quero sempre o melhor pra você, né? –eu concordei com a cabeça. –E você sabe que sempre jogamos limpo, entre nós não há segredos. –assenti, e ele prosseguiu. -Eu quero saber o que está acontecendo entre você e o doutor, para ser mais direto se é que você me entende.

–Jacob, você é patético, esta agindo como se fosse meu pai. Isso me da medo serio.

–Oras, nós dois sabemos que se ele estivesse aqui seria exatamente assim. Chefe Swan era duro na queda, Bella. –eu o encarei por alguns instantes, e ele só percebeu notar o que havia acabado de dizer , depois que as palavras já havia sido proferidas.

–Bella, me desculpa, eu sou um idiota, eu não devia ter mencionado ele, eu sinto muito...

–Jake...

–Me desculpa mesmo Bella, eu prometi que não ia mais falar sobre isso com você, eu sei que...

–Jacob...

–Eu sei que isso mexe com você, me desculpa...

–JACOB, PUTA QUE PARIU, DÁ PARA CALAR A PORRA DA SUA BOCA? –ele me olhou com os olhos arregalados. –Pare de se desculpar por falar dos meus pais, eu sei que por um tempo eu odiei mencionar qualquer coisa do tipo sobre eles, mas agora esse assunto não é mais proibido, tudo bem?

–Mas como... –ele parecia perdido em suas palavras.

–Eu contei a ele sobre a morte dos meus pais.

–Sério? –ele se espantou novamente. -Você nunca falou sobre isso com ninguém, Bella.

–Exatamente! Você pode entender isso? Eu confio tanto nele, a ponto que eu mesma consegui contar. Eu consegui... falar para ele, uma coisa que há anos eu não falava com ninguém...

–Acho que consigo entender. O que esse cara tem para fazer essa mudança em você?

– Eu não sei... eu queria descobrir, eu queria entender o que ele esta fazendo comigo, mas eu realmente não sei. Eu só...

–Você disse tudo, tudo? –ele disse com uma expressão como se estivesse ligando os fatos em sua mente.

–Não... –eu disse num sussurro.

–Sobre Nessie?

–Eu acabei de dizer que não.

–Você vai contar?

–Vou. Mas antes eu preciso ir a Seattle, falar com ela, e com Sue. Eu não posso simplesmente chegar nele e dizer: “Olha Edward eu tenho uma filha”. –eu suspirei. -Eu sei que isso é errado, eu estou enganando ele, isso é desprezível. E eu não sei o que fazer, eu não posso perder ele, não posso. Jake... Quando eu o conheci não imaginei que nos envolveríamos tanto assim, não imaginei que eu me apaixonaria, não, mais que isso, não imaginei que eu iria o amar. Puta que pariu, escutou isso eu o amo. –eu disse mais para mim mesma, do que para Jacob.

– Você o ama. Sabe por que eu acredito nisso? É a primeira vez que eu te vejo assim, você não percebe, mas você esta muito mais feliz, você sorri quase o tempo todo, você esta com mais coragem para enfrentar as coisas. –ele se aproximou de mim, e se ajoelhou em minha frente, tomando as minhas mãos na sua. -Você vai ter que tomar uma decisão. Você vai ter que pensar se realmente é ele que você quer, tomar coragem e expulsar James da sua vida, para sempre. –eu tremi, e soltei um grunhido.

–Eu vou. –disse sussurrando.

–Você vai. E, estou aqui para o que der e vier Dra. Swan. –eu olhei para ele e o abracei.

(...)

Com uma boa xícara de chocolate quente, Jacob cedeu a investida, e resolveu ficar por mais alguns minutos.

–Mas então uh? Já deu uns beijinhos no doutor? Você deve estar enferrujada. –ele disse olhando para mim e rindo.

–Jacob! Você acha que eu estou com ele para dar só “uns beijinhos”?

–É acho que “beijão” é melhor mesmo.

–Jacob, eu vou te socar. –eu disse enquanto bebericava meu chocolate.

–Bella, vocês já chegaram nos finalmentes, ou só estão nas preliminares?

–Mas que merda Jacob! Cala essa boca, eu não fui para a cama com ele, ok?

–Ah Bella, eu não acredito, porra, sexo é um dos maiores prazeres da vida, e já que você não pratica com o desgraçado do James, o que eu acho ótimo, ou então eu te internaria, você deveria praticar com o doutor.

