Eu chacoalhava minha cabeça desesperadoramente, sentia a adrenalina, medo e a sensação de fuga me dominando, mas eu estava fraca demais e dopada por remédios, eu não conseguia lutar contra ele. James retirou todos os aparelhos e fios de mim mesmo eu me debatendo, ele parecia tomado por uma raiva gigante, seus olhos estavam negros e cheios de ódio, mas o que mais me assustou foi o riso que ele soltou.

—Eu finalmente consegui te achar. –e gargalhou de novo. –Eu sinto muito por esses hematomas no seu lindo rosto, Bella.

Nunca em toda a minha vida eu tinha tido tanto medo dele como agora, eu me sentia aterrorizada, queria conseguir gritar, mas eu sabia que ele poderia me matar a qualquer momento e eu não colocaria a vida do meu bebê em risco, tentei organizar meus pensamentos e pensar em algo que salvasse minha vida.  James me puxou pelo braço, uma dor aguda percorreu todo o meu corpo.

Por favor, que Renesmee esteja bem, por favor.

—Me escute bem, Isabella. Se voce gritar, eu mato voce aqui mesmo. –ele apontou uma arma para mim, que ate aquele momento eu não sabia que ele estava com ela.

Eu congelei. Não hava dito uma palavra desde que eu havia visto ele, e então minha mente começou a processar o perigo que eu estava correndo. Não... não. Eu preciso ficar bem. Eu tenho que controlar meu pânico, não posso deixar nada acontecer com meu bebê.

—James... Por favor, me deixe em paz, agora já esta tudo com a policia, voce não pode fazer mais nada. –disse a única frase que minha mente conseguiu formular.

—Cala a boca sua desgraçada, nós vamos fugir.

—EU NÃO VOU A LUGAR NENHUM COM VOCE. –ele puxou meu braço me fazendo ficar em pé. Foi tão rápido que eu senti como se fosse cair a qualquer momento, minhas pernas estavam fracas, e minha visão ficou turva, eu respirei fundo alguns segundos.

—Voce vai sim! Coloca essas roupas agora! –ele jogou uma calça jeans e uma blusa de moletom para mim, e eu as conhecia bem, com certeza ele tinha pegado em meu guarda roupa. –RAPIDO, ISABELLA.

Eu tentei pensar rápido, tentei achar uma saída, mas se eu não fosse com ele, poderia acontecer algo muito pior, se ele estava aqui certamente ele havia driblado as policias e os seguranças. De repente me lembrei de que Leah também estava no quarto, senti meu sangue esfriar e se fosse possível um medo maior tomou parte de mim.

—Leah? –eu sussurrei.

—Isabella meu único alvo era você.

 Droga, aonde estariam todos eles que deveriam estar fazendo a guarda? Eu sabia que James era capaz de conseguir tudo o que ele queria, mas não era possível que ele havia conseguido passar por todos sozinho. Alguem estava com ele nessa. Eu nunca colocaria a vida do meu filho em risco, eu iria com ele. Então, como uma luz me lembrei dos rastreadores de Andrew, talvez seria minha única chance.

—Eu irei com você, James. Mas, você pode me dizer para onde estamos indo?

—Eu não sou idiota, Bella. Coloca a porra das roupas antes que eu te arraste de camisola mesmo. AGORA! –ele gritou comigo e eu decidi não discutir mais. James jogou um par de tênis para mim, logo depois.

Coloquei os pares de roupa o mais rápido que eu pude, James estava tao atônito e desesperado que não percebeu quando eu peguei o micro rastreador e grudei dentro do cós da calça. Não consegui pegar o celular, apenas apertei o botão para que ele fosse ativado, Andrew entenderia isso como algum sinal.

Se isso funcionar mesmo é so uma questão de tempo para nos encontrarem.

James assim que me viu pronta, me puxou pelo braço e abriu a porta, o corredor estava todo escuro e não tinha ninguém nos arredores.

