Lightning Hunter escrita por LauC


Capítulo 10
Capitulo 10


Notas iniciais do capítulo

Huahuhsuahsua voltei! Está aí mais um capitulo, demorei um pouquinho para escrever, mas ta aí, bem grandinho para vcs! Acho que não tenho mais nada a dizer, a não ser boa leitura! E SORA está muito foda nesse capitulo shsuahsua.



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Quando acordei senti alguma coisa segurando uma das minhas mãos, abri os olhos e olhei para baixo, percebi que Rei estava dormindo sentada e segurando minha mão. Engoli em seco e me mexi, meu corpo rangeu e eu pressionei o maxilar. Sentei devagar na cama, e toquei a testa com a mão livre, o curativo estava molhado de sangue. Olhei para Rei e suspirei, soltei minha mão da sua e a segurei devagar. Deitei-a na cama lentamente, meu corpo se abaixou junto ao seu, e tive que me segurar para não cair em cima dela. Mas nossos rostos ficaram muito próximos.

Foi aí que ela abriu os olhos. Senti o meu coração bater forte e engoli em seco. Seus olhos castanhos me encararam sem entender, abaixou o olhar e eu me lembrei que estava apenas de roupa intima. Senti o meu rosto pegar fogo e vi o seu rosto corar. Ela engoliu em seco e meu corpo rangeu, agora eu não sabia se era de excitação ou de dor. Meu corpo parecia extremamente quente e meu coração batia muito rápido, olhei para os seus lábios vermelhos e para a sua pele branca, e me inclinei. Ela não se mexeu nem um centímetro, meu nariz tocou o seu e nossos lábios quase se tocaram.

Que. Eu .Estou. Fazendo? O que? Mas que diabos Sora! Saí dessa. Você não gosta dela gosta? Gosta? Pisquei e olhei para aqueles olhos lindos castanhos. Ela é linda. Sua boca, sua pele, seus olhos. Senti a sua respiração no meu rosto e tremi. Eu queria beija-la, como eu fiz enquanto ela dormia. Senti sua mão tocando minha barriga, bem acima da minha tatuagem e um arrepio me percorreu. Fechei meus olhos e me afastei lentamente dela. Sentei na cama ao seu lado e coloquei a mão no rosto.

─ Me desculpe. Eu ia deita-la na cama e quase cai sobre você e... ─ Fiquei em silencio por um momento e um liquido quente escorreu para o meu olho, olhei para minha mão e vi que era sangue. Rei se levantou rapidamente e me ajudou a ficar de pé. ─ Estou bem. Vou tomar um banho, se importa de preparar o café?

─ Hã... não ─ Disse ela me olhando rapidamente.

Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, enrolei a toalha no corpo e sentei no banco. Troquei o curativo, olhei se os pontos estavam no lugar e passei uma pomada em cima, coloquei gazes e prendi com esparadrapo. Saí do quarto e vesti uma roupa limpa, um short bege e uma camisa cumprida vermelha. Fui até a cozinha e sentei-me à mesa, Rei trouxe o que tinha preparado. Ovos mexidos, com bacon, pão, geleia, torrada e uma garrafa de suco de manga. Olhei no relógio da parede e vi que estava tarde demais para ir ao colégio. Tomamos o nosso café e fui para o sofá assistir qualquer coisa na Tv.

Fiquei assistindo um programa de Culinária durante um tempo, até que Dana mandou uma mensagem para o meu celular. Mandei uma foto da minha testa para ela e inventei uma desculpa de como eu tinha me machucado. Ela não contestou, apenas pediu que eu me cuidasse melhor e que desejava melhoras.

Dei um suspiro cansado para o teto e fechei os olhos. Dana era uma boa amiga, pena que eu não era tanto. Abri os olhos e vi Rei apoiada na porta do quarto me observando, abri minha boca para falar alguma coisa e um toque de celular veio do quarto. Ela entrou rapidamente e escutei-a atendendo a chamada.

─ Sim? ─ Disse, então ouve uma pausa. ─ Eu já disse que vou cuidar disso. Avise ao chefe! ─ Outra pausa, virei meu rosto de lado para ouvir melhor. ─ Não, eu não quero ajuda. Sem interrupções .

Então não ouvi mais nada, além de um suspiro alto e passei a mão no cabelo. Rei entrou na sala e olhou para mim. Estava com uma aparência cansada, mas suas mãos estavam em punhos e os seus olhos cerrados, quase pude os ver de uma cor vermelha. Coloquei minha mão no sofá e sentei.

─ Tudo bem? ─ Perguntei observando ela com cuidado. Rei estava com um olhar muito diferente, meus sentidos ficaram em alerta mesmo eu não querendo. Eu não a conhecia totalmente, e eu não tinha noção do que ela fazia quando não estava comigo.

─ Mais ou menos ─ Disse relaxando as mãos e dando um sorriso de canto. ─ Problemas.

─ Dividas? ─ Levantei minhas sobrancelhas, se aproximou e sentou ao meu lado no sofá. Deu um sorriso debochado para mim e esperei ela falar.

─ Pra quê tanta curiosidade? ─ Respondeu me olhando debochadamente.

─ Bem, notei que apesar de você estar morando comigo por uns dias, eu não sei nada sobre você ─ Falei.

─ Isso é verdade, como eu também não sei nada sobre você ─ Disse cruzando os braços e relaxando sobre o sofá. Olhou para mim, como se esperasse eu dizer alguma coisa ─ Então o que quer saber?

─ O que você quiser me contar ─ Falei dando de ombros.

─ Então tá. Deixa eu pensar ─ Colocou a mão no queixo. ─ Sou órfã.

─ Não me diga ─ Virei os olhos e cruzei os braços. ─ E eu não tenho poderes.

─ Muito engraçado ─Disse me dando um empurrãozinho no ombro. ─ E quanto a você?

─ Eu moro sozinha, como percebeu. Não tenho ninguém próximo.

─ E seus amigos não contam? ─ Perguntou me olhando nos olhos.

─ Mais ou menos. Não posso contar para eles o que realmente sou ou o que eu faço.

─ Por isso você se afasta? ─ Disse, levantei minhas sobrancelhas e olhei surpresa para ela. Rei tinha conseguido me ler sem problemas, passei minha mão nos cabelos negros e suspirei. Nada que me impressionasse, com certeza ela deve ser mais solitária do que eu.

─ Mais ou menos. E você?

─Bem, eu não tenho nenhum amigo, então isso não faz diferença para mim ─ Respondeu dando de ombros. ─ Mas ai, resolveu virar a Lightning Hunter porque mesmo?

─ Dividas, preciso paga-las de alguma forma.

