A Ordem escrita por Any Queen


Capítulo 18
Sinceridade


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas que estão lendo essa frase nesse momento, desculpa por demorar, mas não me culpem, só recebi um comentário no cap passado, até os leitores recorrentes não me agraciaram com um comentário perfeito. Quero agradecer ao Luke, que foi o único que me deixou feliz! Love u, honey.
Bem, espero que gostem desse cap, eu queria escrever mais, porém achei que ficaria muito grande e sei como certas pessoas sentem preguiça de ler caps grandes demais.
Gente! Alguém quer recomenda minha história? Vou achar mais que incrível!
Boa leitura



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Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.

– Oscar Wilde

*

Denny

*

Denny olhou uma ultima vez para o Conselho antes de sair correndo atrás do guarda, ela podia ouvir passos dos outros mais ao longe, mas só interessava o fato que de que estavam sendo atacados por lobisomens. A menina não entendeu o porquê desse ataque não esperado, os filhos da lua sempre foram cordiais quanto aos Caçadores desde Scott, tinham respeito por Denny.

A menina chegou à escadaria da Sede arfando, sua aljava e arco estavam as suas costas, a chuva caia sem piedade e o frio lhe pegou desprevenida. A Caçadora se arrepiou e correu até o limite da barreira, onde estavam mais de trinta monstros apostos e gritando. Ela reconheceu alguns, outros nem fazia ideia, mas como Governadora, ela não podia hesitar com o contrataque.

O mais velho chegou até o limite da barreira e encarou amenina com fúria, ele usava roupas comuns e rasgadas, outros o acompanharam. Austin estava ao lado de Denny, Jack um pouco atrás com a espada em punho, ela podia sentir a presença dos guardas a suas costas, ela sabia que eles tinham que protegê-la.

– Governadora, saia! – gritou Rebecca de algum ponto desconhecido – Precisamos no proteger.

– Abaixar armas! – gritou Denny em resposta, ela não parava de encarar o Alfa e tentou falar por cima da chuva – Não vamos atacar!

– Denny! – dessa vez era Adam – Você precisa entrar, não é seguro aqui fora.

– Abaixem as armas, agora! – verbalizou a menina com fúria.

– Façam o que sua Governadora mandou! – ajudou Austin.

Denny arqueou a coluna e sentiu que seus olhos buscavam algum movimento suspeito por trás da fronteira.

– Por que estão atacando? – perguntou ela ao alfa – Não fizemos nada contra você e sua alcateia.

– Não? – ironizou – Estão matando dezenas de nós! Recrutando-nos para motivos desconhecidos, prometendo vingança para nossas perdas, mas só querem que morramos em seus lugares!

– O quê? Não estou fazendo isso, seria incapaz de fazer isso. Em memória ao Scott...

– Não use o nome de nosso santo membro, Governadora! – gritou outro lobisomem – Você não tem direito.

– Eu tenho! Eu amava Scott, lutei em seu lado contra a injustiça que nos fazíamos a vocês, sou eu a criadora do Contrato que protegeu vocês. Sou Jennyfer Salvatore.

– Então é verdade, você está de volta. – falou o Alfa.

– Sim. – a Caçadora passou a mão para tirar os fios que caiam em seus olhos, mas era uma atitude vã. – Eu juro que não estou fazendo tal incredulidade com os monstros. Mas eu sei quem está por trás e planejo fazê-lo pagar com as minhas próprias mãos.

– Por que temos que acreditar em você, Salvadora? – perguntou com lobisomem que usava camisa xadrez e jeans rasgados, tinha cabelos negros e olhos azuis. Denny se lembrou de Scott, isso fez seu coração se afundar na poça de lama que se formava em seus pés.

– Não devem. – ela disse francamente – O que estou dizendo é verdade, acreditem ou não. Mas se não acreditarem e atacarem, terei que lutar junto com meus soldados e nós somos muitos. Não comece um genocídio.

– Porém nós vamos continuar morrendo por vocês, porque alguém está assassinando cada um de nós. – falou o moreno – Não podemos ficar parados esperando todos os Caçadores falarem que sabem quem está por trás disso.

– Filho... – começou o alfa se dirigindo ao moreno – Pergunte a Governadora quem está por trás disso.

– Quem está por trás dos assassinatos?

– Gerard Greenwood.

– Ele está na Sede? – perguntou o moreno, ele já demonstrava sinais de transformação, seus olhos ganhavam um brilho estranho e seus dentes começaram a crescer, Denny recuou um passo, mesmo sabendo que eles não poderiam entrar.

– Não. – a garota contorceu o pescoço – Não sabemos onde ele está, mas temos um plano e vocês não podem colocá-lo em risco.

– Qual plano? – questionou o filho.

– Não precisamos saber. – o Alfa olhou para Denny em entendimento, ela assentiu com a cabeça enquanto lançava um olhar nervoso para o resto dos Caçadores que assistiam a cena.

– O quê? Pai, nós preci...

– Connor, não seja infantil agora. – ele olhou para Denny – Queremos fazer alguma coisa, não podemos deixar que mais de nós morra por culpa de Gerard.

– Vocês sabem que irão contra o Souverain? Contra a Constituição, contra o Contrato, contra cada regra e lei já criada?

– São suas leis, Salvadora, não nossas.

– Abaixem a proteção! – gritou Denny se abraçando para se aquecer, na mesma hora Jack apareceu ao seu lado, envolvendo-a com seu corpo grande.