—O que aconteceu? –eu sussurrei.

—Você me deu muito trabalho, Bella, mas tudo vale a pena porque eu te amo.

—Se você me ama, então me deixe aqui, James.

Ele parou de andar e apertou mais ainda meu braço, seu rosto estava a centímetros do meu e a arma estava encostada em minha barriga, eu parei de respirar por alguns segundos.

—Você não entende que eu so quero o seu melhor? Você so vai ser feliz comigo, Bella.

Eu quis chorar, eu quis gritar, ele havia enlouquecido de vez, mas tudo o que eu consegui fazer foi o acompanhar, James me puxou para a área de serviço e descemos alguns lances de escada e em todo esse tempo, ele continou a segurar a arma com uma mao e meu braço com a outra, eu não podia nem pensar em fugir. James abriu uma porta que deu acesso a um corredor e um cheiro horrendo invadiu minhas narinas, nos continuamos a um passo acelerado e então chegamos a uma porta grande e pesada, quando ele abriu a porta, estávamos na rua, e eu pude ver um carro preto estacionado. James abriu a porta e me jogou la dentro e entrou em seguida, gritando com o motorista. O carro saiu cantando pneus e acelerado, eu estava tao desesperada e com medo que so depois de uns minutos que eu reconheci a motorista do carro. Era Tanya.

—Mas que porra é essa, James? Para onde estamos indo? O que essa mulher esta fazendo aqui? –eu gritei.

Ela soltou uma risada histérica.

—Edward finalmente percebeu a vadia que voce é e te deixou. Agora sim, ele vai voltar para mim.

—SUA DESGRAÇADA.

—CALEM VOCES DUAS, PORRA.

—VOCE NÃO OUSE GRITAR COMIGO, JAMES, EU JÁ O AJUDEI A SEQUESTRAR A VAGABUNDA.

—Tanya apenas dirija para o lugar combinado.

Eu senti a raiva me dominando, sentia meu corpo inteiro queimando de ódio e queria aquela mulher nas minhas mãos, quando eu tentei chegar ate ela James segurou meus dois braços.

—Se voce não ficar quieta eu vou te amarrar, Isabella. –ele disse com fúria.

Tanya gargalhou novamente e eu me encolhi no banco, institivamente eu levei a mao ate minha barriga.

Vai ficar tudo bem... Andrew vai nos achar.

O carro seguia violentamente pelas ruas, em todo o percusso Tanya e James discutiam e gritavam entre si, eu não conseguia entender mais nada do que diziam, e não conseguia distinguir aquele caminho, não sabia para onde estava sendo levada. Em certo momento eu tive um bloqueio de tudo o que estava acontecendo a minha volta, eu certamente morreria, estava nas mãos de Tanya e James. Entao uma imaginação começou a surgir, e aquilo de certa forma me fez esquecer o que estava acontecendo. Pensei em Edward e nele recebendo a noticia, pensei na sua felicidade, no seu sorriso, imaginei seu olhar cheio de amor, e quase pude sentir seu abraço em mim. Imaginei Edward com uma criança linda no colo, e aquilo fez meu coração arder, eu soltei um choro estrindente, ele nunca conheceria o filho, nunca jamais saberia que fora pai novamente. E Renesmee, tao pequena e tao cheia de traumas, eu não podia deixa-la sozinha, não podia deixar ela viver sem a mãe, porque eu bem sabia como aquilo doía em mim, e eu jamais cogitaria deixar minha filha passar por aquilo. Eu orava internamente para que ela estivesse bem.

...

