Naruto estava aflito após o intervalo. Mexia em sua mochila, checava os bolsos repetidamente e, às vezes, aproveitava o atraso da professora de história para olhar os corredores. O desespero do loiro estava estampado em seu rosto: Perdera seus fones de ouvido.

– O que aconteceu? – Sasuke perguntou quando entrou na sala após o intervalo, com um sorriso no rosto.

– Eu perdi... Perdi meus fones de ouvido – Naruto respondeu ocupado, olhando pela milésima vez embaixo da carteira – Você viu eles em algum...

O novato surpreendeu-se com os fones que estavam escorados nos ombros de Sasuke, logo reconhecendo um corte característico do material branco. Abriu a boca e sentiu seu sangue ferver: Ninguém mexia nas coisas de Naruto sem sua permissão.

– Sasuke! Esse fone é meu! – O loiro gritou com sua voz estridente, apontando o dedo indicador para os fios brancos.

– Não é, não.

– É sim! Você acha que eu sou burro?

– Acho. Porque eu peguei eles no terceiro horário e você nem percebeu.

Naruto automaticamente avançou para cima de Sasuke, agarrando os fones de ouvido e empurrando o ombro do moreno para trás, tentando tirá-los a força. Um estrondo se formou na sala com a agressividade de Uzumaki, já que em seu ato, o Uchiha derrubou uma carteira.

– Sr. Uzumaki e Sr. Uchiha! – A professora de história entrou na sala e chamou a atenção dos dois alunos, que eram ironicamente os únicos em pé – Passaram-se duas semanas de aula e vocês continuam com as mesmas brincadeiras tolas! Vejo que terei que tomar estes fones de ouvido e entregar para o diretor.

– Não! – Naruto exclamou, porém tarde demais. A professora já havia confiscado o material e levado para a coordenação ou, considerando sua ameaça como verdadeira, para a diretoria.

Os dois rapazes tiveram que aceitar o destino do objeto (e possivelmente deles, já que provavelmente tomariam outra detenção) e assistiram à aula tediosa de história, enquanto tentavam se distrair das formas mais estúpidas possíveis: desenhando, mascando chiclete ou até mesmo levando os pensamentos para longe da história.

– Sr. Inuzuka! – A voz fina da professora ecoou na sala, chamando atenção de Kiba na porta (estabanado como sempre). – Me dê um bom motivo por ter chegado quinze minutos atrasado.

"Não acredito que só se passaram quinze minutos de aula" O Uzumaki pensou, enquanto observava o Inuzuka sentar-se em sua carteira, dando um breve motivo para ter chegado atrasado.

– O coordenador me chamou. E eu ganhei fones de ouvido! – Kiba gritou sorridente, tirando dos bolsos o fone que Naruto tinha perdido.

Sasuke sorriu de lado e desviou o olhar, para não poder rir descaradamente na cara de Naruto, o que fez o loiro estremecer de ódio mortal pelo o Uchiha.

– Professora! Você falou que ia entregar para o diretor, não para o Kiba. – O loiro exclamou antes que a aula tediosa continuasse, apontando para as mãos de Inuzuka.

– Eu levei para a coordenação. Hoje é a terceira quarta-feira do mês, dia de achados e perdidos no colégio, então o dono tem até 16hrs para falar que o objeto é ou não dele, se não, quem encontrou pode manter o material. – A professora falou desinteressada enquanto ligava o Power Point.

– Mas eu sou o dono! Eu já apareci!

– Eu não acredito que meu pai criou essa regra ridícula. – Sasuke bufou, batendo a ponta do lápis na carteira em uma determinada frequência.

– Isso não é problema meu. Agora vamos voltar para a aula. – A professora deu ombros, abrindo o livro gigantesco de história e escrevendo as atividades no quadro.

– Ei, Kiba – Sasuke sussurrou para o garoto, que se aparentava assustadoramente com um cachorro – O fone é meu, me devolve!

– Mentira! – Naruto também cochichou, estendendo a mão para que Kiba o entregasse o fio branco.

O problema do Kiba (garoto-cachorro) é sua terrível falta de cérebro. Sabe aquele rapaz que colocou os lápisdecor no nariz, na primeira semana de aula? Então, estamos falando dele. Enfim, o problema era como ele conseguia ser manipulado facilmente e, após Naruto e Sasuke afirmarem coisas diferentes do fone, houve um error 404 em seu cérebro.

