Em Busca da Verdade escrita por Camy


Capítulo 3
Encontrando o passado parte 2




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Misty P.O.V.

— C-claro que eu gostava muito dele, minha linda. Afinal, ele era meu amigo – falei tentando manter minha voz estável, mas acho que saiu meio fraca.

— Não estou falando desse tipo de gostar, mamãe! Você era apaixonada por ele!

— Deixe de ser boba! Se fosse apaixonada por ele, não teria me casado com seu pai, não acha?

— Não sei, talvez tenha acontecido alguma coisa, né? Algo que te magoou muito!

— Deixe de ser boba, éramos apenas amigos!

— Por que o “éramos” mamãe? Por que não o “somos”? O que realmente aconteceu?

— Nada, meu amor, você está deixando a sua mente viajar um pouco!

— Não são mais amigos?

— Não, não somos mais amigos! – cheguei ao ponto de quase gritar. Nossas vozes aumentavam ao passar de cada palavra. – Mas isso porque ele é e sempre foi um idiota, e porque quando nós brigamos, eu era muito ingênua. Nada mais. Foi uma briga besta que dura… seis anos, e não irá se resolver de uma hora para a outra!

— Minha idade! Por isso que eu nunca o conheci, porque vocês brigaram antes de eu nascer!

— Isso, agora, tá na hora de você ir pra escola não?

— Mas eu quero conversar mais com você!

— Quando você voltar. – ou nunca, sempre há essa opção também.

— Mas...

— Nada de “mas”! Vamos logo!

Mesmo relutante, ela largou as fotos, mas pediu-me uma coisa.

— Ma!

— Quê? – ela, às vezes, me chama apenas de Ma, para não precisar dizer mamãe.

— Posso levar essa foto comigo?

Não era a foto que ela havia me mostrado antes, era pior: Uma foto onde eu e Ash estávamos juntos, nos divertindo. Ele estava atrás de mim, eu o havia irritado e corri, Ash veio atrás com seu Pikachu em seu ombro e o meu Psyduck saiu da minha pokebola. O Brock pegou a câmera e gritou: “— Olhem pra cá!” nós dois olhamos, e fizemos pose, depois voltamos a nos diverti. Sem perceber, depois disso, eu acabei caindo no lago. Ash começou a rir, até que eu o puxei para a água também. Foi um dos dias mais divertidos da minha vida. Brock se atirou no lago, e os nossos pokemons nos seguiram. Eu nunca me esqueci daquele dia, essa foto trás lembranças demais, vai estar mais segura com a Yuki, não vai?

— Posso ficar com essa foto? – Kira repete a pergunta, preocupada com meu olhar fora de ar.

— P-pode sim. Mas não mostre a ninguém, a não ser que você ache necessário, ok?

— Sim! Amo você, mamãe!

— Também te amo, filha.

Ela me abraça e desce as escadas. Eu fico alguns minutinhos a mais, apenas para pensar, aquilo está indo longe demais. Eu cheguei ao ponto de quase gritar com minha pequena. Ela não pode ficar cavando o meu passado. Meu passado é apenas meu e assim deve ficar. Kira precisa ficar longe dele.

Antes de descer, procuro meu diário no meio daquelas fotos e, quando acho, um buraco, que antes estava um pouco cicatrizado, volta a se abrir em meu peito. Ignoro completamente a dor, e simplesmente coloco meu amado e precioso diário embaixo de meu travesseiro. Guardo a caixa em um lugar onde o Rudy nunca acharia, não quero magoá-lo; guardo-a embaixo da cama. Então, dou um jeito de ignorar a dor das lembranças. Respiro fundo e empurro tudo para a parte da minha mente que eu prometi a mim mesma jamais revirar novamente e desço as escadas, atrás de meu precioso tesouro.

Quando chego, o ônibus que leva Yukira para a escola já chegou, então dou um beijo na minha filha, e ela vai embora. Observo-a abrir a porta e me mandar um beijo antes de sumir. Minha pequena… vivemos tão bem, por que mexer com coisas que apenas vão nos magoar?

— O que vocês conversaram? – Rudy perguntou, carinhoso.

— Rudy, eu não consigo mais. – desabafo. Nunca me senti tão mal, pois ele vem sendo meu melhor amigo desde que tudo aconteceu, mas… bem. Eu não consigo mais.

— O que você não consegue mais, meu amor? – droga, Rudy. Para de parecer tão preocupado. Não faz isso ser ainda mais difícil do que já é.

— Viver assim. – disse com meus olhos cheios d’água.

— Assim como? Seja lá o que for, eu cuido para que nunca mais lhe incomode! – disse se aproximando de mim, mas eu recuei alguns passos.

— Não Rudy, o que eu quero dizer é que não aguento mais essa farsa toda que é o nosso casamento! Isso apenas me magoa! Não consigo mais viver assim Rudy!

— V-você não sabe o que está dizendo! Você me ama! Prometeu quando nos casamos que iria aprender a me amar!

— E eu tentei! Tentei mesmo! Mas eu não consegui! Você é um grande amigo, Rudy! Mas apenas isso. Apenas um amigo. – não consigo mais manter o olhar e desvio minha atenção para o chão. A tristeza em seus olhos é uma tortura para mim.