Tanya parou o carro em um lugar que eu não conhecia, era totalmente deserto a não ser por um avião que estava ali. Pude ver uma pista de decolagem a frente, o local parecia um aeroporto abandonado. Eu deduzi que aquele seria nosso destino. James fugiria comigo e me levaria para algum lugar totalmente desconhecido e depois eu não sei o que aconteceria comigo. Talvez eu não morresse. Talvez eu nunca mais visse Renesmee, Jacob, Leah, Sue... e Edward. Aquilo era o que mais me desesperava, o desconhecido. Mas, e Tanya? O que Aconteceria com ela? James desceu do carro, me puxando com ele, e Tanya veio logo atrás. Quando eu a olhei me assustei um pouco, ela mantinha um expressão psicopata no rosto, eu não conseguia entender, mas todos meus instintos me alertaram e um arrepio percorreu por toda minha espinha. James me puxou com ele, e ela veio logo atrás. De repente ouvi um barulho de tiro. O que aconteceu depois foi tao rápido que eu mal consegui processar, James institivamente havia me puxado para baixo com ele, e tao rapidamente havia se virado para onde havia vindo o disparo, eu ouvi três disparos, quando olhei para tras Tanya estava caída, e algumas poças de sangue começaram a se formar em volta do corpo dela. Eu sabia de muitas habilidades de James, mas essa com certeza havia me deixado perplexa, James agira tao rápido e liquidara Tanya com uma frieza que só um assassino faria. Eu ainda estava caída no chão, não fazia a mínima noção que estava chorando.

—James por favor, pare. –eu implorei, minha voz saiu tao embargada que eu mesma quase não entendi o que havia sido dito.

James forçou meu braço para cima, me colocando em pé.  

—Aonde estamos indo, James?

—Isso eu não vou te falar.

Seu olhar era psicopato, mas eu senti que talvez seria minha única chance de conseguir fugir.

—James, vamos acabar com tudo isso de uma vez. Voce sabe que nós nunca seremos felizes, você sabe que tudo aquilo que tivemos foi uma mentira. Por favor, me deixe ir. –eu disse olhando em seus olhos.

—Por que você diz essas coisas? Por que você não me ama? Eu fiz tudo por você, por que você não me quer Bella? Eu tenho tudo preparado para nós, vamos ser muito felizes.

—E Renesmee? Eu sei que voce sempre gostou dela, como voce acha que ela vai ficar sem a mae?

—Eu tentei trazer ela, eu juro, mas aqueles malditos seguranças não deram espaço. A gente não pode buscar ela.

—Então me deixe ficar com ela. Por favor.

—NÃO. CALA A BOCA. JÁ CHEGA. NÓS VAMOS EMBORA.

—JAMES. –então eu ouvi a voz de alguém.

Aquela voz... eu a reconheceria em qualquer lugar, em qualquer distancia, era a voz de um anjo e so aquela voz me fez sorrir. James virou de encontro a voz e me puxou com ele.

—Edward Cullen. Que bom que veio.

Edward. Meu mundo parou quando pousei meus olhos nele. O homem que eu amava estava ali, o homem que fora dono de todas minhas ultimas emoções, o homem que eu daria tudo só para tê-lo novamente e o homem que era pai do meu filho. Senti meu coração na minha garganta pulsando incansavelmente, senti como se fosse desabar, meus pes tentaram dar alguns passos em sua direção mas eu fui puxada para tras novamente com um aperto firme.

James agora me mantinha presa com um braço passado no meu pescoço e a arma na minha cabeça, eu não me importava com nada disso, porque Edward estava la.

 E por um momento eu não tive mais medo, porque Edward estava la.

Era como olhar para minha salvação e se eu morresse, eu morreria olhando para o homem que eu sempre amei, para a pessoa que significava mais que tudo, para o amor da minha vida. Ele estava a metros de nós, tao perto... Depois de tantos meses sem o ver, ele parecia ainda mais lindo, seus cabelos estavam desdenhados como sempre, ele vestia uma camisa social branca e uma calça jeans, e dava pra ver que ele estsva muito soado, mas ele estava lindo... Ele estava longe, mas eu o conhecia o bastante para saber que estava com uma expressão de terror, medo, misturado com ódio e raiva.

—Edward... –eu mal escutei o sussurro que saiu da minha boca.

