O beijo foi o “Boa noite” entre Lexi e Aiden. Eles foram para os seus respectivos quartos e acordaram algumas horas depois. A menina não foi a faculdade, pois a noite anterior foi muito cansativa e ela não se concentraria o suficiente nas aulas.

Ambos acordaram perto da hora do almoço. O ex-agente fez a comida e eles se alimentaram em um clima agradável. Mas já se podia notar algo diferente neles. A noite anterior tinha mudado algumas coisas. Lexi não parava de pensar no beijo que dera nele, tudo por causa de uma pressão da amiga, que a fez perceber que era afim de Levi.

–Lex, o que foi?

–Ah?! - falou, voltando de seu devaneio – Não é nada, Levi.

–Tem certeza?

–Tenho.

–Alias, eu liguei pro seu tio ainda agora, ele virá para cá. Teremos alguns assuntos a resolver depois do que ocorreu ontem.

–Será que teremos que nos mudar?

–Provavelmente. Ou teremos que colocar trancas em todas as janelas e portas. Por enquanto, com esse plano falho por parte da Paisley, eu posso relaxar um pouco, e você, se recuperar.

–Eu fiquei tão apavorada ontem.

–Eu sei! Dava para ver no seu olhar.

–Ainda bem que estava aqui para me salvar.

–Esse é o meu trabalho não é? Estarei aqui até que você esteja completamente segura da Paisley.

–E pelo dinheiro, claro!

–Isso também! Mas, Lex, você é uma menina maravilhosa. - falou encostando e acariciando o braço dela – É divertida, inteligente, engraçada. Aprendi a gostar de você.

“Com que conotação ele quis dizer isso?” Pensou ela.

–Também gosto de você, Levi. - respondeu tentando parecer indiferente

O coração da menina palpitava. Será que ela estava se apaixonando por Aiden?

O celular os interrompeu. Era Eilinora, preocupada com a amiga.

–Amiga, por que não veio a facul hoje?

–Teve um ataque aqui no apartamento ontem. Acabei indo para a delegacia. Ai voltei a dormir bem tarde, achei melhor ficar, não conseguiria prestar atenção com sono.

–Entendi. As coleguinhas sentiram falta do seu guarda-costas hoje.

–Falando nele...

–O que tem ele? Ah, não, é babado né?

–Se quiser encarar assim.

–Não conta por telefone. Eu vou ai! Passa o endereço!

Lexi fez conforme a amiga pediu. Eili era a única pessoa com que ela podia desabafar essas coisas. A única para quem sempre contou os seus segredos. Sempre que estava gostando de alguém, ou que ficou com alguém, ou quando tinha algum problema por causa de Paisley.

Alguns minutos depois, lá estava Eilinora batendo à porta. O rapaz olhou pelo olho mágico.

–Ué, a Eili? O que ela faz aqui?

–Ela veio me visitar, Levi. Temos que colocar a conversa em dia.

–Hum, sei! Vão fofocar, isso sim!

Abriu a porta e Aiden a cumprimentou.

–Lexi, fiquei preocupada. Caramba, que corte é esse no braço? - falou olhando a sutura

–Foi para proteger o meu pescoço. Vem, vamos para o quarto, lá podemos conversar melhor.

–Ok! Aiden, não nos incomode viu?

–Pode deixar!

Elas correram para o quarto e trancaram a porta. Lexi contou todo o ocorrido da madrugada. Eili ficou completamente chocada com o ataque repentino, a luta, os golpes de Aiden. Porém, ficou mais chocada ainda com a descoberta de Dan Memphis.

–Irmão?! Aiden tem um irmão? Gente, que bafo! - colocou a mão na boca – E ele é bonito?

–Tanto quando o Levi. Tem cabelos castanhos e olhos negros. Ele virá aqui semana que vem.

–Eu tenho que conhecê-lo.

–Eili, sua tarada!

–Tarada nada. Caçadora! Se o Aiden é um pedaço, imagino o Dan, deve ser um bolo inteiro.

Lexi não evitou de rir, tinha horas que Eili dava de falar essas coisas.

–Posso continuar a contar?

Contou todo o resto da história. A ida a delegacia, a conversa com Aiden e o que soube mais do seu passado, o ataque que ele deu e o beijo.

–Lexi.... Você... Nunca pensei que fosse dessas coisas. Safada!

–Olha quem fala!

–Isso porque eu falei para você uma vez! E como foi?

–Ah, foi... Perfeito! Ele beija bem. Ficou todo calminho depois. - sorriu, boba – Parece que ele gostou, porque me roubou outro logo em seguida.

–O quê?! Cachorro! - falou gargalhando – E vocês já conversaram sobre isso?

–Não!

–Como não? Tá na cara que ele gosta de você e você dele. Eu disse que combinam!

