Bem-vindo ao Colégio Van Helmont escrita por Clara Cristiane


Capítulo 4
Capítulo 4




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*30/03 - Sexta*

Por mais que tivessem ocorrido 6 mortes, o caos e a desordem ainda não reinavam no Colégio Van Helmont. Tudo era muito bem escondido, apagado e esquecido. Dinheiro pode comprar tudo, silêncio não podia ser exceção. Me admiro que as pessoas simplesmente deixam passar, aqueles alunos tinham amigos (que os esqueceram), professores (que não notaram) e pais (que obviamente não se importaram).

O que eu quero dizer é que está quieto demais, quieto demais para ser verdade, quieto demais para alguém se importar de nos contratar...

Quem nos chamou?

.

.

.

Acordei com esse pensamento em mente. Estava relativamente feliz por poder assumir controle de meu corpo de novo, e mal podia esperar para que assumissem de novo controle sobre ele. Minha cabeça doía, meu corpo doía.

Eu sei que sou uma pessoa má, mas a assassina psicopata é a Rebekah, o destino não podia dar um corpo só para ela? Uma família única e exclusiva para ela enlouquecer e depois matar aos pouquinhos? Bem, não importa mais, não tem para onde correr, era hora de procurar pistas...

Fui direto à recepção na esperança de conseguir marcar um horário com o diretor.

– Boa tarde jovem senhorita, no que eu poderia ajudar? – Uma senhora de cabelos brancos e uma voz tão gentil quanto seu rosto perguntou por detrás do balcão, ela parece uma avó.

– Hm... Eu gostaria de saber se eu poderia marcar uma reunião com o diretor, é sobre como me adaptar ao colégio e coisas do tipo... – Respondi.

– Meu bem, você poderia ir até a tesouraria e procurar alguém para te ajudar, tenho certeza que qualquer um se prontificaria na hora. Nosso respeitável comandante está muito ocupado...

– É urgente! Meus pais disseram (não mesmo) que isso eu só podia tratar com o diretor. Exijo uma reunião.

– Querida, ele está ocup...

Não deixei ela responder.

– Olha, eu sei que a senhora é muito gentil, mas eu falei que é URGENTE, quer que eu soletre? É caso de vida ou morte, eu levo a sério a escola, e afinal, são meus pais que provavelmente sustentam sua vida aqui. Então marque agora!

– Entendi sua urgência. Marcarei para o fim das aulas. Volte para sua sala. – A doce senhora de repente parecia ofendida.

– Obrigada.

Eu sei que não precisava magoar ela, mas quanto antes resolvermos isso, antes voltaremos para o nosso “lar”.

Michael também não apareceu na aula hoje, definitivamente ele era culpado. Tão fácil de prever...

Depois de um longo dia de aula me dirigi à sala do diretor.

Ela tinha um ar altamente tecnológico, máquinas do chão ao teto, todas as paredes eram revestidas de chumbo e tudo parecia ser frio e sem alma. Cadeiras de ferro, mesa de ferro, planta de ferro. Esse era um visual um pouco diferente do resto do colégio, normalmente a tecnologia era incrementada a estrutura antiga, aqui aquela estrutura foi simplesmente abolida e reconstruída.

Sentei-me em uma das cadeiras na frente do birô do nosso possível “chefe” e aguardei ele retornar de dentro da porta que estava perto da janela. Verifiquei o calendário e notei que já era uma sexta feira, dia 30. Lembrei que os assassinatos ocorriam no sábado, vários sábados já se passaram por sinal...

Cheguei aqui no dia 25, um domingo, o crime que tinha ocorrido na noite passado foi o do garoto da floresta. Quem seria a próxima vítima?

De repente meus pensamentos foram interrompidos pelo foco da minha visita.

– Boa tarde minha jovem, vejo que o assunto deve ser extremamente urgente, no que posso ajudar?

– É sobre os crimes, porque ninguém liga? Porque não tem santuários por ai?

– Crimes?! Como assim? Em minha escola? Isso é sobre uma dissertação que o professor passou?

Aquele homem não estava brincando, aparentemente ele não sabia. O que era esquisito.

– Sim, é sobre uma dissertação! Nosso professor de redação quer que escrevamos sobre um crime nesse colégio! Isso é um ultraje! Recuso-me a fazer, não vejo aqui nada mais do que pura felicidade e paz.

– Concordo com a senhorita, o demitirei agora. Obrigado por nos informar, tenha um bom dia. – Ele forçou um sorriso e eu saí.

Como deixaram aquele desatento no comando desse local mesmo? Ele não sabia do que rolava por aqui, quem nos chamou? Definitivamente perdi meu tempo entrando naquela sala.

Agora eu precisava saber se Mags tinha descoberto algo sobre as mortes, principalmente a que se tratava do meu suspeito. Me dirigi ao nosso QG e para a minha alegria ela tinha descoberto.