Eu queria gritar para ele sair dali, ele não podia se machucar, mas eu não conseguia, não conseguia mover um musculo se quer, percebi que meu rosto inteiro estava molhado pelas lagrimas. Edward olhou duas vezes so para mim e em todo o tempo ele mantinha o olhar fixo em James. Eu nao conseguia entender o que ele estava fazendo ali, era para a policia estar em seu lugar ou talvez Andrew.

—Solte ela, eu já estou aqui, voce pode solta-la agora. –ele tentava esconder sua histeria.

Meu coração se apertou, eu queria abraça-lo, queria contar que teríamos um bebê e principalmente eu queria que James nunca tivesse existido. James gargalhou histericamente me lembrando que infelizmente eu não estava sozinha com Edward.

—Voces são todos burros, voce acha mesmo que eu iria facilitar dessa forma? Voce e seus seguranças de merda fizeram o meu plano dar errado, e aqui estamos nos e um avião pronto para decolar, mas voce vai morrer e eu e minha Isabella vamos fugir.

Edward estremeceu e sua mandíbula trincou, ele forcou tanto os dentes que certamente quebraria algum deles, e deu um passo a frente, James engatilhou a arma e eu engoli em seco.

—Edward... não. –eu disse.

Ele me olhou e nesse momento parecia que ele quis chorar, eu via todo o cansaço em seus olhos, e vi que ele estava disposto a se entregar, mas se entregar por que?

—James, voce disse que se eu lhe desse o avião para fugir e estivesse aqui, voce iria solta-la.

—E voce e tao patético a ponto de acreditar nisso. Isabella sempre foi minha, desde o dia que eu botei meus olhos nela, mas ela preferiu o estupido do meu irmão e teve a doce Renesmee com ele, eu o matei... –ele riu sarcasticamente e eu o quis socar de todas as formas, lembrar de Alec doía muito. –Matei Laurent também, tudo por causa dessa vadia que voce estava fodendo, então eu acho justo voce morrer também para que nos possamos viver juntos. Olhe bem para ele Isabella, porque sera a ultima vez. –ele sussurrou a ultima parte.

Edward não tinha nada nas mãos e James tinha uma arma, se eu conseguisse me soltar e pegar a arma eu poderia...

James apertou mais forte o braço em meu pescoço e eu tossi.  Edward arregalou os olhos. Minha visão tava nublada pelo choro constante, mas em nenhum momento eu deixei de olhar para Edward.

—Voce vai comigo, Isabella. Diga adeus ao seu romancezinho.

E então eu entendi, ele atiraria em Edward e eu não pensei em mais nada, a não ser impedir James. Quando ele apontou a arma para Edward eu agi mais rápido do que eu pensaria que conseguisse, eu lhe soquei com o cotovelo seu nariz e empurrei sua mão, a arma escorregou para longe de nós.

—NÃO! –Edward gritou.

O grito de Edward soou naquele lugar aberto, mas eu nem se quer olhei para trás, so pensei em correr te chegar na arma. No segundo seguinte James me puxou pela cintura me jogando pro lado e eu cai no chão, batendo forte com a cabeça. Eu urrei de dor, e senti alguns pontos do meu rosto com certa ardência. Quando abri meus olhos para procurar por Edward, vi ele sobre James.

James estava ensanguentado e Edward o socava com tanta força que eu nunca havia visto, os dois rolaram no chão. Cada golpe mais forte. Mais rápido. Mais próximo de terminar aquilo. Não conseguia ver quem estava sendo melhor.  Eu tentei me levantar, mas minha cabeça e o lado direito do meu corpo doía demais e eu senti uma vertigem a qual não me deixou me movimentar. Levei a mão na parte de tras da minha cabeça e senti uma coisa viscosa em meu cabelo. Foi quando eu ouvi um grito vindo de Edward, aquilo me despertou.

—BELLA CORRE.