─ Entendo ─ Colocou as mãos atrás da cabeça ─ Eu mesmo faço isso.

─ Isso não é fácil, né? ─ Falei olhando para os meus pés descalços. Ela confirmou com a cabeça. ─ Mas aí, se precisar de ajuda para resolver algumas coisas, pode me chamar.

─ Tá se voluntariando, é? ─ Me deu um olhar de canto e sorriu. ─ Olha que eu aceito, hein.

─ Tá bom ─ Dei um sorriso de canto e ela me deu um também.

Depois disso não fizemos mais nenhuma pergunta, apenas assistimos à um filme e no meio dele eu cochilei. Acordei com o cheiro de arroz, pisquei os olhos e vi que ainda estava no sofá, toquei minha testa e ela estava seca, sentei-me devagar e olhei na direção da cozinha. Rei estava de frente para o fogão, cozinhando, respirei fundo e sorri, o cheiro estava bom.

─ O cheiro está gostoso ─ Falei ficando de pé, toquei a minha coxa direita e esperei ela doer, o que não aconteceu. Nada como um bom descanso para ficar legal. Virou o rosto na minha direção e me olhou preocupada.

─ Tem certeza que já está bem?

─ Aham ─ Estiquei os braços e sorri ─ Firme e forte.

─ Se você diz ─ Disse dando de ombros e voltando a mexer na panela.

─ O que está fazendo? ─ Perguntei.

─ Arroz com estrogonofe.

─ Estrogonofe? Isso é uma surpresa ─ Falei fazendo beiço.

─ Eu sei fazer algumas coisas que prestam. Então relaxa aí e me deixa fazer o serviço ─ Disse apontando a colher para mim, dei um sorriso para ela e levantei as mãos.

─ OK.

Fui para o quarto e tomei um banho, chequei o curativo, coloquei uma calça jeans folgada, a camisa vermelha que estava antes, calcei meus tênis branco e penteei o cabelo cuidadosamente. Tomei o remédio e fui para a sala. Rei já estava colocando a comida na mesa, quando parou e me encarou.

─ Vai sair?

─ Trabalho ─ Puxei a cadeira da mesa e sentei. ─ Acha que comida vem de onde?

─ Tá se sentindo bem mesmo?

─ Relaxa aí. Meu trabalho é de boa ─ Falei. Ela puxou a cadeira e se sentou também. Comemos em silencio e a comida realmente estava deliciosa. Para uma pessoa que morava sozinha e em uma situação como a daquela casa, ela realmente cozinhava bem. E eu não demorei muito para comer o segundo prato, ou o terceiro. No final, não tinha sobrado nada.

Escovei os meus dentes, peguei o celular e saí do quarto. Rei estava sentada no sofá passando de canal em canal, olhou para mim e esperou.

─ Vou indo nessa. Vai ficar aqui hoje? ─ Perguntei. Ela concordou com a cabeça e eu cruzei os braços. ─ Ok, tranque a porta. E se lembre das regras.

─ Ok ─ Fez um Ok com o polegar.

─ Volto só de noite ─ Acenei e sai de casa. Andei devagar pelo corredor e entrei no elevador. Cheguei ao térreo e passei por Filips, que me deu um balançar de cabeça e voltou a ler o seu jornal.

Saí do prédio e comecei a andar pela calçada, e minutos depois entrei no restaurante. O movimento estava fraco e olhei para o balcão. Minna olhou para minha testa e balançou a cabeça.

─ Quero nem saber.

Passei por ela e entrei na cozinha, Cloe estava lavando a louça e Logan estava de costas para mim. Cloe olhou para o lado e encarou minha testa.

─ Mas que diabos?! ─ Exclamou.

─ Que foi? ─ Logan disse se virando e olhando para nós duas.

─ Boa tarde ─ Falei passando a mão na nuca e dando um sorriso descarado.

─ Que houve com a sua testa? ─ Logan se aproximou.

─ Me machuquei ─ Respondi rapidamente, Cloe abriu a boca para falar alguma coisa e eu coloquei minha mão na sua cabeça. Ela fechou a boca e corou, dei um sorriso para ela e baguncei o seu cabelo. ─ O movimento está fraco hoje.

─ Verdade ─ Concordou Logan.

─ Se eu soubesse que estava assim, tinha ficado em casa ─ Falei dando uma piscadinha e Cloe me deu um tapa no braço. ─ Tô brincando.

Logan jogou um avental para mim e eu o vesti, prendi o meu cabelo e coloquei o chapéu na cabeça. Cloe me passou os pedidos e assim passei o resto do dia.

Olhei para o relógio na parede da cozinha e estiquei meus braços, estava na hora do meu intervalo. Lavei minhas mãos na pia e tirei o avental, esfreguei minhas têmporas e bocejei. Já eram 7 horas da noite, minha barriga roncou e Logan sorriu ao meu lado.

─ Vá descansar, vou preparar algo para você ─ Disse dando um empurrãozinho nas minhas costas.

─ Ok ─ Concordei e fui para a sala de descanso, puxei a cadeira e sentei, cruzei os braços sobre a mesa e apoiei minha cabeça neles. Fechei os olhos e respirei fundo. O quê será que Rei está fazendo? Espero que ela não esteja fazendo nada de errado, como me roubar ou algo do tipo. Virei o rosto para o outro lado. Não, se ela quisesse fazer isso já teria feito.

Lembrei como tinha quase a beijado mais cedo e mordi a boca. No que eu estava pensando e me aproximar daquele jeito? Será que eu realmente gostava dela? Ou será aqueles olhos castanhos que ficavam vermelhos que me atraiam? Ou será o fato de que ela é igual a mim? Ao menos ela está tão confusa quanto eu?

─ Sora?

Isso é uma droga!

─ Sora? Está tudo bem ai? ─ Disse alguém me tocando no ombro. Virei o rosto e vi Cloe me olhando preocupada, trazia em sua mão uma bandeja com um prato de comida e um copo de suco.

─ Ah... Sim, tudo sim ─ Respondi sentando direito na cadeira. Olhei para a comida que parecia boa e dei um sorriso de canto. ─ Pra mim?

─ Aham, Logan me pediu para entregar ─ Colocou o prato na minha frente e se sentou ao meu lado. Peguei o talher e comecei a comer, o frango estava uma delicia, enchi a boca com um pouco de tudo e mastiguei. ─ Vai devagar ai se não se engasga.

─O..K ─ Falei mastigando e engolindo a comida. Estava realmente bom! Acho que devia ser a fome já falando. Quando terminei de comer, Cloe já tinha voltado ao trabalho, tomei o suco e respirei fundo. ─ Agora sim estou bem.