– Nadia, novidades! – Notificou nossa monstra nerd.

– Por favor, me diga que é algo que eu posso incriminar alguém! Eu suplico!

– Quase lá. As amostras de sangue da vítima da sua ala mostraram que o culpado utilizou óleo de carro para matar. Michael trabalha com isso?

– Óleo de carro? Por que usariam isso? Para que usariam isso?

– Essa foi a causa da morte, é tudo o que tenho, boa sorte.

– E quanto as outras vítimas, algo a mais?

– Eu adiantei logo a sua porque talvez você não me deixasse em paz se eu não tivesse uma resposta positiva...

– Acertou em cheio! Deixe-me informada, preciso de mais informações.

– Tudo bem, conseguiu alguma coisa?

– Estou querendo saber quem nos chamou para vir para cá, aparentemente ninguém sente a falta de 6 alunos ou tristeza pelo visto, isso é no mínimo curioso.

– Tem razão, não vi nenhum cartaz, santuário ou remorso por aqui. Tudo parece girar em torno de status e riqueza.

– Mais uma coisa, mantenha os olhos abertos, amanhã provavelmente terá um novo homicídio e precisamos estar preparadas. Vou descobrir quem é o ser capaz de amar que percebeu alguns poucos jovens sumidos...

– Me informe também, ajudarei no que puder...

– Estou ligada, agora vou correr e achar Roger, até mais.

– Tchau tchau. – Ela acenou e eu saí.

Fui para o estacionamento roubar um carro, esse povo é rico demais para se importar um pouco com um simples pedaço de lata... Roger estava no local mais longe de todo o colégio, eu que não ia “correr” até lá, era modo de falar.

Bem, chegando lá notei que alguém não estava trabalhando e sim descansando no seu dormitório, pelo menos poderíamos conversar.

Bati em sua porta, ele abriu uma fresta e falou:

– Quem você é hoje? Nadia ou Rebekah?

– Você não era o “senhor-sabe-tudo”?

– Nadia, definitivamente. Entre, sinta-se em casa... – Ele abriu a porta do quarto por completo para que eu entrasse.

– E ai? Acho que você sabe sobre quem está aqui dentro...

– Sim, eu sei. Aceita uma bebida? – Ele abriu o frigobar e me ofereceu algo.

– Pode ser, a longa corrida para ver se você estava trabalhando merece um prêmio!

– Acho que alguém se esqueceu que eu não cumpro regras...

–Tudo bem, regras são chatas mesmo. Porque você não tem colega de quarto? – Perguntei enquanto observava que ele tinha um quarto enorme só para ele.

– Ala A, Ricos feat. Ricos. Sacou?

– Interessante, voltando ao assunto, como sabe da psicopata?

– Não queira saber, é informação demais para a sua pequena cabeça. – Falou ele em som de deboche, e continuou. – Quando vai tirar essa tinta rosa mesmo?

– Não mude de assunto, como você sabe?

– Eu simplesmente sei das coisas, não se preocupe, eu te ajudarei caso ela apareça de novo.

– Você me deve uma resposta. – Comecei a elevar o tom de voz.

– Se acalme! – Ele elevou também. – Na hora certa eu te explico, faça por merecer, ok?

– Faça por merecer?! Quem é você para me falar isso? – Elevei mais ainda.

– Alguém que sabe seu segredo caralho! E chame isso de chantagem, mas se você não se acalmar agora eu vou ligar para a central e relatar seu mau comportamento, eu sou o chefe e eu mando nessa porra. Se você não cooperar será mais do que o resto de sua vida que você vai passar dentro daquele local.

Ótimo! Ele estava me chantageando!

– Certo, se é assim que você quer tudo bem. Eu sou a louca, não é? Mas e ai? Descobriu algo “poderoso chefão”? Tipo quem nos trouxe até aqui? – Falei com um tom mais baixo, mas altamente carregado de veneno em cada timbre.

– Eu visitei o diretor hoje, o cara não sabe de nada. – Informou mais calmo.

– Interessante, então somos dois, passei lá também.

– Ele demitiu o professor de redação?

– Definitivamente ele demitiu o professor de redação.

– Algo está muito errado aqui.

– Você jura? Acho que não tinha percebido...

– Fique atenta, muito atenta. Vá para seu quarto, eu preciso dormir.

Fui embora o mais rápido possível, também não aguentava ficar mais tempo ali, que porre! Para a minha surpresa percebi que meu quarto estava vazio, com exceção de minhas coisas, Milla tinha sumido.

De duas opções uma: Ou ela seria a próxima a morrer, ou Rebekah conseguiu expulsar ela dali. Na pior das hipóteses eu teria mais um mistério e na melhor eu teria um quarto só para mim.

Viva a classe A!


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