Destino ou apenas Coincidência escrita por Nena chan, Inngryd


Capítulo 9
O instinto que não quer calar


Notas iniciais do capítulo

Uffa, finalmente terminei o capitulo ^^/ Aproveitem a leitura e espero, de coração, que gostem do capitulo! =)



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Capitulo IX

A grande estrela que já havia trabalhado o dia inteiro agora se despede mergulhando entre as suntuosas montanhas. O céu laranja avermelhado destaca-se nitidamente como se anunciasse a morte de mais um dia. Predizendo que o turno sangrento inicia-se com o bater de asas de morcegos famintos por sangue, especificamente sangue humano. Humanos inocentes rondam pela cidade desfrutando da noite misteriosa e envolvente, desinformados, são vitimas, a qualquer instante de seres noturnos. A lua cheia ilumina a noite, junto com dois vultos que caminham sossegados por uma rua deserta. No entanto, eles são diferentes dos outros, não são as vitimas e sim os caçadores.

Zero e Saiory voltam de mais uma missão bem sucedida. Saiory lambia graciosamente um pirulito de cor vermelha, já Zero procurava algo em seus bolsos.

- O que ouve Zero? (Pergunta a pequena com o pirulito na boca).

- Não encontro minha caixa de comprimidos. (Responde com um leve tom de receio).

- E estamos longe de casa. (Ela completa observando-o procurar novamente nos bolsos).

- Devo ter deixado em cima da cama. (Zero comenta mais para si do que para Saiory).

- Você agüenta, não é? Não é forte e pode tudo? (Ironiza com um sorrisinho no rosto, em seguida fica de olhos fechados para não ver a cara de Zero)

Zero apenas a olha de lado e suspira.

- Você já viu que legal? Esse pirulito deixa a língua vermelha. (Ela estira a língua vermelha).

- Assim você ajuda muito. (Ele a olha repreendendo).

- Eu não pude resistir, mas eu me comporto agora, prometo. (E faz um x com os dedos, depois dando um beijo para demonstrar seu juramento).

- Você é tonta, isso sim. (Zero observa inexpressivo a paisagem).

Neste momento, Saiory tem um mau pressentimento e fica alerta.

- Zero...

- Eu sei. (Ele já estava tentando localizar de onde vinha o cheiro de sangue).

Zero segue o odor como uma presa persegue sua vitima, Saiory vai atrás dele com uma expressão séria. Em um beco sem saída originava o odor forte de sangue. O lugar é mal iluminado de onde provinham ratos e exceto eles, nada se movia. Zero e Saiory chegam ao local e instantaneamente ele retira sua arma e dispara duas vezes no escuro seguido de um barulho de um corpo caindo. Os dois aproximam-se e observam o contorno de um corpo caído, um vampiro. Saiory examina atentamente o local e pensa consigo. "Esse cheiro é muito forte para exalar apenas desse vampiro". Então visualiza mais dois contornos de corpos caídos, ela avança e verifica ser de um casal jovem. Logo em seguida direciona o olhar para Zero e o mesmo não se encontrava mais no lugar.

- Zero? (Saiory indaga preocupada).

Nenhuma resposta. "Isso não é bom". Levanta-se a procura se seu parceiro. Saiu do beco e olhou para os dois lados da rua. Um vulto abaixado na esquina da rua.

- Zero! (Ela corre na direção do vulto).

Saiory acerca-se e um mendigo abaixado esta de olhos fechados, com a cabeça encostada na parede. Ela coloca a mão no pescoço dele e percebe que sua temperatura está muito baixa para um vivo. "Ele deve ter morrido congelado, não agüentou o frio da noite". Depois de tirar suas próprias conclusões logo deixa o morto em busca de Zero. Dobrando a outra esquina ela quase derruba uma lata de lixo, só que um par de sapatos esta visível ao lado da lata. Saiory apressa-se e acocora-se ao lado de Zero.

- Você não está nada bem, não é? (Pergunta apreensiva).

- O que você acha? Eu pareço bem por acaso? (Apesar do suor escorrendo pela sua testa ele mantinha seu humor áspero).

- Mesmo nesse estado você ainda continua delicado. Há algo que eu possa fazer? Já sei! Vou buscar um dos corpos no beco para você. (Ela tenta achar uma solução, ao mesmo tempo em que se mantêm calma).

- Não, vamos respeitá-los mesmo depois da morte. (Zero a responde bastante sério).

- Tem razão, então só há um jeito Zero. (Saiory o olha em seus olhos com um intenso olhar).

- Não Yu... isso não. - (Zero quase pronuncia o nome de Yuuki e logo relembra de quando ela queria ajudá-lo com sua sede, ele não queria que a história se repetisse). Me deixe Saiory. - (O tom de sua voz eleva-se com raiva).

- Pare de dizer besteiras Zero! Olhe bem, eu não me importo se você sente-se mau em tirar meu sangue. Acontece que estamos falando da sua vida e de outras também. Se não se alimentar, não só pode morrer como se descontrolar e acabar matando outra pessoa. Por isso, não me venha com esse papo de que não quer fazer isso comigo. Eu não dou à mínima se vai me ferir ou não. (Saiory segura com força o colarinho da blusa dele e também aumenta o tom de voz mostrando uma espécie de fúria no olhar).

Zero nada diz, apenas vira a cara. Sua expressão de raiva demonstrando sua teimosia, mas ela não desiste.

- Eu não te entendo, você dedica sua vida para proteger os humanos e tem habilidades que fazem de você uma esperança para os indefesos. Entretanto não se importa de morrer logo, ainda mais por algo tão idiota. Se você tem um objetivo a alcançar não pode deixar qualquer obstáculo derrubá-lo, ainda mais por pura teimosia. Eu não vou impedi-lo de morrer, mas se o meu mestre quiser viver eu não hesitaria em salva-lo. (Ela já estava afrouxando as mãos do colarinho quando teve um susto).

