A Ordem escrita por Any Queen


Capítulo 7
Sombras do passado


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Obrigada pelos lindos comentários e espero mais nesse capítulo, espero que gostem e se não gostarem é só avisar.
Mas tem algumas coisas que eu gostaria de esclarecer do capítulo anterior:
— Gerard tem quarenta anos, mas ele parece muito mais velho do que realmente é, o motivo disso será explicado mais a frente, então imaginem ele com cabelos brancos como se tivesse mais de 60 anos.
— Estou pensando em mudar o nome da Ordem a qual a Denny pertence para Ordem dos Visionários, acho que se encaixa muito mais com o que ela representa e o poder dela. O que vocês acham?
Acho que é isso, boa leitura!



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Espanha, Nuestra Asuncíon, 1873

Jennyfer Salvatore

*

– Scott! – foi a primeira palavra que veio em sua mente, a menina saiu em disparada pelos corredores da Sede, sem se preocupar com o fato de que correr nos corredores não era modos de uma dama. Saber que Scott poderia estar voltando para casa fazia seu coração pular e todo o seu corpo ganhar uma vida nova em que nada mais importa a não ser seu amado.

Jennyfer não parou de correr até alcançar o hall da Sede, soldados entravam com urgência, alguns machucados e alguns mortos, estes entraram primeiro. Scott não estava entre eles, Jennyfer sentiu uma egoísta felicidade por não vê-lo entre os feridos e os mortos, ele poria estar vivo e poderiam fazer as pazes e tudo ficaria perfeito novamente.

Então ele entrou, com o cabelo desengonçado e pele suja da guerra, seus olhos estavam cansados, usava uma farda em farrapos e com buracos de tiros que certamente tinham acertado seu corpo, mas que ele conseguira curar. Não conseguiu se mover, vê-lo bem e a salvo de volta a casa deles enchia o seu coração de alegria e nada mais importava a Caçadora. Porém, quando o olhar deles se encontraram ela viu aquele brilho costumeiro que existia quando se viam, mas também viu dor e medo, olhos que viram coisas irreversíveis e seu coração nunca mais seria o mesmo.

Jennyfer se mexeu, decidida a correr até o amado e envolver-lhe os braços independente do que tivesse acontecido entre eles, ela tinha que abraçá-lo e dizer a ele que tudo ficaria bem. Mas uma jovem entrou em uma maca pela porta com urgência, Scott foi até ela e Jennyfer achou que era o seu dever ir também. Mesmo sendo a preferível candidata a ser Governadora, Jennyfer sabia que Scott seria melhor que ela, o lobisomem sempre sabia a decisão certa a tomar e nunca errava em seu julgo. Queria que ele fosse um Caçador para que nada daquilo tivesse que acontecer, mas Scott estava feliz, orgulhoso por sua Guerra ter tomado proporções universais, tudo pela qual lutaram estava sendo afirmado e lutado por todo mundo. Jennyfer não queria guerra, mas lutaria pelo seu único e grande amor.

A menina não parecia ter mais que dezoito anos, não parecia ser um monstro, o que se confirmou quando Jennyfer viu a sua Marca, era uma loira muito bela e esbelta, estava machucada na barriga e o ferimento estava terrível. A garota pigarreou e abriu os olhos de repente, seu inquisidor olhar verde pairou sobre Jennyfer e Scott, mas se fixou em Scott, Jennyfer não poderia culpá-la, o lobisomem mostrava uma feição mais amável e confiável , até mesma mais bonita. Jennyfer olhou para o amado, que a encarou de volta, ela esperou por explicações, mas Scott parecia tão confuso quanto ela, a menina se sentiu aliviada, ele não conhecia a loira bonita.

– Qual é o seu nome? – perguntou Jennyfer com sua voz mais gentil, a menina gemeu mas não conseguiu responder.

– É Jessamine, senhorita. – um dos guardas que segurava a maca branca falou com sua voz rouca, Jennyfer olhou para o soldado e agradeceu, depois voltou a encarar a menina com mais delicadeza.

– Bem Jessamine, vamos cuidar de você e daremos tudo o que precisar. – a loira fechou os olhos e respirou mais devagar – Meu nome é Jennyfer Salvatore, mas pode me chamar de Denny.