─ Hhaha é bom ouvir isso! ─Disse Logan colocando a cabeça para dentro da sala e sorrindo. ─ Mas já que descansou que tal ser a minha vez agora?

─ Claro ─ Fiquei de pé peguei o prato e o copo sujos, passei por ele e dei um sorriso de canto. ─ Eu assumo a cozinha por enquanto.

─ Obrigado! ─ Alongou os braços e puxou uma cadeira para se sentar.

Coloquei a louça na pia, vesti o avental e olhei para o pedido sobre o balcão. Três espaguete de carne e dois parfait de morango. Lavei minhas mãos e comecei a por a mão na massa, literalmente. O movimento ficou maior depois de um tempinho, o que fez o intervalo de Logan não ser demorado.

─ Eu hein, esses estudantes nunca vão para casa cedo ─ Disse Lucy largando a bandeja vazia sobre o balcão.

─ Deveriam, do jeito que a cidade está ultimamente ─ Comentou Logan mexendo a panela do molho do espaguete. ─ Mas fazer o quê? O prefeito ainda não disse que tem toque de recolher obrigatório.

─ Isso é verdade ─ Concordei.

─Ei Logan! ─ Olhamos para o lado e vimos Cloe se aproximar rapidamente, esperamos ela falar alguma coisa. ─ Você não quer ir atender uma mesa para mim?

─ Não, essa não é a minha praia ─ Disse levantando as mãos em defesa. Levantou as sobrancelhas e perguntou. ─ Por que quer que eu atenda?

─ Bem, só tem homens na mesa, e eu particularmente não gostei deles ─ Disse olhando para baixo.

─ Entendo. Mas eu não posso sair daqui ─ Disse ele cruzando os braços, olhou para Lucy e inclinou a cabeça.

─ Ah não nem pensar ─ Disse batendo o pé. ─ Essas coisas sempre sobram para mim.

─ Por favor Lucy! ─ Cloe juntou as duas mãos e inclinou a cabeça.

─ Não!

─ Impa ou par? ─ Sugeriu Logan.

─ Par ─ Disse Cloe Jogando a mão direita para trás.

─ Impá. Um, dois, três e já! ─ Lucy colocou dois e Cloe um. Lucy deu um sorriso e um tapinha no ombro de Cloe. ─ Vai nessa.

─ Droga! ─ Ela bateu o pé no chão e saiu emburrada dali. Nós três sorrimos e voltamos ao trabalho.

Após 5 minutos, Lucy volta e olha para mim.

─ Tem uma garota, querendo falar com você ─ Disse.

─ Uma garota? ─ Perguntei levantando as sobrancelhas, ela fez que sim e eu suspirei. Quem diabos seria? Lavei minha mão e saí da cozinha junto com ela. Olhei em volta e vi quem era a garota. Vi Rei lendo o que estava no cardápio, ela levantou o olhar e sorriu. Esfreguei a nunca e me aproximei, parei a sua frente. ─ Que diabos está fazendo aqui? E como me achou?

─ Eu estava com fome ─ Ela deu de ombros e cruzou os braços. ─ E eu segui você.

─ Isso explica muita coisa ─ Falei cruzando os braços e esperando ela dizer alguma coisa. ─ O que você quer?

─ Eu? Nada. Só queria ver você de avental ─ Deu uma piscada para mim e eu cerrei os olhos. Bela de uma provocação. Me inclinei na sua direção e coloquei meu rosto perto do seu.

─ Se não quiser nada, caí fora. Nos vemos em casa ─ Falei baixinho, ela deu um sorriso de canto.

─ Então vou pedir um parfait de baunilha ─ Disse apontando para o cardápio, me afastei e acenei para Lucy. Ela se aproximou e olhou de mim para Rei, notei que Cloe estava prestando atenção na gente também, apesar de ela ainda estar anotando os pedidos da mesa cheia de homens.

─ Lucy, ela quer um parfait de baunilha ─ Lucy anotou o que eu disse e olhou para Rei. Observei rapidamente os homens que Cloe estava atendendo, todos estavam usando roupas escuras, um olhar serio estampado em cada rosto, olhei para o tronco deles e notei que dois deles tinham armas sobre a camisa preta.

─ Percebeu também? ─ Disse Rei olhando para o cardápio, fiz que sim com a cabeça e Lucy olhou de uma para a outra confusas.

─ Ela quer só um parfait, Lucy ─ Falei e acenei com a cabeça para ela ir. Ela se afastou, nos deixando sozinhas. ─ Acha que são parte de uma gangue?

─ Talvez sim ou talvez sejam apenas um bando de otários com armas, que resolveram escolher o restaurante errado para jantar ─ Falou ela, dei um sorriso e balancei a cabeça. Ela era hilária.

─ E eu pensando que não podia ficar melhor ─ Digo acenando com a mão e me afastando. ─ Seu pedido vem em 10 minutos.

─ 10 minutos? O pedido dela saí mais rápido que o nosso que chegamos antes? ─ Escutei um homem dizendo. Olhei para o lado e vi que era um dos homens que Cloe estava atendendo. Ela se curvou um pouco e me deu olhar implorando para eu ir até lá.

─ Boa noite, senhores. Algum problema? ─ Perguntei me aproximando deles.

─ Humm, sim. Você é a gerente? ─ Disse um deles, que tinha os cabelos pretos e com um óculos pendurado na camisa.

─ Não, sou a cozinheira ─ Apontei para o avental e depois para o balcão onde Minna estava recebendo a conta de um casal. ─ Ela é a gerente. Se quiserem fazer alguma queixa podem ir falar com ela.

─ Só queríamos saber porque o pedido da moça de cabelo vermelho saí mais rápido que o nosso que chegamos antes ─ Disse um outro, de cabelos castanhos.

─ O dela é só um parfait, rápido preparo ─ Respondi olhando para eles. ─ Se vocês pedirem comida é claro que vai demorar mais para preparar do que um simples sorvete.

─ Ah sim, entendo ─ Disse o de cabelos pretos. Peguei a caderneta da mão de Cloe e acenei para ela deixar isso comigo.

─ Então, deixe me ver ─ Li o pedido deles e confirmei em voz alta. Impressionava-me que eles eram burros em pensar que aquilo iria ficar pronto em 10 minutos. ─ Vão querer 3 espaguetes de carne, duas porções de batata frita com carne, quatro pratos de peixe ao molho branco e dois pudins, é isso?

─ E duas garrafas de 2litros de Coca-cola ─ Completou um deles, anotei no papel e fiz um ok com a cabeça.

─ Mais alguma coisa? ─ Negaram com a cabeça. ─ Seu pedido vai demorar em torno de 30 minutos.

