Klaroline; Areias Do Tempo escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 1
Promessa


Notas iniciais do capítulo

Capítulo explicativo que focará mais nas decadências que ocorrem no reino.Boa leitura *___*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/467787/chapter/1

Situado em meio a um terrível deserto no Norte da África, surgia uma das maiores civilizações que o mundo já vira. Poucas civilizações foram tão fascinantes, belas e misteriosas quanto os antigos egípcios. Pirâmides, múmias, faraós, rio Nilo. É o que fora retratado na maioria dos livros de história. Mas naquele mesmo local, nas margens de um imenso rio, nascera também uma paixão. Não fora retratada em livros como os demais feitos, mas debaixo daquelas areias há muita história a ser contada.

Ele era do primogênito do faraó. Que tivera o futuro selado antes mesmo do nascimento. Era privado dos demais afazeres atribuídos aos irmãos mais novos, mas engrandecido e gloriado pelo pai.

O pai permitia que os príncipes mais jovens vivessem a própria vida de qualquer maneira, pois jamais carregariam o peso da coroa passada pelo mesmo. O primogênito, por outro lado, era obrigado a cumprir com os seus deveres de futuro rei.

Como uma prática criada por seu pai, todas as tardes a realeza egípcia desfilava pelas ruas da amontoada cidade. Sendo o mais velho, Niklaus seguia na biga da frente junto ao pai. O faraó enroupado com uma túnica repleta de adornos, empunhando seu cetro folheado a ouro e reforçado por tiras de cobre azul, barba postiça de cerimônia e a serpente de peito estufado em sua coroa, que simbolizava o poder que o mesmo exercia.

Niklaus trajava apenas um saiote de linho e joias espalhadas pelo seu corpo, assim como os demais príncipes que seguiam atrás do pai. A rainha e a princesa vestiam uma loriga justa ao corpo produzida por tecidos finos que evitavam o calor, olhos demarcados por linhas pretas assim como os olhos do faraó e os demais príncipes. A única exceção era a sombra verde que lhe encobriam os olhos.

Niklaus por fim desviara os olhos, observando o cenário a sua volta. Ele fora o único a prestar atenção no povo e nas casas construídas a partir de madeira e junco de papiro, coladas umas nas outras devido à falta de espaço. Então ele finalmente a vira.

Uma jovem de pele pálida e cabelos louros que lhe tocavam a cintura. Logo percebera que a mesma era uma escrava recém-chegada, pois não possuía a aparência física das mulheres egípcias – pele beijada pelo sol, cabelos negros e lábios carnudos. A única exceção de aparência talvez fosse a rainha e a princesa, que viviam no palácio longe do trabalho, poupadas do estresse e sol escaldante.

Quando chegaram ao palácio, o arauto veio ao encontro de faraó cumprir suas devidas obrigações de mantê-lo informado dos acontecimentos do império, tanto na parte que desrespeitava o Alto Egito, como fora denominada a parte sul do Egito, e o Baixo Egito, como fora nomeada a região delta que ficava ao norte da cidade de Mênfis. Era útil tanto na corte quanto no campo de batalha, pois mantinha o faraó informado de cada tática.

– Dispensados – rosnou o faraó para os príncipes. – Com sua exceção, Niklaus.

– Meu pai... – ele engoliu em seco.

– Não me contradiga – repreendeu-lhe. – Tu serás o faraó e deverá arcar com o peso da coroa que passarei adiante. Ordeno que fique e ouça o que o arauto tem a dizer.

Ele obedeceu sem hesitar. Permaneceu em silêncio a esquerda do trono de faraó enquanto o arauto, que continuava eufórico em frente ao trono, relatava os fatos que vira na cidade.

– Apesar do empenho exercido pelo faraó – continuou – tenho de informá-lo que nem todos os nobres submetem-se completamente ao poder de faraó.

