Meu Primeiro Namorado escrita por KyamaruUchiha


Capítulo 3
Capítulo 2 - Um pôr do sol de presente,


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo aí (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/466465/chapter/3

__Quer comemorar uma coisa comigo?- perguntou Sasuke, quando entrou na Avenida Central.


__O que você está comemorando?- retruquei, torcendo para que meu nervosismo não transparecesse quando parou no farol.

__Estou celebrando a oportunidade de levá-la pra casa- respondeu ele, sorrindo quando parou no farol.

__Se considera isso uma festa, você precisa sair mais vezes- comentei.
Estava tentando parecer inteligente e despreocupada, mas na verdade sentia meu coração batendo descompassado.

__Sairia se tivesse um motivo... se tivesse a garota certa.

Fiquei tão embaraçada diante disso que não sabia o que dizer ou fazer. Na pressa de acabar com o silencio entre nós, fiz um comentário completamente idiota.

__Pois é, soube que você fez mais de quinhentos pontos na prova de proficiência escolar- comentei, meio atrapalhada.

__Quem lhe falou sobre minha nota? - perguntou Sasuke surpreso.

__Ninguém em particular, isto é a escola inteira comenta.

__As pessoas não tem nada mais interessante pra falar?

__Pra mim é muito interessante- respondi justificando-me. _Nunca soube de alguém que tirasse uma nota tão alta. Por que você não quer que as pessoas fiquem sabendo?

__Porque isso não significa nada. _ retrucou ele.

__È claro que significa. Chegaria a cometer um crime por uma nota como essa. - disse eu sorrindo - Não venha me dizer que as notas são importantes. O orientador da faculdade me disse que eu poderia ganhar uma bolsa de estudos se tirasse uma boa nota nessa prova.

__Mas o que estou dizendo é que há coisas mais importantes do que isso.

__De que é que estamos falando?_ perguntei. __Para mim conseguir entrar numa boa escola é muito importante.

__Pra mim também. _ disse Sasuke.
Nesse momento o semáforo ficou verde e Sasuke arrancou com tanta velocidade que fui arremessada contra meu banco. Ele estendeu o braço pra me proteger.

__Desculpe-me. Simplesmente estou cansado de ver que todo aluno do terceiro e quarto anos não consegue falar de outra coisa a não ser sobre a faculdade, como se fosse o único motivo pra se levantar de manhã.

__Sei o que você quer dizer, mas não posso deixar de me preocupar com as notas e com a prova de proficiência. Como somos apenas eu e minha mãe em casa, vou precisar de uma boa ajuda financeira pra faculdade. Por isso me sinto pressionada a tirar boas notas. Como em física, por exemplo. Odeio aquela aula, às vezes tenho vontade de jogar aquele livro idiota pro alto.

__Poderíamos estudar juntos_ sugeriu Sasuke.

__Oh, perfeito!- exclamei não conseguindo me conter, pois ele era um dos melhores alunos da classe.

__Estou falando sério._ disse ele, ficando corado._ As aulas tem sido muito chatas ultimamente, poderia ser diferente se eu tivesse uma...
Ele olhou pra mim e sua voz foi sumindo.

__O que?- perguntei.

Sasuke balançou a cabeça como se estivesse pondo as idéias em ordem.
__Se ao menos tivesse um professor mais animado este ano. Mas parece que o senhor Yamato ensina dormindo, usando os mesmos planos de aula de 1955.

__ Vi as anotações dele. _ ri._ As páginas são tão velhas que estão amareladas e com orelhas.

__è isso mesmo. _ concordou Sasuke rindo. __ Você entendeu o que quero dizer.

Falei a Sasuke que ele tinha que virar a direita na avenida Grendalepra chegar ao meu apartamento,mas em vez disso ele pegou a pista da esquerda e parou no semáforo.

__Vamos dar uma volta? - perguntou. _ A uma coisa aqui que gostaria muito que você visse.
Senti um frio na barriga quando olhei pra meu relógio.

Naquele instante pensei em minha mãe se preparando pra largar o banco pra ir pro trabalho no supermercado, e sua palavra preferida- paixão- deu um estalo na minha cabeça.

