Just Breathe escrita por Wonderland


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

quem diria... 2 capítulos em 1 dia :D



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Minha perplexidade é idêntica a de uma pedra. Imóvel. Gale sai e bate a porta a espera que eu vá atrás dele. Peeta aperta as costas da cadeira e sei que significa mais um ataque. Saio correndo para fora de casa presumindo que este seria pior do que os anteriores. Gale me vê e vem até mim.

– Viu? É isso que você quer para sua vida? Um monstro? - diz ele apontando para a casa.

– Gale... Eu não... – engulo a próxima palavra quando ele se aproxima mais.

Ele aperta meus ombros com as mãos de maneira dolorosa.

– Ele fez isso! - ele grita comigo. - Por favor! Fuja comigo!

– Gale, está machucando! - falo e vejo Peeta sair de casa com os olhos vermelhos.

– Solta ela. Agora. - rosna ele.

– Me obrigue.

Peeta parte para cima de Gale e os dois brigam. Socos, cotoveladas e chutes se seguem. Peeta dominado pelo veneno e Gale pela raiva. Haymitch sai de casa cambaleando sóbrio.

– Parem vocês dois! – ele ordena inutilmente.

– Eu já mandei sair! - Gale se afasta e tira uma arma que estava presa ao seu sinto e aponta para Peeta enquanto limpa o sangue escorrendo de sua boca. Peeta cerra os punhos querendo ir para cima de Gale e provavelmente o mesmo puxaria o gatilho. Quando vejo movimento nos pés de Peeta me ponho a sua frente.

– Ei, olha para mim. Se acalma – falo, porém tarde demais. Suas mãos já estão no meu pescoço e esqueço como se respira, pela segunda vez. Mas antes que eu feche os olhos, vejo os dele se tornarem azuis novamente, no estante em que ouço o tiro vindo da arma de Gale.

Acordo no hospital. Gale do meu lado e Peeta fora do meu alcance de visão.

– Ta tudo bem. - ele estica a mão para encostar-se a mim e me afasto antes que ele o faça. O tiro de raspão em meu braço sugere que o em Peeta foi na mosca.

– Cadê ele? - falo tremendo.

– Preso. Em um quarto. - ele diz tirando a mão e levantando-se. – você realmente o ama.

– Sim. - respondo rapidamente.

– Mesmo com tudo isso... Prefere ficar com ele à comigo?

Abaixo a cabeça, mas depois levanto e concordo.

– Você atirou em mim. – sussurro ainda tremendo pelo choque.

– Para te proteger.

Um aperto no coração se segue e lagrimas caem. Ele se aproxima e tenta me tocar. Quase sem respirar, sussurro as palavras, mas ele não as escuta. Engulo o choro e parece que outro tiro foi em mim dado.

– Vai embora. - digo entre os dentes. A coisa mais difícil é dizer Adeus, mas a pior é você ter que afastar alguém sem nem precisar usar essa palavra. - Por favor. Vai embora.

– Katniss...

– Não torne isso pior do que já é.

– Isso é culpa dele...

– Não Gale! Isso é uma decisão minha! Vá embora. Por favor.

– Será um prazer. - e essas foram suas ultimas palavras depois de sair da minha vida.

Mais um tiro. E assim, me torno uma espécie de tiro ao alvo em que a munição são palavras. Reflito sobre a cena anterior deitada na cama até que um estalo em minha cabeça me acorda.

– Peeta... - converso comigo mesma. - vá atrás dele. Desconecto os fios juntos a mim e vou cambaleando pelo hospital. Gale passa pela porta de saída sem olhar para trás. Faz um tempo que ele falou comigo. Estaria fazendo o que?

Avisto o quarto de Peeta. Um sorriso sigiloso aparece nos meus lábios. Iria encostar à maçaneta quando um dos médicos me barra.

– É melhor não. - ele fala com pena.

– O que? - pergunto desentendida e Haymitch aparece do meu lado e abraça-me enquanto segura minha cabeça em seu ombro.

– Eu sinto muito Katniss...

– O que? - me falta ar.

– Ele... O tiro acertou nele. Ele não é de ferro...

Me solto de Haymitch e começo a gritar. Alto, para que todos saiam de perto de mim. Corro para o quarto dele e entro. Os aparelhos ligados e apenas um corpo na cama.

– Peeta... Não... Não...

– Katniss calma. - me consola Haymitch.

– Oi - ele fala fraco.

– Oi... - repito. - não vai embora, por favor.

– O que você está falando, eu não vou a lugar nenhum... É uma promessa. - ele diz dificilmente e fechando os olhos.

– Ta...

– Você está bem? - ele os abre novamente.

– Sim. Melhorando. E você?

– Nada bem...

– Peeta você...

– Desculpa. Mas... Eu... Está doendo. Muito.

– Peeta... Os médicos vão dar um jeito.

– Não... Não vão não. - ele sorri abalado. – Eu sei o que os médicos estão comentando sobre mim.

– Fica comigo.

– Katniss... Eu disse que não iria a lugar nenhum, e eu não vou... Vou ficar com você para sempre. Eu observava você voltar para casa e eu continuarei observando.

– Você prometeu que ficaria comigo...

– Desculpa...

– Peeta.

– Não vou a lugar nenhum, Katniss. Vou ficar aqui. Com você... - seus olhos percorrem os meus e param. Fixos para algum ponto distante da parede. E sua respiração se acalma. Sua mão que antes estava tao forte segurando a minha, fica fraca e a solta. E então há um coração a menos batendo no quarto.

– Quem dera se isso fosse verdade. - lágrimas aparecem quando vejo seus olhos opacos. - Peeta não brinca comigo. Acorde. Vamos. Vamos para casa. Não consigo fazer o livro sozinha... Vamos, acorde... Acorde. – balanço seu corpo na cama e Haymitch me impede de ficar junto a ele me puxando para fora do quarto.

– Calma. Calma, Katniss. - ele fala me abraçando forte e sinto-o chorar. - desculpa.

Não consigo tirar os olhos do quarto onde ele está e vejo dois médicos chegando. Eles abrem a porta e ouço um deles falar "Desligue os aparelhos”.

– Não! Não faça isso! - berro entrando no quarto onde eles estavam. – pego os fios e os ligo novamente na parede. - Acorda! Acorda! Anda! Agora, acorda! Vamos!

O abraço e me deito sobre ele sentada na cama. Levanto-me e seguro seu rosto virado para mim. Seus olhos fechados e apenas uma mancha de sangue do lado esquerdo de seu tronco.

– Não me deixe aqui. Não quebre a promessa! – me levanto e vou para o canto do quarto.

Sento-me juntando as pernas e colocando as mãos nos meus ouvidos novamente e olhando eles desligarem novamente os aparelhos. – Não é real. Não é real. Não é real! Não é real...


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