– O quê? – gritaram vários ao mesmo tempo.

– Isso é loucura. – disse Adam.

– Até segunda ordem, Jennyfer é sua Governadora, obedecem-na e parem de titubear! – gritou Jack para a surpresa de todos – Abaixem a proteção, agora!

– Abaixem a proteção. – gritaram os guardas.

– Vamos. – chamou Jack – Vamos receber nossos convidados em um lugar menos alagado.

Está cheirando a cachorro molhado aqui.” Completou ele mentalmente.

Agradeça por ser cachorro.” Respondeu.

***

– Então, Salvadora, qual é o plano? – perguntou Steve, o Alfa, sentado na poltrona na Grande Sala, enquanto Denny secava o cabelo com uma toalha.

Os outros lobisomens estavam no hall, com os guardas vigiando e atentos, com as armas apostas. Connor e Steve estavam com Denny, Jack, Henry e Austin na Grande Sala, quanto menos gente era melhor. Os Caçadores não estavam entendo o que estava acontecendo e Denny respeitava isso, afinal, era ela que não que abria o jogo com eles. Era favorável não fazer tal ação, Gerard poderia torturar seus Caçadores para conseguir saber do plano, então ela tinha que protegê-los.

Denny olhou para o alfa e contou-lhe o plano, os dois ficaram o tempo todo olhando para ela atentos, ela agradeceu.

– Interessante – disse Steve ao final da explicação – Porém não vejo como isso acaba com a exploração que estamos sofrendo.

– Por que vocês não revidam?

– E acabar nas leis de seu Contrato? – assustou-se Connor – Já vimos a injustiça, não queremos morrer pelas mãos do Conselho.

– O Contrato já não mais viga – disse Henry – Vocês não precisam se preocupar com isso.

– O quê? – questionou Connor com raiva – Estamos obedecendo algo que nem mais existe?

– Ele existe. – confirmou Jack – Só que Gerard e o futuro Souverain não o seguem mais, por isso temos que acabar com isso de uma vez por todas.

– Então, o que você sugere? – perguntou Steve massageando a testa – Creio que não mandará matar seus Caçadores.

– Não. – suspirou Denny – Nunca mandaria você matá-los.

– Prenda-os. – Austin disse as palavras como se não fosse nada demais – Quando eles forem até vocês, falando sobre o Contrato...

– Nós os prendemos – concluiu Connor.

– Isso. – falou Henry – Mas devemos supor que os Caçadores vão lutar e nesse caso...

– Nesse caso vamos ter que revidar. – Steve olhou para Denny com um olhar de desculpas, mas ela entendia sua posição.

– Tudo bem. – concordou a menina com um suspiro.

– Mais uma coisa, Salvadora... – começou Steve – Ninguém, além dos mais ortodoxos, quer Gerard e Theodore no poder, meus lobisomens lutarão ao seu lado – ele se levantou e seguiu até Denny, que estava sem palavras – Mesmo se for preciso lutar ao lado de vampiros. – disse determinado.

– Estamos com você, Jennyfer. – ajudou Connor, também se levantando – Vamos lutar na França.

– Eu... – Denny ficou sem palavras, ela estava boquiaberta pela lealdade repentina. – Não sei o que dizer.

– Oh não – disse Connor sorrindo – Não vamos lutar por você, vamos lutar com você.

– Bem – disse Austin – Já que está tudo esclarecido e agora temos mais aliados, vou mostrar para vocês o local onde vamos nos encontrar quando tudo começar.

***

Denny estava na torre mais alta da Sede, olhando para Nuestra Asuncíon com admiração, aquela era sua cidade, sua casa, porém tudo teria que ser deixado para trás. A guerra traria perdas, mais perdas do que Denny podia imaginar, mas a menina sabia que não se conquistava nada sem perdas.

Alguém chegou e se acomodou atrás dela, abraçando sua cintura e enterrando a cabeça em seu ombro. Denny sabia quem era antes mesmo dele chegar, Jack cheirava a sabonete e a roupas novas, o que era reconfortante.

– O que está olhando?

– É uma cidade linda. – o chafariz jorrava água ao longe, as pessoas andavam tranquilamente pelas ruas e as crianças brincavam, todos os mundanos seguiam com suas vidas, Denny invejava isso.

–Concordo com você. Que bom que ela não será palco de uma guerra.

– Ela já é. – suspirou – Você acha que os monstros coexistem? Eles se odeiam e os pobres humanos levam a culpa.

– Achei que o Contrato...

– O Contrato só é valido depois de uma morte... O que não é muito tranquilizador.

– Foi você que o criou.

– Era isso ou nada, Jack. – Denny bufou – Não é fácil fazer os Que habitat concordar em não destruir.

– Eu sei que não foi. – Jack deu um beijo em sua bochecha e depois em seu pescoço, Denny estremeceu. – Queria que fosse sempre assim.

– Você tiraria muita vantagem disso. – a garota sorriu. ­

– Ah, tenho certeza de que você estaria aproveitando tanto quanto eu.

– Como você tem tanta certeza disso, Jackson Campbell? – a menina se virou, ainda com os braços do loiro a sua volta.

– Eu conheço a minha namorada, eu sei que ela gosta de atenção. – Jack sorriu torto e piscou o olho direito.

– Namorada? – Denny arqueou a sobrancelha, mas não pôde deixar de sorrir.