─ Certo ─ Disse um deles dando um sorriso debochado, cerrei meus olhos e me afastei. Passei por Lucy que estava atendendo uma família e entrei na cozinha, Cloe estava lavando a louça, olhou para mim e sorriu.

─ Obrigada.

─ De nada ─ Falei colocando o papel do pedido no balcão, Logan olhou o pedido e balançou a cabeça. ─ Não fizeram nada com você, não é?

─ Não ─ Respondeu.

─ Bom ─ Lavei minhas mãos e fui até o fogão, comecei a preparar os pratos dos imbecis.

─ Sua amiga aquela ruiva? ─ Perguntou Cloe de repente.

─ Mais ou menos.

─ Humm, vocês pareciam próximas ─ Disse ela, levantei meus olhos do que eu estava fazendo e olhei para ela confusa. Dei de ombros e voltei a fazer o que eu estava fazendo.

─ Mais ou menos ─ Sussurrei.

Logan e eu preparamos os pedidos dos homens o mais rápido possível para não termos mais problemas, e Cloe e eu levamos a comida para a mesa deles. Olhei para a mesa de Rei, e ela estava bebendo um copo de agua, o parfait já tinha acabado. Nossos olhos se encontraram e ela deu um olhar para a mesa mais ao lado.

─ Aqui esta senhores ─ Falei colocando os espaguetes na mesa, Cloe tinha dado a volta e estava colocando o pratos de peixes na mesa, depois as batatas fritas com carne.. ─ O pudim, iremos trazer daqui a pouco, ok?

─ Falta o refrigerante.

─ Aham, já vamos pegar ─ Acenei para Cloe ir pegar e ela foi ate a cozinha, pegou os copos rapidamente e os refrigerantes. Entregou o copo para cada um deles e começou a servi-los, até que um deles fez algo que eu já esperava acontecer, mesmo não querendo.

Um dos homens tocou na bunda dela, a fazendo tomar um susto e derrubar refrigerante no colo do mesmo cara. O que por sinal ficou com muita raiva.

─ Oh senhor, me desculpe! ─ Disse ela se desculpando.

─ Droga! ─ Exclamou ele ficando de pé e evitando que sua calça molhasse ainda mais. Olhou para baixo onde o refrigerante tinha caído e flexionou o maxilar.

─ Me desculpe senhor, aqui um pano para enxugar ─ Cloe levantou a mão com o pano e ele olhou para ela com desprezo.

─ Ora sua, você sabem quem eu sou? Você devia limpar isso para mim ─ Disse ele irritado, os amigos dele sorriram e Cloe estremeceu ao meu lado. Suspirei e balancei a cabeça. Ótimo. Empurrei Cloe para trás de mim e me coloquei a frente do homem.

─ Sinto muito senhor, mas se o quiser ir ao banheiro se limpar ─ Falei calmamente.

─ Banheiro? Vocês tem outra calça lá para mim?

─ Não ─ Dei de ombros. ─ Mas pode pelo menos ir lá fingir que se limpou, afinal não sei por que está tão preocupado, sua calça é preta mal dá para ver.

─ Mas da para sentir! ─ Exclamou ele já saindo do tom normal. ─ Falei atendimento de merda esse daqui.

─ Bem, se o senhor não tivesse tocado na bunda dela, nada disso teria acontecido ─ Comentei mostrando a palma da mão para ele, Cloe se mexeu atrás de mim. ─ Sem dizer que se quisesse que as atendentes tocassem no senhor, acredito que um bordel teria sido a melhor escolha para se estar agora.

─ Vejo que temos uma espertinha aqui ─ Disse o de cabelos pretos com os óculos na camisa.

─ É apenas um fato.

─ Ora sua! ─ Disse o homem molhado. Seus olhos estavam me dissecando de raiva. ─ Quem pensa que é para falar assim?

─ Eu? Ninguém. Só a cozinheira da casa ─ Senti o clima na mesa ficando tenso e toquei a mão de Cloe. ─ Se afaste ─ Sussurrei, ela obedeceu e se juntou a Minna no balcão.

─ Uma cozinheira muito metida por sinal ─ Disse um deles ficando de pé.

─ E vocês são quem? Integrantes de uma gangue? ─ Perguntei colocando os braços na cintura. Olharam para mim desconfiados e um deles levou a mão atrás da costa. ─ Se eu fosse você não me mexia.

Ele parou de se mexer e me encarou, seus olhos estavam escuros e sérios. Nada de bom poderia vim deles. Rei ficou de pé e eu levantei minha mão direita para ela, ficou parada e esperou.

─ Recomendo que se retirem já que não gostaram do atendimento, e como também podem ver, estão incomodando os outros clientes ─ Falei mexendo a cabeça, o que tinha se molhado de refrigerante cerrou os punhos com força. ─ Espero vocês comerem, não precisam nem pagar, apenas deem o fora daqui.

─ Metida ela, hã? ─ Disse um que não tinha dito nada por enquanto. Eram Seis ao todo.

─ Muito ─ Disse o que tinha os óculos na camisa.

─ Então o que vai ser? ─ Perguntei levantando as mãos e esperando eles fazerem algo. Olhei para o que estava mais ao canto, sua mão esquerda tinha sumido nas suas costas, suspirei e neguei com a cabeça. ─ Sabe, no momento em que você sacar essa arma ─ Falei olhando para o cara do canto e cerrando os olhos. ─ vocês vão estar acabados. Por isso, para não causar confusão peço que saiam do restaurante.

Ficamos em silencio por um momento e esperei eles decidirem. Olhei para Rei e ela cerrou os punhos, pronta para o combate. Acenei para Lucy para ela afastar os clientes que estavam perto e felizmente ela entendeu. E rapidamente, mas calmamente os poucos clientes que estavam perto e a par da confusão, se afastaram e sentaram em uma mesa mais longe. Após isso, tudo se moveu muito rápido.

O homem do canto sacou a arma, escutei alguns abafos de outros clientes e rapidamente peguei uma faca da mesa, joguei na direção da sua mão e a arma caiu no chão. Os homem que estava sujo veio para cima de mim com um soco, desviei rapidamente e dei um murro no seu estomago, ele cambaleou para trás e um outro sacou a sua arma. Me abaixei e chutei a sua perna, derrubando-o no chão, o homem de cabelos pretos colocou o óculos no rosto e me coloquei de pé rapidamente.

─ Muita ousadia sua ─ Disse ele vindo para cima de mim. Notei que em suas mãos agora haviam um soco inglês de ouro. Desviei de um ataque seu e o derrubei sobre a mesa. O de cabelos castanhos puxou uma faca e se aproximou, dei alguns passos para trás e esperei-o vim para cima, e foi o que fez, a faca passou a centímetros do meu braço e eu chutei o seu joelho, dei uma cotovelada na sua nuca e ele apagou no chão. Faltava 5. Avancei contra um que estava pegando a arma no chão e girei sobre os meus pés, o atingindo no rosto, ele caiu sobre uma mesa e ficou lá.