– Infelizes! – o faraó cerrou os punhos. – Como se arriscam a ignorar minhas ordens? Eu dediquei anos de minha vida para tornar este império grandioso, assim como fizera meu pai. Tornei este império grande. Um reino mais imponente do que o império de meu pai, e um reino mais grandioso do que todos os faraós que vieram após Menés.

– Ainda assim, majestade – prosseguiu –, as rebeliões de camponeses que se recusam a pagar impostos tornam-se cada vez mais constantes. Eclodiram também rebeliões de escravos e trabalhadores de pirâmides que se recusam a trabalhar enquanto suas necessidades não forem supridas.

– Ordeno que sejam executados – proferiu o rei.

– Meu pai – interferiu o príncipe –, receio que não possa executar parte dos escravos. O povo irá se rebelar ainda mais.

– Temo que esteja certo, meu filho – meditou o faraó. – Entrego a responsabilidade de cogitar uma solução a ti. Deverás exercitar a sua capacidade como futuro rei.


[***]

Mais tarde, às margens do córrego que desaguava atrás do palácio, onde as servas vigiavam a princesa que costumava banhar-se naquelas águas durante o inicio da manhã e fim da tarde, ele avistara novamente a donzela de cabelos louros, segurando um recipiente com frutas que servia a princesa quando a mesma sentia fome.

O príncipe aproximara-se do local, fazendo as servas fixarem os olhos no chão e curvar minuciosamente a cabeça em sinal de respeito. Ela era linda de uma maneira como jamais vira antes.

– Não é de terras egípcias – declarou. – De onde viestes?

Ela demonstrou perplexidade por um membro da realeza dirigi-se a palavra. Ouvira inúmeras histórias que afirmavam que a realeza egípcia era cruel com os servos e escravos, principalmente aqueles que foram capturados em terras estrangeiras após uma guerra que, com certeza, o Egito saíra ileso.

Dentre as histórias, muitas afirmavam que o príncipe possuía um coração de pedra e instinto cruel assim como o pai, pois ambos já ordenaram a execução de vitimas inocentes por simples prazer em vê-los oprimidos. De fato era verdade. Contudo, jamais tivera uma oportunidade de conhecê-los pessoalmente a fim de tirar suas próprias conclusões.

– Grécia – resfolegou. – Meu povo fora trazido desta terra para servir ao vosso pai em troca de abrigo.

– Lamento pelo seu povo – proferiu. – Estas terras já possuíram escravos superiores. Contudo, são excelentes artesões, devo admitir.

Ela sentira-se acanhada pelo comentário do mesmo. Arrependera-se de cada momento que havia imaginado um lado diferente do príncipe, uma parte dessemelhante do que o povo normalmente comentava; que o mesmo era apenas mais uma das crianças de faraó destinada a reinar sobre o Egito com mãos de ferro assim como os ancestrais o fizeram. O povo estava certo quanto a isso.

– Creio que tenha assuntos mais importantes para tratar além de importunar minhas escravas – disse a princesa, saindo do córrego e sendo amparada pelas servas. – Estou certa, príncipe Niklaus?

– Receio que sim, minha irmã – ele enviou um olhar sorrateiro para as demais servas e depois para a recém-chegada escrava. – Preparem-na para esta noite. Desejo vê-la em meus aposentos.

[***]

As escravas da princesa passaram parte do dia preparando a recém-chegada que o príncipe desejara em seus aposentos. Elas a vestiram com uma túnica linho transparente que se unia sobre o seio esquerdo, descobria o seio direito, aberto abaixo da cintura e caído até os pés e ornamentado com pedras preciosas.

Seus pelos corporais foram todos removidos exceto os longos cabelos louros, pois a mesma implorara para que o deixassem. Além disso, fora uma ordem do príncipe para que não raspassem o seu cabelo. No entanto, seu cabelo fora preso no alto da cabeça e preenchido com uma peruca de cabelos escuros e finos e um diadema de turquesa.

– O que o príncipe deseja de mim? – ela inquiriu, embora já imaginasse a resposta.