– Sim. – Jack desenhou contorno do rosto de Denny com o polegar – Quero que todos saibam que você é minha. E eu quero que você saiba que eu vou estar aqui para você, sempre e para sempre.

– Eu sei que está, Jack. – subitamente, Denny olhou para os pés, o que estava prestes a fazer era difícil, porém Jack não ajudava, com aquele carinho ficava quase impossível desistir deles. – Mas estamos em guerra...

– Não começa, Denny. – Jack bufou e olhou nos fundos dos olhos da menina – Eu sei que vamos entrar em uma batalha, sei que teremos perdas e sei que você pode morrer, mas nesse momento, Jennyfer Salvatore, eu quero beijá-la e fingir que tudo ficará bem.

Denny sorriu.

– Dentre todos os poderes do mundo, eu escolheria parar o tempo. – disse a menina vagueando – Parar exatamente agora. Com esse sorriso bobo em seu rosto, seu olhar inocente e sua barba por fazer. E poder gravar, de algum jeito, essa imagem eternamente. Porque não importa o quanto eu tente mudar, Jackson Campbell, eu quero você.

– Acho que você já percebeu que eu sou insistente. – o loiro sorriu confiante, convicto. Ele tocou o queixo da menina e traçou o seus lábios. – Eu poderia dizer mais do que “quero você” – o coração de Denny quase parou – Fica tranquila, eu não vou fazer isso, não até que eu sinta que você possa retribuir.

– Jack...

– Ei. – o menino a beijou, calando-a – Não precisa explicar. Eu sei sobre a sua vida, sobre Scott e Felipe, sobre tudo. – ele revirou os olhos – Ou quase tudo. Eu sei o bastante para entender você, e, acredite em mim, Denny, eu entendo você. Entendo a menina por trás desses olhos azul-violeta, entendo a Caçadora por trás dessa maravilhosa Governadora. Entendo cada célula e cada respiração sua, não porque sou um Extrator, mas porque é como se... – Jack respirou fundo – É como se você fosse parte de mim, uma parte tão perfeita que eu entendo mais do que a mim mesmo. Eu sei o que vai te fazer sorrir e o que vai te fazer chorar, que você lutaria mesmo que a causa fosse perdida, porque é assim que eu a vejo, foi assim que eu sempre vi.

Eles se olharam por um longo tempo, Denny não conseguir formular as palavras necessárias, não podia sequer imaginar algo que fosse tão lindo quanto o que Jack acabara de dizer. Como uma poesia proibida em que somente seus ouvidos pudessem interpretá-la, e naquele momento ela sabia que algo mudara.

– Desculpe. – disse ele se afastando – Eu sabia que tinha que ficar quieto.

– Acho que se você ficasse quieto eu teria que hipnotizar você para responder! – Denny jogou os seus braços pelo ombro de Jack e apertou seus lábios de encontro aos dele. – Mas eu acho que podemos pular a parte das palavras agora.

– Concordo plenamente com você.

Jack segurou Denny pela cintura e empurrou contra a sacada, enquanto a menina apertava o seu corpo contra o do menino, nunca sendo o bastante. O beijo ficou mais intenso, Jack levou Denny para dentro e a apertou contra a parede, a garota passou as pernas pela cintura do loiro enquanto ele segurava as mesmas. Os dois estavam ofegantes, mas nenhum deles fazia menção de parar.

Denny puxou a blusa de Jack para cima, tentando sentir os músculos tensionados por debaixo dela. Arranhou as costas do Caçador, mas ele não parecia se importar, ele mordeu o lábio inferior da Governadora e fez um caminho de beijos do pescoço até o lóbulo da orelha. Denny gemeu baixinho e explorou a macia cabeleira loira de Jack e segurou firme seu pescoço.

Ela pensou em tudo que ele havia lhe dito segundos antes e o beijou com mais força, Jack parecia tão irreal naquele momento, parecendo um Príncipe Encantado salvado a princesa de se afogar. Denny agradeceu a Austin, agradeceu até mesmo a Scott, mas não pensava no lobisomem, não tinha nenhum pensamento que não fosse Jack. Ela já não tinha o sentimento de culpa de estar traindo o pai de seu filho, ela sabia que Jack eliminara qualquer duvida, qualquer resquício de culpa.

Naquele momento, a menina só queria poder beijá-lo até seus lábios sangrarem e se apertarem até que seus corpos se fundissem, porque era isso que ela queria. Queria se unir a Jack de um jeito único, queria que poder senti-lo do mesmo jeito que ele a sentia, queria poder amá-lo do mesmo jeito que ela sabia que ele amava. Entender cada célula desse loiro ambulante e poder esquecer o que fez em sua vida e no que sofreu. Pois ele a fazia esquecer ou, pelo menos, suportar cada dor que viera a sentir, cada pesar e cada morte. Cada centímetro do seu corpo clamava por Jack, clamava pelo Extrator. Clamava por uma chance de ser amada novamente.

Jack a colocou no chão com dificuldades, ofegando, enquanto a menina tentava entender a onda de sentimentos que a pegara desprevenida. Ela olhou para Jack, que a encavara com felicidade e carinho, ele levantou a mão e tocou seu rosto, Denny fechou os olhos e se deixou levar por um segundo antes de se afastar e seguir em direção a porta.

– Denny? – Jack questionou confuso.

– Eu tenho que ir. – ela não se virou, não podia o culpar por estar confuso quanto a atitude dela, mas não tinha um jeito de explicar o que ela sentia naquele momento.