Então levaram a menina para a enfermaria, Jennyfer encarou Scott, agora nada os separava. Sim, havia soldados e médicos passando de um lado para outro. Sim, talvez houvesse coisas a qual ela deveria resolver. Sim, Scott tinha terminado com ela e era possível que ela rejeitasse. Entretanto nada disso importava, ele estava ali em carne e osso, não as suas visões malucas sobre ele que vivera nessa árdua semana, ela correu para seus braços sem olhá-lo nos olhos. Surpreendentemente, Scott a abraçou, passou seus fortes e calejados braços pela cintura da menina e a levantou para que pudessem ficar da mesma altura, Jennyfer levantou os olhos e encarou aquele mar azul que foram trancafiados em orbitas oculares. Ele era tão lindo, o homem mais lindo que já vira, mais lindo que o próprio Felipe, pois a beleza dele vinha de todo o seu ser.

Jennyfer não conseguiu conter a atração que crescia ao olhar nos olhos do amado, levou seus lábios nos dele e não se assustou quando ele retribuiu o beijo ferozmente. Tinha tanto amor naquele gesto que fez Jennyfer perder o equilíbrio, mas Scott a segurava forte então ela só se entregou ao beijo. Porém o mesmo não durou muito, Jennyfer sabia que Scott odiava demonstrações de carinho em público, não questionava, uma dama não poderia estar tão perto do sexo oposto como ela estava. O lobisomem a colocou gentilmente no chão, mas não a soltou, ficaram assim por bom tempo até Jennyfer falar com sua voz esganiçada pela alegria insurgente.

– Sabia que voltaria, mi amor. – Scott sorriu triste, Jennyfer sabia que não deveria chamá-lo assim, mas ele não pareceu se importar.

Mi hermosa... Achei que nunca mais veria sua bela face novamente. – Scott segurou uma mecha de cabelo que soltara do cabelo da menina e prendeu atrás de sua orelha, mas não soltou seu rosto, ficou segurando-o entre o polegar e o indicador em um gesto tão comum.

– Não me deixe novamente e nem fale que eu te perdi. – ordenou.

– Mas... Mi querida, você sabe que nosso futuro juntos é precário e não tem fundamentos. – Scott soava triste, mas Jennyfer decidiu que nunca mais o deixaria partir como tinha feito, lutaria por ele, dessa vez lutaria.

Amor de mi vida, não importa se morrerei amanhã ou se nunca mais vamos nos ver, a única coisa que eu quero é saber que independentemente do que aconteça, eu possa sentir o gosto de seu beijo e o calor de seus braços comigo.

Então Scott a beijou, pouco se importando com as pessoas que corriam a sua volta.

*

Espanha, Nuestra Asuncíon, 1872

Scott.

*

Ela era tão linda, talvez não soubesse de sua tamanha e grandiosa beleza, mesmo encolhida em um canto imundo e úmido, sua beleza exalava. Scott a ouviu gemer, fazia esse som de segundo em segundo desde que tinham ficado presos naquela sala. Nada disso tinha que estar acontecendo, era para eles estarem dominando os Caçadores e não ao contrário, mas era um acontecimento que Scott tinha previsto, mas seu Alfa estava decidido a ficar em seu território. Eles tinham conseguido colocar em prática as primeiras fases do plano, mataram os Caçadores e pegaram uma como refém, e a escolha, particularmente, tinha sido de Scott. Não conseguiu se conter, a Caçadora foi para cima dele com a espada e com toda certeza teria ganhado e matado o lobisomem se seus amigos não tivesse a dominado, Scott ficou hipnotizado por seus olhos estranhos e não conseguiu matá-la, então levou-a.

Por isso estava naquele lugar deixado para morrer.

Sua escolha o colocou em posição de guarda da menina, e, quando os Caçadores chegaram, estava no mesmo lugar que ela – uma cela com paredes cinzas e nenhum móvel – assim, ficou preso junto a menina quando o teto do corredor caiu. Pedras voaram e logo o atingiram, mas os ferimentos se curaram facilmente, já a menina foi violentamente ferida na perna, estava gemendo e chorando, logo morreria.