Aquela voz veio de Edward novamente. Ele estava me mandando correr? E deixar ele ali? Eu nunca faria aquilo.

Levantei-me o mais rápido que consegui e sai a procura da arma, quando o visualizei tive a ma sorte de James a achar também. Eu corri como se tudo dependesse daquela corrida, forcei meus pulmões e a entrada do ar. Ignorei qualquer dor ou protesto que meu corpo estava fazendo. Edward estava ali por mim, e eu precisava me livrar de James.

 James se levantou para correr atrás da arma, mas vi quando Edward puxou sua perna e ele acabou caindo no chão, batendo o nariz já machucado. Ele soltou um grito arrepiante. Eu alcancei a arma e sem pensar atirei perto da virilha de James ele urrou de dor, mas eu o ignorei, corri de encontro a Edward que estava caído no chão, com sangue sobre o olho escorrendo por toda sua cabeça. Eu não consegui achar onde era que Edward havia sido atingido por James.

—Edward... Edward.. voce esta bem? Fala comigo... –eu sussurrava desesperadoramente.

—B-b-bella.

Seus olhos tentavam entrar em foco e desfocavam novamente.

—Edward, por favor... fala comigo...

—Cuidado. –ele tentou dizer, mas eu não fui rápida o suficiente para entender.

Senti uma pancada forte em minhas costelas e cai de lado, James havia me acertado com um belo chute.  Mas vi quando James arrancou a arma da minha mao e atirou em Edward quase desacordado, mas no instatnte seguinte ele estava no chão, não consegui ver quem o acertou.

Uma figura que eu conhecia se agachou ao meu lado, era um dos seguranças que havia nos acompanhado em Londres.

—Srta. Isabella, como esta se sentindo?

Minha cabeça latejava, e eu não conseguia levantar, muito menos racicionar. Sentia que estava perdendo a consciência aos poucos.

—Edward...

—Andrew esta com ele.

Edward estava em boas mãos. Eu me sentia extremamente exausta e dolorida. Minha consciência foi perdida instantes depois. E a escuridão me parecia o melhor caminho, nela eu poderia finalmente descansar e eu não sentia dor alguma.  

.

Edward estava deitado e dormia profundamente em uma cama muito maior que ele, pela primeira vez ele parecia frágil e debilitado, mas ainda assim era o homem mais lindo que eu já havia visto. Ele estava com um curativo acima do olho, aonde seu supercilio havia sido aberto, e um curativo em seu ombro, aonde por sorte a bala havia pegado de raspão. Edward havia passado por cirurgia somente para a reconstrução do local, não havia sido nada grave e ele iria se recuperar bem e podia ser uma recuperação rápida.  Eu não havia sofrido nada demais, o impacto em minha cabeça e costelas, geraram uma dor absurda que estava sendo controla por analgésicos. Eu havia ficado dois dias internada. Por sorte não havia quebrado nada e não havia sofrido nenhum dano no cérebro. Mas, os hematomas roxos cobriam quase que meu corpo inteiro.

Quando percebi havia dado vários passos e estava do lado da sua cama, olhando aquele lindo homem de perto. Eu o amava, o amava tanto que doía, amava cada detalhe, ele era importante demais para mim. Eu queria lhe dar um abraço e o encher de beijos, um beijo em cada ferida para que ele pudesse sarar o mais rápido possível. Eu não contive meus dedos e logo eles estavam tocando seu rosto bem de leve, eu sorri com a proximidade que estava de Edward depois de um longo mês, tirei uma mecha de seu cabelo que havia caído sobre sua testa e aproveitei para passar a mão nos fios que eu tanto amava. Edward se mexeu e eu recuei rapidamente com medo que ele acordasse e me mandasse embora. Depois de uns minutos eu tive a certeza que ele ainda estava dormindo e voltei a atenção aos meus toques novamente. Dessa vez eu desci meus dedos sobre seu coração e coloquei a mão de leve no mesmo lugar, a sensação foi extraordinária era como se eu pudesse tocar algo proibido e aquilo me fez sorrir de novo, quando uma gota de choro chegou até meus lábios eu percebi que estava chorando, não me importei, eu tinha que aproveitar o momento. Quando olhei suas mãos vi o quanto elas estavam machucadas, suas articulações estavam vermelhas e bastante inchadas, eu me inclinei sobre ele e beijei de leve sua mão, fazendo o menor barulho para não o acordar. Ele havia salvado minha vida, não so a minha vida como também a do nosso filho que ele nem tinha consentimento ainda. Eu não entendia porque ele havia aparecido naquele lugar, mas ele foi meu anjo, havia me deixado mas, ainda assim se arriscou por mim. Eu o amava mais do que podia explicar.