— Então, você quer… quer… – mas as palavras não saem direito de sua boca, é como se ele não quisesse aceitar.

— Que nós nos separemos, Rudy. Não consigo mais! Ok? Isso me magoa a cada dia! Já falei com a Yuki, ela disse que se eu achava melhor assim, então… – mas não posso terminar a frase, pois Rudy me interrompe.

— A Yuki, sempre a Yuki! É só ela que importa para você, não é? Lógico que é, afinal, ela é filha do seu amado Ash! Mas ele não sabe! Não acreditou em você! Acreditou em mim! Acabou tudo! Estragou a sua vida! E você sofreu tanto! Mas estava grávida, e não queria que ele a achasse uma interesseira! Escondeu a gravidez o máximo que pôde, mas aí tinha a questão… quem vai ser o pai? E é lógico que você pensou: “o Rudy! Ele faria TUDO por mim, os sentimentos dele não importam! Desde que minha filha tenha um pai! Não importa que esse pai também tenha sentimentos! Ele é apenas um brinquedo que posso descartar quando bem entender!” Foi isso, não foi? VOCÊ ME USOU MISTY! – ele começa a gritar comigo.

— Rudy! Claro que não, eu... – mas ele não me ouve.

Me segura com força, meus braços doem, ele é mais forte que eu. Meus olhos estão cheios de lágrimas com a força que ele me aperta e com as lembranças que ele trás a tona, sem dó nem piedade.

— Não tente negar! NÃO VAI ADIANTAR! Nem tente se soltar, eu sou mais forte que você! Você vai vir comigo! EU sou seu marido! EU amo você! EU te ajudei a criar aquela criatura insolente que acabou de sair dessa casa! – ele estava descontrolado, gritando, apertando meus braços com força e me magoando como pensei que ele nunca faria. Mas ninguém tem o direito de falar assim da minha filha, nem se essa pessoa ameaçasse me matar.

— Não fale assim dela, ela gosta de você, já me disse isso! – tentei consertar o estrago, mas não adiantava.

— Não me importo! Vamos viajar! Apenas eu e você! Aquela praga pode ficar com o idiota do Brock e com aquelas bobocas das suas irmãs! Afinal, todo mundo gosta dela não é? – ele parecia estar louco. Os olhos brilhavam de uma forma que eu nunca vi antes. Nunca senti tanto medo na minha vida.

— Não fale assim do meu amigo, das minhas irmãs e nem da minha filha! Eles não fizeram nada! Ninguém fez nada!

— Você fez! Mentiu para mim!

— Rudy! Eu não consigo mais!

— CALA A BOCA! – ele me aperta mais, me fazendo soltar um grito. – Fica quieta! Escreva um bilhete! Enquanto isso, eu vou fazendo as nossas malas, mas não vou mexer na nossa cama, pois quero que todos lembrem como fomos felizes!

— Rudy! Eu e você nunca fomos felizes! Nunca aconteceu nada naquele quarto entre mim e você!

— Mas as pessoas acham que sim!

Ele me soltou e foi para cima. Comecei a chorar, mas escrevi o tal bilhete.

"Yuki, Brock, Dayse, Lily, Violet e Yuri! Amo muito vocês, mas eu e Rudy fomos em uma viajem de última hora. Ainda não sei ao certo aonde vamos, então não posso dizer, estou deixando meu celular aqui, então não poderão me ligar, não sei ao certo quando vou voltar, peço a um de vocês que fique com a Yuki. Amo muitíssimo vocês, não posso levar meus Pokémons, então peço que cuidem deles, tem comida na geladeira. Cuidem bem deles, e retirem tudo da geladeira para nada estragar. Amo vocês mais do que qualquer outra coisa, mais do que minha própria vida! Se cuidem, por favor!

Beijos Misty."

Eu releio o bilhete para ter certeza de que tinha ficado algo subentendido, mas que apenas alguém que me conheça muito bem o perceba. Está bom, então coloco em cima da mesa.

Como não há nem sinal do Rudy, escrevo uma carta e a escondo na geladeira. Então sento-me no sofá.

Não conseguindo conter as lágrimas, elas escorregam pelo meu rosto, e lembro-me de quando eu e Ash éramos felizes e ficávamos imaginando como seria ter uma filha, que nome dar… mas então Rudy volta.

— Escreveu o bilhete, amor? – pergunta.

Ele parece estar mais calmo, mas, mesmo assim, prefiro manter uma pequena distância.

— Sim.

— Deixe-me ver, não quero arriscar que você contou tudo nesse bilhete.

Entrego a ele o bilhete e depois de ler, ele diz:

—Muito bom.

— Rudy, e se eu não quiser ir? – pergunto. Não importa o que ele quiser fazer comigo, desde que minha filha fique comigo, o resto não importa. Além disso, sei que Togepi e os outros acabam com Rudy em cinco segundos.

— Aí – responde com um sorriso sínico no canto dos lábios –, quem paga as consequências é a Yukira.

Gelo ao ouvir isso, ele sabe me manipular.

Saímos da casa e olho para ela uma última vez. Togepi presenciou tudo, junto com meus outros Pokémons. Assim que saio, posso ouvir o choro deles. Isso me quebra por dentro, mas não posso fazer mais nada.

Continua...


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