Uma semana se passou, Vinícius parecia meio triste nesses últimos dias, e nunca mais tocou no assunto da “coisa” que ele tinha para contar, e até que ontem eu e Caio estávamos voltando do colégio sozinhos, já que Vinícius havia faltado, e ele todo animado veio dizendo:

– Ta sabendo da novidade do meu primo?

– Não, o que? – Olhei para ele confusa. Finalmente eu iria descobrir a tal novidade!

– Não sabe? – Ele disse meio decepcionado e ao mesmo tempo confuso. – Então deixa quieto.

Isso só fez aumentar ainda mais minha curiosidade, e as minhas suspeitas de que o Vinícius... Não... Isso seria loucura, mas, será que ele estava gostando de mim?

– Agora você irá me contar Caio Arthur! – Falei agarrando o colarinho da sua camiseta, e ficando na ponta dos pés.

– E-Ele começou a ter aulas de violão. – Ele está de brincadeira comigo, como poderia ser só isso?

– Você está falando sério? É só isso? – Eu disse, arqueando as sobrancelhas

– Estou, É. – Bem, resolvi deixar quieto, ele não iria falar a verdade mesmo.

[...]

Após isso se passou mais 2 semanas, era aniversário de Caio e fomos comemorar jogando boliche, Caio iniciou a rodada como era o aniversariante, ele de cara já fez um strike, Luly foi depois e deixou 3 pinos, Alice foi e fez um spare, eu fui e derrubei apenas 2 pinos, realmente, eu era um fracasso em qualquer tipo de esporte (boliche é um esporte?), Vinícius também fez um strike, e era tão diferente vê-lo desse jeito, se divertindo e com o rosto despreocupado, e ainda mais com roupas casuais, até aquele dia só o tinha visto com o uniforme do colégio, ele estava com uma calça jeans escura, uma camiseta preta e tênis.

Estávamos quase no fim do nosso tempo, iríamos jogar por uma hora e meia, quando era minha vez novamente (eu estava em último lugar), eu estava com tanta vontade de fazer um strike, ou até um spare, que não prestei atenção na faixa marcada onde não se podia passar na frente, pois a pista tinha óleo, escorreguei e fui direto com a bunda no chão, senti uma pontada no cóccix instantaneamente, e meu bumbum latejando, a pessoa mais próxima de mim era Vinícius, que já estava pegando a bola que iria jogar na sua vez, ele largou tudo, e estava me ajudando a levantar, todos estavam se juntando ao meu redor, Alice gritou:

– Amy, ai meu Deus! Você está bem? – Ela ficava desesperada quando via acidentes, mesmo quando alguém tinha cortado o dedo numa folha de papel.

– Gente calma, estou bem... – Tentei me levantar, uma dor latejante voltou ao meu bumbum e a pontada no cóccix, eu não esperava por isso e senti uma fraqueza no joelho, quase cai sentada novamente, mas Vinícius me segurou pelo braço, ele colocou uma braço em baixo do meu joelho e o outro atrás das minhas costas e me levantou.

Como assim? Eu estava sendo carregada no colo por ele?

– Eu vou levá-la na enfermaria. – O que? Nem sabia que havia enfermaria no shopping.

– Tudo bem, nós vamos acertar a conta aqui. – Caio disse.

Então estávamos assim, no meio do shopping, ele me carregando no colo, eu me sentido minúscula em seus braços, conseguindo sentir seu perfume, era um aroma que eu nunca tinha sentido em toda minha vida. E era bom, muito bom.

– Coloque os braços no meu pescoço. – Ele disse. Arregalei os olhos, senti minhas bochechas esquentarem, e fiz o que ele pediu, com a maior vergonha do mundo. Eu não via nada na minha volta, não lembrava da dor, nem que estávamos em um shopping, eu só conseguia ver seu rosto preocupado, o suor que começou a escorrer da sua testa, e sentir seu perfume.

– Como sabe onde é a enfermaria? – Perguntei.

– Uma vez tive que levar minha prima lá, porque ela quebrou o dente no escorregador do playmaster. – Ele disse.

