Christie seguiu até o balcão, pediu a Roosevelt uma dose de uísque ele a encarou por alguns segundos, franziu o cenho enquanto terminava de limpar a mão no pano de prato, colocou um copo na frente sobre o balcão e despejou o liquido âmbar.

Ela suspirou antes de praticamente engolir o liquido em apenas um gole, fez uma leve careta e depositou o copo sobre o balcão. O lugar estava com pouco movimento devido a chuva e por ainda ser uma terça-feira.

Na verdade, gastara tanto tempo e energia sendo a mulher perfeita dedicando-se a Garret todos os minutos e redobara sua atenção quando ele ficara doente, estava cansada de ser a doce e compreensível Christie Aid.

– Deve ir devagar. - advertiu Roosevelt.

Ela balançou a cabeça de forma lenta e penosa, não tinha que deixar que as pessoas controlasse sua vida - se quisesse ser livre – adotou uma expressão fria enquanto o encarava.

– Não estou bem hoje e acho que não vim me aconselhar. - respondeu um pouco dura. - Estou cansada de ser controlada pelos outros, apenas quero ficar aqui em silêncio para repensar em minhas decisões.

Ele assentiu, despejou novamente o liquido dentro do pequeno copo. Chris se recordou das duras palavras de Garret: Roman não é o tipo de homem que fazia coisas por "consideração" a alguém. A menos que se visse beneficiado de alguma forma. Estava começando acreditar, por outro lado na noite em que fizeram amor, ela praticamente enxergou dentro da alma dele.

Balançou a cabeça, não conteve uma risada.

– Será que posso me sentar? - perguntou James com uma voz baixa enquanto a encarava.

Só pode ser algum tipo de brincadeira! Pensou.

Christie endireitou-se e concordou, afinal do que estava fugindo? O rapaz retirou seu casaco e sentou-se, ele ergueu a mão para que Roosevelt lhe trouxesse uma garrafa de uísque. Ela percebeu, pelos olhares curiosos ao redor, respirou fundo.

Por outro lado ambos permaneceram em um conversa social, recordando os velhos tempos da faculdade - riram como se fossem velhos amigos - a verdade era que, o tempo se passou tão depressa e suas conclusões outrora tomadas a respeito dele estavam precipitadas, James parecia mudado - apenas parecia - os anos o transformaram.

Praticamente tomaram uma garrafa de uísque inteira, enquanto os ponteiros do relógio pareciam vagar por entre os números e o som ao fundo ocultava o barulho das grossas gotas de chuva do lado de fora.

– Lembra daquele dia no penhasco? - disse James enquanto terminava de tomar seu uísque - Aquela tarde de verão, você estava linda com aquele vestido acho que era de cor creme, senti uma inveja de Garret por estar com você. - ele pausou fazendo um pouco de charme, retirou um velho relógio de dentro do bolso do casaco e estendeu o objeto na direção dela - Ia te entregar seu relógio da sorte que perdera, mas achei melhor não atrapalhar.

Christie arregalou os olhos, ganhara aquele relógio de seu pai e o havia perdido na época. Não era de nem uma joia, mas continha um valor sentimental imenso, ela não conteve o impulso de abraçá-lo.

– Não sabe o quanto fiquei mau quando o perdi. - disse enquanto se afastava dele - Poxa James, muito obrigada! - encarou-o por alguns segundos, mas sentiu algo estranho no olhar dele - Acho melhor eu ir, está tarde e amanhã tenho que acordar cedo.

Ela se levantou tão rápido que sentiu uma tontura lhe apoderar de seus sentidos, pegou seu casaco e caminhou na direção da porta, ao abri-la sentiu a brisa de vento gelado em seu rosto junto com as gotículas de chuva. Logo sentiu a mão de James a impedir de partir, ele a puxou em sua direção e a beijou.

Seus lábios eram suaves, quentes, além de um pouco úmidos. E ainda que o beijo não tivesse durado muito, apenas um segundo ou dois, algo aconteceu. Algo inusitado, embora Christie não soubesse dizer o quê. Alguma coisa física ou emocional.

Ela recuou, parecendo confusa, e levou a mão à boca. James tentou novamente beijá-la.

–Está maluco? - grunhiu Chris encarando o com os olhos cheios de raiva.

James respirou fundo como se quisesse dizer algo, mas havia um pequeno problema: como poderia acreditar em alguém quase nunca lhe dirigiu a palavra?

–Qual é Chris? - questionou.

Christie encarou o sem reação.

– Não. - respondeu.

Ela fez menção de se virar e ir, mas sentiu a mão de James a segurando. Assustada, ela se voltou e olhou para a mão dele, antes que pudesse protestar ele a puxou novamente e forçou um outro beijo, sem dizer nada ela apenas se afastou em direção ao carro.

Chris parou ao ver Roman encostado na velha caminhonete Ford, e sentiu uma onda de raiva surgir.

– O que você quer? - perguntou com a voz um pouco alterada devido ao álcool.

Roman não disse nada, mas pela sua cara estava ali tempo suficiente para ter presenciado a cena do beijo. Ela balançou a cabeça e abriu a bolsa para pegar suas chaves.

– Não deve dirigir. - finalmente falou, estendendo a mão na direção dela, esperando a chave.

A voz de Ron permaneceu calma e controlada, o que aumentou a raiva de Chris que não conteve uma risada deboche. Sem se deixar intimidar, ela o encarou.

– Acho que está no lugar errado, o puteiro é do outro lado e sua amiguinha deve estar lá. - respondeu - Agora me deixa em paz, seu desgraçado e cretino! - grunhiu.

Christie estava a ponto de ter um acesso de raiva. Roman se aproximou em um impulso e segurou sua delicada mão com tanto carinho que ela sentiu um arrepio de prazer descendo pela espinha, mas retirou a rapidamente e desferiu um tapa em seu rosto.

– Não sabe o quanto estou me odiando por ter acreditado em suas palavras. - disse encarando-o - Por um momento acreditei que fosse diferente dos outros, mas agora sei que não passa da mesma laia. Me faça um grande favor e saia da minha frente.