– Podemos nos encontrar depois.

Os olhos da menina começaram a lacrimejar, mas ela respirou fundo e tentou não entrar em pânico.

– Não. – ela tentou sorrir, mesmo sabendo que ele não podia vê-la. – Noite das meninas. – mentiu.

– Certo – desistiu ele, ela retornou a sua fuga – O que eu fiz?

– Nada, Jack.

– Então olha pra mim. – ele puxou seu cotovelo e ela olhou para o loiro, deixando uma lágrima cair. Jack a enxugou e continuou a fazer carinho no rosto da menina – Você vai me dizer o que está acontecendo?

A menina negou.

– Você confia em mim, Jacky?

– Sim.

– Então me deixe ir.

– Por que eu sinto como se você estivesse me dando um adeus? – Denny foi ao seu encontro e lhe deu um beijo demorado.

– Porque talvez cada momento de agora em diante seja um adeus.

Denny se soltou do abraço de Jack e correu até a porta, estava na hora do Eclipse Lunar.

***

Austin encarava Denny silenciosamente, eles estavam em um salão na Sede, em um que nenhum Caçador entraria e isso era perfeito. Ela fez uma careta e encarou o amigo de volta, ele não gostava nem um pouco da ideia, Thomas por outro lado estava sorrindo, aquilo deveria ser divertido.

Denny se remexeu, estava sentada no chão dentro de um círculo com sal grosso e alguns símbolos, havia velas por todo o lado. Como o teto era aberto, ela podia ver a lua cheia acima de sua cabeça e veria, assim, o Eclipse. Ela não tinha certeza do que estava fazendo, como Austin dissera há dezessete anos atrás, aquilo poderia matar a menina, mas ela estava concentrada nos efeitos positivos.

– Tem certeza Denny? – perguntou o ruivo com um livro antigo em mãos.

– Dois coelhos com uma cajadada só, lembra? – ela arqueou o sobrancelha e olhou para o Extrator, ele assentiu.

– Você não sabe se vai dar certo. Você pode morrer.

– Eu posso morrer em qualquer lugar e por qualquer pessoa. Mas se posso escolher, quero morrer conseguindo alguma coisa de útil e bem... Seria você quem me mataria.

– Ótimo, agora eu virei um assassino.

– Austin, você pode se acalmar. – falou Thomas – Vou estar aqui para ajudar, como prometi a Jenny.

– Você é um Extrator, não um Mago.

Thomas sorriu torto e tocou em Austin como se não quisesse nada.

– Agora eu sou.

Austin parecia indignado, mas não falou nada.

– Feche os olhos agora, Denny. – a menina obedeceu – O tempo todo você estará ligada ao feitiço, ok? Eu e Thomas – Denny imaginou Austin lançando um olhar repreciativo na direção do moreno – Vamos ligar você a este mundo, enquanto as palavras forem sendo ditas, você estará sob efeito do feitiço. Quando o feitiço acabar, si Díos quiere, você vai voltar. Está com o amuleto?

– Sim.

– Esse amuleto, como você já sabe, canaliza todo o efeito do feitiço.

– Chega de papo, Tintim, está começando. – Denny ouviu Thomas bufar.

Denny estava nervosa, poderia morrer – ou pior – mas ela sabia que era o único jeito de poder ter sucesso. Eles precisavam da Constituição e ela estava indo pegar.

Sicut umbra terrae lunam tegitur, ut qui perditum immortalitate donata... – depois das ultimas palavras, Denny parou de ouvir.

Na verdade, ela não ouvia nada. Não ouvia a respiração de Austin ou de Thomas, nem os passos acima de sua cabeça. Até o cheiro da Sede estava diferente, como se não fosse lavada há anos, o ar ficou gélido e ela sentiu um vendo gelado atravessar o cômodo. A menina arriscou abrir o olho direito, e o que ela viu confirmou suas suspeitas.

Ela estava sozinha, sentada no chão segurando o amuleto – que nada mais era do que uma pedra, um rubi dentro de ornamentos de prata – Não havia luzes, somente a fraca luminescência da lua que não estava tendo um eclipse. O sal sumira, assim como qualquer resquício de vida naquele local, no começo ela não entendeu, mas depois ela se lembrou de que lera sobre aquilo em diversos livros.

– O Outro Lado do Véu. – ela se levantou e olhou em volta, não via almas, o que era bom até aquele momento, mas ela precisava encontra uma alma.

Denny começou a correr pela Sede, foi até o Jardim, ao Salão, ao hall, até mesmo ao seu quarto. O tempo todo ela via almas vagueando pelos corredores, balbuciando coisas que ela não entendia, algumas delas somente passavam por Denny como se ela não estivesse ali. Outras a viam e sorriam para ela, outras a agarravam e gritavam para que ela os tirasse de lá. Ela ignorou todos eles, até socava algumas almas quando era necessário – porque ali era possível bater em um fantasma.

Por fim, quando estava quase desistindo de procurar, ela se lembrou do lugar preferido dela e porque era o lugar preferido. Aumentou a velocidade até a Grande Sala e escancarou a porta, lá estava ele.

Scott estava sentado em seu divã, segurando um livro em mãos. Quando ela entrou, ele levantou o rosto e lhe deu o mesmo olhar carinhoso que sempre estava em seu rosto, ela congelou, fazia mais de um século que vira aquele sorriso. Ela vira sua luz se apagar até o último suspiro, sentiu a vida saindo de seu corpo, mas ali ele parecia tão real, tão comum.