Quando me levantei e olhei para seu rosto novamente acho que toda a cor do meu rosto havia sumido, eu prendi a respiração e senti meu sangue gelar. Edward estava com os olhos abertos, mas o que eu vi não foi o que eu esperava, aqueles olhos que eu tanto amava estavam doces, intensos e cheios de coisas não ditas. Eu não sabia o que dizer, engoli em seco e acho que ele percebeu.

—Me desculpe... –foi a primeira coisa que eu disse, secando as lagrimas.

—Pelo o que? –Ele sussurrou e sua voz estava mais rouca que o normal.

—Voce sabe... –acenei com a mão. –Eu não devia ter vindo, mas eu precisava saber como voce estava. –minha voz estava tremula e minhas mãos suavam frio.

—Bella, esta tudo bem. –ele disse com um pouco de dificuldade.  Eu recuei mais um passo inconscientemente. –Não vai embora, por favor. Esta tudo bem.

Eu respirei fundo.

—Como voce esta, Edward? –eu disse chegando próximo a ele.

—Esta e a segunda vez que eu acordei depois da cirurgia e acordei melhor do que a primeira. –algo em seus olhos me diziam que ele queria dizer mais coisas, mas se conteve. –Na primeira vez Alice estava aqui, pode se dizer que a primeira coisa que ela fez foi me xingar. –eu sorri um pouco.

Ao ouvir o nome de Alice meu peito se apertou novamente eu estava morrendo de saudades dela.

—Voce esta com dor?

—Por enquanto não, so um encomodo aqui no ombro.

—Voce deu sorte, se alguma coisa acontecesse com você... –eu abaixei e balancei a cabeça. Edward ergueu um pouco a mão e levou até a minha que estava segurando a grade da cama. Ele entrelaçou nossos dedos de leve. Aquele simples contato me fez sorrir, depois de meses suportando a dor, ter seu toque novamente era o paraiso.

—Voce me salvou lembra?

—Não, eu não o impedi de atirar em você. Você me salvou. Se voce não tivesse aparecido la, provavelmente eu não estaria mais aqui.

—Como você esta?

—Eu estou bem eu acho. Não aconteceu nada de grave comigo, estou me recuperando das pancadas. E com alguns hematomas.

Percebi quando o verde de seus olhos se escureceram se transformando em ódio, sua mao livre se fechou em punho e ele inspirou e expirou duas vezes antes de voltar a falar.

—Eu não acredito no que aconteceu com você, me perdoe Bella. –sua voz era intensa.

—O que?

—Aquele filho da puta conseguiu relar a mao em voce duas vezes, eu nunca vou me perdoar por isso.

—Edward? Pare de dizer essas coisas, voce não tem culpa pelo o que aconteceu, James era problema meu. E por falar nisso voce colocou seus seguranças para fazerem minha guarda.

—E mesmo assim falhei, mesmo assim ele te machucou, eu juro que se eu pudesse eu pegava aquele cara de novo e o socava duas vezes mais do que eu fiz.

—Por que voce fez aquilo? Por que voce estava la?

Edward suspirou.