Paixão era o que me fazia ficar de pé ate tarde, memorizando uma lista de vocabulário do tamanho de um catalogo telefônico e levando horas pra revisar a matéria de Inglês, tentando reverter um B em A na prova. Era o que levava a mergulhar na piscina dia após dia.

Será que era paixão, o que fez com meu coração disparasse no instante em que o joelho de Sasuke roçou o meu? Será que aquela paixão que estava sentindo era do tipo insensato?
Levantei os olhos e vi Sasuke olhando pra mim ansioso.

__Está bem. _ respondi, embora em minha mente estivesse lhe dizendo, pedindo desculpas, que tinha de ir pra casa.

Recostei-me no banco do carro novamente, enquanto ele fazia o carro ganhar velocidade.

__Não vai demorar muito não é?- consegui perguntar- Tenho quase quatro horas de lição de casa esperando por mim.

Enquanto falava, fui tomada por um sentimento de culpa de estar ali quando deveria estar em outro lugar, fazendo outras coisas.

__Não se preocupe, Sakura. Pode ter certeza de que vai valer a pena. E alem do mais, vou deixar você em casa antes de escurecer. - disse ele percebendo talvez como eu franzia a testa.

Certo, eu não devia mesmo me preocupar. Não estava fugindo de casa com o namorado, ia apenas dar um passeio de carro. Tinha o direito de sair com um garoto de vez em quando. Minhas notas não iam abaixar vertiginosamente só porque estava me divertindo.

Então parei de me preocupar e comecei a curtir a sensação de liberdade no conversível- o modo como o vento acariciava a minha pele quando batia no rosto. Devo admitir que gostava de ver a expressão de inveja das outras pessoas, fechadas em seus carros, enquanto nossos cabelos voavam.

Eram quase seis horas e a temperatura ainda se mantinha muito alta pra outubro, mas o sol estava se pondo.

Como meus cabelos continuavam molhados comecei a tremer. Comecei a procurar a blusa de moletom na minha sacola esportiva. Devia tê-la deixado no meu armário, pois tudo que encontrei foi uma touca de natação, uma barra de chocolate e cinco meias de cores diferentes.

__Você está com frio? - perguntou Sasuke, ao me ver usando duas meias de cores diferentes como luvas.

__Na verdade, não. _ falei tirando as meias das mãos. Não queria que ele pensasse que sou uma espécie de flor delicada. Eu não sou. Mas com morei a vida toda no Arizona e meu sangue é parecido com o de largarto, preciso de sol direto pra me manter aquecida. __ Estava apenas procurando a blusa azul do uniforme dos Akatsuki.

__Pegue a direção- disse ele estendendo o braço pra alcançar sua sacola de ginástica no banco de trás.

__Ei! - gritei, enquanto segurava o volante.
Fiquei tão apavorada de ter que assumir a direção que quase joguei o carro pra fora da pista. Sasuke continuou tateando no banco de trás despreocupado.

__Meu moletom está em algum lugar aqui dentro.- murmurou ele.
Por fim puxou a sacola e jogou-a no meu colo. No momento em que foi pegar a direção, colocou a mão sobre a minha, estava tão quente que engoli em seco.

__ Voce pode pegá-lo?

__Ah claro. Obrigada. - respondi afastando meu dedos congelado dos seus.

__Tudo bem.

Pelo jeito que se vestia não esperava que sua sacola estivesse organizada. E não estava mesmo. Afastei um calção de banho molhado, latas de refrigerante vazias, lápis, bolas de papel de um caderno, e um exemplar de O apanhador no campo de centeio, cheio de orelhas, antes de conseguir localizar os olhos grandes e redondos do nosso mascote golfinho.

Peguei a blusa pelo colarinho tentando tira-la do meio da tralha. Quando consegui, um caderno de espiral caiu em meu colo. Juro que não estava bisbilhotando- ele abriu bem na página marcada com uma embalagem de sorvete.

E lá naquela página estava meu nome- Sakura Haruno. Não estava escrito apensas uma vez, mas diversas e em centenas de estilos diferentes.

Meu coração parou. Por um momento minha respiração ficou suspensa. Podia até sentir o sangue subindo pelo meu rosto.

__ Você achou? - Sasuke perguntou.

__ Não! O que, o moletom? S-s-sim! – Respondi, gaguejando, e no mesmo instante fechei o caderno depressa e enfiei na mochila.