Scott se levantou e começou a caminhar até Denny, as pernas dela estavam bambas e seus lábios estavam entreabertos com as palavras entaladas em sua garganta. Todo o amor que sentia por ele voltou, cada célula de seu coração batia em frenesi, porque era como ela se sentia naquele momento, um frenesi indecifrável. Ela começou a pensar que morrer não seria tão ruim se ela pudesse ficar com a alma de Scott.

Enquanto ele caminhava até ela o cenário ia mudando, as luzes começavam a se ascender e as roupas de Scott iam se transformando, ele, que antes vestia uma blusa branca de botões aberta e calças de couro pretas, vestia agora um sofisticado palitó. O lugar foi se enchendo com uma leve música de uma orquestra, quando ele chegou até ela, suas roupas pretas foram transformadas em um lindo vestido vermelho de seda, seu cabelo se arrumou em coque maravilhoso e seus pés ganharam um salto de grife.

Scott tomou Denny em seus braços e apertou de encontro ao seu peito musculoso, ela começou a chorar com o cheiro já esquecido de seu amado. Sentia tanta falta dele que era impossível descrever em palavras. Mas ela tinha que se lembrar o porquê de estar ali, ela tinha que completar a sua missão, não tinha muito tempo.

– Scott... – mas nenhuma palavra saiu.

– Jennyfer... – sussurrou ele – O que está fazendo aqui? Não me diga que morreu. – Denny se afastou relutante e secou as lágrimas, tocou o rosto do amado e sorriu.

– Não. – balbuciou ela – Não morri.

– Que alívio, amor mio. – ele a apertou novamente – Mas você ainda não me respondeu. O que está fazendo aqui?

– Eu preciso que... – ela encarou os olhos azuis e se esqueceu do que estava fazendo – Senti tanto a sua falta.

– Eu também, mi hermosa. – ele acariciou o rosto de Denny – Mas você não veio até aqui só pela saudade. Se concentre, me diga o que veio fazer.

– Preciso que me diga onde está a Constituição está.

– Jack lhe contou que eu tentei contatá-lo.

– Sim, e ele sente muito por ter expulsado você.

– Está tudo bem, acho que ele não gostou de ter o ex-namorado de sua namorada na cabeça dele. – Denny arregalou os olhos e encarou o chão, tinha se esquecido de Jack, eles estavam juntos, mesmo Scott sendo um fantasma, ela não poderia traí-lo, ainda mais com Scott. – Está tudo bem, hermosa, já faz 141 anos, eu queria que você seguisse com sua vida e fosse feliz, e é o que você fazendo, mesmo que tenha demorado tanto tempo.

– Eu não consegui amar ninguém.

– Até Jack. – Scott respirou fundo – Não posso dizer que não tenho ciúmes, ele tem você e vocês ficarão juntos de um jeito que eu nunca pude. Mas eu morri, não estou mais em seu mundo e não posso ser mais seu, então seja feliz com o Jack.

– Queria tanto que as coisas fossem diferentes...

– Quem não queria? Agora... A Constituição, vocês precisam dela.

– Sim. – Denny se afastou de Scott para poder pensar claramente – Você deve saber onde ela está. França? No palácio do Souverain?

– Na Espanha. – a garota parou de andar e encarou o fantasma – Há algumas centenas de anos, o Souverain trouxe a Constituição para cá sem nenhuma explicação, ele pediu sigilo e todos que sabiam sobre, morreram. Para sua sorte, eles morreram aqui.

– Não chamaria isso de sorte. – Denny começou a ir em direção a porta, mas uma mão forte a segurou – O que foi? Você tem que mostrar onde.

– Os fantasmas não vão deixar você chegar perto.

– Eu passei por várias almas antes de chegar aqui, consigo lhe dar com elas.

– Não com as almas que estão perto da Constituição. – Scott suspirou – Quanto mais perto você chega, mais as almas vão se tornando atormentadas e perigosas.

– Não é como se você pudesse morrer novamente.

– Mas você pode. – o moreno olhou preocupada para a menina – Você vai de qualquer jeito.

– Ainda bem que você sabe.

– Biblioteca.

Eles começaram a correr, a biblioteca ficava longe, Denny precisava ser rápida, não sabia quanto tempo tinha. Assim que saíram da Grande Sala, suas roupas voltaram a normal, eles voltaram para escuridão gélida do Outro Lado.

– Como você chegou aqui? – Denny já estava ofegante, mas Scott corria sem problemas.

– Está acontecendo um Eclipse, então Austin está fazendo um feitiço que supostamente era para me transformar em humana. Mas ele e Thomas sabiam que esse feitiço faria minha alma viajar entre os dois mundos, então eu poderia achar você... – a Caçadora respirou fundo – E conseguir a Constituição.

Scott se preparava para alguma coisa quando uma forma pulou em cima de Denny.

– Cuidado! – Scott deu um soco de direita na forma, que rolou para longe enquanto ele ajudava Denny a se levantar, ele voltaram a correr. – Eles vão impedir você de chegar até a Constituição.

– Precisaremos ser mais rápidos.

– Você não aguenta mais correr! Faltam mais quatro andares.

– Você consegue se teletransportar até lá? – Denny parou de correr e se arqueou, tomando ar.

– Sim, mas não consigo levar você comigo.

– Isso não vai ser um problema. – Denny correu mais dez metros e parou, com Scott a encarando sem entender – Estamos exatamente em cima da biblioteca.