—Ele me ligou pedindo seu resgate, eu estava desesperado, não sabia o que fazer. Entao ele me deu a saída, se eu desse um avião para ele fugir ele me daria voce. O que eu não sabia era que Tanya estava junto.

—Que troca injusta. James matou Tanya, na minha frente.

—Eu trocaria qualquer coisa por voce. –entao nossos olhares se cruzaram e eu quis chorar.

Porque ele estava dizendo aquelas coisas? Ele gostava de brincar comigo?

—Ele a matou? –Edward pareceu surpreso.

—Sim, James agiu muito rápido, Tanya disparou um tiro em minha direção, mas ele tinha um desvio muito rápido, acabou me livrando.

—Então, ele salvou sua vida?

—Isso não tira a culpa dele. Mas, o que aconteceu depois que ele pediu o resgate?

—Depois de um tempo James me ligou novamente, ele sabia que eu tinha seguranças, me pediu dinheiro e o avião, e ele queria que eu fosse entregar tudo isso a ele.

—Desgraçado... eu estava com os rastreadores de Andrew.

—Sim, nos íamos atrás de voce de qualquer jeito.

—Voce não deveria ter ido, se voce não tivesse ido não estaria aqui agora.

—Se eu não tivesse ido ia te perder para sempre. –eu suspirei.

—Por que voce esta dizendo essas coisas? Voce disse que não queria mais me ver e agora...

—Bella, há muita coisa que eu quero conversar com voce, mas eu acho que esse não seja o lugar para isso, não enquanto eu estou sem condições de te convencer de algo. Eu só quero que saiba que esses dois meses que fiquei longe de você e os meses que passaram a morte de Julie, foram os piores da minha vida e eu nunca mais quero passar por isso. Só você conseguiu trazer a alegria de volta para mim, e quando pedi para voce ir embora estava assinando minha própria sentença.

Me convencer? Se ele soubesse que so aqueles olhos e aquele sorriso seriam capaz de me convencer de qualquer coisa...

—Edward... –eu disse sentindo o choro na garganta.

—Bom, quando James me ligou eu sabia que era minha única saída, graças a Andrew nos sabíamos aonde voce estava, então ele já tinha armado um plano, Andrew quase surtou por eu ir sozinho... Mas, se não fosse assim voce não seria salva.

—Ele veio me ver quando eu estava no hospital.

—Eu também te vi. Enquanto voce dormia.

Eu suspirei. Edward havia ido me ver, será que ele sabia sobre a gravidez? Ele era medico, iria entender qualquer exame que fosse.

—Entao era verdade, Renesmee me falou que te viu.

—Sim, eu a vi. Ela é incrível, Bella.

Eu sorri.

—Edward, eu vim aqui porque eu queria te agradecer, por ter salvado minha vida, e...

Ele sorriu. Aquele maldito sorriso. Eu havia sentido tanta falta dele, se ele soubesse o aquele sorriso era capaz de fazer em mim. Edward apertou mais minha mão, e começou a fazer círculos com o dedo sobre minha pele. O contato era inebriante e parecia que ele estava descarregando energia elétrica por todo meu corpo.

—Quando tudo aconteceu eu não tinha outro pensamento a não ser te salvar, Bella. Se eu tivesse que morrer para isso, tudo bem, eu não me importava. Meu mundo sem você não tinha graça nenhuma. Então voce não precisa me agradecer, eu não tinha escolha.

Senti uma lagrima rolando pelo meu rosto. Eu me curvei e beijei nossas mãos unidas. Nós nos olhamos pelo que pareceu um tempo infinito, eu tinha tantas coisas para dizer, mas eu sabia que ainda não era a hora. Eu vi vários sentimentos nos olhos de Edward, eu o conhecia bem para saber sobre eles. Amor, carinho, saudade, culpa e ate mesmo um pouco de dor. Eu queria que tudo se resolvesse naquele momento, mas nos dois havíamos sofrido e estávamos debilitados, eu não conseguia falar muito, Edward pareceu perceber todo meu dilema então quebrou o silencio com uma pergunta simples.

