The Island of Bird escrita por Lúcia Hill


Capítulo 21
Capitulo - Try Loving Me




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Roman permanecia com os olhos pregados na televisão, as opções de o que ver na TV eram desanimadoras. Um documentário sobre o aumento de assaltos, a reprise da novela mexicana das três e um filme que quase toda madrugada passava. Ele encostou-se contra o macio sofá e fechou os olhos por um instante.

Parte dele não podia deixar de se sentir irritantemente culpado. Ele sempre deixava seu maldito orgulho falar mais alto. Deixou o controle remoto escapar de sua mão ao ouvir o telefone tocar, rapidamente se levantou e correu para atender.

– Alô? - disse com a voz rouca.

A ligação estava péssima cheia de ruídos, mas pôde ouvir a voz chorosa de Christie do outro lado. Apertou o aparelho contra o ouvido.

– Roman, tem como vir me buscar? Estou perto do pier 20.

Ele apenas conseguiu proferir um: "Já estou indo" antes de desligar o telefone, colocá-lo no gancho, e caminhar em passos rápidos na direção das portas do fundo. Abriu a porta da garagem com o controle e entrou dentro da velha caminhonete. Para a sua sorte, as chaves estavam no contato. Sentindo o rosto empalidecer e os dedos agarrarem o volante com força, jurou pra si que se James tivesse feito algum mal para ela, ele iria matá-lo.

As grossas nuvens avermelhadas cobriam o brilho das estrelas, Ron suspirou e esfregou o queixo com a barba por fazer. Mantinha os olhos fixados no asfalto molhado da rua deserta, os sinaleiros estavam piscando no amarelo.

A culpa estava estampada no rosto dele, era como se pudesse enxergar dentro de sua alma, mesmo os anos que ficara preso não lhe roubou aquela velha sensação de medo. Aquele fora o trajeto mais longo de sua vida, seu pé pisava no acelerador enquanto sua mão direita trocava as machas.

Assim que avistou o píer deserto, sentiu seu coração acelerar. Estacionou o veículo próximo ao balcão abandonado.

– Chris! - berrou enquanto saía do veículo.

Chris saiu de trás do balcão com os olhos inchados e rasos de lágrimas, Ron se aproximou dela e a envolveu em um abraço protetor. A frustração consumia os nervos dela. Ela desejou que ele não a observasse tão proximamente, mais não conteve aquele abraço protetor e o retribuiu.

– Estou aqui, ninguém vai te fazer nenhum mal. - murmurou próximo ao ouvido dela. - Fique calma.

Ela se afastou, respirou fundo enquanto ajeitava sua roupa. Ron ficou transfigurado pela visão, sentia o ódio percorrer suas veias, daria um jeito naquele cretino.

Ambos se aproximaram da caminhonete, ela entrou rapidamente, com seu belo rosto corado e seu cabelo escuro se desprendendo do rabo de cavalo.

– O que ele te fez? - perguntou Roman, encarando-a, enquanto segurava o volante.

Chris mordeu os lábios e fungou. Pousou a cabeça contra o encosto do banco, fechando os olhos, mas ao abri-los não conteve as lágrimas. Sentia-se envergonhada e nem sequer encarou-o. Franzindo o cenho, Ron observou-a em silêncio.

Ele soltou um longo suspiro e viro- se para frente, deu a partida no veículo, fazendo o potente motor ecoar quebrando o silêncio. Vários pensamentos invadiram de uma só vez a mente dele, não poderia deixar que James continuasse a aprontar daquela forma, precisava de um bom corretivo.

Olhou-a de relance e pôde ver o conflito naqueles olhos castanhos, perturbados, amedrontados. Em um gesto impensado, ele pousou sua mão direita sobre as dela, mas ela retirou de forma bruta.

Ron sabia que ela ainda estava furiosa por causa do que fizera algumas noites atrás, ele admirava a lealdade dela, mesmo que fosse equivocada, sempre fora sincera. Agora entendia o porquê de seu irmão Garret ter escolhido ela para ser sua esposa, aquela doçura e ingenuidade que emanava dela era envolvente.

Assim que estacionou o veículo na garagem, segurou de leve o braço dela impedindo-a de sair.

– Posso ser um imbecil, mas saiba que te amo. - disse.

Antes que pudesse responder, ele saiu deixando-a sozinha. Ela passou a mão pelo cabelo e deixou o corpo desabar contra o banco, um sorriso bobo surgiu em seus lábios, mas conteve a vontade de sair correndo e novamente se entregar a ele. Sentiu o estômago pesado, abriu a porta e caminhou na direção da entrada. Depois daquele longo dia complicado, o que apenas desejava era sua cama.

Ao passar pelo quarto de Roman, ela parou, permaneceu encarando a maçaneta, mas logo retornou sua caminhada na direção de seu quarto.

Fechou a porta atrás de si e fechou os olhos, precisava dar um jeito naquela situação ou acabaria surtando. Agora sabia o motivo de se manter afastada dos homens, pois eram, em sua maioria, mentirosos, sínicos e astutos.

Retirou sua roupa, peça por peça - ficando nua - deitou-se sobre a colcha rosa da cama, sentiu uma mistura de sentimentos confusos. Permaneceu encarando o teto por um longo período até sentir seus olhos pesarem, rolou por toda a cama e nada do sono chegar.

Levantou-se e caminhou na direção do guarda roupas, abriu o pequeno baú que ficava dentro das portas do meio, retirou o manuscrito de Garrett. Retornou lentamente em direção da cama, abriu a gaveta do criado mudo, pegou seus óculos de grau e um lápis de escrever.

Aos poucos começara a escrever, como se pudesse viver aquela fantasia, seus olhos não vacilavam nem por um instante. Chris olhou de relance para a janela que mostrava os clarões dos raios distantes, e a ansiedade cresceu dentro dela.

Largou o lápis sobre o manuscrito e caminhou na direção da janela, abriu a e sentiu a rajada de vento gelado com pequenas gotículas de chuva em seu rosto. Se ele realmente a amasse teria que provar ou acabaria perdendo-a de vez.

– Por que está sempre fugindo? Preciso saber o que realmente aconteceu e apenas você pode me dizer. Quando vi Garrett pela ultima vez, estava escancarado em seus olhos uma culpa. - disse colocando sua pequena mão sobre o abdômen de Ron.

Recordou

Chris abriu os olhos lentamente e encarou o céu escuro que era iluminado pelos raios distantes.

Suspirando profundamente, ela passou os dedos na cortina para fechá-la.


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Notas finais do capítulo

e



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