– Sim...

– Abre a janela quando você chegar lá embaixo, ok?

– O que você está tramando? – Denny olhou em volta e achou uma corda que segurava uma cortina, cortou-a e amarrou em um dos pilares no corredor, abriu a janela e se preparou. Ela olhou para Scott, ele entendeu o que ela queria e sumiu.

– Vamos lá, Denny, você consegue. – falou para si mesma.

Denny começou a correr e pulou a janela – ela estava no sétimo andar –, sem contar ao certo os andares, inclinou o seu corpo para única janela aberta, não olhou para baixo, com medo do que poderia ver. Quando a corda voltava, ela se jogou, caindo no chão da biblioteca. Ela sentiu o ombro sendo deslocado, mas não teve muito tempo para pensar nisso, Scott estava levantando-a.

– Você não acabou de fazer isso.

– Eu sempre quis fazer isso. – Denny deu um tapinha no ombro de Scott – Agora vamos procurar pela coisa que eu quase morri tentando.

– Você não conseguirá o que procura. – a menina olhou para o dono da voz, era um fantasmas que possuía roupas rasgadas e uma aparência depravadora, ele não era o único, havia várias almas com caretas horripilantes impedindo a passagem deles.

– Eu não tenho arma nenhuma.

– Espere um minuto.

A Caçadora queria falar que não tinha um minuto, mas Scott sumiu e um segundo voltou com um espada em uma mão e um arco e uma aljava em outra. Ele a entregou o arco e as flechas, Denny se preparou, enquanto as almas avançavam.

– Não podemos matar o que já está morto.

– Elas vão ficar inconscientes por algumas horas.

– Você faz alguma ideia de onde ela está?

– No centro, aquele circo com uma rosa.

– Sério? Estava ali o tempo todo?

– Cuidado! – Scott fez um movimento rápido com a espada cortando o braço de uma das almas.

– Agora!

Denny começou a atirar, ela não via os alvos, só atirava as flechas. Scott de postou atrás de Denny golpeando o máximo que podia, Denny socou um fantasma com o arco e atirou mais algumas flechas, mas eles continuavam aparecendo. Ele estavam sendo encurralados, Denny esticou a mão para pegar mais uma flecha, quando viu que não havia mais nenhuma. Xingou o Outro Lado e chutou mais uma alma, Scott estava tendo as mesmas dificuldades, não conseguindo dar conta de todos os fantasmas que chegavam até eles.

Por mais que estivesse gostando de lutar ao lado do seu amado novamente, eles não podiam continuar lutando, o tempo de Denny estava acabando.

– Girassol. – gritou Denny.

Scott entendeu, ele se abaixou e ela subiu em suas costas, chutando uma das almas ela parou do outro lado, acertando uma com seu arco. Foi a vez dela se abaixar e deixar que Scott atingisse mais três almas. Quando a menina de levantou, um dos fantasmas agarrou seu pescoço e começou a enforcá-la, Scott não podia salvá-la, ela não era um fantasma então não ficaria inconsciente por algumas horas, ela morreria.

Jennyfer! – gritou Scott.

Uma mulher apareceu e tocou o ombro de Scott antes de professar as palavras:

Omnes animas, quibus pax abire.

Todos os fantasmas sumiram, com exceção da mulher estranha e Scott. Denny caiu no chão procurando ar, Scott correu até ela e a segurou, certificando-se que ela estava bem.

– Se apressem, elas voltarão a qualquer minuto.

A mulher começou a seguir em direção a rosa emoldurada no chão, Denny se levantou com a ajuda de Scott e foi atrás da mulher misteriosa.

– Quem é você? – perguntou a Governadora.

– Allison, eu era uma Caçadora. – ela virou e olhou para Denny e Scott – Eu morri aqui há algumas centenas de anos atrás, ainda não consegui encontrar a paz, mas protejo as almas que chegam e não sabem o que fazer. Senti você assim que chegou aqui, mas você não está morta.

– Não, não estou. – Denny chegou até a rosa e se agachou – Estou aqui pela Constituição.

– Você vai precisar de um feitiço. Eu estava com o Souverain quando ele trancou esse lugar, eu fiz o feitiço para ele e morri para guardar o segredo.

– Você pode confiar na Jennyfer. – confirmou Scott – Ela vai fazer a coisa certa.

– Eu morri protegendo algo que o Souverain estava aterrorizado que fosse perdido ou usado para fins maléficos.

– Eu quero proteger os Caçadores de cair em mãos de um Souverain que vai destruir todos os nós.

– Vejo isso nos seus olhos, Visionária. – Allison respirou fundo – Talvez assim minha alma encontre a paz. Vou te mostrar o feitiço para que você faça o que tiver que fazer.

– Ok.

Allison repetiu até que Denny soubesse todo ele sem erra, ela ensinou tudo o que eles precisariam.

– Obrigada pela ajuda, Allison. – falou Denny.

– De nada. Mas agora, vocês precisam ir, os fantasmas vão voltar.

– Jennyfer... Você sabe como voltar para os mundos dos vivos?

– Eu não faço a menor ideia.

*

Jack

*

Jack estava ganhando de Rebecca em uma luta quando sentiu uma forte dor de cabeça, ele se segurou para não gritar, mas caiu no chão e sentiu que a dor só aumentava.

– Jack? – chamou Rebecca – O que está acontecendo?

– Eu não sei. – grunhiu o loiro.