Subitamente, Zero envolve suas mãos no corpo dela puxando-a para si e cravou seus caninos no pescoço de Saiory. Lembrava um animal faminto, saciando sua sede alvoroçada. Tamanha era também a sede de Saiory para saciar sua vontade. Afinal, ela deseja sangue tanto quanto ele. Para sua sorte, havia se alimentado antes, contudo, naquela hora seu desejo era nítido por sangue. Saiory permanece quieta, até que se lembra que não é bom ele obter tanto sangue seu, porque pode comprometer a vida dele.

- Pronto, já chega. (Ela o alerta brandamente, só que ele não dá ouvidos).

- Zero, chega! (Mostra-se severa e usando uma das mãos aperta um pouco o pescoço dele).

Zero senti o ar lhe faltar e a solta. Saiory não conseguiu definir uma expressão definida para o rosto dele naquele momento, seu olhar evitava o dela.

- Vamos, não foi tão ruim assim foi? Trate de não esquecer os comprimidos da próxima vez, pois não vou oferecer meu sangue pela sua amnésia. (Diz firme, mas com uma ponta de sarcasmo na voz para não ficar um clima estranho entre os dois).

Ele olha para os furos no pescoço dela e aproxima-se, lambendo cuidadosamente o sangue escorrido ao redor dos furos. Ela, por sua vez, ficou rubra nas bochechas e rapidamente volta ao normal para que ele não percebesse.

- Pare com isso, o que pensa que está fazendo Sr. RP (Rabugento Pervertido)? (Ela se afasta um pouco com uma cara de desconforto pela situação).

- Não reclame. (Zero reivindica com uma das sobrancelhas levantadas e lambendo o sangue em torno de seus lábios).

Saiory responde fazendo bico e cara de birra. Ele levanta-se e caminha pela calçada, deixando-a para trás. Ela apressa o passo para alcançá-lo, ele se aproveita que Saiory chega ao seu lado e diz.

- Agora não preciso mais me preocupar com isso, porque se acontecer novamente vou lembrar-me desse gosto amargo do seu sangue e a vontade de me alimentar vai diminuir. (Ele zomba dela de propósito para ver sua reação).

- QUE? Ah, é assim? Quanta ingratidão! Dá próxima vez vou deixar você apodrecer e virar sobremesa de vampiro... (Ela pausa a discussão, pensativa). Será que os vampiros são canibais? (Pergunta com uma interrogação acima da cabeça).

- Você irá me ajudar, mesmo assim. (Um leve sorriso debochado nasce na face de Zero).

- Eu? Veremos então. (Saiory fecha os olhos desafiando-o).

- Eu sei que vai. (Zero continua a se divertir ironizando-a).

- Em? (Ela abres os olhos abismada) - Como pode ter tanta certeza? - (continua encarando-o).

- Preciso escovar os dentes. (Ele completa pensativo).

- Para que? E não mude de assunto! (Ela quase se distancia do assunto, mas logo se lembra da sua revolta).

- Tirar esse gosto amargo da boca. (Estira a língua, fazendo uma cara de quem comeu e não gostou).

- Lá vem você com esse assunto, sempre foi rabugento assim? Ou se tornou depois de ser pervertido? Ou foram os dois juntos? (Saiory debocha dele e em seguida sorri maliciosamente).

- Me diz uma coisa, você não tem algum tipo de doença transmissível pelo sangue? Acho que não estou bem, com certeza foi esse seu sangue fora da validade que me deixou assim. (Ele não podia perder uma quando se tratava de ver a cara dela transtornada).

- Deve estar mau sim, está até fazendo piadinhas sem graça alguma. Se é que podem ser chamadas de piadinhas. (Ela dá o troco na mesma moeda).

- Que bom que admite que o seu sangue esta me deixando mal. (Zero sorri de lado).

- Que? E eu ainda caio nessa de me importar com essas besteiras que você diz. (Saiory retruca tentando ser madura, só que Zero mexia com sua parte irracional e, digamos, não muito agradável).

Os dois continuam por mais um longo caminho a "saudável" discussão, cercando-se de casa, ambos estão cansados e permanecem mudos. Chegado ao quarto Zero segura a caixa de comprimidos e a lança em cima do criado mudo, após esse ato deita-se na cama apoiando a cabeça nas mãos. Observa Saiory em pé a sua frente balançando seu vestido como se fosse um sino, bastante compenetrada no movimento.

- O que diabos você esta fazendo? (Ele a questiona fazendo uma cara esquisita).

- Sei lá, que quarto mais feio o seu, heim? Nunca pensou em dar uma melhorada nele? (Ela o indaga analisando o lugar).

-Não. (Zero descansa os olhos e responde secamente).

- Hum... (Alguns minutos passam) - Porque esta fingindo dormir? - (Pergunta incomodada com o descaso dele pela presença dela).

- Estou te ignorando. (Replica friamente).

- Não vou sair sem antes ouvir a resposta. (Os olhos dela fecham-se com impaciência).

- Que resposta?

- Não se faça de bobo. (Reclama ainda mais impaciente).

Zero permanece pensativo por alguns segundos.

- Se isso fizer você ir embora, obrigado. (Ele diz áspero e volta a "descansar").

- Está vendo! Não doeu nadinha. E boa noite para você também. (Saiory sorri satisfeita e põe-se a caminhar para seu quarto).

"Por um momento, quando estava bebendo do sangue de Saiory, senti em meio ao gosto amargo um sutil gosto doce e cálido. Não, deve ter sido impressão minha mesmo." Zero comenta consigo quando Saiory sai do seu quarto.

Fechando a porta de seu quarto os joelhos dela tornam-se bambos desencadeando por todo o corpo. Saiory dirige-se com certa dificuldade até a cômoda, abrindo a segunda gaveta e retirando uma caixa pequena com um embrulho amarelo desbotado e um selo da Índia colado. Olha fixamente para o pacote, desejando-o ardentemente.