Outro veio para cima e eu desviei do seu chute, defendi o seu soco e dei uma cotovelada na sua barriga, segurei a sua cabeça e meu joelho atingiu o seu maxilar. Foi então que escutei um tiro passando por mim e me abaixei, olhei para trás e senti um alivio quando não vi ninguém machucado. Cloe estava mais ao lado e ela estava terrivelmente assustada. Fiz um gesto para Chamarem a policia e Logan puxou o seu celular.

─ Não se mexa! ─ Disse um deles apontando a arma para Logan. ─ Ou eu atiro.

Olhei rapidamente em volta e vi Rei esperando uma ordem para se mexer. Vi um prato no chão a minha frente e o segurei devagar. Calculei a distancia que ele estava e joguei o prato na sua direção, ele se defendeu colocando as mãos na frente do rosto e eu corri. Segurei o seu braço e o torci até a arma cair no chão, chutei suas costas e dei um soco no seu rosto. Ele caiu e rapidamente olhei em volta, e acabei recebendo um soco no rosto, cambaleei para o lado e me apoiei sobre a mesa. Rei ficou tensa a minha frente, mas se manteve quieta.

Então os dois restantes pararam a minha frente e sorriram, o de óculos estava com o seu soco inglês em mãos e o outro abriu as mãos e chamas saíram delas. Senti um arrepio percorrendo o meu corpo e olhei para Rei. Ela deu de ombros e observou a cena.

─ E agora o que vai fazer? ─ Disse o que tinha chamas nas mãos.

─ Não sei ─ Falei dando de ombros e olhando em volta, vi uma garrafa de refrigerante mais ao lado e sorri. Tinha um plano.

Avancei contra o que tinha soco inglês e defendi um de seus golpes com os braços, pisei no seu pé com força e ele se curvou um pouco, levantei meu punho e o atingi no maxilar, trouxe o meu joelho de encontro ao seu peito e o joguei sobre uma mesa, que se espatifou com o seu peso. Foi então que uma bola de fogo passou perto de mim e atingiu uma mesa vazia, peguei um copo de suco que tinha e joguei onde o fogo tinha acertado. Peguei a garrafa de refrigerante e me abaixei quando uma bola de fogo passou por cima da minha cabeça, me escondi atrás de uma cadeira e sacudi o refrigerante até eu ver bolhas. Respirei fundo e corri na sua direção e abri o refrigerante, Coca-cola o molhou por completo apagando as chamas de suas mãos, separei os meus pés e o acertei com um chute em cheio no rosto, ele caiu no chão apagado.

Olhei em volta e vi que os seis estavam desacordados, o restaurante estava uma bagunça, mas nada do que uma boa limpeza não resolvesse. Rei tocou o meu ombro e eu olhei para ela, me deu um sorriso e eu sorri de volta. Escutei ao longe o barulho de sirenes e procurei por Cloe e os outros.

─ Tá todo mundo bem? ─ Perguntei olhando para os clientes, todos fizeram que sim com a cabeça. Foi então que Cloe me abraçou com força, fiquei sem reação por um momento e a abracei de volta, olhei para Rei que estava ao meu lado e ela estava com um olhar serio no rosto. Fiquei um pouco confusa com isso, mas ignorei. Me afastei de Cloe e baguncei o seu cabelo, Minna me deu um abraço também.

─ Isso foi bem corajoso da sua parte ─ Disse ela bagunçando o meu cabelo. ─ Não é mesmo?

─ Aham.

─ Mandou bem, moça! ─ Disse uma criança junto aos pais, que deram um sorriso.

─ Não foi nada ─ Falei coçando a nuca. ─ espero que não tenha dado muito prejuízo.

─ Naaa, relaxa ─ Minna deu um tapinha no meu ombro.

─ Ok.

A policia chegou e levou o grupo em custódia, fizeram algumas perguntas rápidas e as respondemos sem problemas. Minna, Rei e eu limpamos o restaurante, já que após isso parecia que mais gente tinha vindo comer. Rei nos ajudou a limpar mesmo eu não pedindo, e pelo o que eu percebi ela não tinha se dado bem com Cloe. Quando terminamos, levei um pedaço de bolo e suco para Rei, que estava sentada em uma mesa.

─ Pra você ─ Digo puxando uma cadeira para sentar e lhe entregando o bolo.

─ Cortesia da casa? ─ Perguntou me dando um olhar sacana.

─ Mais ou menos ─ Dei um sorriso de canto para ela.

─ Sendo ou não, vou aceitar de qualquer jeito, está com uma cara boa ─ Disse pegando um pedaço com o garfo. Colocou na boca e fez uma carinha feliz, o que mostrava que tinha gostado. Sorri com aquilo, pois ela tinha ficado muito fofa. Coloquei minha mão sobre a sua e ela olhou para mim, com os seus olhos castanhos avermelhados.

─ Obrigada, por ter me deixado resolver sozinha ─ Falei olhando para minha mão sobre a sua.

─ Sem problemas ─ Deu um sorriso de canto para mim e apontou o garfo na minha direção. ─ Mas da próxima vez me deixe bater também.

─ Tudo bem.

─ Elas parecem terrivelmente próximas não parecem? ─ Disse Cloe para Lucy que estavam nos observando.

─ Aham ─ Concordou Lucy.

Fiquei de pé e sacudi minhas roupas, Rei olhou para mim e eu dei um aceno para ela. Fui até as meninas e sorri.

─ Então.... ─ Fingi que não tinha as ouvido falarem da gente. ─ O movimento esta diminuindo novamente.

─ Aham ─ Lucy cruzou os braços e olhou para o relógio de pulso. ─ Está perto das 10 horas. Daqui a pouco vamos fechar.

─ Verdade ─ Disse Cloe e deu um longo suspiro. ─ Dia hoje foi cansativo.

─ Demais ─ Concordei esfregando o pescoço com a mão esquerda, eu estava exausta e minha cabeça estava doendo um pouco.

─Sua amiga parece que gostou do bolo ─ Disse Lucy.

─ Aham ─ Lucy levantou as sobrancelhas para mim e eu dei de ombros. Acho que ela achou estranho o fato de eu não ter dito nada a respeito do “amiga”. Não sabia dizer, mas Rei parecia mais próxima de mim cada vez mais. Soltei um suspiro e passei por elas. ─ Bem, vou voltar para a cozinha.