Quase morri de felicidade. Era maravilhoso. Era inacreditável. Sasuke gostava de mim. Como não percebera antes?

Foi nesse instante que algo estranho aconteceu. É difícil explicar, mas senti que meu coração se abrira um pouquinho para um novo sentimento. E tive a sensação assustadora de que seria difícil fecha-lo outra vez.

__ Você fica bem com ela – comentou Sasuke, como se nunca tivesse me visto com roupas velhas dos Akatsuki, ou como se nossas blusas não fossem exatamente iguais. – O verde das estrelas combina perfeitamente com a cor de seus olhos.

__ Obrigada – Disse, constrangida.

Quando já estava com a blusa, descobri que não precisava mais dela. Pode ser que eu tenha me habituado com o vento, ou talvez o fato de ter visto meu nome escrito varias vezes em seu caderno tenha elevado minha temperatura. Mas ao mesmo tempo não queria tirá-la. O tecido conservava um leve cheiro de cloro, semelhante ao que toda roupa masculina de natação tem. Alem desse, havia um outro cheiro adocicado – de loção?, de xampu?- que era agradável e familiar, mas que eu não conseguia distinguir bem de que era.

Sentindo-me quase paralisada de contentamento, encostei no banco e olhei a minha volta. Passamos zunindo por supermercados, lojas de materiais para piscina e uma serie de arcadas e fomos direto para uma montanha chamada Squaw Peak. Saindo do bairro comercial, passamos por uma área residencial e daí em diante as casas foram rareando cada vez mais, restando apenas cactos e arbustos verde-acizentados à medida que nos aproximávamos da montanha.

Entramos numa estrada lateral que circundava a montanha e atravessava um pequeno parque. Havia gente fazendo piquenique nos abrigos espalhados ao longo da estrada; a fumaça do churrasco subia em círculos no ar. Algumas pessoas caminhavam bem devagar na trilha principal da montanha, na parte mais baixa, tomando águas de garrafinhas.

__ Você vai me levar lá em cima? – perguntei, olhando o meu relógio. – Não acha que esta um pouco tarde para isso?

Sasuke apenas sorriu como resposta. Quando chegamos ao cume, ele fez uma curva em U e estacionou o carro no acostamento. Daquela altura tínhamos a vista panorâmica de toda a cidade de Phoenix, que parecia ter sido projetada como uma rede.

Avistei a Avenida Gendale e a segui com o olhar em direção ao oeste, passando por pomares e torres até localizar nosso edifício. Nesse momento, pelo canto dos olhos, percebi que Sasuke me fitava. Lembrei do meu devaneio em que ele me beijava e o sangue começou a se agitar em minhas veias.

__ Sakura – disse Sasuke, colocando a mão no meu braço. Embora ainda estivesse com a sua blusa, fiquei toda arrepiada, mas não movi o braço.

__ Posso lhe fazer uma pergunta?- Continuou ele.

Acenei com a cabeça, hesitante.

Porem, antes mesmo que ele terminasse de perguntar: “O que há entre você e Naruto Uzumaki?”, eu já estava deixando escapar:

__ Nada, nada mesmo. Ele é só um amigo.

Sasuke pareceu aliviado por um momento. Logo em seguida tornou a ficar serio.

__ Sei que vocês são muito íntimos e se estiver saindo com ele...

__ Não estou – interrompi – Quero dizer, saindo com o Naruto. Apenas estávamos estudando para a prova de proficiência.

Achei que não havia a menor possibilidade de Sasuke já ter ouvido alguém comentar que Naruto me beijara. Isso porque, alem de ter acontecido ainda na noite anterior, Naruto não ia querer ficar se gabando diante de outros garotos, depois da minha reação indiferente ao seu beijo.

__ Então, que tal no próximo sábado? – perguntou Sasuke, parecendo estar muito nervoso, pois sua voz mudou de tom varias vezes em apenas uma frase, como o som de um rádio que oscila entre o agudo, grave e o ruído, quando esta sendo sintonizado. - Sei que você anda muito ocupada, mas que tal sairmos juntos?

__ Por que não?- respondi, tentando parecer indiferente, como seu eu fosse convidada para sair com freqüência. Mas dentro de mim o coração parecia que ia explodir.