O sol que antes adormecido, sobe preguiçosamente pelas nuvens com um brilho resplandecente. O céu agora azulado enchia com vida um novo dia, limpando a impureza da noite anterior, que agora era apenas uma lembrança perdida no passado.

Tendo chegado do colégio, Zero anda pelo corredor da pensão quando percebe alguém no ultimo degrau de uma escada e metade de seu corpo dentro de um buraco no teto. Ele ignora a presença da pessoa e passa rente a escada. Não se sabe se o senhor é vidente ou alienígena, só o que se sabe é que uma voz vinda do além, de dentro do buraco, se pronuncia.

- Bom dia senhor Zero.

Zero estagna abismado e reconhece a tal voz.

- Algum problema? (Pergunta ele referindo-se simpaticamente ao senhor, que estava onde esta).

- Só estou fazendo uns ajustes técnicos, nada relevante. (O senhor diz empolgado) - Quando eu era mais jovem eu tive que...

"Afinal, ele é o que? Dono, faxineiro, técnico? Que homem estranho." Zero comenta para si e abandona o pobre senhor que não percebe que está só e ainda narrava sua história.

Ele abre a porta do quarto jogando sua bolsa na cama e caminhando calmamente até o banheiro para lavar o rosto. Até que a ficha caiu, ele nem enxuga o rosto apressando-se para ver o resultado do que para ele é uma catástrofe. Com passos apressados abre a porta com força, quase a quebra, em direção ao quarto de Saiory. Bate a porta agressivamente e não recebe resposta então resolve consultar seu provável cúmplice.

- Que merda é essa no meu quarto? (Grita indignado apontando para o dito cujo)

O senhor ainda contava sua história quando é interrompido por Zero.

- Senhor Zero, a senhorita Saiory quis lhe fazer uma agradável surpresa, apenas isso. (Responde afavelmente e sorridente).

- Eu deveria ter sido mais claro com ela ontem. (Argumenta mais para si do que para o outro).

- O que quer dizer com isso senhor? (Indaga o inquilino confuso).

- Nada, você acha que ISSO é uma agradável surpresa? (Continua Zero ainda com a voz alterada, apontando para a surpresa no quarto).

Saiory aproveitou que ele havia ido para a escola e instalou algumas decorações novas no quarto dele. Uma colcha verde clara na cama para combinar com o novo travesseiro de mesmo tom, uma pequena toalha branca com um vaso com flores do campo em cima de um pequeno móvel, um pequeno quadro de uma pintura de paisagem no campo e um tapete verde-musgo no meio do quarto.

- Com todo respeito, achei de muito bom gosto. (O homem sorri amigavelmente).

- Vou tirar isso agora! (Zero olha o homem de lado e um pingo surge em sua cabeça, resultando em sua rebeldia).

- Não me leve a mal senhor, mas não é mais adequado conversar com a senhorita primeiro? (O dono da pensão sabiamente lhe ofereceu um conselho).

- Talvez. (Zero o analisa desconfiado e acaba cedendo).

- Se meus ouvidos não se enganam, me atrevo a falar que ela disse que o dia estava lindo para um passeio. (O senhor dá uma dica para o garoto encontrá-la).

Zero sai apressado tentando pensar em um jeito de achá-la. "Pelo que sei dela, deve estar onde há um número considerável de pessoas circulando e em um local onde possa admirar os arredores". Um estalo surge em sua mente e ele segue por um caminho que à medida que anda a quantidade de pessoas gradualmente aumenta. Logo observa um centro comercial, cercado de pessoas e lojas dos mais variados tipos. "Que ótimo, não vai ser tão fácil encontrá-la, ainda mais que não ela é estranha e não possui cheiro algum. Mas ainda há outras possibilidades". Zero escolhe a probabilidade mais sensata, sabe que em algumas lojas ele certamente não esbarraria com ela. Após averiguar quais lojas ela provavelmente deve se encontrar acaba sendo levado para um aglomerado de lojas de roupas.

- Por acaso você pode me dizer quais lojas estão em promoção? (Questiona uma moça saindo de uma loja carregando diversas sacolas vindas de lojas diferentes).

- Só há aquelas. (Ela mostra cinco lojas próximas na calçada acima).

Ele vai em direção a elas e repara uma delas que diz cinqüenta por cento de desconto, comparado as outras lojas é o maior desconto. "Só pode ser essa" pensa ele. Acerca da loja Zero avista Saiory, carregando duas sacolas, olhando-o.

- Bem na hora, como eu esperava, acertou o local. (Ela comenta sorridente).

- Como assim? Já sabia que eu viria? (Ele a indaga desconfiado).

- Sim. (Responde sincera).

- Que história é essa de bagunçar meu quarto? (Zero pergunta irritado).

- O certo não é bagunçado e sim melhorado. (Saiory o corrige como se fosse uma professora falando com seu aluno).

- Não me interessa! Tire aquelas coisas do meu quarto. (Ordena severo).

- Eu não. (Ela vira-se de costas para ele caminhando lentamente enquanto faz descaso do que ele disse).

- E vai ser agora. (Zero a segue continua sua conversa e perversamente se prepara para levá-la á casa, mesmo que seja a força).

Saiory subitamente se detém e vira-se o encarando, colocando as mãos na cintura.

- Me dê um motivo convincente para eu fazê-lo. (Ela o desafia em uma expressão de seriedade).

- Não preciso de motivos, apenas não quero e pronto. (Zero fecha os olhos insatisfeito).

- Me responda uma coisa, algo mais te importa exceto caçar vampiros? (Contesta-o firme).

- Não. (Mais uma vez a imagem de Yuuki surge e um sentimento de rancor lhe percorre, apenas responde sem pensar).

- Muito bem, então não vou tirar. (Saiory vira-se novamente e caminha abrindo espaço entre as pessoas).

- O que isso tem haver? (Ele não compreende aonde ela quer chegar e a acompanha).