Chegamos na enfermaria e logo uma mulher um pouco gordinha e baixinha nos atendeu, ela apontou para uma maca e Vinícius me colocou lá, ela perguntou o que aconteceu e eu expliquei, ela pediu para que eu me sentasse de costas, levantou minha blusa e puxou um pouco meu shorts, meu rosto queimou de tanta vergonha, sabendo que Vinícius devia estar olhando toda a cena, pelo menos não poderia ver meu rosto, que devia estar completamente vermelho de tanto constrangimento. Ela apertou de leve no meu cóccix, perguntando se doía, e eu disse que sim, ela examinou novamente, e disse que não tinha nenhum osso quebrado, mas devido a força de impacto, provavelmente iria ficar dolorido por um tempo, e que era para eu repousar o máximo que eu pudesse, ela me deu uma bolsa de gelo, e disse que já poderíamos ir.

– Ela pode andar? – Vinícius disse. É claro que eu poderia andar! Ela mesmo disse que não foi nada grave.

– Bom, ela deve repousar o máximo possível. – A enfermeira disse.

E então, Vinícius se abaixou de costas para mim, virou a cabeça e disse:

– Pula.

– Que? N-Não, não precisa, eu vou andando e...

– Deixa seu namorado te mimar menina! – A enfermeira disse.

– Nós não somos namorados moça, e...

Quando eu vi, ele já tinha puxado meus braços, que estavam em cima do seu ombro, e estava segurando minhas pernas. E estava tão assustada, e acho que minha bochecha ia explodir, nunca houve um dia em que eu ficasse com tanta vergonha. Ele disse obrigado a enfermeira e saímos de lá, andando no shopping daquela forma, eu ainda estava paralisada, mas perguntei:

– E se a sua namorada nos ver assim?

Ele deu de ombros e não disse nada.

Alice e Luly vieram correndo ao nosso encontro, e Caio logo atrás, o três estavam com uma cara de felicidade, susto, e admiração ao mesmo tempo, sério, eles não eram nada discretos, Luly disse:

– Demoramos porque não estávamos achando a enfermaria...

– E pelo jeito até que não foi tão ruim né... - Alice completou, lancei um olhar fuzilante a ela.

– Você está bem Amy? – Caio perguntou, AE, finalmente alguém querendo saber sobre minha saúde.

– Estou sim, ela disse só para eu ficar em repouso, e que provavelmente vai ficar dolorido, mas não foi muito grave...

Caio me olhou com uma cara meio confuso do tipo “Se não foi grave porque é que ele está te carregando?” mas mesmo assim deu de ombros e disse:

– Vamos comer algo pessoal?

Todos concordaram, e eu disse para Vinícius:

– Vini, pode me descer, eu estou bem, e também sei que não sou leve.

– Fique tranquila, a enfermeira disse que você tem que repousar.

Chegamos na praça de alimentação, eu fiquei guardando a mesa, e Alice iria fazer o pedido para mim, sério, eu estava sendo tratada como uma dama. Meu celular apitou e fui ver o que era, era uma mensagem de Lucca :

Oi Amor. O que está fazendo?

Estava até agora pouco sendo carregada pelo Vinícius.

Respondi

Enviada.

O que? Ele é seu namorado idiota! Amy, sua sinceridade ainda vai acabar com você!

Lucca: Porque?

Amy: Eu caí na pista de boliche e ele me levou até a enfermaria.

Lucca: Só vocês dois?

Amy: Não, Luly, Alice e Caio estão aqui.

Lucca: Só vocês dois na enfermaria?

Amy: Sim.. Mas é que eles tiveram que acertar as coisas no boliche...E só Vinícius sabia onde era a enfermaria.

Lucca: E foi tão grave que você não consegue andar?

Amy: A enfermeira disse que é para eu repousar

Lucca: E você continua voltando com ele todos os dias da escola?

Isso não tinha nada a ver com o assunto, eu sei que ele está com ciúmes, mas...

Amy: Sim, mas com o Caio também.

Lucca: Hum, o que importa é que você está bem.

Amy: Obrigada, e você, o que está fazendo?

Ele não respondeu.

Luly e Alice chegaram com os lanches, e eu falei para elas o jeito que Lucca estava, Alice disse:

– Com razão né Amy? Se coloca no lugar dele.

Realmente.. Eu teria ciúmes, ainda mais que ele sabe de toda a história, e como eu me sentia sobre Vinícius, mas bem, nada aconteceu! E ele tem que confiar em mim!

– Só sei que tá maior clima entre vocês dois. – Luly disse me olhando com uma cara desconfiada, e ao mesmo tempo tomando refrigerante.

Logo Caio e Vinícius chegaram e o assunto terminou ali.