Assim, ele ficou parado, olhando intensamente para os dois rapazes com as mãos estendidas.

– Sr. Uzumaki, Uchiha e Inuzuka, será que vou ter que retirá-los de sala? – A professora interrompeu o conflito interno na sala, quase sem paciência para as conversas paralelas em sua aula.

– Porra! – Naruto sussurrou, batendo a mão na carteira e voltando para sua posição inicial.

E Sasuke fez o de sempre: Ele riu.

Após as últimas três aulas, chegou a hora do almoço. Era o momento perfeito para Sasuke distrair Naruto e conseguir pegar os fones de ouvido que estavam com Kiba. Afinal, o Uchiha era muito popular e Kiba era o típico rapaz rico que procurava pela popularidade.

– Kiba, você pode me entregar os... – Sasuke começou sua frase, enquanto estava sentado na mesma mesa que o rapaz.

– Não! – Naruto interrompeu, deslizando o prato de seu almoço na mesa e sentando-se ao lado de Sasuke. – Vamos lá, Kiba. Você sabe que são meus! Você me viu com eles no primeiro dia de aula!

– Na verdade, aqueles fones eram meus desde o início – Sasuke disse, enganando o rapaz à sua frente. – Eu e Naruto nos conhecemos tem bastante tempo.

– Seu idiota! – O loiro disse, dando um tapa na cabeça de Sasuke – É mentira isso, eu só conheço ele duas há semanas!

– Eu gostaria que isso fosse verdade. – O Uchiha respondeu, com um rosto de pena para Naruto, tornando aquela situação toda um belo teatro. – Se você me entregar o fone, eu lhe arranjo um encontro com a Hinata.

– Oi? – Kiba perguntou surpreso, levantando-se com a mão no bolso em uma empolgação sem fim para poder entregar os fones para Sasuke. – Feito!

– O quê? – Uzumaki perguntou frustrado – Não dê o pagamento antes do serviço, né, Kiba. Eu lhe arranjo um encontro também, mas você tem que guardar o prêmio. – O novato falou de um jeito esperto, convencendo o Inuzuka a guardar os fones.

– Vai se foder! – Sasuke sussurrou. – Era meu plano, seu estúpido.

O intervalo terminou assim que os três se levantaram da mesa. Agora, teriam uma hora para descansar antes de voltar às aulas, mas Sasuke e Naruto tinham planos para uma ótima conversa com Hinata.

– Boa tarde. – O Uchiha falou para uma garota de olhos claros e cabelos azulados, sentada na grama e escorada na árvore. – Posso lhe acompanhar?

"O que esse babaca tá fazendo agora?" Naruto se perguntou, observando atrás de uma pilastra a tentativa de Sasuke, que buscava toda sua educação e bom vocabulário como um britânico do século XIX. Logo, o loiro espantou-se ao ver Hinata rindo gentilmente e ficando corada. Era o momento perfeito para Uzumaki entrar na conversa.

– Sasuke, que porra é essa? – Naruto perguntou, com os braços abertos e rosto confuso. – Sua namorada sabe que você está traindo ela de novo?

– O quê? – Hinata curvou as sobrancelhas e fechou os livros que estavam em seu colo, ficando furiosa com a situação.

– É mentira! Eu nem conheço esse cara! – Sasuke tentou reverter à situação, olhando nos olhos claros da garota e segurando suas mãos.

– Na verdade, a gente se conhece tem bastante tempo. – Naruto revidou, forçando para não rir de todo o teatro. Obviamente, após a afirmação do loiro, Hinata saiu furiosa pelos gramados da escola e foi encontrar as amigas para desabafar sua raiva.

– Qual é o seu problema? – Sasuke perguntou, levantando-se da grama e encarando Naruto com sua pior cara.

Sem responder, Uzumaki tentou encontrar com Hinata enquanto ela ainda tentava alcançar suas amigas patricinhas. Sasuke, obviamente, teve como missão impedir que isso acontecesse e, ao ver Naruto dar os três primeiros e longos passos, segurou o tornozelo do mesmo, o fazendo cair com o rosto na grama.

Com os joelhos e nariz doloridos, Naruto – ainda jogado nos gramados – viu Sasuke chegar mais perto de Hinata e então, em um dos atos bem pensados do loiro, esticou o braço e se arrastou pela grama para alcançar Sasuke, que também segurou em seu calcanhar, o fazendo cair.

– Porra, Naruto! – O Uchiha exclamou, quando caiu com o peito na grama da escola.