- Se só o que te importa é caçar, então qualquer coisa que não esteja ligada a isso você não dará importância. Devido a isso, se o seu quarto for pintado de preto com bolas brancas não vai requer a sua atenção. E outra, eu só fiz aquilo para você estar num lugar agradável quando voltar cansado a casa. Qual é o seu problema com boas intenções Zero? (Saiory diz de forma branda e sagaz).

Zero permanece um tanto surpreso e a idéia de brigar por causa de um quarto que, legalmente, nem é seu lhe pareceu absurda. Ele não é do tipo que normalmente se importa com tais besteiras.

- Ok, dessa vez você venceu. Mas só porque a idéia de discutir por um quarto é idiotice. (Ele argumenta com seu tom nada casual).

- Ótimo! Agora vamos aproveitar à tarde. (Saiory sorri contente e ainda saboreando o gostinho da vitória)

- Aproveite você, eu vou para casa. (Zero já se dirige para ir embora).

- Espere! O que você vai fazer lá? Vamos lá! Não vamos permanecer por muito tempo. (Ela segura na camisa branca dele esperando ansiosa por uma resposta).

- Não vou ficar nesse lugar. (Olha com uma expressão de tédio para as pessoas comprando).

- Tudo bem, me responda outra coisa, o que você gosta de fazer? Tem algo que goste? Pode ser qualquer coisa. (Saiory fala com uma voz implorando para ouvir alguma resposta satisfatória, o que ela no fundo acha ser em vão).

- Cavalo. (Ele apenas responde para ela não insistir).

- Já sei, vamos assistir a uma corrida de cavalos! Nunca vi uma, deve ser divertido. (Diz eufórica batendo palmas de empolgação).

Ao olhar para Zero Saiory percebe um clima assombroso emanando dele e a face sombria.

- Eu não tenho medo de cara feia. Lembre-se do que eu te falei antes, só o que te importa são os vampiros. Uma passadinha no clube não vai tirar pedaço algum. (Afirma já rumo a um novo passeio)

Zero aproveita e se dirige para o caminho oposto ao dela, com as mãos no bolso. Saiory percebe que está andando desacompanhada e apressa-se retirando algo do bolso de sua saia. Antes que Zero desse conta, alguém aproxima-se dele, pressente algo de errado e examina o pulso que agora está desconfortável com algo.

- Mas que droga é isso? (Zero estarrecido tenta visualizar aquilo em seu pulso).

- Você não deu-me escolha. (Ela diz exacerbada)

Zero a intimida com o olhar e sua seriedade impenetrável.

- Se fosse menos orgulhoso e desse o braço a torcer eu não precisaria colocar algemas. (Saiory justifica gesticulando para confirmar sua teoria).

- O que eu faço com você? (Pergunta mais para si e suspira exausto dessa inquietação toda dela).

- Assistir uma corrida de cavalos comigo, apenas isso! (Ela anima-se novamente andando serelepe seguida de Zero, que se sente um tanto derrotado).

Adentrados no clube, Saiory observa pessoas fazendo suas apostas.

- Moço! Moçoo! (Com uma voz melódica ela aproxima-se dele curiosa).

- Sim? (O jovem logo se entusiasma pela presença de uma bela jovem).

- É a minha primeira vez aqui, para que serve isso? (Pergunta ela ingenuamente).

- Só você escolher o cavalo que deseja apostar e dar o dinheiro para aqueles homens atrás das janelas com grades. (Gentilmente o jovem tenta ser cortês).

- Obrigada! Vamos Zero! (Saiory passa pelas pessoas alegremente)

O jovem fica escandalizado quando vê os dois algemados. Outras pessoas também os olham espantados achando que ambos são dois fugitivos ou coisa pior. Antes que Saiory pudesse fazer sua aposta dois seguranças do clube surgem como mágica por trás dos dois jovens. Ambos amedrontam-se quando ficam de frente aqueles armários ambulantes.

- Queiram retirar-se, sim? (As duas montanhas inquiram de forma estrondosa as duas pequenas figuras pálidas e estarrecidas).

- São as algemas? (Zero toma fôlego para questioná-los)

Um dos grandalhões afirma com um leve movimento da cabeça.

- Está certo, darei um jeito nisso. (Saiory procura em seus bolsos e uma lembrança repentina surge-lhe a mente; ela entregando a chave para um menininho que chorava desconsolado para brincar e o choro cessar se distraindo com o pequeno objeto.).

Impensadamente um sorriso abre-se de ponta a ponta, deixando suas pequenas bochechas delicadamente rubras. Zero revira os olhos e prontamente coloca a mão livre na mão algemada abrindo-a facilmente.

Os seguranças se entreolham pasmos, em seguida deixam o local.

"Tudo bem, já estamos aqui dentro mesmo, duvido muito que ele vá embora".

Após refletir Saiory expõe o papel em sua mão para Zero.

- Qual desses prefere? (Indaga interessada).

Ele levanta uma das sobrancelhas e aponta no papel.

- Então vamos apostar nesse. (Saiory diz satisfeita e leva o papel até o atendente retirando um maço de dinheiros do bolso na saia para entregá-lo).

Zero a observa e uma leve suspeita surge vendo a quantidade de dinheiro que Saiory entregava. "Porque ela anda com tanto dinheiro no bolso? E onde arranjou tanto dinheiro? Se ela tem porque resolveu morar naquela pensão fajuta? Concentre-se Zero, isso não é da sua conta". Depois de tomar as devidas medidas Saiory chama a atenção de Zero balançando o braço esticado ao alto, para ele segui-la. Os dois aproximam-se de seus lugares e sentam ao quase ao lado da pista.

- Que emoção! Vamos poder ver os cavalos a poucos metros! (Os olhos de Saiory brilham de entusiasmo).

- Hunf, não precisa de tanta empolgação. (Retruca Zero mostrando-se sem animo).

- Quero ver você pensar assim quando começar a corrida. (Ela replica com uma expressão de deboche).