Scott estava com medo do que ela poderia fazer a ele, afinal ela quase tinha matado-o quando lutaram pela primeira vez, porém Scott não era um assassino a sangue frio – talvez um bad-boy meio sádico – então foi até a menina com cuidado e esperou que ela fizesse algo com ele. A Caçadora só tentou se encolher em seu pequeno canto, mas lamentou e não se moveu, ela vestia uma calça de couro e um espartilho sobre uma blusa branca, mas esta roupa já estava em farrapos. Seu cabelo estava sujo e caia selvagem sobre a testa molhada, Scott queria tirá-los dali, mas seria pedir demais da menina.

– Ei... Ei... Tudo bem, não vou machucá-la – sorriu e tentou passar ternura – Você está machucada só quero cuidar da sua perna.

– Você... quase... me matou – disse com dificuldade – Agora... quer me ajudar?

– Para sua informação, hermosa, nunca pensei em matá-la. – o lobisomem sabia que não deveria chamá-la daquele jeito intimo, mas era a pura verdade, era o que seu corpo pedia para ser dito.

– Seus atos... mostram o contrario, lobisomem. – a garota disse a última palavra rispidamente, Scott se sentiu um pouco magoado, mas sabia que não deveria culpá-la, afinal tinha trancafiado-a naquele lugar nojento com uma espécie que ela repugnava.

– Scott. – o garoto tirou o casado que usava e colocou gentilmente no corpo frio da Caçadora.

– O que?

– Meu nome... Posso saber o seu? – Scott rasgou sua blusa branca e começou a limpar os ferimentos, seu toque provocava algo na menina, ele esperou que não fosse algo tão ruim, pelo menos a garota não tentava recuar mais.

– É Jennyfer... Mas meus amigos me chamam de Denny. – sua voz era fraca e sua respiração agitada, Scott percebeu que não havia nome mais bonito que aquele que acabara de ouvir.

– Ainda bem que eu não desejo virar seu amigo, Jennyfer. – idiota! Estava sendo evasivo com uma jovem dama, deveria cortejá-la com gentileza e educação, nem deveria cortejá-la! Ela era uma Caçadora e ele um monstro, deveriam estar tentando matar um ao outro e não trocando cuidados, ele se advertiu mentalmente por tal delito, mas não se sentiu culpado. – Desculpe por tal indelicadeza, senhorita.

– Acha que vamos sair daqui, Scott? – disse Jennyfer ignorando o comentário dele.

– Não sei. – Scott acabou seu curativo improvisado e sentou ao lado da menina, seus joelhos e ombro se tocaram e ela não se afastou – Mas pode ter certeza, hermosa, ninguém vai machucar você.

– Será um milagre. – Scott a sentiu sorrir secamente e depois tossir.

– Talvez eu seja seu milagre. – ou sua destruição, mas ele não disse a última parte.

Deixou-se levar para uma realidade alternativa em que se conheceriam em um baile e ele não fosse... Você sabe...

Um monstro.

*

Dias atuais

Jack

*

Denny não se moveu depois que Eli correu para o pântano, ela permaneceu encarando Jack como se ele não passasse de um menino ingênuo. Ele sentiu raiva, raiva como nunca sentira em toda a sua vida, não por ter sido enganado, mas por ela não se importar em contar quem era a ele. Não que ele não esperasse mentiras dela, mas achou que ele fosse importante o bastante para saber o nome dela, ela o enganara e não fizera nada para mudar isso.

– Corre. – sua voz fina quebrou o ar entre eles e ecoou pelo pântano gelado, ela o olhava com pressa, mas Jack não queria correr, queria explicações e nada mais que isso.

– Não vou correr! – gritou – Por que você mentiu para mim, Jennyfer? – ele praticamente cuspiu a ultima palavra e tentou fazer a feição mais séria que pôde, Denny estava arrepiada e... com medo? Por que ela estaria com medo?

– Por favor, Jack, corra. – então Denny começou a correr para o interior do pântano, deixando Jack parado no meio dele sozinho sem saber o que pensar ou fazer. Tinha saído do jantar as pressas para salvá-la e ela agia daquele jeito estúpido, por que ela tinha que ser sempre tão... assim?

