–Alan.

–Hã, O que foi? Acabou as aulas? Ah que ótimo vamos embora e...

–Não retardado, é a hora do almoço.

–Por que você tem uma mesa só sua? No tempo que eu estava só, eu tinha que sentar no chão com um garoto maneiro que também é bizarro de vez enquando.

–Eu não fico na mesa sozinha. Vamos, vem logo.

Meio que me arrastando e andando eu fui para o refeitório. Hoje tem macarrão com almôndega. Ah, como eu queria a comida da Rosa nessas horas. Enquanto eu viajava nos pensamentos das maravilhas que minha irmã sabe fazer, Raquel estava sendo chamada por um garoto alto na mesa onde ela sentava

–Já estou indo!- Ela estava tão animada que esqueceu completamente da minha existência e passou por mim com muita rapidez o que me fez cair em cima de uma garota.

–Ai. Raquel idiota. Oh! Você é a menina que me ajudou a achar a diretoria. Você está bem?- Olhei para o rosto dela e ela parecia super assustada. Do tipo “O que está acontecendo, não era para isso acontecer!”

–Estou sim. Desculpe-me.

– Ah obrigado por me ajudar naquele dia ok? Você está bem mesmo? Você não parece bem e... Não chora! Por favor, não chora!- Ela sentou e começou a chorar desesperadamente. –Ei, qual seu nome? Não chore calma!

–Ni-ni-ni-Nicole.- Coloquei as mãos no cabelo dela e comecei a afagar pra ver se ela melhorava.

–Nicole, certo? Nicole eu sou o Alan e... - Eu estava tentando calmamente fazer uma garota parar de chorar quando Raquel me arrastou furiosa pela manga e sem falar nada me jogou na cadeira ao seu lado

–O que diabos.. Oh, Oi Drake.

–Falae cara! O que você estava fazendo por ser arrastado pela Raquel?

–E Charles e... Quem são esses caras? E essa garota também? E como o Charles conhece o Drake e a Raquel?

–Eu vou explicar ok?

Raquel começou a explicar e eu não estava dando a mínima. Até eu começar a prestar atenção.

O garoto do meio era Ronni. Ele é magrelo como eu, mas ele era loiro. Ele ficava mexendo os dedos e nunca levantava a cabeça. Até a Raquel o chamar.

–Ei. Ronni? Acorda querido!

–Ah, tudo bem. É... Oi Alan. Sou Ronni. Pode contar comigo pro que quiser... Mano.

–Ahn, Ok...

O do lado esquerdo de Ronni era Jean. Ele é muito alto e vestia um uniforme de basquete e tinha uma pele bronzeada. Apesar de ele ser jogador, ele não é nada assustador.

–Oi... Espera qual seu nome mesmo? Ah, Alan, lembrei. Prazer. Pode me chamar se estiver com problemas.

O do lado direito de Ronni era Jonathan. Ele não deu à mínima quando a Raquel o apresentou, mas ele sentou do meu lado e da Raquel e começou a nos abraçar.

–Anw, seu novo amigo é tão bom de abraçar Raquel! Amei-o.

–Pode me soltar, por favor? Tipo está me amassando.

E por ultimo era Teri. Uma garota que é da minha altura. Tem cabelos pretos, olhos castanhos escuros e pele branca. Usa uma camiseta que estava escrito SUN em letras garrafais. No peito ainda por cima. Acho que é justamente para chamar atenção e direcionar o olhar para os peitos da garota. Boa jogada de marca.

–Oi Alan.

–Sua blusa é meio extravagante. Parece que você queria mostrar seus peitos pros outros. - Todos se calaram exceto Raquel que estava segurando o riso. Pera eu falei isso mesmo? Era só um pensamento avulso na cabeça, mas saiu logo pela boca? Quando eu estava falando com ela?- Desculpa é que falei sem querer e-

–Não, valeu. Tava de saída mesmo.

–Perae Teri!- Drake quase jogou sua cadeira longe se levantando e saiu correndo atrás de Teri

–Você foi meio rude, Alan. –Disse Jonathan.

–Foi mesmo. –Completou Raquel.

–Você é a única pessoa que não pode me dizer isso idiota. Tudo bem, você me apresentou eles. Mas ainda não entendi.