Zero a ignora. Uma voz vinda acima dos expectadores divulga a largada, os cavalos se movimentam prontamente como se tivessem recebido uma corrente elétrica no corpo. Os Jóqueis mostram-se concentrados e alvoroçados em seus cavalos, os torcedores se agitam comentando cada movimento deles. Saiory, pelo contrário, permanece sentada e nervosa, passa as mãos na boca roendo as unhas irrequieta e os olhos fixos em seu cavalo. Zero que agora demonstra mais interesse na corrida também está ansioso, só que não expõe, apenas observa a corrida através de sua visão aguçada. Sua concentração é interrompida pela visão de um lenço discretamente amarrado no pescoço de Saiory. Conseqüentemente, ela repara que alguém a esta observando, vira a cara para ver se Zero também notou e surpreende-se com seu observador ser o próprio.

- Porque está me olhando com essa cara de culpa? (Repentinamente segue o olhar dele e entende o porquê da expressão) Porque esta olhando meu pescoço? Quer morde-lo novamente? (Diz irônica para que ele mude a expressão em seu rosto).

- Até parece, e fale baixo. Como está? (Por alguns segundos sua expressão inconformada retorna a culpa).

- Está bem, nem sinto mais nada. (Responde sendo sincera e otimista).

A face seca de Zero retorna e satisfeito com a resposta volta a olhar os cavalos. "Ainda bem que ele não fez mais perguntas". Suspira Saiory pensativa. Já próximos a reta final os cavaleiros apressavam os cavalos ansiosos pelo prêmio. Zero por sua vez, está atento a certa presença que ele considera indesejável. Até que encontra seu alvo, sentado em um canto reservado e protegido nas sombras, está um vampiro. Não um vampiro qualquer, um sangue-puro, vendo-o Zero mostra-se inquieto na cadeira, exaltado com a presença do inimigo. Bruscamente levanta-se de seu lugar chamando a atenção de Saiory.

- Vamos embora. (Esbraveja enraivecido, ainda com os olhos fixos nas sombras).

"Ele descobriu, pensava que iria ter um descanso com o vampiro longe de nós, só que vejo que mesmo tão distante Zero notou rapidamente sua presença".

- Mas já está acabando. (Tenta inutilmente mudar a opinião dele).

Ele apenas a olha com repreensão e ela entende o recado.

- Ok, não necessita me olhar assim Sr. Rabugento. (Saiory levanta-se um tanto enfadada).

Rapidamente Zero atravessa o local aproximando-se da saída. Saiory o segue e pelo canto dos olhos observa o puro-sangue assentado tranquilamente. Acho que ele nem notou nada, afinal sua face esta voltada todo o tempo para a corrida. "Apesar de ele estar de óculos escuros, não posso afirmar com tanta certeza". Os devaneios de Saiory são interrompidos por uma voz ao longe passando a informação de quem de quem foi o vencedor.

- Acho que não foi o nosso número, queria ouvir o resto do que ele diz, mas nesse ritmo não alcanço Zero. (Saiory apressa o passo conseguindo ficar ao lado dele).

Distantes do clube, ambos caminham rumo a casa, ainda longínqua. Zero permanece o olhar irado, absorto em pensamentos. "Muito estranho, porque aquele vampiro não deu o mínimo sinal de reação? Não é possível que ele não tenha sentido minha presença, ele parecia não se importar. Será que realmente estava envolvido naquela corrida? Não é possível, eles não são assim. Sempre possuem um motivo obscuro por detrás de suas ações".

Saiory cansada do silêncio e o jeito furioso de Zero pronuncia-se.

- Não imaginava que um vampiro freqüentasse o clube essa hora, mesmo ainda próximo do anoitecer. (Diz como se não quisesse nada).

- Como você sabe que era um vampiro? (A pergunta dela o tira de seus devaneios deixando-o suspeitoso).

- Digamos que, para você sair daquela maneira transtornada querendo sair o quanto antes e ainda se controlando para não fazer besteira só poderia ser, a meu ver, a presença de um vampiro. (Saiory irrita-se por ele subestimar sua inteligência).

- Sim. (Responde distraído)

Zero permanece silencioso e a observa como se estivesse esperando algo dela.

- O que foi? (Indaga incomodada com o olhar furtivo dele).

- Não vai perguntar? (Questiona curioso).

- O que? (Pergunta com uma expressão ainda mais desentendida).

- O porquê de eu não o ter matado? (Responde como se fosse uma pergunta que ela normalmente o faria)

- Ah sim, eu sei que toda vez que você vê um vampiro impensadamente já o ataca. Contudo! (Aumenta seu tom, assustando Zero, para enfatizar seu momento detetive). Sei que não é a toa que te dão os trabalhos mais difíceis, além do mais, matar um vampiro num lugar publico como aquele sem uma forte razão não seria do seu feitio. Eu sei que dentro dessa sua cabecinha oca existe alguma esperteza. (Finaliza sua declaração com o dedo indicador quase que na cara dele, mostrando uma expressão de orgulho pela sua teoria).

- Pois é, não deveria mais estar impressionado com essa sua mente estranha. E a única cabeça oca aqui é você. (Mesmo desgostado do dedo dela em sua cara, surpreende-se com a sagacidade de Saiory).

- Às vezes me aborreço um pouco, pois parece que me vê como uma boba ingênua. (Fala fazendo um bico e magoa nos olhos).

- Pare com isso, não seja dramática. (Zero comenta já esquecido do que o importunava minutos atrás).

- Drama? Estou enganada então? (Saiory reclama encarando-o).

- Bem... Tonta pode ser, mas a palavra que realmente te define é esquisita. (Ele diz olhando para o alto e a mão no queixo mostrando uma expressão pensativa)

- E você? (Ela irrita-se).

- O que tem eu? (Zero abre um dos olhos para analisá-la fazendo uma expressão de atordoado).