─ Tudo bem.

Quando deu dez horas da noite, Logan e eu limpamos a cozinha e o resto limpou o salão. Rei ficou me esperando na sala de descanso, até quando eu entrei na sala e acenei para ela ir. Nós despedimos do pessoal e começamos a ir para casa.

─ Mas me diga. Por que resolveu vim até aqui mesmo? ─ Perguntei olhando para sua camisa branca com listras azuis.

─ Eu tinha uma coisa para dizer para você ─ Disse coçando o nariz, olhou para a calçada e balançou as mãos.

─ Acho que pode começar a falar, então ─ Falei juntando as mãos atrás das costas. Ela olhou para mim e depois para cima. Ficou em silêncio e eu esperei ela criar coragem para o que quer se seja. Cocei minha nuca e olhei para o céu estrelado. Será que era algo assim difícil de dizer? E o que era? Será que ela vai me pedir ajuda com alguma missão? O daquele cara que sempre ligava? Afinal o que ele queria? Ou será que era alguma coisa mais seria? Ela queria sair da minha casa? Ou será que.....

Cerrei os olhos e olhei para o telhado das casas, senti a presença de alguém nos seguindo e fiquei em alerta. Olhei para Rei que estava olhando em volta disfarçadamente. Dei um olhar para ela e ela concordou com a cabeça. Entramos em uma rua e depois em outra, até que mudamos totalmente de direção. Caminhamos por umas ruas escuras de um bairro distante e paramos, não havia nada naquela rua a não ser as lixeiras.

Agucei os meus sentidos e escutei o barulho de uma arma se destravando, segundos depois um tiro acertou a lata de lixo atrás de mim. Logo em seguida, houve uma chuva de tiros e eu puxei Rei para trás de mim, levantei uma barreira de eletricidade a nossa frente, as balas ricochetearam e caíram no chão. Consegui ver eles se movendo nas sombras e estalei o dedo, não ouvi nada sendo atingido. Franzi a testa e olhei para Rei.

─ Você os está vendo? ─ Sussurrei.

─ Mais ou menos ─ Respondeu olhando em volta.

Outro tiro acertou a lata atrás da gente e mordi os lábios. Isso já estava me irritando. Vi algo se mexendo e estalei o dedo, alguém escorregou no telhado e caiu de costas no chão a nossa frente. Olhei para o homem e vi que ele estava usando a mascara branca com listras vermelhas, eram os mesmos que me atacaram antes.

─ Mas.... ─ Pisquei rapidamente e levantei minhas mãos para cima. Um pedaço de metal caiu em cima da gente, meus joelhos tocaram o chão com o impacto, mas consegui nós manter intacta com a barreira. Forcei minhas pernas a ficarem retas e empurrei o metal para o lado. ─ Diabos.

Foi então que reconheci a sombra de um homem no escuro. Vi sua pele áspera e marrom e engoli em seco. O homem pedra sorriu para mim e Rei se mexeu ao meu lado. Mais tiros vieram na nossa direção e levantei a barreira de novo. Suor percorreu meu pescoço e respirei fundo, usar a barreira muitas vezes me cansava. Os homens que antes estavam nas sombras começaram a aparecer também.

─ Se defenda, vou abaixar a barreira ─ Falei, ela concordou e eu abaixei a barreira. Juntei o meu poder nas mãos e liberei no chão, tendo cuidado para não atingir Rei. Mas nada aconteceu, nem o homem pedra nem os mascarados foram atingidos. Encarei-os em choque e consegui desviar de um tiro, Rei se afastou de mim surpresa também. ─ Meu poder não funciona neles!

─ Eles devem estar usando algum acessório de borracha! ─ Disse ela. O homem pedra olhou para ela e fechou a cara.

─ Ora ora, quem temos aqui ─ Disse estralando os dedos das mãos. Olhei dele para Rei sem entender e pensei em um plano. Se atingir eles com eletricidade não adiantava, tinha que derrota-los em uma luta corpo a corpo.

─ Rei, distraia o grandão um pouco ─ digo, ela fez um sim hesitante e esperei o momento certo. Estalei o dedo e fiz o grandão se afastar um pouco para trás, corri na direção do homem mascarado mais próximo, ele levantou sua arma na minha direção, empurrei o braço dele para o lado, e chutei seu joelho, segurei sua cabeça e dei uma joelhada no seu rosto, ele caiu para trás e eu procurei o próximo.

Vi um brilho ao meu lado e me joguei no chão, a bala passou por cima de mim e procurei o culpado, o localizei e corri na sua direção, apontou a arma na minha direção e eu levantei a barreira, levei minha mão até a cintura e lembrei que não estava com a minha espada. Droga. Coloquei-me a sua frente e dei uma cotovelada no seu peito, passei minha perna por entre as suas e o derrubei de costas, dei um soco em seu peito e ele ficou quieto. Olhei para suas roupas e notei algo diferente. Suas botas eram emborrachadas. Agora fazia sentido. Peguei a arma dele e olhei em volta.

Atirei no cara a minha direita e ele se jogou no chão, virei e atirei no outro mais a esquerda. As balas acertaram o seu peito e ele caiu no chão. O que tinha se jogado voltou a atirar em mim, minhas mãos tocaram o chão e joguei o meu corpo para trás, dei um salto e apertei o gatilho, as balas atingiram o chão de começo até que levantei a mira e a bala atingiu o braço dele.

Procurei por mais algum e vi que ainda sobravam cinco de pé. Rei estava desviando dos ataques do homem pedra, ela parecia exausta. Atirei na direção dele e ele recuou, olhou para mim com raiva e Rei levantou as mãos. Seus olhos ficaram vermelhos brilhantes e olhei para o homem pedra, nada aconteceu com ele. Mas que diabos nada funcionava nele! Rei olhou para ele incrédula e ele deu um sorriso.

─ Seu poder não funciona em mim, pois meu sangue é de pedra ─ Disse e então correu para cima dela. Ela desviou de um soco seu, e colocou os braços na frente do corpo bem na hora que o seu pé veio de encontro, ela foi lançada para trás e caiu em cima de uns sacos de lixo.

Uma bala passou raspando pelo meu braço e senti a pele queimar. Olhei para o meu antebraço e o vi sujo de sangue. Cerrei meus dentes e respirei fundo, estalei os meus dedos e atingi o que tinha atirado em mim, ele caiu no chão tremendo. Corri até onde estava Rei e ela se sentou, virei para o homem pedra a minha frente e levantei a barreira, seus braços atingiram com força e eu tremi. Deu um passo para trás e sorriu.

─ Você está bem ? ─ Perguntei para Rei.

─ Aham ─ Disse ficando de pé.