–Drake e Charles já eram meus amigos. Todos aqui são meus amigos. Lembra-se do dia que você viu um garoto botando um casaco em cima de mim? Foi o Jonathan. E Drake e Charles ficaram curiosos sobre você e resolveram falar contigo. -Raquel explicou bufando como se quisesse dizer “noss, que lerdo você é.”

–Por que ficaram?

–Porque a Raquel falava muito bem de você. - Disse o Charles. Senti uma massa de ar estranha e malvada saindo da Raquel.

–Não dizia não. Só disse que ele era legal.

–E porque me arrastou pra longe da menina? Da Nicole?

–Por que... Porque ela é namorada do Charles.

–Hã? Ah é, claro sou. Ela é do 2-4. Garota legal.

–Ah entendi. Ela é bem bonita né? E chorosa também. Peça desculpa a ela por mim.

–Ok.

Depois de toda confusão e eu conhecer todo mundo não demorou muito para o tempo passar. A Raquel sugeriu que fossemos para casa juntos já que a casa dela era umas 3 ruas depois da minha e tínhamos que atravessar a mesma ponte. Agora sempre que acabam as aulas, ela senta na minha mesa esperando eu terminar de arrumar a mochila.

Levantei parei um pouco e comecei a olhar pra ela. Estava um pouco melhor dessa vez. Estava de calça jeans preta e uma blusa branca com... pôneis.

–Por que não veio de casaco hoje?

–Eu só tenho um casaco, que foi aquele que você me devolveu. Ele estava com seu cheiro tive que por para lavar.

–Que bosta, toma o meu.

E fomos em silêncio pela ponte. Enquanto olhava para os céus com a esperança que a qualquer momento ia aparecer um sol, pensei no que aconteceu com a garota do Charles. Ela começou a chorar tipo, do nada. E eu nunca consolei ninguém da minha família e nem ninguém fora. Ou seja, eu ia poder descobrir como eu posso consolar alguém, ajudar alguém. Esse pensamento daria coisas muito filosóficas até Raquel fazer uma pergunta que me surpreendeu demais.

–O que minha tia disse quando soube que você dormiu comigo?- Emoção do momento: terror.

– Oque? Como assim? Do que está falando?- Ela estava mais a frente que eu, mas ela parou e virou para mim. Ela não estava com uma cara de irritada, era mais a cara normal dela.- Deve ser um mal entendi-

–Não é um mal entendido. Você dormiu comigo. Sabe como eu sei? Não foi um sonho ver você me abraçando no meio da noite. Eu já sabia desde cedo que você tinha dormido comigo, só que eu não falei nada por que queria saber o que ia dizer para mim.

–Tudo bem. Eu dormi com você.

–Porque?

–Porque estava cansado.

–Dormia no sofá.

–Sua casa não tem sofá.

–Ah é. –E novamente o silencio constrangedor. Ela começou a escrever alguma palavra na neve e voltou a andar. Olhei e com muito esforço consegui ler.

–Sua letra na neve é horrível.

–Eu não escrevi nada.

–Tem certeza? Eu consegui ler vergonha ali... Por que escreveu isso?

–Ué, por que é vergonhoso.

– O que?

–Nada. Dormir... você...... vergonhoso.

–Você não consegue pronunciar “dormir junto com você é vergonhoso”?

–Não é verdade... Não era isso. - Corri pra chegar mais perto dela. Segurei seus ombros e fiz ela olhar pra mim.

–Você tá muito vermelha sabia?!-Eu disse rindo.

–Me solta! E não, eu não estou.

–Viu? Até você pode ser uma garota normal.

Ela foi pra trás, me segurou pelos braços e me dando um chute na perna me jogou no chão. Ela ficou em cima de mim e por um curto momento achei que o limite de paciência dela chegou ao fim. Na verdade ela beijou minha bochecha, saiu de perto e continuou andando.

–Garotas normais não fazem isso.

E fomos juntos com eu gritando pela rua coisas como “eu não te dei a liberdade de me beijar!” e ela repetindo duzentas vezes a palavra chato.

–Mas sabe, até que é bom você ser diferente.

–Hã? Eu não escutei.

–Não foi nada de importante. Era um insulto a você.

–Ah, seu idiota!- Ela começou a me dar soquinhos enquanto íamos rindo. É realmente bom ela ser diferente.