- Você também não é flor que se cheire, dizer que é um rabugento pervertido já é um elogio. (Saiory cutuca a onça com vara curta).

- Ora sua... (Zero já prestes a devolver a ofensa tenta acalmar-se) Não sei o que fiz para merecer uma pessoa como você. (Mostra seu inconformismo).

- Sei lá, nascido talvez. Eu, pelo menos, serei recompensada por te aturar. (Diz ela com uma expressão de zombaria)

- Como assim? (Zero ignora o tom dela de deboche).

- Quando eu morrer serei recompensada por tudo de ruim que agüentei corajosamente nessa vida. Só assim consigo acordar tranqüila todos os dias. (Completa sorridente com um toque de sarcasmo, mas algo naquele seu sarcasmo havia um lado verdadeiro).

Zero ri ironicamente. O que deixa Saiory espantada, pois ele nunca ria na sua frente, mesmo que seja debochando dela já era alguma coisa.

- Quem ri por ultimo é quem ri melhor. (Ela sorri matreira).

- Rum. (Ele apenas solta um som de desprezo).

Entretanto, após o silêncio reinar os pensamentos de Zero, o vampiro retorna a sua mente. Saiory nota e entende que não há outra maneira a não ser abordar sobre o assunto, porém, com cuidado.

- Zero, já passou por sua mente restrita que o tal vampiro esteja só querendo ver a corrida e nada mais? (Pergunta de forma cautelosa).

- Não. Ele estava quieto demais. (Retruca na sua maneira áspera de ser).

- Você realmente acha que eles são tão diferentes assim dos humanos?

- Claro. Eles só pensam em sangue e em si, ostentar essa vidinha deles. (Responde cheio de rancor em suas palavras).

- Humm... que nem você, não é? (Saiory perde as rédeas do juízo).

Zero para repentinamente e segura o pulso dela com força, seu olhar repleto de ira. Saiory o olha profundamente com repulsa e a frieza toma conta de seu corpo.

- Como ousa me comparar com aqueles...? (Com tamanha raiva ele nem termina a frase).

- Pode apertar mais forte se desejar, eu não ligo de ser sincera. Agora, você já se perguntou por que esse assunto te dói tanto? No fim das contas, você também é um vampiro. Quer te doa ou não. (Ela afirma com amargura).

Ele se da conta de sua mão pressionando o pulso dela, de seu ato impensado controlado pelo ódio e a solta prontamente. Arrepende-se de seu ato, não queria machucá-la. Desvia os olhos do olhar de repreensão dela.

- Eu... não queria ter feito isso. (Diz como se estivesse se martirizando, seu olhar demonstrava arrependimento).

Saiory desvia seu olhar para ele e fala andando de costas para ele.

- Antes de tudo você é um vampiro. Querendo ou não pertence ao mundo dos que mais odeia e, por isso, sabe como eles são. Você deveria entendê-los, seu sofrimento e pelo que passam. Acha que eles, assim como você, também não sofrem? Não possuem sentimentos? Eles pelo menos pensam em sobreviver, mas você julga os outros achando que os conhece. Para mim você sabe sobre os vampiros apenas o que transparece no seu ódio, que camufla seus verdadeiros sentimentos. (Diz sem expressão alguma em seu rosto).

Zero nada diz, sabendo que o que ela acabará de dizer lá no seu intimo, mesmo não querendo acreditar, é verdade. Ele prossegue sua caminhada um pouco atrás de Saiory imerso em sua mente. "Pensava que ela só agia dessa maneira quando estava em meio a uma luta. Não me agrada vê-la assim, é como se ela não gostasse de agir desse jeito, parece que ‘outro eu’ dela se libertasse. Avessa aos sentimentos, impondo uma barreira nela. Também poderia, fui grosso com ela. Onde eu estava com a cabeça?"

Os dois chegam mudos a pensão e assim permanecem até entrarem em seus devidos aposentos, não chegaram nem a trocar olhares o resto do caminho para casa.

"Será que fui muito severa com ele? Mas ele mereceu! Não quero mais pensar nisso! Vou arrumar-me para ir à casa dos Kurans. Pensando bem, quando estávamos a caminho do clube Zero mostrou-me uma carta da Organização escrita com a tarefa para hoje, apenas um vampiro que não esta causando muitas mortes. Ele não precisará de mim hoje, até acho que ele está precisando de um escape para toda aquela raiva, vai ser melhor para ele estar só agora. Às vezes as pessoas precisam de um tempo só"

Por sua vez, Zero termina de se arrumar indo em direção a porta. "Eu não a entendo, ela defende tanto os vampiros e nem os conhece. Eu sei que até Ela (Yuuki) era assim, porém ela tinha certo medo dos vampiros antes. Até porque esta no seu sangue maldito. Só que a Saiory não tem o sangue deles, eu não entendo o por que. Se ela tivesse visto o que eu vi, com certeza mudaria de opinião. É só por esse motivo que não discuto com ela esse assunto. Não posso fazer nada a não ser não brigar por algo que sei que ela não compreende”.

Zero aproxima-se do quarto de Saiory e para por alguns instantes antes de por a mão na maçaneta. A expressão e a voz de Saiory, antes de chegar em casa, surgiu na mente dele.

- Saiory não está senhor Zero. (A voz simpática do senhorzinho ecoa pelo local).

Zero olha-o confuso.

- Ela saiu e pediu para avisar que dessa vez não irá com o senhor.

- Entendo. (Um sentimento de culpa invade a face de Zero).

- Disse também que não é porque não irá desta vez que você escapará dela, nas palavras dela. (O senhor completa sua frase em seu jeito brando).

Zero confirma inexpressivo com um movimento de cabeça caminhando-se para fora.

Longe dali, um barulho de uma batida firma na madeira quebra o silêncio da grande mansão, em seguida o som de passos suaves e apressados aumenta a cada instante. A porta de madeira é aberta e uma gentil figura surge sorridente.