─ Eu cuido dele ─ Falei e respirei fundo. Abaixei a barreira e lancei o meu poder no seu peito ele deu um passo para trás. Fui para cima e dei um chute no seu peito, ele cambaleou e segurou a minha perna, me tirou do chão e me lançou contra a parede. Minhas costas bateram com força e eu gemi, caí de cara no chão, minha vista ficou um pouco embaçada, mas consegui ver ele se aproximando de Rei.

Ela se defendeu de seus ataques, mas ele era incrivelmente rápido para o seu tamanho. Seu punho atingiu o seu rosto e ela caiu no chão, levantou-a do chão pelos cabelos e se inclinou na direção do seu rosto.

─ Isto é por não cumprir com seus deveres ─ Disse e lançou-a contra a parede, seu corpo fez um barulho e caiu por cima das latas de lixo. Coloquei minhas mãos no chão e forcei meu corpo a ficar de pé, estiquei minhas costas e fechei minhas mãos com força. Senti uma raiva enorme me envolver e flexionei o maxilar. Ele iria pagar pelo o que fez com Rei.

Eletricidade começou a correr pelo meu corpo, a luz do poste piscou e ele olhou para mim. Meus cabelos se arrepiaram e afastei os meus pés, ele e os mascarados ainda de pé me encararam e apertei os meus punhos ainda mais. Minha blusa começou a queimar, minhas tatuagens apareceram e por um momento as vi brilhar. Um deles apontou a arma para mim e a bala desviou bruscamente. Minhas mãos brilharam em azul e eu levantei meus punhos para eles, abri minhas mãos e liberei a minha raiva.

Houve uma explosão de luz e todos eles caíram no chão. Fumaça saiu dos corpos dos mascarados e a pele do homem pedra estava ligeiramente vermelha, mexeu sua mão e vi que ainda estava vivo. Algo dentro de mim estalou e meu poder aumentou ainda mais, junto com a minha raiva, fui para cima dele e dei um soco no seu rosto. Não senti o impacto da minha mão no seu rosto duro, apenas continuei batendo e batendo. Lancei o meu poder no peito dele e vi que algo tinha mudado, pois agora tinha ficado uma marca mais escura no seu peito. Liberei minha eletricidade varias vezes no seu peito e dei um soco no seu peito.

Olhei para o seu peito que estava quase aberto e bati meu punho nele, sangue escorreu pelas minhas mãos e eu sorri. Bati novamente e novamente, até que de repente minha mão atravessou as suas costelas, sangue espirrou por todo o meu rosto e corpo. Ele estava imóvel abaixo de mim, consegui escutar o seu coração batendo fracamente e direcionei o meu poder para o seu órgão. Um barulho de algo estourando tomou o ar e mais sangue molhou o meu rosto.

Ele estava completamente morto, olhei para o seu peito aberto e para a bagunça que eu tinha feito e pisquei. Fiquei de pé e sacudi minhas mãos, virei e fui em direção a Rei, e para a minha surpresa ela estava acordada, seu rosto estava em total choque. Parei a sua frente e olhei para os seus olhos que estavam castanhos e arregalados, sua boca estava cortada e sua testa estava com um corte cumprido, mas sem nenhum sangue a vista. Bem, ela com certeza tinha estancado o sangramento. Seu braço esquerdo estava em um ângulo estranho e seus cabelos totalmente bagunçados. Abaixei-me e toquei o seu rosto com a costa minha mão.

─ Sente alguma costela quebrada? ─ Perguntei, ela negou com a cabeça. ─ Ótimo.

Peguei-a em meus braços e nos tirei dali. Não estava com paciência para evitar os lugares movimentados, apenas andei em direção a nossa casa. Todas as luzes do bairro pelo qual passávamos apagavam, e eu andava calmamente pelas sombras, meus sentidos ainda estavam afiados para algum possível ataque, mas nada aconteceu durante todo o caminho. Abri a porta do nosso prédio e comecei a subir as escadas calmamente. Rei não tinha dado um pio desde então.

Entrei no nosso andar e parei na frente da porta. Ela tirou as chaves do bolso da calça e eu destranquei a porta, entramos em casa e eu a levei para a cama. Sentei-a nela e voltei para trancar a porta, retomei toda a energia da cidade e voltei para o quarto. Entrei no banheiro e lavei minhas mãos rapidamente, peguei o quite de primeiro socorros e fui até a cama. Olhei para o seu braço e vi que tinha que tirar a sua camisa.

─ Posso tirar a sua camisa? ─ Perguntei, ela fez que sim com a cabeça e tirei a sua blusa com cuidado. Meus olhos percorreram o seu corpo e vi que ela tinha a cicatriz do ferimento que teve na luta, em qual quase nos matamos. Encarei a sua tatuagem no ombro esquerdo e pisquei. Passei um pano molhado no seu ombro devagar e a vi engolir em seco, toquei o seu braço e ela fez uma carinha de dor. ─ Vou colocar ele no lugar, morda isso.

Ela mordeu o pedaço de pano e eu hesitei, molhei os lábios e puxei o seu braço, ela gemeu de dor, mas coloquei o seu braço no lugar. Peguei atadura e o imobilizei junto ao seu peito. Limpei o seu rosto com pano molhado e desinfetei o ferimento na sua testa e boca, passei um remédio e coloquei um curativo na sua testa. Olhei para o seu corpo para ver se tinha mais algo machucado e percebi que ela estava me encarando.

─ Algum lugar mais está machucado?

─ Meu pé esquerdo ─ Respondeu olhando para o seu tênis. Desamarrei o seu tênis e tirei a sua meia. O seu tornozelo estava inchado, não parecia que tinha quebrado.

─ Consegue mexe-lo? ─ Perguntei, ela fez que sim com a cabeça e mexeu ele para o lado. Peguei o anti-inflamatório no quite. ─ Apenas uma torção. Vou lhe dar um anti-inflamatório, só pegar água.

Fui ate a cozinha e coloquei agua em um copo, voltei para o quarto e a fiz beber. Ela não discordou em nada, apenas tomou o remédio e deitou na cama. Coloquei um pouco de gelo no seu tornozelo e fiquei fazendo compressa até que ela adormeceu. Passei um gel no seu pé e o enfaixei com atadura, guardei as coisas na caixa e fui para o banheiro.

Olhei para o meu reflexo no espelho e o que vi era uma pessoa totalmente diferente. Meus olhos ainda estavam azuis, os cabelos desarrumados e o rosto manchado de sangue, meus braços, peito e barriga estavam sujos também. De forma que o sangue fazia minhas tatuagens se destacarem sobre minha pele branca. Estava com uma aparência bem demoníaca. Senti meu estomago revirando e meu corpo começou a tremer, levantei a tampa da privada e coloquei toda a comida para fora.

