Pov Damon Salvatore

Subi as escadas em direção do quarto de minha filha e a vi sentada no chão brincando com suas bonecas. Fiquei encostado no batente apenas admirando aquela menininha que era tudo para mim.

– Papai quer brincar comigo? – percebeu minha presença e logo depois bateu a mão na testa – Ai esqueci que você é menino e meninos não brincam de boneca.

– É verdade meninos não brincam de bonecas, mas pela minha bonequinha eu abro exceção. – dei um sorriso e fui a sua direção sentando no chão junto a ela.

– Pai, você e a mamãe estavam brincando por causa do tio Liam? – minha filha perguntou fazendo-me amaldiçoar mentalmente o nosso descuido por ter falado tão alto.

– Olha amor tem assuntos que só adultos devem saber.

– Mas eu ouvi vocês gritando. – se encolheu puxando a boneca junto pra si – Não gosto de ver vocês dois brigados.

– Tudo vai ficar bem amor. Agora vamos brincar... Como é o nome dessa boneca? – troquei de assunto.

Fiquei brincando com minha filha por alguns minutos até ela ficar com fome e correr para cozinha pedir algo para nossa empregada. Assim que nos mudamos contratamos uma senhora para cuidar da casa, cozinhar e às vezes ser a babá de Mel. Dona Christina, é o nome dela.

Mesmo sem a presença de Melanie no quarto optei por ficar lá até o jantar ficar pronto. O que menos quero neste momento é ficar perto de Elena.

– Senhor Damon, o jantar está pronto. – Dona Chris, como prefere ser chamada, avisou com seu melhor e comum sorriso.

– Obrigada, já estou indo. – assentiu e saiu do quarto. Fiz o mesmo depois de dar um longo suspiro.

Chegando a cozinha vi minha filha e Elena sentadas na mesa já jantando. Assim que me viram, Mel sorriu e minha noiva olhou em meus olhos querendo obter alguma resposta. Dei um beijo em Melanie e fui me servir.

Enquanto comia percebi o olhar de Elena em mim. Ignorei e continuei comendo e logo me levantando para ir dormir, já que amanhã iria acordar cedo para a entrevista de emprego.

– Tem como você conversar comigo? – olhei para Elena que estava deitada do meu lado pronta para dormir assim como eu.

– Conversar o que? Você já disse tudo o que aconteceu e eu já ouvi o suficiente.

Silêncio.

– Por que você está assim? O que te chateia? – virei em sua direção e percebi seu olhar confuso.

– Você mentiu para mim, quer um motivo pior que esse? Então vou dizer... Vim até Londres para lhe dar uma vida melhor, sofri um acidente e fiquei em coma por três anos e o que você fez? – quando abriu a boca para falar levantei minhas mãos – Conheceu outro homem, casou-se com ele e criou nossa filha com esse outro homem. E quando ela perguntava para você sobre mim, o que você dizia? Ou melhor, você alguma vez pensou em mim? – respirei fundo tentando manter o tom de voz.

– Quantas vezes tenho que lhe dizer que pensei que você tivesse me abandonado? – gritou.

– Fale baixo nossa filha está dormindo. – acalmou-se assim que falei de Mel – Como pode pensar isso? Você sabe o quanto eu te amava e te amo, Elena, eu nunca faria isso e você sabe. Não passou pela sua cabeça o por que do meu celular estar indo na caixa de mensagem? Ou o porquê de ninguém ter tido noticias?

– Eu não sei. – pude ver lágrimas se formando em seus olhos – Não em faça sentir culpada por algo que não tenho culpa. Você sumiu, pensei que havia me abandonado. Se acontecesse isso com você iria pensar a mesma coisa.

Silêncio novamente.

– E por que mentiu? – perguntei baixo.

– Não menti, apenas omiti o passado que é passado. – suspirou – Quando te vi naquela maca de hospital me culpei muito. E assim que te reencontrei tudo o que mais queria e ainda quero é retomar nossa vida com nossa filha.

– E como vai ser nossa vida agora que o tal Liam voltou?

– Do mesmo jeito que está desde que estamos juntos, apenas nós três. Não sei se ele mudou-se para cá ou apenas veio passear, mas não importa. Ele não faz mais parte de minha vida.

– Mas faz parte da vida da Mel. – dei um suspirou e virei ficando-me de barriga para cima encarando o teto.

– Mel o ama, mas ela é pequena, vai superar.

Dei de ombros pela sua falta de importância nos sentimentos de Mel. Claro que o que mais quero é o Liam longe, mas minha filha gosta dele e sente sua falta. Eu me importo com seus sentimentos.

Fechei meus olhos escolhendo sair desse mundo de problemas e ir para os mais profundos onde eu ache o pote da felicidade.

...

Acordei com um barulho vindo do banheiro. Olhei para o lado e vi que Elena não estava mais na cama e pude ver ela agachada na privada. Corri para lá.

– Elena... – agachei-me ao seu lado segurando seu cabelo enquanto ela jogava tudo para fora. Esperei ela terminar e a levantei – O que houve?

– Não sei, deve ter sido o queijo cheddar do macarrão. – jogou água em seu rosto. – Te acordei? Desculpa, já estou melhor, pode voltar a dormir.

– Já estava acordado. – menti – Vem, vou lhe dar banho.

– Não, é sério já estou melhor.

– Olha para você. – a repreendi – Está toda pálida e fraca. Vem, vou cuidar de você.

– Obrigada.

Ajudei-a tirar sua camisola e fiz o mesmo apenas com a calça moletom que vestia. Ajustei a temperatura e a levei para debaixo do chuveiro. Ensaboei seu corpo e ela fez o mesmo. Apesar de tudo o que estamos passando, naquele momento era só eu e ela, sem problemas ou diversidades. Era um noivo cuidando de sua noiva.

– Aonde você vai? – Elena perguntou quando me viu vestindo roupa social.

– Tenho uma entrevista de emprego. – respondi dando de ombros. – Acho que não deveria ir trabalhar hoje.

– Já estou bem e qualquer coisa estou no hospital, estarei melhor lá do que aqui. – pegou seu jaleco e sua bolsa. – Você pode levar a Mel?

– Posso. – assentiu e veio me dar um selinho. Não neguei. – Boa sorte. – assenti distante.

Coloquei meu terno e segui em direção a cozinha e vi minha filha tomando alguma coisa branca e biscoito.

– Bom dia meu amor. – beijei o topo de sua cabeça.

– Bom dia papai. – olhou para mim e não pude deixar de rir com o bigode de vitamina que se formou em cima de sua boca.

– Pronta? – peguei um pano e limpei sua boca fazendo-a gargalhar.

– Sim.

– Então vamos.

Agora entendo o que dizem sobre amor paternal. Minha filha é tudo para mim. Por ela eu faria tudo. E nesse momento é por ela que estou aguentando tudo isso.