Então algo aconteceu, o frio no pântano ficou mais intenso e um vento sinistro começou a invadir os ares e balançar as arvores. Jack ficou imóvel, um arrepio passou por sua nuca e o fez congelar, algo ruim aconteceria, talvez devesse ter escutado Denny e ter corrido. Logo depois de ter pensado nisso homens apareceram, Jack achou que eram homens, sete ao todo, todos estavam usando capas pretas que escondiam seu rosto, somente um estava usando uma capa vermelha e seu rosto era bem visível.

Gerard.

Ele sorriu para Jack de forma triste e foi vagarosamente ao encontro do menino, o resto dos homens faziam um circulo perfeito em volta deles.

– Onde ela está? – falou em sua voz forte.

– Quem?

– Você sabe, Jackson... Jennyfer Salvatore. – o nome passou pela boca de Gerard como um veneno, ele parecia capaz de morrer se fosse obrigado a proferir aquele nome mais uma vez.

– Fugiu. – disse simplesmente tentando esconder o medo que se alastrava para dentro dele e fazia sua mão começar a suar.

– Sabia... É uma pena que esteja mentindo, Jackson, seria um ótimo Caçador.

– Mentindo? Senhor, eu não estou mentindo, ela estava aqui e matou aqueles dois lobisomens e depois fugiu. – as palavras começaram a se embolar em sua boca, Jack não sabia se era certo falar, Austin havia alertado-o para nunca falar sobre Denny para Gerard.

– E o que você este fazendo aqui então, filho?

– Vim para salvá-la. – as palavras jorravam de Jack como se não houvesse filtro algum em sua mente, poderia falar qualquer coisa àquele homem. – Precisava de minha ajuda.

– Então você a conhecia?

– Sim, senhor.

– Perfeito. – Gerard levantou a voz e sorriu sinistramente – Jackson Campbell você está condenado a forca por quebrar as regras de nosso sagrado Contrato ou por esconder um importante membro de nossa Sede. Qualquer declaração pode e será usada contra você. Está condenado pela palavra de nosso imaculado Souverain, com poder a mim concedido. – ele olhou mais para Jack com seus frios olhos azuis e depois virou de costas para voltar a sua posição no circulo. – Podem levá-lo.

Jack tentou lutar, quando os homens de preto vieram, mas sua força foi tirada de seu corpo assim que um deles o tocou, Jack caiu inerte no chão, vendo apenas o preto da capas, o único som que conseguiu ouvir foi a risada sádica do homem que havia lhe condenado.

*

1873

Jennyfer Salvatore

*

O quarto estava silencioso até que eles entraram, homens que Jennyfer não conhecia, homens que estavam segurando seu coração na mão como se fosse um objeto repugnante. No começo ela achou que era um pesadelo, um pesadelo que a assombrou durante dois anos e que começara a passar há pouco tempo. Porém, não era um pesadelo, era a verdade cuspindo em seus olhos e fazendo-a chorar sangue ao ver que o que mais temia estava acontecendo.

O pegaram.

Ele morreria.

Naquele momento.

E ela não poderia fazer nada.

Tiram-na da cama sem gentileza e prenderam seu braço com eficácia forçando-a a ficar de joelhos no chão frio de mármore, seu cabelo caia em frente aos seus olhos não deixando-a ver o que acontecia. Mas escutou sua porta sendo escancarada e homens entrando fazendo silencio para não serem descobertos, Jennyfer soprou o cabelo para longe e viu o que estava acontecendo. Pegaram e Scott e agora ele finalmente morreria.

Dois homens usando capas pretas o fizeram ajoelhar em sua frente, um machucado terrível manchava sua testa, seus olhos estavam desnorteados, não conseguindo encontrar foco, Scott só ficava em pé com a ajuda dos homens de preto. Jennyfer gritou, mas logo tamparam a sua boca, mordeu a mão de quem a segurava, mas o homem não pareceu sentir dor. Tentou lutar, mas era muito fraca para quem tentava segurá-la, ela percebeu que não havia nada que pudesse fazer. Nada. As lágrimas logo vieram, inundando a sua face e se perdendo em seu rosto, ela não faria nada para salvá-lo, nada que tivesse em seu alcance, se pelo menos ele tivesse escutado quando ela pediu para que fossem embora.

