O diário de Bianca Di Angelo escrita por Filha de Atena


Capítulo 3
III - Uma nova escola




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O tempo parecia não passar no cassino, mas eu não me importava, afinal, estava sem minhas lembranças e só tinha a companhia de meu irmão. Se ele estivesse feliz e se divertindo, eu não iria me preocupar.

Já havia se passado mais ou menos um mês - pelo menos calculei isso - até que um dia, aquele mesmo advogado apareceu em nosso quarto. Ele estava usando o mesmo terno preto, a mesma expressão, um corte de cabelo militar, mas não estava mais com seus óculos escuros, então pude ver seus olhos - um tom um pouco avermelhado como o fogo e ao mesmo tempo, mantinha um olhar frio.

_Chegou a hora - disse ele secamente - arrumem seus pertences e partiremos daqui a pouco.

_Onde vamos? - perguntou Nico.

_Sem perguntas meio-sangue– retrucou ele em tom severo - agora, se apressem, precisamos ir.

_Do que você chamou ele? - perguntei um pouco confusa, ele chamou Nico de algo como meio-sangue o que significaria aquilo? Eu não sabia, mas presumi que teria de descobrir sozinha se quisesse mesmo entender.

Arrumei uma mochila com algumas roupas minhas e do Nico, que a propósito, encontrei no hotel - e elas serviam perfeitamente em nós, o que era um pouco esquisito. Coloquei na bolsa também alguns sanduíches para o caso de ficarmos com fome - não sabia pra onde iríamos e talvez não houvesse comida por lá.

Assim que terminei, eu e Nico seguimos e homem, saímos do hotel e entramos em um carro.

Viajamos por algumas horas até chegar em uma escola militar chamada Westover Hall. Ela parecia um castelo, um castelo do mal - era feito de pedras bem escuras e tinha algumas torres com pequenas janelas. Ficava perto de uma floresta e parecia ser bem distante da cidade.

O advogado nos levou para dentro, as portas se abriram sozinhas num rangido agudo e então adentramos no castelo. Havia um salão imenso, com várias armas - rifles, machados, espadas– que podiam ser vistas através de uma vitrine transparente. O lugar era bem assustador. Nico pegou em minha mão e eu a segurei. Ambos estávamos com medo.

Fomos até uma enorme porta dupla de madeira que ficava no canto esquerdo do salão.

_Vocês fiquem aqui - disse o advogado olhando para nós. Não questionamos, sentamos em um divã vermelho e esperamos enquanto ele entrava na sala. Depois de um tempo, ouvi duas vozes - uma eu reconhecia, era a voz do advogado - a outra parecia ter um sotaque diferente, talvez francês, mas eu não tinha certeza.

_Você não vai poder fazer nada - disse o advogado em tom irritado.

_E o que o senhor vai fazer contra mim? - disse o outro.

_Ora, você sabe quem é o pai dessas crianças, creio que não vá querer arranjar algum problema com ele - respondeu o advogado. O homem com sotaque rosnou.

Ele falou do nosso pai, então foi ai que me toquei, eu não tinha dado conta de que não sabia quem era meu pai, e nem mesmo, minha mãe. Não sabia nem mesmo o que havia acontecido com eles. Eu só tinha a meu irmão no mundo e se quer, lembrava do meu passado - como se alguém tivesse me dado um suco do esquecimento. Me senti frustrada, queria fugir, mesmo sabendo que não conseguiria ir muito longe, mas mesmo assim, precisava tentar, queria sair dali.

_Nico, precisamos sair daqui - murmurei.

Ele assentiu, peguei nossa mochila e saímos correndo em disparada indo em direção a porta de entrada.

_Oh não, está trancada Bianca, o que vamos fazer? - sussurrou Nico.

_Vamos tentar os corredores.

Fomos correndo para um corredor, ele era como o salão - assustador e escuro - com guerreiros de armaduras segurando porretes e espadas. Havia muitas e muitas portas, fiquei curiosa com o que podia haver por trás delas, quem sabe crianças jogando bolinhas de papel umas nas outras durante uma aula de história? Não sei, mas não podia perder tempo. Eu e Nico disparamos para o fim do corredor, viramos a direita. Então tive uma surpresa: dois homens altos em ternos pretos estavam a nossa espera.

_Ora, ora, ora, então esses moleques estavam tentando fugir, não é? - disse o homem com sotaque - Bem, desde já aviso que isso não será possível, esta escola não possui outras saídas a não ser pela porta de entrada. Creio que vocês perceberam que ela esta trancada.

Eu estava a ponto de gritar. Não queria ficar ali, tinha que fazer alguma coisa. Então, dei um chute na canela do advogado e na do outro homem.

_Nico, corre.

Ele não disse nada e saiu correndo. Eu fui logo atrás dele. Mas tivemos mais um imprevisto. O cara com sotaque - não faço a mínima ideia de como - estava lá, bem na minha frente, segurando Nico pelo braço. Isso não podia ser possível. Não havia como ter feito isso, não tão rápido.

Ele me agarrou pelo braço também e nos levou até uma sala escura e nos trancou lá. Não havia como fugir, a porta estava muito bem trancada, as janelas eram estreitas demais e com barras de aço, como as de uma prisão. Nós estamos presos, sozinhos e no escuro - a luz que passava por entre as barras era fraca e logo seria noite, então não haveria mais luz.


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