–Eu vou cortar a sua língua, e depois colar a sua boca, e eu não estou brincando. E eu não vou ficar discutindo minha vida sexual com você. Até porque eu nem tenho uma, se é isso que você quer saber. Agora toma esse chocolate e cala a sua linda boca, antes que você perca seus dentes.

–Bells, desde quando você ficou tão agressiva assim? –ele riu. Eu revirei os olhos.

–Eu sempre fui assim, porque você sempre me encheu as paciências.

–Eu sei, é engraçado. –ele disse soltando uma gargalhada, e eu acabei rindo junto com ele.

–Voltei a treinar, acredita? Eu nunca devia ter parado, confesso que estou enferrujada. Acho que preciso da sua ajuda de novo.

–Isso é ótimo! Pode contar com o Chefe Alfa Jacob.

(...)

–Bom dia Jess.

–Bom dia doutora.

Cumprimentei-a, entrando em minha sala, sendo seguida por ela.

–BELLA! BELLA! –disse um pouco alto.

–Sim? –eu disse me sentando atrás de minha mesa.

–Os convites! Os convites oficiais da Cerimônia chegaram! –ela estava eufórica.

–Os convites! Oh Meu Deus! Onde eles estão? –perguntei com entusiasmo.

–Esta em baixo das suas mãos. –olhei para debaixo das minhas mãos, onde estava um envelope branco, adornado por alguns detalhes dourados, escrito com uma letra digitalizada “Dra. Isabella Marie Swan.” –Bella você esta aqui ou é só seu corpo?

–Não sei. –disse sinceramente e ela riu.

–Vou te trazer um café, quem sabe te acorda.

–Obrigada, Jess. –sorri para ela.

.

Depois de um longo dia de trabalho intensivo na UTI, onde pessoas desenganadas pela morte, ainda lutavam por sua vida, tentavam manter um fio de esperança, mantinham seu coração batendo com as ultimas forças que lhes restavam. Ver tudo aquilo era como socos em meu estomago, doíam muito. Mas esse mesmo sentimento de dor, é que me fazia a querer lutar por elas também, é querer manter o coração delas batendo, talvez não por muito tempo, mas tempo suficiente para que elas pudessem viver a total felicidade, todo mundo merecia desfrutar dela, em algum momento da vida.

–Hey Jess, ganhou flores do admirador secreto? –ela pareceu confusa com minha pergunta, mas logo seu olhar se desviou para o grande buque de rosas vermelhas em cima da sua mesa.

–Dra. Isabella, esse buquê não é para mim, e sim para você, então creio que o admirador seja seu também.

–Para mim? –eu me senti completamente surpresa.

Ela estendeu o buquê e eu dei dois passos para segurar. Era ainda mais perfeito de perto, e vinha com um cartão. Passei o buquê para o braço esquerdo, e com a mão direita peguei o pequeno cartão do meio das rosas, com uma caligrafia perfeita, estava escrito: “Dra. Isabella Swan.”

–Obrigada Jess.

–Por nada, espero que goste, são muito lindas. –eu sorri para ela, e entrei em minha sala fechando a porta logo em seguida.

Deixei as flores em cima da minha mesa, e abri o cartão. Com a mesma caligrafia do envelope, estava escrito:

“Para a dona dos meus pensamentos e sorrisos, todos os dias.

Você aceitar ir jantar comigo hoje?

Edward”

Sorri instantaneamente, feito uma boba, mas que mal havia nisso? Nunca em toda minha vida alguém se lembrara de mim a ponto de me mandarem entregar um buquê digamos que um tanto exagerado de rosas, mesmo não sendo nenhuma data importante, especial ou comemorativa. Edward era um cavalheiro perfeito, e isso já estava mais do certo, mas nada previsível. O que me surpreendia cada dia mais, e ele por si só, sem esforço algum, sendo apenas ele mesmo, me encantava da forma mais bonita que eu já havia conhecido. Perfeito. Não existia uma definição melhor ou assimilar. Nem me dei conta de que algumas lagrimas botaram em meus olhos. Era claro que eu aceitaria, nem que eu estive condenada a morte depois, eu aceitaria.

Fui despertada de meus devaneios com as batidas na porta.

–Entre.

–Bella, esta tudo bem? -Olhei para Jessica com um olhar de, como poderia não estar?

–Acho que sim, eu... meu Deus, eu não sei como reagir a isso é tão... perfeito.– disse voltando meu olhar para as rosas.