Entretanto, essa guerra nunca teria acontecido se ela e Scott não ficassem presos em um maldito deposito, nada disso estaria acontecendo se Scott a matasse em vez de salvar a sua vida. O lobisomem tinha que ter matado-a a sangue frio e não ousar olhar nos olhos da Caçadora, mas Scott fez tudo errado e a fez ser completamente apaixonada por ele de um jeito irreversível. A guerra foi conseqüência dele, as mortes foram culpa dele, o aquele coração apaixonado era responsabilidade dele, Scott não podia morrer e deixar tudo para Jennyfer sofrer sozinha, ele não tinha o direito de fazer aquilo.

– Lute, por favor, lute. – Jennyfer encarava o noivo esperando alguma reação, mas Scott continuava desnorteado.

– Ele não vai responder, Jennyfer – ele cuspiu o nome como um veneno – Está envenenado.

– Vocês vão se entregues ao Conselho, não podem me matar! – Jennyfer gritou abafada pela mão que ainda estava em sua boca.

– Não vamos matá-la, eu sei que eu não posso, infelizmente – Jennyfer não podia ver o rosto do homem que a ameaçava, mas sabia quem era, sua voz forte e temerosa era sempre aparecia em seus pesadelos, dando vida a seus maiores medos e temores. – Só que seu precioso Contrato ainda não está sendo efetivado, ele ainda pode morrer.

– Não! – a Caçadora mordeu novamente a mão do homem que a segurava e dessa vez ele a soltou, Scott levantou o olhar e encontrou o dela, seus olhos ganharam foco e uma raiva passou pelos seus olhos. – Scott, lute.

A palavra ganhou efeito no lobisomem, ele começou a se transformar, mas era algo que os homens tinham previsto, injetaram o veneno novamente e Scott tombou de joelhos, olhando para Jennyfer com tristeza.

– Eles não vão me matar. – a menina tentou acalmar o coração do amado, ela sabia que ele não estava preocupado com a própria vida, nunca esteve, ele só queria protegê-la, então a garota precisava fazer algo por ele, pelo menos mais uma vez. – Eles vão te matar, mi amor. – disse entre lágrimas, Scott encostou sua testa na dela, a menina tentou tirar as mãos, mas o aperto ainda era muito forte. – Quero que saiba que eu te amo. – as palavras pareciam mais com soluços, a respiração de Scott estava agitada, ele suava e tremia incessantemente.

– Você... vai... ficar bem. – sussurrou com dificuldade.

– Me soltem! – gritou a menina – Vocês já o envenenaram e o veneno vai matá-lo, eu só quero me despedir, só me despedir. – chorou.

– Acho que podemos deixá-la ver o amor da sua vida morrer, será uma honra, mas saiba que estaremos do lado de fora, nem tente fugir. – uma risada tomou conta do quarto, não uma risada psicótica e nem sádica, uma gargalhada feliz, ele estava feliz, feliz por finalmente ter atingido seu objetivo, ele sabia que Jennyfer não aguentaria mais uma perda, principalmente aquela.

Os homens começaram a sair, mas Jennyfer estava preocupada em segurar Scott enquanto ele caia, o aninhou em seu colo e o abraçou mais apertado do que deveria. O lobisomem tremia mesmo com a Caçadora o aquecendo, ele fazia caretas de dor a cada segundo e apertava o braço da amada. Ela não aguentava vê-lo daquele jeito, seus pesadelos ganhando vida e se concretizando de um jeito pior do que ela havia imaginado, a Caçadora pensava que ele seria enforcado então ela o veria morrer bem rápido, não que ele morreria aos poucos em seus braços pedindo silenciosamente pela vida.

– Não fique aqui. – ele disse entre respirações pesadas – Não me veja morrer.

– Shiiiu. – pediu – Não gaste suas forças pedindo algo que você sabe que eu nunca faria.

– Eu amo você.