Nunca tinha tido um namorado de verdade antes. É certo que já fora ao cinema com Naruto algumas vezes, mas isso não contava. Ele era mais um irmão pra mim que namorado.

Por que eu nunca namorara? Não sabia com certeza. Eu era inteligente e bem interessante. Quanto à aparência, me daria um sete num dia em que os cabelos estivessem arrumados. Talvez um oito no verão, quando estivesse bronzeada. Tenho cabelos loiros e densos cortados na altura do queixo e olhos azuis amendoados. Duas semanas antes de Naruto me dissera que eu era maravilhosa, mas tenho que repetir que sua opinião não contava pra mim.

Ino disse que devo dar a impressão de estar ocupada demais com a escola e com os Akatsuki para que um garoto se de ao trabalho de se aproximar e me convidar para sair. “Você tem de acender uma luz vermelha”, ela vivia me dizendo, “para fazer um garoto brecar na sua frente”. Ela dizia que eu não saia do amarelo. Ao que respondi que ainda não encontrara ninguém por quem valesse à pena sinalizar.

Até aquele momento.

Sorri para Sasuke e ele sorriu também como se, realmente, sentisse alivio por eu ter dito sim.

__ Legal! – exclamou.

Tive de mudar de assunto para não começar a pular bem ali no banco, de tão excitada que estava.

__ Esta bem, me rendo – disse-lhe, enquanto gesticulava mostrando o vazio a nossa volta. – Que coisa é essa que eu tenho que ver?

__ A qualquer momento você vai ver – respondeu.

Fiquei pensando em quanta coisa poderia mudar num instante. Um nadador poderia passar do primeiro lugar pra o segundo. Uma garota poderia se apaixonar, como acontecera com minha mãe, e desistir de seus planos para a faculdade. Um garoto como Naruto poderia perder a cabeça e tentar beijar-me quando, pelas minhas costas, não passávamos de bons amigos. Ou, também, você poderia descobrir seu nome escrito no meio do caderno de um garoto e nunca mais ser capaz de olhá-lo da mesma forma.

Tinha certeza de que Sasuke iria me beijar a qualquer instante. Mas ele não o fez. Não colocou o braço a minha volta, não chegou perto de mim, nem mesmo fechou os olhos. Em vez disso ofereceu-me uns óculos de sol baratos que tirou do porta-luvas. Em seguida, colocou seu boné de beisebol que tirara debaixo do banco da frente.

Os óculos eram grandes demais, mas mesmo assim coloquei-os e lancei-lhe um olhar inquiridor.

__ Aqui vamos nós! – Exclamou Sasuke, rindo de mim.

O sol continuava a declinar, enquanto nosso carro avançava,mudando de amarelo pra vermelho à medida que se aproximava do horizonte. Era lindo. O rosto de Sasuke tinha uma cor laranja-avermelhada, projetada pela luz do sol, que dava a impressão de um bronzeado instantâneo. Ele estava maravilhoso com aquela cor, pensei, enquanto meu coração acelerava. Até aquele momento, não havia notado que ele tinha sardas no nariz e pontos dourados e brilhantes nos olhos.

De repente senti uma grande felicidade por estar ali ao ar livre, sentada ao lado dele no carro conversível, ao pé de Squaw Peak. Sem perceber, dei um suspiro fundo de contentamento.

__ Uau! – murmurei.

__ É essa a sensação que se tem – disse Sasuke, virando-se pra mim.

Em seguida voltou o rosto em direção ao pôr-do-sol a nossa frente, mas continuou me fitando de esguelha.

Comecei a sorrir e ele pensou que era por causa do pôr-do-sol.

__ Já tentei vários pontos de observação, mas acho que este é, sem duvida, o melhor.

__ Sim, é – concordei- É o pôr-do-sol mais bonito que já vi.

Não estava pensando em minhas lições de casa nem mesmo no torneio de natação com os Tubarões, os campeões estaduais. Não estava preocupada com meu futuro, em absoluto. Estava ocupada demais em desfrutar aqueles poucos momentos calmos, quando o dia pouco a pouco ia dando lugar a noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado (:
Próximo Capítulo: "Capitulo 3 - Doce devaneio"



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Primeiro Namorado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.