- Bem vinda Saiory. (A Kuran cumprimenta a visitante inclinando a cabeça de lado).

- Obrigada Yuuki. (Saiory sorri em resposta).

Mais passos, ligeiros e eufóricos, surgem pela casa e alguém empurra de leve a pequena Kuran para o lado.

- Ola Saiory-chan! (O loiro a saúda com um discreto sorriso galanteador).

- Ola Aidou. (Saiory retribui com um sorriso e uma gota surge).

- Prefiro que me chame de Aidozinho. (Retruca Aidou fazendo bico).

- Entre Saiory-chan. Posso te chamar assim também? (Pergunta Yuuki receosa da resposta).

- Claro. (Saiory diz com um sorriso de lado).

Saiory entra e os três caminham em direção ao quarto de Yuuki.

- Desculpa pela ausência do meu irmão, ele teve que tratar de uns assuntos. (Comenta um tanto ressentida).

- Não tem problema. (Saiory afirma mais despreocupada pela falta de Kaname).

- Porque você ainda está assim? (Pergunta Aidou com cara de desentendido).

- Ah sim. (Saiory lembra-se que Kaname lhe deu permissão para ficar como sangue-puro em sua casa).

Tornando-se sangue-puro ela sente-se mais leve e a vontade.

- Você recebeu minha carta ontem? (Saiory pergunta a Yuuki).

- Sobre você não poder ir a nossa casa ontem? Sim. Não precisa dizer o motivo se não quiser. (Yuuki responde afável).

Saiory sorri fechando os olhos. Aidou olha curioso para a visitante para saber o motivo dela não ter ido, mas achou mais educado ficar calado.

- Que tal assistirmos a alguns filmes? (Yuuki lembra-se que queria convidá-los antes e aproveita a oportunidade).

- Não, não! Você sabe que ainda não estudou tudo que devia. (Aidou adverte-a como seu sensei).

- Ahh, mas a Saiory não veio aqui para estudar. Não é mesmo? (Yuuki mira a visitante com os olhos cheios de suplica para sair do "castigo").

- Bom você é que manda Yuuki. (é a única coisa que Saiory consegue pensar no momento).

- Correção, nos estudos sou eu que mando. Vamos Yuuki, tenho certeza que Saiory não vai se importar de ficar um pouco estudando. (Ele empurra as duas para sentarem e repreende Yuuki).

- Ta bem... (Yuuki se entrega um pouco irritada).

Aidou inicia seu estudo explicando matéria para Yuuki, que por vez esta sem animo. Pensava que poderia se livrar dos estudos e se divertir um pouco.

- Eu não consigo, é muito difícil! (Yuuki joga algumas folhas ao alto, chateada).

- Até imagino Kaname chegando e vendo você sem querer estudar e eu sem conseguir te ensinar. (A imagem do Kuran terrivelmente maléfica ouvindo a noticia aparece na mente dos dois e imediatamente ambos arrepiam-se e balançam a cabeça para afastar aquele pensamento).

- Talvez eu possa ajudar, se quiserem, claro. (Saiory interrompe tentando ser amigável).

- Lógico que pode. (Aidou segura às mãos de Saiory entre as suas com um olhar sedutor, também porque não sabia mais o que fazer para que Yuuki aprendesse assim ele poderia tomar um descanso).

- Algum bicho te mordeu de novo? Esta casa deve estar infestada de insetos. (Conclui Saiory procurando os bichos)

Hanabusa cai no chão como se estivesse sido nocauteado e sua alma quase sai de seu corpo, Yuuki apenas ri com a cena.

- Bem feito, quem manda ser assim. (Diz a pequena).

- Eu já havia estudado essa matéria antes, se quiser posso te ensinar de uma maneira mais prática. (Saiory olha sorrindo para Yuuki e pisca em seguida).

- Sério? Como? (Diz Yuuki radiante).

- Simples, pelas ilustrações! O que seria do mundo sem as ilustrações? Eu digo, nada! (Uma áurea confiante surge em Saiory e aponta para o alto como se descobrisse o mundo).

Duas gotas surgem em Yuuki e Aidou.

- Ilustrações? (Pergunta Yuuki confusa).

- Sim, através das ilustrações podemos fazer histórias e dar explicações mais entendíveis. Lembramos mais facilmente de uma imagem que gravamos do que de algo que alguém nos disse. Associando as figuras tudo fica mais divertido e simples de memorizar e aprender. (Saiory conta sua teoria com os olhos brilhando e uma felicidade estonteante, parecia uma professora).

- Pode dar certo. (Yuuki concorda com um sorriso gentil).

- Você acha? (Pergunta Aidou duvidoso dessa teoria).

- Comecemos então pequena aprendiz. (O espírito sensei encarna em Saiory e ela afirma cheia de si).

- Acho que talvez seja uma boa idéia. (Comenta Aidou receoso).

- Calado aprendiz! O que está fazendo parado? Desenhe as figuras que eu mandei! (Saiory se enfada com ele).

- Mas você não mandou a gente fazer nada ainda. E porque eu também tenho que estudar? (Reclama Aidou impaciente).

- Está duvidando de meus ensinamentos? Como ousa? (A figura de Saiory aumenta mostrando-se imponente diante dos dois).

Ambos alunos nada dizem com medo das conseqüências.

- Pois bem, continuemos, façam o mesmo que eu e explicarei como aplicar a matéria. (Saiory volta a figura alegre e cheia de vida).

- Sim! (Os dois respondem obedientes e dedicados).

Assim a aula prossegue e os ponteiros do tempo movem-se rapidamente.

- Então é isso, espero que tenham entendido. (Diz Saiory contente).

- Pode deixar Saiory, eu entendi tudo! Obrigada. (Yuuki agradece resplandecente).

- Sim, professora! Quer dizer... Saiory. (Diz Aidou constrangido pelo equivoco).

As duas riem deixando-o mais sem graça.

- Fico feliz então. (Saiory agradece satisfeita pelo trabalho).