Ele sentiu algo ser quebrado de repente, ou pelo menos sendo esticado ao máximo. Ele tentou se levantar, mas só conseguiu com a ajuda da Caçadora, a menina o levantou e o sentou em uma cadeira. Jack respirou fundo e esperou que a dor de cabeça passasse, porém ela só se tonou suportável, só então que o menino percebeu o que havia acontecido: sua ligação com Denny estava sendo quebrada.

– Denny... Eu preciso ir atrás dela.

– Você mal consegue andar. – Rebecca segurou Jack em sua tentativa falha de levantar.

– Eu preciso encontrá-la. Você não entende.

– O que eu posso fazer?

– Encontre Charlotte, ela deve estar com ela. – ele olhou suplicante para a Caçadora – A sua Governadora está em perigo.

Rebecca correu e Jack tentou se acalmar, Denny dissera que a única vez que aquilo ocorrera fora quando ele teve sua experiência de quase morte. Sua alma era ligada a de Denny, se sua ligação estava se rompendo, significaria que alma de Denny não estaria completamente em seu corpo. O que para Jack era o mesmo que morte.

Rebecca voltou alguns minutos depois, acompanhada da loira, Jack conseguiu se manter em pé e viu que elas não traziam Denny consigo.

– Cadê ela? – gritou ele.

– Eu não sei. – falou Charlotte mostrando preocupação.

– Ela disse que estaria com você, noite das garotas ou algo do tipo. – Jack passou a mão pelo cabelo, onde ela estava?

– Ela mentiu, Jack. Não marcamos nada. – Charlotte começou a andar pela sala – Talvez Victória saiba.

Charlotte sumiu no corredor, Rebecca tentou fazer Jack se sentar e lhe ofereceu um copo d’água, mas ele não conseguia ficar parado, alguma coisa estava acontecendo com a garota que ele amava. Pouco depois, a loira voltou com a esposa do ruivo, que também parecia preocupada.

– Não sei onde ela está. – foi logo dizendo ela – Mas Austin também sumiu, ele disse que estaria na biblioteca. O que você está sentindo?

– Minha ligação com ela está se rompendo.

– Ela pode estar quebrando-a. – tentou Charlotte.

– Denny não faria isso. – confirmou Jack – Ela está em perigo e se ela está com Austin...

– Vamos achá-los. – disse Rebecca.

– Alguém está fazendo um feitiço. – falou Charlotte olhando para os lados – Em algum lugar da Sede.

– Deve ser eles... – tentou Vic – Mas por que estariam fazendo um feitiço escondidos de todos?

Então Jack se lembrou o que estava ocorrendo naquele momento.

– O Eclipse. O feitiço que Austin tinha para Denny.

– Ela não pode estar fazendo isso – Rebecca socou a mesa, mas ela não estava tão furiosa quanto Jack, ele precisava acreditar que era tudo um mal entendido.

– Onde está sendo feito a mágica? – questionou Jack a loira.

– Em uma torre ao leste, provavelmente uma que tenha visão do céu . Sinto a força dessa magia daqui, é impossível Austin estar fazendo isso sozinho.

Jack não precisou de mais informações e começou a correr, subiu os lances de escadas três a três e não ligou para os olhares repreciativos dos criados e dos guardas. Correu mesmo que seus pulmões estivessem queimando, Denny não poderia estar fazendo aquilo que ele achava que ela estava fazendo. O menino tinha que estar errado, os dois tinham se acertado e Denny tinha dito palavras que nunca tinha dito antes.

A dor em sua cabeça não era mais aguda. Quando ele chegou a um salão, viu uma cena que se lembraria para toda a sua via: Austin e Thomas professavam palavras horripilantes em latim, Denny estava desmaiada dentro de um círculo de sal, o vento tomava o lugar, porém as velas não se apagavam.

Jack invadiu a sala, Austin olhou para ele e depois para Thomas, que assentiu e continuou com as palavras, porém mais fortes. Austin entregou o livro para o moreno e foi até Jack.

– Está tudo bem. – disse ele – O feitiço está seguindo conforme o esperado.

– Austin, a minha ligação com ela está sendo destruída aos poucos. Não tem nada bem! – gritou ele.

– Ela está no Outro Lado do Véu, a alma de Denny está vagueando pelos fantasmas que morreram aqui, mas ela está viva! A ligação só está fraca porque a alma dela não se encontra em nosso mundo.

– Ela não está fazendo o que eu acho que ela está fazendo, certo? – Jack estava apavorado, ele não conseguia acreditar nas palavras do ruivo.

– Denny vai contar tudo a você se ela voltar.

Se?

Quando ela voltar, ela não quis te contar porque temia que você a impediria.

– Ela está quase morta, Austin, é claro que eu não a deixaria fazer isso.

Thomas parou de falar de repente, Austin correu até ele e olhou para Denny. Vento havia parado e as velas estavam apagadas, o silencio era aterrorizante.

– Ela tinha que ter voltado. – disse o ruivo em um sussurro.

– O que está acontecendo? – perguntou Jack.

– Assim que o feitiço acabasse – explico Thomas – , ela teria que ter voltado.

– Por que eu continuo sentindo ela se afastando?

– Eu tenho uma teoria, mas pode ser improvável. – disse Austin apavorado.

– Aceito qualquer coisa. – falou Jack rapidamente.

– Ela não está no lugar onde a magia está sendo feita. Ela saiu dessa torre e por isso não pode voltar. Entretanto, não tenho certeza.

