Álcool, Shirley e rock n' roll escrita por AnaMM


Capítulo 3
Equívoco


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo entregue on time, e o primeiro já com a novela no ar. Algumas coisas no curso geral foram acertadas de acordo com o que mostra na novela, então não se assustem com certas diferenças como Shirley e Helena "amigas", que, mais pra frente, ficará mais parecido(exceto que na fic rola ShiPe ;)). Espero que gostem ^^



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Shirley voltou para casa confusa. O beijo de Felipe havia mexido com ela. Jamais havia visto o irmão de Helena de outra forma, gostava de Laerte, mas o ato inesperado do nerd a pegou de surpresa tanto quanto a deixou sem ar. Não apenas sem ar por ser passional e urgente, estava realmente em êxtase, sem conseguir esquecer o que acontecera. Estava errado, não podia perder o chão daquela maneira por um Fernandes. Era Laerte que queria, desde pequena. Felipe era nerd, patético, frequentemente o encontrava bêbado... Não podia estar mexida com o irmão de Helena.

– Shirley! Estávamos te procurando, minha filha! Miss Esperança! Que espetáculo! - A mãe exclamou empolgada.

A empolgação de nova rica de Mafalda incomodava a filha. Nas ruas, muitas vezes tinha vergonha de andar com a mãe. Aos olhos de Shirley, era brega e inconveniente. Se soubesse o que havia acabado de acontecer, no entanto, seria ainda mais insuportável. A família Fernandes e a família Soares eram rivais, mais um motivo para Shirley não perder o chão por Felipe. Era um erro em qualquer sentido. Precisava focar em Laerte, em incomodar Helena.

Já em seu quarto, ainda perturbada pelo acontecido, percebeu o que estava à sua frente o tempo inteiro: o quanto a ação de Felipe lhe seria útil. Não podia estar gostando do garoto, contudo, para tê-la beijado daquela forma, estava claro que o nerd sentia algo por Shirley tanto quanto ela estava mexida. Usar o irmão de Helena a incomodaria tanto quanto qualquer outra armação. Poderia provocar Felipe e até arrancar dele informações ou usá-lo para o que aprontasse, sendo o nerd irmão de sua rival e melhor amiga. Destruiria Felipe Fernandes enquanto o usaria para acabar com Helena. Fazer com que o irmão de Helena se interessasse em nada atrapalharia suas tentativas de conquistar Laerte. Talvez até ajudasse, podia fazer ciúme no músico. Usaria o incômodo gerado pelo beijo a seu favor.

Incômodo que não a deixava em paz. Pensava no beijo a todo e qualquer instante. Beijava bem para o perdedor que era. Estava certa, porém, que a sensação de que havia sido o melhor beijo que recebera (jamais admitiria que correspondera) era causada apenas pela surpresa, e nada mais que a surpresa. Sequer esperava que Felipe beijasse bem, muito menos que a beijasse. Se comparasse com qualquer outro sem levar em conta o fator "nerd imbecil que deveria beijar muito mal", veria que não havia nada demais no beijo. Nada. A sensação de vertigo passaria em poucos dias, com certeza, e, então, voltaria a focar em Laerte.

–x-

Os tais dias se passaram. Tentou não encontrar Felipe enquanto ainda estivesse mexida. Voltara a investir no namorado de Helena, sem muito sucesso, como sempre. O músico era realmente apaixonado pela prima. Não pôde, no entanto, fugir do nerd por muito tempo, sendo ele irmão de sua melhor amiga.

– Que foi, Shirley? Quem você tá procurando? - Helena questionou ao ver a hesitação da melhor amiga em entrar na casa.

– Nada, não foi nada. - Shirley tentou disfarçar.

Respirou aliviada ao encontrar a sala vazia. Mais calma, deu atenção à amiga de infância. Helena discursava sobre alguma incerteza em relação a Laerte. A ingenuidade da amiga divertia Shirley. Mal sabia a morena que confidenciava suas inseguranças a quem menos queria aquele namoro indo adiante.

Felipe parou onde estava. Ao sair de seu quarto, deparou-se com quem menos queria encontrar naquele, ou em qualquer outro momento pelo resto de sua vida. Queria enterrar a cabeça contra a parede, fugir pela janela, congelar tempo e espaço e escapar do inevitável encontro com a miss. Ainda não tinha entendido por que a beijara, tampouco queria entender. Nos últimos dias, havia conseguido evitá-la. Infelizmente, evitar a melhor amiga da irmã não era uma tarefa tão simples.

Clara apareceu ao seu lado. Observavam a sala do corredor. A caçula entendeu em um instante.

– Ei, bisbilhoteiro! - Surpreendeu o irmão em tom suficientemente baixo.

Felipe ensaiou explicações para a irmã.

– Quer saber o que ela achou do beijo? Duvido que ela conte pra Helena. - Clara zombou.

– Eu não confio nela, Clarinha. Tá vendo o olhar cínico? Ali! Aquela virada de rosto! Ela é falsa. - Felipe minuciou.

– Deixa eu ver se eu entendi: você tá querendo descobrir se a Shirley é uma feiticeira pra poder justificar o beijo, é isso? - Clara balançou a cabeça descrente. Homens...

– Lógico que não, Clara, você pirou? - Felipe protestou. - Eu só não confio nela. Eu vi ela dando em cima do Laerte no dia do desfile.

– E eles não podiam estar só conversando?

– Ela tava praticamente se esfregando nele!

– Não grita, seu louco! Você quer que elas nos escutem?

– Eu só quero que ela saia dessa casa o quanto antes. - Felipe confidenciou. - Eu ainda vou desmascarar essa Shirley, ah, se vou!

O nerd retornou ao seu quarto, incomodado. Clara o acompanhou.

– Eu não entendo isso. Vocês eram tão amigos! Pra mim, essa implicância tem motivo maior.

– Até o momento em que ela começou a correr atrás do Laerte também. Eu estou apenas zelando pelo bem da nossa irmã. - Explicou enfaticamente, pegando um livro de sua cômoda.

– Zelo pela Helena? Sei... A nossa irmã sabe muito bem se cuidar sozinha, você tá é com ciúme! - Clara acusou. - Você gosta da Shirley. - Enfatizou cada palavra, para garantir a atenção do irmão.

– Você enlouqueceu? - Felipe protestou abismado.

– Eu sei o que vi. Aquele beijo não foi nenhum acidente, muito menos indesejado. Vocês dois se entregaram.

– Aquele beijo foi um equívoco. Eu estava bêbado e inconsciente. - O nerd justificou.

– O seu nascimento foi um equívoco, os seus óculos são um equívoco e essas roupas são um equívoco. Aquele beijo, maninho, foi muito mais do que isso.

– Ei! - Riu com a irmã. - Eu fui um acerto, mas não aquele beijo. Eu não quero nada com a Shirley!

– A sua razão pode não querer, mas o seu corpo... Ainda mais vivendo na seca como você vive, seu nerd! - Clara zombou, empurrando o irmão de leve. - Então, você vai se esconder até ela ir embora, ou vai virar homem e ir comigo até a cozinha?

Felipe sorriu para a irmã. Ainda que encurralado, adorava como Clara o desafiava. Estava certa, como sempre. Precisava enfrentar. Nem que fosse para ir até a cozinha com o intuito de beber novamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer o apoio por aqui, via wapp e via twitter à fic e pedir encarecidamente que vocês comentem o que acharam aqui embaixo / pra que eu possa saber se estão gostando, se querem que eu mude alguma coisa... Só falar :)