- Mas lembre-se Yuuki, quem vai te ensinar das próximas vezes serei eu. Você sabe que Kaname não iria gostar de saber que Saiory anda lhe dando aulas. (Diz ele com seriedade).

- Eu sei. (Responde Yuuki consciente disse, mas um tanto triste por ter achado a aula proveitosa).

- Eu não me importo. (Diz Saiory em sua defesa).

- Quer comer algo Saiory? Deve estar faminta. (Pergunta Yuuki de forma meiga e para mudar de assunto).

- Não se preocupe, estou bem, infelizmente tenho que ir agora. (Saiory lamenta-se).

- Verdade, esta tarde mesmo. Não vai ficar perigoso para você voltar? (Pergunta Yuuki preocupada).

- Não. (Ela responde educadamente).

- Eu te acompanho. (Aidou oferece-se cordialmente).

- Obrigada Aidou, mas...

- Nada de mas! Eu vou te levar pelo menos até um caminho seguro. (Ele diz como se estivesse dando uma intimação).

- Então tá. (Diz Saiory não querendo discutir).

- Ah! Saiory-chan, eu não me esqueci que você irá dormir aqui em casa, só não a chamei hoje, pois sei que meu irmão iria preferir que você permanecesse quando e ele estiver aqui. (Yuuki lembra a visitante em um tom de ordem, mas sem ser rude).

- Ok. (Saiory caminha em direção afora e levanta a mão em sinal de despedida).

- Até amanha! (Grita Yuuki alegre).

- Até! (Saiory fala em resposta).

Os dois caminharam mais alguns metros até Aidou, que até a pouco estava quieto, até demais, resolve se pronunciar.

- Espero que não te incomode a pergunta, contudo, porque você precisa fingir que é humana? Você não gosta de ser sangue-puro? (Pergunta ele inexpressivo).

- Pois me incomoda. (Saiory corta-o indelicadamente).

- Desculpe, não queria ser tão precipitado e indiscreto. (Aidou justificasse um tanto surpreendido pela resposta dela e arrependido por ter perguntado).

- É porque quanto menos você souber é melhor. (Saiory diz explicando o porquê de sua grosseria).

- É que não entendo alguém tão cauteloso como Kaname deixar você junto deles mesmo sem conhecer muito a seu respeito. Não me leve a mal, sei que se ele te escolheu não foi por falta de cuidados. (Aidou argumenta um tanto indeciso).

- Entendo a sua preocupação, é como você disse. Se Kaname me convidou é porque sabe o que esta fazendo. (Saiory tenta fazê-lo entender).

- Sim, a verdade é que estou feliz que você esteja conosco. (Diz ele abertamente).

- Por quê?

- Depois que chegou, parece que Yuuki anda mais animada sentindo-se menos só, entende?

- Aham, mas ela já não tem vocês? (Pergunta ela amigável).

- Só que não é a mesma coisa. Espero que você continue por mais tempo conosco. (Diz ele sorrindo simpático e sendo sincero em suas palavras)

- Eu também. (Saiory diz sorridente).

- Ah sim, e como sabia tanto sobre aquela matéria? (Pergunta Aidou ligeiramente curioso).

- Em casa. (Ela responde naturalmente).

- Nossa. Deveria ter um bom professor. (Ele fala com um pequeno sorriso matreiro).

- Sim. (Saiory responde com os pensamentos longes, há um tempo que não voltara).

- Bem, chegamos! (Comenta Aidou um pouco ressentido).

- Obrigada Aidou e boa noite! Quer dizer, boa manhã. (Ela ri alegre observando o céu que daqui a algumas horas estará claro).

- Boa manhã Saiory-chan! (Aidou agilmente aproxima seus lábios de Saiory e beija sua bochecha).

- Ei! (Saiory já prestes a censurá-lo, nota que ele já havia ido, apenas sua risada matreira ouviu-se distante).

"Gelado". Saiory comenta para si pondo a mão na bochecha "violada". "Ainda tenho um certo caminho até em casa, melhor me transformar em humana por vias das duvidas antes q..."

Seu pensamento é interrompido por um grito abafado vindo em meio a um bosque perto dali. "Sinto a presença de um vampiro". Ela dispara até o local observando a presença do vampiro prestes a atacar uma vitima. Saiory reparou que a mulher que havia gritado esta com um corte na mão e olhava para o vampiro com terror nos olhos. O aroma do sangue sobe pelas narinas de Saiory tomando conta de suas vontades. O vampiro avista Saiory, muda de idéia, e avança para cima dela. Antes mesmo do vampiro se aproximar dela, ela verifica que provavelmente o ser já deveria ter atacado outra vitima antes, pois sua roupa esta manchada de sangue e sua boca avermelhada em torno. Rapidamente o odor do exalado por ele mexe com o instinto de Saiory. Em poucos segundos outro grito ascende em meio à vegetação pondo os morcegos em agitação. A mulher observa com pavor no olhar e o medo consome sua voz, por uma questão de sobrevivência, ela corre o mais rápido que suas pernas trêmulas agüentam, para apagar aquela terrível visão de sua memória.

A visão de uma menina de cabelos dourados, face de uma boneca de porcelana e os lábios manchados de sangue devorando impiedosamente o vampiro, que antes demonstrava sua ferocidade e seus olhos tomados pela carnificina, agora visualizava apenas o vazio invadindo seu corpo lentamente. A lua que deixava seu lugar no céu para descansar e poder levar consigo a impureza da escuridão, agora esta impedida de conceder seu turno para um novo dia assim nascer. Pois a cólera dos atos de atrocidade ainda manchava com sua vermelhidão o restante da noite. Só quando esta mancha estiver no seu fim, às últimas horas que lhe restam darão a ela o descanso tão desejado pela lua. "Um dia da caça, outro do caçador".


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Notas finais do capítulo

Reviews sempre são muito bem vindas! E leitores também =D