Angeline Morgenstern escrita por Ana Carolina


Capítulo 3
Für Elise




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A música soava livre e relaxante pelo grande quarto onde Angeline estava deitada, a cabeça repousada em grandes e fofos travesseiros. Reconhecia a bela melodia que dançava pelo quarto até chegar a seus ouvidos, despertando-a do sono que parecia ter durado dias. Angeline sentia todo o seu corpo como se tivesse sido pisoteado milhares de vezes por uma manada de bovinos correndo do perigo. Os olhos tremeram, tentando abrir, mas ela parou de fazer esse esforço quando ouviu passos tocando no chão de acordo com o ritmo da música que soava pelo local. Alguém estava dançando no quarto onde ela estava. Angeline deixou que o cheiro do local novo entrasse no seu nariz e reconheceu o cheiro de várias plantas medicinais usadas pelos feiticeiros. Mas tinha algo no ar que despertava algo dentro de sua barriga. Fome. Talvez fosse cheiro de um delicioso frango preparado no forno com batatas douradas e cobertas por manteiga. O estômago da Caçadora roncou e ela pode ouvir uma risadinha. As pálpebras tremeram de novo enquanto ela forçava os olhos a abrirem. Encarou um teto alto e pintado de branco com alguns pontos verdes brilhantes pregados nele. Pensou que fossem estrelas, mas tinha magia naquilo e ela sentia.

– Pode abrir os olhos, Caçadora. Não vai me ver dançando, se esse é o seu medo. – alguém disse bem perto dela, fazendo com que Angeline sentisse o hálito de canela no rosto. – Não daria a você esse gostinho.

– Como se eu quisesse ver você rebolando pelo quarto. – Angeline murmurou e inclinou a cabeça para trás.

Olhos verdes misturado com cinza estavam encarando como se ela fosse um mistério incrível para se resolver. O cabelo castanho estava caído sobre os olhos e o feiticeiro retirou-os com um gesto normal e sem qualquer impaciência. Um sorriso com apenas um dos cantos da boca puxado apareceu no rosto dele enquanto os olhos brilhavam uma vez. Angeline se levantou rapidamente, pulando da cama e assumindo uma postura de defesa e alerta. Mas uma escuridão tomou conta dos olhos dela e a Caçadora teve se que apoiar na parede mais próxima para que o equilíbrio voltasse. O feiticeiro estava com os cotovelos na cabeceira da cama e o rosto nas mãos, observando Angeline e disse:

– Você devia ter mais cuidado. Além disso, eu não irei machucá-la. Caramba, eu curei você. – ele jogou as mãos para cima em um gesto de irritado. – Não vou tocar um dedo para machucar você.

– Às vezes é bom prevenir. – Angeline colocou um sorriso irônico no rosto e tirou o cabelo claro do rosto. – Não tinha a obrigação de me salvar, feiticeiro. Mas agradeço.

– Por favor, para de me chamar de feiticeiro. Eu tenho um nome. E é Colton.

Angeline o encarou. Com as luzes melhores e iluminando o rosto do feiticeiro, Colton, Angeline conseguia vê-lo de verdade. Tinha uma pele em tons de moreno claro e o cabelo era caramelo com algumas mechas claras, talvez resultado da ação do sol. Tinha um rosto quadrado, com o queixo projetado um pouco para frente e as maçãs do rosto altas. O lábio inferior era um pouco maior e mais preenchido que o superior que possuía um belo formato. Os cílios eram curtos e finos. A primeira coisa que Angeline pensou foi que o feiticeiro Colton lembrava e tinha um aspecto de menina. Pelo menos o rosto. Sabia que o corpo era de qualquer homem que malhava todos os dias. A camisa branca que Colton usava, dava essa ideia para a Caçadora.

– Então... Colton é seu nome? – Angeline disse, relaxando a postura, mas mantendo as mãos fechadas nas laterais do corpo.

– Desde quando eu nasci. – ele pareceu orgulhoso com o sorriso no rosto. – E o seu é Angeline.

– Seu pai é qual tipo de demônio que gostava de Beethoven? – Angeline perguntou.

Colton deixou o sorriso vacilar e encarou a Caçadora com os olhos sérios e deu de ombros. Não queria falar de sua família para ela.

– Então, você é uma Morgenstern? – Colton perguntou caminhando pelo quarto. – Esse seu cabelo é quase da cor do de Valentim e de Sebastian.

– Sebastian?

– Ah... Esqueci. Para alguns, como para o Instituto de Nova Iorque, é Sebastian o nome dele. Não Jonathan. – Colton deu de ombros.

– E como você sabe disso? – Angeline arqueou uma das sobrancelhas.