– Olhe para mim, Scott. – ele obedeceu, encarando-a com um olhar de dor, ela não poderia salvá-lo, mas poderia amenizar a sua morte, se concentrou em seu olhar e o compeliu – Você não sentirá dor alguma. – a testa franzida de Scott suavizou, mas seu olhar não se desviou. – Tenho algo para te contar – disse acariciando o rosto forte do amado – Eu estava guardando para fazer uma surpresa... Mas acho que não vamos ter esse tempo – seus olhos se inundaram novamente, uma lágrima rolou e caiu na testa de Scott – Vamos ter um filho.

– O que? – perguntou rouco, Scott arregalou os olhos e sorriu, em tamanha tristeza e dor ele ainda sorria, aquele sorriso tão sincero e lindo que faria qualquer um se derreter, esse sorriso é meu, pensou Jennyfer em meio a mais uma lágrima que corria.

– Achei... Achei – seu choro não conseguiu mais se conter, suas lágrimas tomaram conta de seu rosto e seus soluços fecharam sua garganta - Achei que você gostaria de Henry...

– Henry é perfeito. – agora era Scott que a acariciava, abraçando-a intensamente com seus braços que um dia tão fortes, agora trêmulo. – Me veja nele e então eu nunca vou ter te abandonado.

– Você já está me abandonando! Você vai me deixar sozinha com eles, vai me deixar! – gritou – Você não pode me deixar, eu te proíbo Scott Verlac, proíbo.

O lobisomem a puxou para um último beijo, lento e caloroso, fazendo-a se derramar em choro e amor, entrando em dormência por tanta tristeza em um pequeno tempo, ele não a deixaria, nunca, para tudo o que olhasse a imagem de Scott inundaria sua mente, seus momentos juntos. Eles viveram coisas tão lindamente tristes, nada teria sentido sem ele e nem um milhão de anos seria o suficiente para falar o quanto ela o amava. Mas aquele pequeno beijo parecia demonstrar o que eles sentiam, os lábios já tão conhecidos trabalhando em conjunto uma última vez, levando todo o desejo e história que nunca aconteceria.

– Te amo tanto, mi hermosa, te amo tanto para desejar que nunca tivesse me conhecido e ter que passar por isso agora. – sua boca ainda estava na dele, seu hálito era quente e aconchegante. – Quero pedir uma última coisa...Não se feche para as coisas a sua volta, não deixe de amar, nosso filho vai precisar de uma mãe que o ame e o proteja.

– Ele também vai precisar de um pai.

– Não tente fazer eu me sentir culpado para ter alguém para colocar a culpa do que está sentindo. – um silêncio pairou por muito tempo, nenhum dos dois ousava falar alguma coisa – Já me culpo por tanta coisa... Culpo-me por ter levado-a para aquele deposito em vez de deixar você me matar. Culpo-me por não ser a pessoa que você merecia e te dar tão pouca felicidade, você merecia mais. Culpo-me por não conseguir te ajudar a criar nosso filho ou poder viver o bastante para segurar sua mão quando ele nascer. Culpo-me por não poder ver os primeiros passos dele e nunca ouvi-lo me chamar de pai. Culpo-me por não poder brigar com ele nenhuma vez e não poder ensiná-lo a montar, espero que ele goste de cavalos. Será que ele vai gostar de cavalos?

– Ele vai gostar. – Jennyfer continuava perto de seu rosto, sentindo o seu suor tomando conta dela e sentindo a morte o levar tão rápido quanto alguém caindo no sono – Você se culpa, mas eu só agradeço... Agradeço por me amar, agradeço por ser melhor do que eu seria, agradeço por ser a melhor pessoa que eu conheci e por me fazer tão feliz em tão pouco tempo. Agradeço por me deixar amá-lo quando eu não merecia isso, agradeço por ser meu tudo e não pedir nada em troca, por me proteger e dar sua vida por mim e por minha causa. Amo você Scott Verlac Milla e nada no mundo me fará esquecê-lo.

– E eu amo você Jennyfer Salvatore e amarei até quando a morte me levar. – ele beijou a testa da amada e a abraçou, eles ficaram deitados no chão com Scott sussurrando seu nome. Denny...

E ficaram assim até que morte veio e o levou, tomando seu último e curto suspiro.