– Minha pobre garota – disse a escrava da esquerda –, ele não deseja nada mais do que a sua virtude. Logo que alcançar o objetivo, tu serás descartada e mandada para o harém assim como fora com as outras.

– Havia outras? – insistiu a donzela.

– Sim – respondeu a escrava da direita, que possuía uma cicatriz no rosto. – As donzelas capturadas em batalhas, assim como você, sempre foram obrigadas a coabitarem com o faraó. Logo mais, o príncipe mais velho passara a ter o mesmo comportamento do pai. Em seguida os príncipes mais jovens e... logo nos tornamos mercadorias desfrutáveis em uma noite, mas rejeitadas durante a outra. As cicatrizes em nossos rostos... não servimos ao faraó caso nossa beleza esteja corrompida. Portanto, ele nos forçou a servir a princesa Rebekah. Assim era o único modo de permanecermos vivas e ainda assim habitar no palácio.

Elas a conduziram ao aposento do príncipe onde o ato seria consumado. Era um luxuoso cômodo, assim como qualquer parte do palácio. Possuía a largura e dimensão de uma casa pertencente a uma família numerosa. As paredes construídas de tijolos perecíveis, porém em cada uma continham desenhos e escritas. A que mais lhe chamara atenção fora a pintura da parede esquerda: uma serpente sobre muralhas e um falcão defendendo a serpente ao invés de atacá-la.

O príncipe saíra da cama ao centro do aposento e caminhara até ela. Os servos ao fundo do ambiente vieram até ele, retirando a manta que o encobria, deixando-o somente com um saiote de linho. Ele apalpou o rosto de mármore da donzela, fazendo-a enrijecer o corpo.

– Não se acanhe – ele sussurrou, seu rosto soando sombrio a luz de velas. – Diga-me seu nome.

– Caroline – a voz saíra abafada.

– Aquela que é forte – revelou. – Diga-me então, Caroline, o significado do seu nome de alguma forma está relacionado a sua bravura?

– Acredito que sim – ela comentou ainda intrigada com a pintura.

– O palácio é representado por suas muralhas – explicou o príncipe, vendo a fascinação da jovem pela pintura. – O falcão simboliza Hórus. A serpente representa o faraó, da mesma forma que um dia irá me representar quando o meu pai passar para o outro mundo.

Ele começou a beijá-la tentando arrancar a parte do vestido que lhe cobria os ombros. Ela não retribuía os beijos, muito pelo contrario, quanto mais aumentavam as caricias do herdeiro do faraó por baixo do vestido da donzela, mais força a mesma fazia para esquivar-se.

– Nega entregar o corpo ao teu príncipe? – questionou indignado.

– Ser príncipe dessas terras não o torna mais agradável – ela concluiu o argumento.

Ela desviou os olhos e em seguida o encarou novamente. Era o tipo de expressão indescritível. Caroline desejou entender o que se passava naquela mente. Ela sentira um pequeno arrependimento nascendo no fundo de seu ser, pois logo percebera que seria enforcada por tratar o príncipe de maneira tão rude.

Ele deu as costas a ela. Juntou as mãos próximas ao queixo, meditando. A agonia dentro da jovem crescia a cada instante. O príncipe relaxara os músculos e virara para encará-la.

– Ouça-me, Caroline. Ainda criança, meu pai me ensinara os valores de um rei – afirmou. – Dentre os seus ensinamentos, o mais importante e essencial era: não fazer nada pela metade. Isso inclui assuntos que desrespeitam o coração. Sou o príncipe do Egito, herdei o maior reino da terra simplesmente pelo sangue divino que corre em meu corpo. Vejo que está na hora que conseguir aquilo que não me foi dado com a linhagem. Você será minha, acredite. Eu prometo.

Leia também:

Forbidden Love


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Duvidas, sugestões, questionamentos, criticas, elogios, Nutella, chocolate... todos são muito bem vindos.