—Você esta de alta?

—É sim, por isso so vim agora. Renesmee, Jacob e Leah estão me esperando.

Foi quando ouvimos batidas na porta e logo depois Alice entrou sem pedir licença no quarto.

—Alice?

—Bella? Oh meu Deus... –ela não esperou duas vezes e me puxou em um abraço.

—Eu que sou o paciente não recebo abraços. –ouvi Edward resmungar em algum lugar.

Meus olhos se encheram de lagrimas, eu sentia falta de Alice demais.

—Alice... voce sumiu. –eu disse fazendo beicinho e a abraçando mais forte.

—Senti sua falta. –ela murmurou.

—Eu também senti a sua.

—OK. Será que vocês duas podem parar de se abraçar? –Edward disse num tom brincalhão.

—Edward vai a merda. –Alice disse me soltando.

—Ei, não fale assim comigo, eu quase fui morto.

Eu prendi a respiração e Alice fez uma cara de desaprovação, mas foi pro lado do irmão e o abraçou. Eu invejei muito esse momento.

—Pronto seu crianção. Agora me deixe falar com a Bella.

Alice andou ate aonde eu estava e me puxou pelo braço.

—Ei, porque vocês vao la fora?

—Porque e conversa de mulher.

Edward bufou.

—Espere so um momento, Alice. –eu disse para ela. Andei ate perto de Edward novamente. –Eu preciso ir porque eles estão me esperando, se você precisar de qualquer coisa...

—Vá descansar, você precisa disso tanto quanto eu. –ele disse suavemente.

—Foi bom te ver e...

—Bella, eu vou te procurar assim que tiver livre de tudo isso. –ele apontou para os tubos conectados a ele. Eu suspirei aliviada, ele iria me procurar.

—Eu vou estar te esperando. –sorri para ele e ele me devolveu seu sorriso mais lindo.

O deixar ali era esmagador, eu queria poder ficar com ele noite e dia, mas infelizmente meu estado não era tao bom assim, e eu precisava de repouso. Ou então meu bebê sofreria muito mais danos. E eu nunca mais colocaria a vida dele em risco.

Encontrei Alice já do lado de fora do quarto.

—Bella é tao bom ver voce aqui. –ela sorriu carinhosamente para mim.

—Alice, por onde voce andou?

—Estava na California, fazendo um curso de especialização.

—Voces todos sumiram. –eu mumurei.

—Bella, eu sei o que aconteceu entre voce e Edward e não o odeie por me contar. Eu sei que aquilo o destruiu mais do que qualquer coisa, porque ele via a esperança em você.

—Eu sei que voce conseguiria tirar qualquer coisa dele e acho que ele não ficou tal mal quanto eu.

—Eu realmente sinto muito por todos sumirem da sua vida assim, mas ele achou melhor voce não manter contato com ninguém, evitaria as perguntas desnecessárias já que so eu soube o que aconteceu.

—Só voce?

—Sim. Edward sempre foi muito fechado. Bella, ele esta arrependido e disposto a te ter de volta, sei que é difícil para voce, mas provavelmente ele terá essa conversa com você, só por favor tente ouvi-lo. Eu sei que voce o ama também.

—Alice...

—Eu te amo muito Bella, como se voce fosse minha irma, e pode ter certeza que se eu percebesse uma ameaça em voce eu nunca mais deixaria voce chegar perto de Edward, justamente porque ele já sofreu demais, mas eu sei que voce o ama, e voce junto com sua filha trarão uma nova vida a ele. –ela suspirou. –Foi difícil fazer ele enxergar algumas coisas.

—Devo te agradecer então.

—Só quero que de tudo certo, eu realmente sinto sua falta nas saídas que tínhamos. –ela fez beicinho e eu a abracei.

É tudo que eu mais quero também.  Eu quis dizer mas não foi possível.