Minhas lagrimas secam e fico confusa. Ele segura as costas da cadeira com as mãos e a aperta. Entendo exatamente o que ele está fazendo. Ele para de apertar a cadeira e . Ele murmura alguma coisa que não consigo ouvir e vou me afastando devagar e chegando ao telefone, sem que ele veja digito o numero um (que seria o de Haymitch na chamada rápida) e ele logo atende. Enquanto Peeta se levanta ouço a voz de Haymitch atender a chamada.

– Snow tinha razão. – começa Peeta. – Deveria ter matado você enquanto pude. Você matou minha família. Você que colocou fogo na padaria! Você matou todos! Você fingiu que me amava e agora vai me matar também! Foi tudo culpa sua! – ele me empurra e bato no espelho que havia na sala, quebrando-o. – você não merecia viver! Vou fazer com você o que você fez comigo! E agora, Srta. Everdeen – ele diz parecidíssimo com o tom do Snow. – Gale não está aqui para proteger você. Ele não está aqui para você fugir de mim e ir com ele, beijar ele e abraçá-lo, pensando em como seria bom se livrar de mim!

A porta abre com um estrondo e Haymitch chega. Peeta olha para ele e depois vai para cima de mim, colocando um dos cacos do espelho em minha garganta.

– Se você se aproximar, eu mato ela. Já era esse o plano. – Peeta ameaça.

– Peeta, por favor. – digo sentindo o vidro me cortar.

– Cala a boca Katniss. – ele grita.

– Haymitch vai se aproximando de Peeta e eu tento me soltar, mas não ganho contra a força de Peeta. Ele me vira para sua frente e me encara.

– Não procure mais o antigo Peeta, ele se foi. – ele diz sério. Nenhuma lagrima em seus olhos vermelhos.

– Agora Haymitch! – grito.

Faço força contra o braço de Peeta que estava me cortando. Haymitch segura os braços dele e eu me solto apavorada e sangrando. Mãos, pescoço e braço. Me lembro dos primeiros Jogos, mas balanço a cabeça tentando esquecer.

– Vai para a minha casa Katniss! – Haymitch grita imobilizando Peeta. Saio de casa cambaleando e as ultimas coisas que ouço é a voz grave de Haymitch dizendo para Peeta se acalmar. Chegando lá me sento no sofá e começo a chorar mais, não procuro ataduras nem algo para me limpar. Não queria fazer nada disso, queria apenas ficar parada como se nada tivesse acontecido, como se Peeta estivesse normal e eu também. Olho para meu braço que fez uma mancha pequena de sangue no sofá embaixo dele e depois olho para a janela. Vejo apenas Haymitch andando e saindo pela porta e trancando. Saio correndo até ele.

– O que aconteceu com ele? – grito, abalada e com raiva.

– Ele está bem, se machucou um pouco, mas está bem. – ele responde.

– Outro ataque? – pergunto já sabendo a resposta.

– Sim, esse foi dos ruins. Ele não se controla mais como antes, ele...

– O que foi? – falo séria.

– Katniss, ele não é mais o antigo Peeta. Se ele tiver oportunidade ele vai te matar.

– Haymitch, se ele quisesse mesmo isso, ele já teria feito.

Ele coloca suas mãos no meu ombro e vamos para sua casa. Chegamos e ele coloca água para ferver e limpa meus ferimentos enquanto separo as ataduras. Pergunto se ele já havia arrumado as malas para ir para a Capital e ele reponde que sim, e que parte logo de manhã.

– Nós precisamos ir? – pergunto.

– Vou explicar para a Paylor a situação... Mas... Katniss, não é uma escolha, vocês têm de ir. Desculpa queridinha, mas seu marido e você tem que se acertar e ir.

– Ta... – penso como irei fazer com que Peeta vá para a Capital.

Ele acaba de fazer os curativos e vou me deitar, começa a chover forte e as luzes da minha casa estão apagadas. Tento dormir, mas as janelas ruins de Haymitch fazem um barulho insuportável com o vento. Desço as escadas e fico do lado de fora da casa sentada na fonte, olhando para dentro da casa onde Peeta está. Passam-se 1 hora e a luz do quarto acende. Em seguida a do corredor, a da sala e então... Peeta abre a porta com a chave reserva. Provavelmente Haymitch não sabia da existência dela.

– O que você está fazendo ai, Katniss? – ele pergunta. Não mexo um músculo e o vejo se aproximar de mim. – o que está fazendo na chuva? – ele se aproxima ficando a dois metros de distancia.

– Tudo bem... – falo quase chorando por ver ele assim. Tão diferente... – eu gosto dela.