*

Dias atuais

Denny

*

O que acordou Denny foi alguém pisando eu sua barriga, fazia anos que a menina não ficava bêbada, mas com as circunstâncias da noite passada, essa era a única coisa que poderia ter feito. Levantou do chão com ajuda de alguma mão que a puxava com força, sua cabeça latejava e seu hálito fedia, não sabia onde estava e não lembrava de ter chegado aquele bar imundo nos arredores de Nuestra Asuncíon. Ela só sabia que andou até chegar não aguentar mais fugindo das lembranças que acoitavam de um jeito tão doloroso quanto feliz, depois mesmo que tentasse não conseguia se lembrar de como havia caído no chão de madeira do lado de fora do bar ou de como suas roupas tinha ficado molhadas. De certo modo ela gostava de embriaguês, mas ainda quando suas lembranças tomavam conta de sua mente, porém algo em seus pensamentos alertava dizendo que não tinha sido um bom momento para ficar bêbada.

Começou a andar com a ajuda de alguém, tudo girava e seu corpo doía, só seguiu para onde a mão a levava e tentava não pensar em muita coisa. A rua em que estava parecia vazia, então ainda era cedo, o que era bom, poderia dormir o dia todo e depois voltar para Scott, se ele não brigasse com ela por estar bêbada mais uma vez naquela semana.

Ela foi obrigada a entrar em carro vermelho e sentar em um frio banco de couro, massageou a têmporas e resmungou, com a dor latente que não a deixava. Então se lembrou, não estava em 1873 e Scott não estava vivo, nem Henry, ela não voltaria para Sede e nem veria seus velhos amigos. Ela teria que fugir, a Caçadora tinha matado dois vampiros na noite passada e Jack estava irritado com ela, não irritado... Com raiva, talvez tivesse cometido algum erro, mas ela não conseguia se lembrar.

– Não acredito que você ficou bêbada. – falou uma voz irritada ao seu lado, ela se virou para encarar Austin raivoso com seu olhar fuzilando-a.

– Não acredito que você está com raiva disso. – disse imitando a voz do ruivo.

Ele estava claramente irritado, seus cabelos ruivos bagunçados e sua blusa azul mal abotoada, ele socou o volante e pegou um liquido no banco de trás, Denny reconheceu que era café e aceitou de bom grado.

– Scott estaria decepcionado.

Na mesma hora a menina parou de beber o café e encarou o amigo com um olhar duro.

– Não fala sobre o que ele acharia. Você nem o conhecia! – gritou, depois se arrependeu, pois sua cabeça voltou a doer com mais força.

– Não, não o conhecia, mas sei que ele não gostaria de vê-la nesse estado com Jack sendo condenado a morte. – Denny parou de beber o café mais uma vez e um medo inesperado tomou conta de seu corpo, olhou para Austin esperando que ele disse que aquilo era mentira.

– O que aconteceu? – perguntou sem mudar sua feição.

– Depois de ter deixado o menino no pântano sabendo o que aconteceria? Gerard apareceu e o acusou de ter ido contra o Contrato, Jack não podia falar nada porque não sabia o que estava acontecendo e nem pôde lutar. Ele vai ser enfocado às duas com a autorização do Souverain.

– Eu mandei ele correr! – Denny socou o carro e encarou o amigo com determinação – Você não pode ajudá-lo?

– O que um Conselheiro pode fazer? Mas você... Denny você é a Governadora da Sede, pode ir até lá e dizer que o menino não mentiu e que você realmente está de volta. A não ser... – Austin mexeu no cabelo nervoso, sabendo que o que falaria seria duro – Que queria ele morto.

– Deixe der ser idiota! – mas ela sabia que se voltasse com certeza havia morte, mas era de Jack que estavam falando, ele não merecia morrer, não a única esperança dos Caçadores, não a única esperança de Denny. – Dirija. – ordenou.

– Você está em péssimas condições.

– Eu sei, Austin, vamos passar em um lugar primeiro e depois salvaremos Jack.

– Você está muito certa de que o salvaremos.

– Sou Jennyfer Salvatore, Austin, eu vou salvá-lo.