Minhas mãos estavam tremendo e eu fechei os olhos com força, imagens do homem morto começou a passar em flashes na minha mente e eu vomitei ainda mais. Quando senti que não tinha mais nada para colocar para fora, forcei meu corpo tremulo a ficar de pé e tirei minhas roupas, abri o chuveiro e entrei debaixo d’agua. Lavei o meu cabelo e me ensaboei totalmente, só saí dali depois que tive certeza que não tinha sobrado nada de sujeira. Enxuguei-me na toalha e olhei para o espelho, minha aparência tinha voltado mais ao normal, meus olhos estavam cinza novamente. Olhei para a minha testa e o ferimento tinha sumido, olhei para as minhas mãos que estavam com cortes e para o meu braço, e suspirei. Enfaixei minhas mãos e fiz um curativo no meu antebraço.

Vesti uma calcinha e uma camisa branca folgada, arrumei a cama do chão, apaguei a luz e me deitei. Tentei em vão dormir, mas sem nenhum resultado. Quando deram 6 horas da manhã, preparei o café e me arrumei para ir para a escola. Coloquei o café dela ao lado da cama e saí. Cheguei no colégio cedo e me sentei na carteira, abaixei a cabeça e fechei os olhos.

Consegui tirar um cochilo e só acordei quando o sinal tocou, Dana e Bea não falaram comigo. Acho que devem ter percebido que eu não queria papo ou viram que minhas mãos estavam enfaixadas e resolveram me deixar quieta. Minha cabeça ficou nas nuvens durante todas as aulas, e só voltei ao normal no ultimo tempo quando era a prova de Historia. Respondi-a sem problemas e sai da sala.

Desci as escadas e passei por alguns alunos, que me olharam rapidamente. Ignorei-os e saí do colégio, caminhei devagar para casa, precisava limpar a cabeça. Eu não conseguia entender o porquê de eu ter explodido de raiva ontem a noite, e nem porque eu tinha perdido o controle. Esfreguei minha testa e relaxei os ombros. Não sabia o que fazer. Rei estava assustada comigo ontem, e eu não a culpava. Eu mesma estava assustada.

─ Droga ─ Exclamei chutando uma pedrinha da calçada. ─ O que eu faço?

O que eu faço?

Primeiro eu tenho que descobri porque eu fiquei com tanta raiva. Parei de andar e olhei para o chão. Porque eu fiquei mesmo? Fechei os olhos e tentei lembrar de como tudo começou, as memorias passaram rapidamente na minha mente e entendi o que tinha disparado a minha raiva. Rei.

─ Foi na hora que ele jogou ela contra a parede ─ Sussurrei abrindo os olhos e olhando para as minhas mãos. Se ele não a tivesse jogado eu não teria feito o que fiz. Mas meu senso de defender os outros não era tão forte assim. Ou era? Ou era porque tinha sido Rei? Não, se tivesse sido Cloe eu teria feito a mesma coisa.

Lembrei-me de como reagi no restaurante e não me lembrei de ter ficado com tanta raiva, quando o cara tinha tocado na sua bunda. Então, por quê? Coloquei minha mão na cabeça e forcei minha mente a trabalhar.

─ Não ─ Falei deixando minhas mãos caírem ao meu lado. Olhei para as pessoas andando na rua e franzi a testa. ─ não pode ser, pode?

Puxei a alça da minha mochila e comecei a correr, não senti meus pés tocarem o chão enquanto corria, apenas queria chegar logo em casa. Abri a porta da frente do prédio, ignorei o olhar do senhor Filips e corri para as escadas, subi-as rapidamente e entrei no andar de casa, destranquei a porta e entrei. Olhei em volta rapidamente e ela não estava na cozinha, entrei no quarto e Rei olhou para mim. Larguei minha mochila no chão e me aproximei dela, e antes que ela tivesse tempo para fazer alguma coisa, pressionei meus lábios contra os seus.

Meu coração parecia que iria explodir no meu peito, seus lábios estavam quentes, trouxe o seu rosto para perto do meu e ela relaxou. Seu braço esquerdo envolveu o meu pescoço e correspondeu o beijo. Um arrepio percorreu todo o meu corpo e a beijei com mais vontade, sua boca tinha um gosto doce, envolvi os seus cabelo em meus dedos e tremi.

Agora eu entendia o motivo de eu ter ficado com raiva.

Eu gostava de Rei. Muito mais do que qualquer pessoa.

Ficamos daquele jeito por mais um tempo, até que eu afastei meus lábios dos seus e coloquei minha testa sobre o seu ombro esquerdo. Ela ficou quieta a minha frente, consegui escutar a sua respiração junto aos estrondos que meu coração fazia. Senti meus olhos encherem de lagrimas e pingarem sobre o seu ombro.

Eu não sabia o que estava havendo comigo. Limpei meu rosto rapidamente e ela me deu um olhar preocupado. Dei um sorriso para ela e trouxe os seus lábios novamente para mim, deitei-a na cama e nosso beijo se prolongou. Aquilo era muito bom. Muito bom mesmo. Nunca tinha sentido aquela sensação. O que seria aquilo? Amor?

Tirei minha camisa e sua mão tocou as minhas tatuagens, meu corpo se arrepiou e sorri. Beijei o seu pescoço, senti o cheiro da sua pele e parei ao sentir que lágrimas escorriam pelo meu rosto novamente. Eu ainda não entendia do porque estava chorando, ela tocou o meu rosto com a sua mão boa e olhei para os seus olhos castanhos. Beijou a minha bochecha e colocou o meu rosto no seu ombro. Ficamos em silencio por um segundo e ela respirou fundo.

─ Nós precisamos conversar ─ Disse enquanto afagava o meu cabelo.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Por que será que Sora estava chorando? ( Se duvidar nem eu sei kkk). O que será que Rei vai falar? Será que alguém tem algum palpite a respeito do que ela quer falar com Sora? Muitas coisas iram se esclarecer no próximo capitulo. Espero que continuem de olho na fic hahaha. E bem, o que acharam da reação da Sora no final? Ela fez o certo? Confesso que ela exagerou um pouco, mas tipo, Foda-se, eu teria feito a mesma coisa, se tivesse acontecido comigo. E com você? Como reagiria? Fale ai no seu comentário o que achou sobre o capitulo e sobre o que acha que Rei quer falar com Sora! Quero ver se vocês tem a mente criativa ou se perceberam algumas coisas desde o momento que ela (Rei) apareceu haha.
Bjão galera e Boa semana(até pq segunda de boa n tem nada) kkkk.