–Sim, realmente, ainda mais quando essas pequenas surpresas veem acompanhadas de grandes sentimentos. –voltei meu olhar para Jessica.

–Uau. Isso foi lindo, de onde tirou tanta sabedoria? –nós rimos, ela sacudiu a cabeça.

–Bom, como você disse, não sabe como reagir a isso, sugiro que você comece indo até la e agradecendo ao dono desse sorriso.

–OH céus, você tem razão, eu... eu já volto, se alguém perguntar por mim, diga que... que eu fui ao banheiro. –disse enquanto passava por ela apressadamente.

Cinco salas após a minha e lá estava eu, diante da porta do Dr. Edward Cullen.

–Ângela. –disse chamando a atenção da secretária de Edward para mim.

–Pois não doutora? –ela disse educadamente.

–Dr. Edward está?

–Ele esta ocupado, o que deseja?

–Falar com ele.

–Ele não pode receber visitas agora, estava tratando de alguns assuntos administrativos.

–Eu não sou uma visita, eu preciso falar com ele.

–Mas ele esta muito ocupado e se...

–Avise para ele que estou aqui, por favor? –disse contando-a.

A porta de sua sala se abriu, e Emmett saiu de lá, acompanhado por Edward, os dois nos encararam com uma expressão curiosa. Emmett estava com sua pasta de advogado nas mãos, e Edward com algumas papeladas.

–Bella.

–É... OI. –eu disse meio acanhada.

–Bellinha, quanto tempo. –Emmett se aproximou de mim me cumprimentado com um abraço.

–Quanto tempo, Emmett. –ele ficou de frente comigo novamente.

–E então como vão seus pacientes?

–Ham? Meus pacientes? Eles...

–Emmett, vai trabalhar. –Edward disse.

–Mas o que Dr. Cullen, só estou conversando com a Bella.

Edward o fuzilou com os olhos e eu ri.

–Ta legal, tchau Bella, até mais ver.

–Até. –disse acenando para ele e rindo. –Vim falar com você.

–Bom, então pode entrar.

Ele disse me dando passagem pela porta, eu entrei em sua sala e ele a fechou. Cerrei os olhos para ele.

–Que foi? –ele perguntou divertido.

–Por um acaso, algum Cullen que o senhor conheça deixou esse cartão para mim? –retirei o cartão que estava em meu bolso e lhe mostrei, ele olhou e sorriu. –Acho que sim, uh? –dei dois passos em sua direção.

–Talvez, mas que eu saiba não foi só esse cartão...

–Claro que não, mas eu preferi deixar que aquelas lindas rosas enfeitassem minha sala. –dei mais um passo. –Eu vim te agradecer, eu não deveria mais me surpreender com você sabe, mas é impossível, eu me encanto com tudo o que você faz...

–Você gostou? –ele perguntou meio hesitante.

–Gostar é uma palavra fraca perto do que eu senti, eu simplesmente amei, amei muito.

Nesse momento nossos corpos já estavam encostados, eu me aproximei mais um pouco até sentir sua respiração soprando em meu rosto.

–Eu aceito jantar com você.

Ele deu um sorriso triunfante, que iluminou seu rosto por completo, era tão absurdamente tão lindo, se eu não pudesse sentir ele próximo a mim diria que ele era uma espécie de ser inanimado, uma escultura perfeita.

–Você nem imagina o quanto isso me faz feliz, Bella.

–Deve ser igual você esta fazendo comigo, então acho que posso imaginar.

Passei meus braços pelo seu ombro, e ele me abraçou pela cintura, capturei seus lábios, e em perfeita sincronia nossos lábios se moviam, até que sua língua pediu passagem por minha boca. No começo foi doce, e apaixonado, depois foi urgente, e avassalador, e por ultimo calmo, sem pressa para acabar.

–Obrigada. –eu disse sobre seus lábios.

Ele enterrou seu rosto em meu pescoço, e depositou um beijo ali.

–Acostume-se com meus mimos, Swan. Pois nunca vou cansar de demonstrar meus sentimentos para você, somente você.

Eu suspirei. Nunca vou me cansar de recebê-los Edward. Nunca.

Mas é claro que esse ultimo pensamento saiu alto demais, e ele acabou ouvindo, ele se afastou de mim, e sorriu como uma criança que acaba de receber um doce, e me beijou.