–Já falei que quero dar tempo ao tempo. Vou fingir que foram só dois beijos, por conta do momento. Não quero revelar meus sentimentos logo de cara. Alias, ele me elogiou hoje e não tive onde enfiar a cara. Sorte que me ligou!

–Não seja boba em, Lexi. Não demore muito, tem muita gente da nossa classe de olho nele.

–E como foi a aula hoje? Teve algum trabalho ou matéria?

Então, elas passaram a falar das coisas da faculdade.

Enquanto isso, do outro lado, Paisley se reuniu com Kevin. Algumas horas antes, ele tinha pago a fiança de Darius e Ariel e dispensou-os de vez do serviço de assassinar Lexi Aspen Donovan. Se eles não fizeram direito, faria ele mesmo. Afinal, se você quer uma coisa bem feita, faça você mesmo.

Ele e a irmã estavam organizando uma nova estratégia para matar a garota e tinha que ser exatamente da forma que queriam: perfeita.

–Aquele agente que o Maximus contratou é realmente muito bom! Ele é uma pedra no nosso caminho.

–Podemos contorná-lo ou tirá-lo desse caminho.

–Como contorná-lo?

–Fazendo uma coisa que ele não veja. - Kevin disse com uma risada maléfica – Uma forma invisível de matar. Envenenar a bebida da garota.

–Preciso de uma boa oportunidade para isso. Eu não moro na mesma casa que ela, só se... - ela pensou – Estivéssemos no mesmo ambiente. Vai ter uma festa na família na semana que vem, é da filha daquele chato do Maximus.

–Isso é uma coisa excelente.

E prosseguiram com a montagem do plano. Haveria um plano a ser feito após esse, caso não desse certo. E era um plano bem mais radical, que literalmente colocaria o “agentezinho” fora da jogada.

Eilinora saiu uma meia hora depois e O Tio Maximus chegou logo em seguida. Aiden atendeu a porta para ele, que já chegou falando:

–Cruzei com sua amiga no elevador, Lexi.

–Ela acabou de sair daqui, tio!

–E como vocês estão?

–Nós estamos bem, apesar do que aconteceu ontem. - respondeu Aiden

–E temos que ver o nós iremos fazer a partir de agora.

Os três se sentaram na mesa e o ex-agente contou com detalhes o ocorrido da noite anterior. E completou no final:

–Eu sugiro que todas as janelas e a porta do apartamento recebam travas especiais que só podem ser abertas pelo lados de dentro.

–Concordo com você, Aiden. Porém, só acho que isso aconteceu porque vocês estavam em quartos separados. Acho as trancas uma medida muito radical!

–O que você sugere, Tio Maximus? - indagou a garota

–Que vocês passem a dormir no mesmo quarto.

–Como é que é? - Levi não controlou o impulso

–Eu não vejo nenhum problema nisso, meu jovem!

–A Lexi gosta da privacidade dela, Maximus. Acho que ela não vai gostar disso.

–Tenho certeza que vocês podem conciliar isso. Afinal, já estão morando sozinhos há algumas semanas.

O garoto ia contestar mais uma vez, porém Lexi encostou em seu braço, num gesto para fazê-lo parar. Assim, ela completou:

–Tudo bem, Tio. Faremos assim a partir de agora. Mas se acontecer outro ataque, a próxima providência é colocar as trancas no apartamento.

–Ok! Outra coisa, semana que vem é aniversário da Evangeline. - e estendeu o convite - Aiden, você irá com a Lexi ao aniversário. Como eu chamei o Bennett, tive que chamar a Paisley também. Sem dúvidas, ela já está contando com essa oportunidade.

–Certo, Maximus.

–Bem, eu já estou de saída. Qualquer coisa é só me ligar.

Maximus saiu e deixou os jovens sozinhos de novo.

–E agora, o que vamos fazer?

–Em relação ao que, Levi?

–Ao que seu tio falou... Sobre termos que dormir juntos.

–Levi, é só no mesmo quarto. Não precisa ser na mesma cama.

–Eu fico um pouco encabulado com isso. Sei lá!

–Podemos dormir no quarto menor, lá tem duas camas.

–O problema não é dormir, Lex, é justamente essa coisa de dividir o mesmo quarto. Eu sei que as meninas não gostam de ser olhadas seminuas e acho que você também seja assim.

–Levi, é só você não olhar. - ela disse com um sorriso

–Então, faremos um acordo: Eu não te espiono e nem você a mim. Tudo bem?

–OK, Levi.

Então, Lexi foi estudar um pouco. Aiden foi ver um filme.

O garoto ainda se encontrava preocupado com o recente ocorrido. Ele queria era tomar medidas de ataque e não de simples defesa. Mas o que ele poderia fazer? Não era ele quem mandava e não se fazia a mínima ideia do que Paisley e Kevin poderiam fazer agora.