– Vou tentar. – Jack invadiu o círculo e correu até Denny, tomando-a no colo, sua pele estava pálida e sua respiração era fraca. O coração de Jack saindo por sua boca, Denny não podia morrer, ele não ia deixar.

– O que você está fazendo, Jack? – perguntou Austin.

– Só continue com o feitiço.

– Você pode ser atingido pela magia. – disse Thomas.

– Continue. Ainda a sinto em minha cabeça, posso entrar em contato com ela.

– Se der errado, todo o feitiço será direcionado a você. – falou Austin.

– Não me importo, só faça. – pediu ele.

Os dois recomeçaram as palavras, Jack tentou eliminar todos os sons externos e se concentrar em Denny, com sua presença sumindo, era difícil entrar em contato com ela. Jack sentia que estava tentando pegar água com as mãos, mas desistir não era uma opção.

Eu sei que você está ai Den, por favor, me escuta...”.

*

Denny

*

– Como assim você não faz ideia? – perguntou Scott.

– Austin só disse que eu estaria ligada ao feitiço. Quando ele acabasse, eu voltaria. – falou a menina ficando apavorada, já passara tempo demais lá.

– Eu não conheço esse tipo de magia. – constatou Allison, seu cabelo loiro estava sujo e suas roupas do século dezesseis se encontravam no mesmo estado.

– Não posso ficar presa aqui. – ela encarou Scott, como se ele pudesse concertar tudo. – Preciso que eles saibam onde a Constituição está.

– Eu sei, mi hermosa, vamos arrumar um jeito. – ele sorriu calmamente para Denny, ela acreditava naquele sorriso mesmo que não acreditasse em suas palavras.

“Denny...” A menina olhou para os lados, sentia alguém chamando seu nome, mas não sabia de onde vinha.

– O que foi, Denny? – perguntou Scott pondo a mão em seu ombro.

– Acho que alguém...

Denny, é o Jack. Você precisa voltar para o local onde seu corpo está, pelo contrário, você não conseguirá voltar.” A Caçadora olhou para o moreno com esperança.

– Preciso voltar para onde estava. – ela sorriu, mas depois ela se deu conta que demoraria muito tempo para chegar até lá e seu sorriso morreu.

– Eu posso levá-la até lá. – disse Allison – Tenho experiência com transportar almas.

– Muito bem. – Denny se segurou em Allison e sorriu para Scott.

Ela sentiu que começava estremecer, seu corpo parecia virar fumaça, porém, com um piscar de olhos, ela se encontrava exatamente no lugar em que acordara minutos atrás. A menina olhou para Allison com agradecimento e lhe deu um abraço.

– Muito obrigada, você salvou a minha vida. – Allison sorriu – Espero que você encontre a paz.

– Boa sorte em sua jornada. Vou deixar vocês se despedirem. – então a loira sumiu, deixando os dois sozinhos, enquanto Denny esperava por sua passagem para casa.

– Você vai voltar, Jennyfer. – Scott sorriu, mas Denny sabia que aquele gesto era falso.

– Senti tanta falta de alguém me chamando de Jennyfer. – ela fechou os olhos e suspirou, Scott aninhou o rosto de Denny entre as mãos e lhe deu um beijo na testa. A Caçadora sentiu seu corpo estremecer, não queria que ele a soltasse.

– Porque você tentou se livrar desse nome. – ele disse calmamente, Scott se encontrava tão perto que Denny podia quase imaginar o seu cheiro.

– Se for para me arrepender por alguma coisa, que seja por isso. – Denny ficou na ponta dos pés e colou sua boca na de Scott, jogou seus braços nos ombros do fantasma.

Ele não correspondeu o beijo, mas tempo depois, ela sentiu que seus lábios se abriam. Ela explorou sua boca tão conhecida, ele a envolveu com seus braços musculosos. Denny suspirou e Scott fez o mesmo, ela se culpou em cada momento daquele beijo, mas se não fizesse aquilo, iria se culpar pelo resto da vida. A menina agarrou os cabelos pretos de Scott, enquanto ele explorava suas costas de cima a baixo. Quando finalmente ele se afastou, ela estava ofegante, tinha sido quase como se os dois estivessem vivos.

– Você não deveria ter feito isso. – porém ele não a soltou.

– Se eu não fizesse, me culparia para sempre.

– Eu ainda amo você. – declarou ele em um sussurro – Eu sei que isso vai se tornar mais difícil pra você, mas queria que escutasse mais uma vez.

Denny piscou tentando secar as lágrimas.

– E eu ainda amo você, Scott, vou amar sempre. – ela deu um último beijo nele e se afastou, ela sentia sua alma sendo puxada. – Estou voltando.

Scott tentou sorrir, mas não conseguiu.

– Talvez agora eu encontre paz. – ele deu de ombros – Tivemos nossa última aventura.

– E foi maravilhosa, amor mio.

Adíos, hermosa.

– Scott... – chamou Denny se lembrando de algo muito importante, mas ela já sumia – Henry...

– Jennyfer, ele... – mas a menina abriu os olhos.

Não olhava mais para Scott, olhava para um Jack preocupado. Na mesma hora Denny sentiu seu coração apertar, ele estava preocupado, tinha acabado de salvar sua vida. Ele poderia ter sofrido enquanto ele beijava Scott.

– O que você fez?


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Notas finais do capítulo

Gostaram???