*

Jack

*

Jack perdera a conta de quanto tempo estava preso, sua boca estava seca e seus olhos ardiam em um estado de dormência que seu corpo o propiciava. Seus membros doíam e sua mente girava sem se concentrar em qualquer pensamento, o prenderam em uma cela pequena debaixo da Sede, não tinha móveis, apenas um chão de barro e grades espessas. Na mesma hora a grade se abriu e puxaram, arrastando até Jack contrair os olhos por causa da claridade, ele ouviu berros e estremeceu.

O menino só conseguiu ver o que estava acontecendo quando o colocaram em um pequeno palco de madeira no meio de um pátio escondido pelas grandes paredes da Sede, havia várias pessoas no pátio, pessoa que Jack não reconhecia e nem conheceria, pois morreria em alguns minutos. Entre as pessoas reconheceu Victória, que estava sentada em outro pequeno palco em que havia algumas cadeiras, ela estava longe e Jack não conseguiu ver sua feição, ela não viu Austin em lugar algum, mas viu Gerard, sentado na cadeira de veludo maior, com seu terno preto e seu sorriso sádico. Ao lado dele havia uma mulher, Jack não a conhecia, mas parecia ter quarenta anos e era muito bonita, usava uma vestido azul e segurava, sem resposta, a mão de Gerard.

Homens que Jack não conseguia ver o empurraram para frente, fazendo ficar em cima se um pequeno alçapão e uma corda grossa foi colocada em seu pescoço. Ele não conseguia pensar, mas se conseguisse certamente estaria morrendo de medo por estar encarando a morte de um jeito tão assombroso quanto a forca. Se conseguisse pensar pensaria em como Denny tinha o deixado para morrer e não tinha ido atrás dele, mas ele não estava pensando para sofrer com esses adágios tristes. Ele só olhava tudo sem se importar com nada, nem com o fato que ele morreria com dezessete anos, nem com o fato que sua família não saberia de nada. Sua garganta estava seca e nenhuma palavra seria proferida, somente o olhar sem expressão dele, não reclamaria da morte, nem um segundo.

– Jackson Campbell, por seus atos de rebeldia contra o Souverain e o Conselho você está sendo condenado a morte sem direito de julgamento. – Gerard proferiu aquelas palavras em alto e bom som, a multidão fez silêncio e Jack ouviu apenas a voz feliz do velho – Que assim seja.

Então o alçapão debaixo de seus pés foi aberto, mas Jack nunca sentiu o seu peso o sufocando até ver a morte tomando a sua vida, o que aconteceu na verdade foi que seus pés atingiram o chão com força e ele caiu com uma dor latente em seu tornozelo. Então sua mente acordou, olhando em volta com um medo que até então não o afligia, fugira da morte por algum motivo e ele não voltaria a ficar naquele palco com uma corda em seu pescoço.Puxou a mesma até vez que tinha sido rasgada, olhou para cima e viu que uma flecha tinha sido atirada certeiramente e cortado a corda. O menino se livrou da corda e saiu de baixo do palco ainda com uma estranha felicidade e medo, olhou para todos os lado procurando o atirador, mas o que viu foi apenas Gerard, vermelho de tanta raiva. Austin aparecera do nada, tomando o lugar ao lado da esposa e visivelmente feliz.

– Prendam-no! Agora!

Porém os homens não tiveram a chance, uma sombra pulou do céu e caiu exatamente no palco que até então Jack estava. A sombra era baixa e usava uma capa preta e estava com um arco em mãos, Jack sentiu uma alegria e uma raiva ao ver aquele arco. Uma voz, clara e forte atingiu a multidão:

– Jackson Campbell não mentiu. – Jack conhecia aquela voz, a mesma voz que ficou em sua cabeça no tempo que ele estava preso.

– Quem é você e por que você acha que tem autoridade para falar alguma coisa na minha Sede? – perguntou Gerard com um olhar assassino por ver alguém acabando com seus doces planos.

– Quem sou eu? – a voz riu e tirou a capa, mostrando seus olhos azul-violeta – Sou a Governadora desta Sede


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Notas finais do capítulo

Desculpe algum erro e espero seus comentários lindo e maravilhosos
~Ana