– Conhece Magnus Bane? Grande amigo meu. Amigo de coração. – Colton deu dois socos fracos no peito dele. – E então... Já sabemos que seu pai era um Blackwell, mas e sua mãe?

Angeline engoliu em seco e desejou que Colton não tivesse visto.

– Minha mãe morreu. E meu pai também. Mortos por um demônio. – mortos por mim, ela pensou.

– Não lhe perguntei isso. – Colton cruzou os braços.

Angeline mordeu o lábio inferior por dentro e correu os dedos esquerdos pelo braço direito, a procura de seu bracelete, herança deixada pela parte da família Morgenstern para ela. Mas seus dedos apenas encontraram o pulso vazio e marcado. O coração de Angeline apertou enquanto ela tentava manter a calma e agir como se não tivesse acontecido nada. Mas então Colton levantou um braço e algo apareceu, sendo segurado pelos dedos dele.

O bracelete Morgenstern.

– É seu? – Colton perguntou enquanto passava a ponta dos dedos em volta das estrelas. – Muito bonito. E essas estrelas...

– Pode me devolver? – Angeline mais mandou do que pediu.

– Por quê? É uma Morgenstern? Porque esse bracelete estava perdido por tantos anos na família Morgenstern...

Angeline quis apertar os dedos contra o pescoço do feiticeiro e ver os olhos dele virando enquanto ele desacordava, mas não fez isso. Enfiou as unhas na palma da mão e cruzou os braços. Cada vez que Colton pronunciava o nome da família da mãe da Caçadora, ele olhava com expectativa para ela, a espera de uma resposta.

– Esses cabelos vêm da parte de mãe, não é? – Colton perguntou.

Angeline deu de ombros.

– A irmã fugitiva de Valentim Morgenstern. E você é filha dela, sobrinha do homem que quis matar todos os integrantes do submundo. – Colton estava quase rindo.

– Alguns precisam ser calados por causa de irritação. – a Caçadora fuzilou Colton, mas ele nem notou.

– Agora faz um pouco de sentindo. Você era tão boa enquanto lutava com aquele demônio. – o feiticeiro coçou o queixo. – Seu tio que lhe treinou?

– A maior parte da minha infância foi ele, e depois meu pai, e depois treinei no Instituto de Londres. – Angeline deu de ombros. – Mas por que você quer fazer isso?

– Estou pensando de chamo a Clave ou não. Você não representa muita ameaça.

Angeline avançou rapidamente, pegando uma pequena faca que observava com o canto do olho, e pressionou o corpo do feiticeiro contra a parede branca. Prendeu-o com o próprio corpo e levou a faca até a fina pele da garganta dele. Colton estava com o rosto pálido enquanto Angeline continuava com a faca encostada com força na garganta dele, os lábios bem próximos da boca do feiticeiro. Se Angeline falasse, encostaria a boca dela na dele. A Caçadora se afastou um pouco e abaixou a faca, deixando que a ponta dela fincasse no chão.

– Agora pareço uma ameaça? – ela perguntou.

– Um pouquinho. – Colton admitiu.

Depois de um olhar direcionado para um relógio, Angeline pegou o bracelete que estava no chão e o prendeu em volta do pulso. Com o objeto ali, Angeline se sentia mais segura e mais relaxada. Avistou o casaco em uma cadeira e caminhou até ele, enfiando os braços nele depois de pegá-lo. Arrumou a gola sem olhar no espelho e depois se virou para o feiticeiro. Ele não estava mais pálido e espantado como antes, até parecia estar divertido.

– Já está indo? – ele perguntou.

– Tenho coisas me esperando em casa. Foi um... Prazer conhecê-lo. – Angeline deu seu melhor sorriso.

– Você ainda não me reconhece? – Colton pareceu chateado.

– Deveria? – Angeline levantou as sobrancelhas.

– Você não vê filmes?

– Apenas clássicos.

Colton bufou e pegou uma embalagem em uma prateleira. Estendeu-a para Angeline.

– Um clássico. Dos tempos atuais.

Angeline olhou a capa do DVD que Colton tinha dado a ela, e lá estava ele: com um sorriso maroto e sedutor enquanto olhava para uma mulher encapuzada. A Caçadora colocou o DVD dentro do casaco e deu um último sorriso para o feiticeiro antes de desaparecer do quarto.

– Não quer ajuda para encontrar a porta? – Colton perguntou sem sair do lugar.

– Não. – e ouviu a porta da frente bater.

Caçadores de Sombras... Colton adorava conhecer sempre mais dessa espécie. Ele olhou para uma prateleira do imenso quarto e viu a adaga Blackwell pousada ali. A Caçadora não tinha se lembrado dela. Apenas do bracelete Morgenstern interessava a ela. Era aquele sangue que dominava nas veias dela.


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