Hinata automaticamente olhou para trás, ao ouvir o barulhoCurvou as sobrancelhas como quem diz "Qual o problema mental de vocês?", e provavelmente com medo, Hinata correu e fugiu da vista dos dois rapazes.

– Você a assustou! – Sasuke reclamou novamente, apontando para a garota que sumia da vista dos dois.

– Eu? – Naruto perguntou encabulado – Vá se foder, você que me jogou no chão primeiro!

Enquanto ficavam alguns bons dez minutos discutindo nos gramados do colégio, o sinal para volta as aulas bateu, e os dois foram obrigados a entrar na aula de sociologia. Pelo menos, Naruto entrou em sua classe, enquanto Sasuke foi conseguir o que queria.

Sasuke aproveitou o movimento dos alunos após o sinal para procurar Hinata, e logo encontrou os olhos claros no corredor do terceiro ano. Suspirou casado, afinal, subiu três andares correndo.

– Hinata! – O Uchiha a chamou, segurando em sua mão e a puxando para perto.

– Que foi, seu estranho?

– Eu preciso de um favor seu. Para eu conseguir uma coisa pessoal minha – O moreno foi direto ao ponto – Eu lhe consigo tudo o que você quiser, mas você tem que fazer isso primeiro.

– E eu vou lá querer algo de você? – Respondeu rude, soltando da mão do rapaz que a segurava.

– Por favor! Eu preciso que saia com meu amigo Kiba, para eu conseguir a coisa que eu mais desejo na minha vida. – Implorou – Eu faço tudo que você quiser!

– Bem, tem uma coisa que eu quero sim. – Hinata fitou os olhos de Sasuke, corando levemente e batendo a ponta dos dedos indicadores. – Eu gostaria de sair com o Naruto.

– Oi? – O Uchiha surpreendeu-se, pois primeiramente achou que a Hyuuga pediria um encontro com ele mesmo, não com o Naruto. E por isso ficou incomodado, sentindo uma ponta de ciúmes.

"Hum, eu com ciúmes daquele babaca?" O Uchiha riu com seu pensamento e coçou a nuca. Suspirou meio distraído e voltou o olhar para Hinata: – Okay. Eu faço ele ir ao baile de primavera com você.

– Ok. Então, fale para Kiba: Sexta-feira, oito horas.

O Uchiha, ainda bastante incomodado com a situação, pegou seu telefone para enviar uma mensagem à Kiba dizendo, que conseguiu o que ele queria e agora iria querer sua recompensa. Poucos minutos depois, quando estava sentado para sua aula de sociologia, recebeu os fones de ouvido.

– O que? – Naruto gritou como sempre, passando as mãos na bochecha e as escorregando, tentando interpretar todo seu desespero. – Eu não acredito nisso!

– Idiota! – Sasuke falou com seu melhor sorriso, mostrando os fones em suas mãos.

Foi assim que Naruto aceitou o destino triste do fone de ouvido que comprara com seu próprio dinheiro. No caminho de casa, enquanto o sol ia embora para receber a lua, o rapaz pensava em Sasuke: "Aquele idiota", o loiro pensou "Pelo menos eu sinto menos como um novato quando estou perto dele."

– Ei, Naruto. – O loiro escutou a voz familiar.Virou-se e viu Sasuke com as mãos no bolso.

– Oi? – Naruto respondeu confuso.

– Toma. – Sasuke esticou a mão, oferecendo com os fones de ouvido.

– Sério?

– Não me faça trocar de ideia – O moreno riu, entregando os fones para Naruto.

O loiro corou um pouco ao sentir a mão quente de Sasuke – obviamente, ele devia ter corrido bastante até o encontrar na rua vazia. Sorriu de lado e pegou os fones de ouvido, voltando a andar.

– Você tem um par para o baile de primavera – Sasuke anunciou, colocando com as mãos na nuca.

– Sério? Quem?

– Hinata. Ela só aceitou sair com o Kiba porque claramente ela tem um problema mental. Afinal, sair com um retardado para conseguir outro como par é idiotice.

– Vai se foder. – Naruto riu, arrumando sua mochila nas costas. – E por que raios você tá me seguindo no caminho de casa?

– Seu idiota, esse também é um caminho pra minha casa, só que eu passo por cima.

– Então, você gosta de ficar por cima... – Naruto riu, dando cotoveladas no braço de Sasuke.

– Ai, meu deus, deixa de ser idiota.