Love is Redemption escrita por fairylady N


Capítulo 9
Because I'm Wicked


Notas iniciais do capítulo

Pra quem ainda não desistiu, e pra quem continua me incentivando



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Emma ainda tentava digerir o que seus olhos viam à sua frente. A tempestade, os raios, a criatura verde que lhe encarava junto com a outra que apenas alguns minutos atrás era apenas uma professora de Literatura Inglesa. Tudo não parecia ser mais um dos sonhos malucos que às vezes preenchiam suas noites inquietas. Henry tinha o queixo caído e olhar vidrado, quase tão estupefato quanto ela do que estava acontecendo.

– Tenho certeza de que a rainha já deve ter falado sobre mim, não? – Disse a figura esverdeada dando alguns passos à frente com um rebolado feminino e exibicionista, antes de parar em frente à outra e aponta-la com os compridos dedos com garras tão longas quanto a morena. – Talvez ela tenha se esquecido de mencionar minha querida irmã Nessarose. Acho que vocês já foram apresentadas.

– Eu disse que conseguiria atrai-la, querida irmã. Eu disse que poderia confiar em mim... – Disse a morena como se a menção de seu nome fosse um convite para que falasse, mas logo Elphaba ergueu a mão e isto foi o suficiente para calá-la como um cachorrinho assustado.

– Aqui estamos nós, Salvadora. A filha de Snow e Charming, o fruto do amor verdadeiro a magia mais poderosa de todas. – Divagava andando de um lado para o outro com seus passos elegantes e ameaçadores, como uma serpente. – Eu sabia que não iria pensar duas vezes em vir ao resgate do seu filho. Este heroísmo, e coragem... Está no seu sangue. Mas daí vir até aqui me encontrar sem nenhum plano, nenhuma ajuda... Soa estúpido demais até para vocês.

– Escuta: eu já disse pra sua irmã... Eu não sei quem vocês acham que eu sou, mas eu não sou essa que vocês estão falando... Eu sou só Emma Swan. Emma Swan uma órfã, eu não sei nada do que vocês estão falando, nem dessas pessoas que dizem serem os meus pais... - Como sempre era inevitável que a emoção e ressentimento fluíssem dentro de si ao falar daquelas pessoas sem rosto que a abandonaram antes mesmo que ela pudesse se lembrar deles. - Eu nem conheço os meus pais.

A mulher verde franziu as sobrancelhas parecendo ligeiramente confusa, antes que um lampejo de compreensão atingir seu rosto e ela abrir um sorriso largo que pareceria até genuíno se seus olhos não tivessem aquela maldade natural incrustada nas safiras brilhantes.

– Oh, claro! Que descaso o meu! Perdoe-me querida tinha me esquecido deste pequeno detalhe: Aparentemente você perdeu suas memórias, não é mesmo? – Disse franzindo os lábios em tom de puro deboche - Que indelicadeza ficar aqui tagarelando sem você ao menos saber o motivo de nosso encontro.

– Satisfaça minha curiosidade. – Disse Emma enfiando as mãos dentro dos bolsos do casaco, sentindo a superfície rígida da base da pistola através da luva de couro que vestia. Só precisava que Henry estivesse em segurança, longe o suficiente para que conseguisse correr e de uma brecha, um descuido para que pudesse destravar e atirar na criatura verde. Certamente a irmã submissa, iria para cima de Emma e o que acontecesse depois disso não importava, pois Henry já teria uma vantagem e poderia estar longe e encontrado algum lugar para se esconder e depois pedir ajuda. Emma nunca esperou um final feliz naquela história para si mesma, sacrificaria a si própria de bom grado pela garantia de segurança do filho. Só precisava esperar o momento certo.

– Eu viajei reinos e mundos atrás de você, anos à procura do fruto do amor verdadeiro. Magia pura e poderosa, diria que é quase o seu destino servir à minha causa. Quando cheguei a Floresta Encantada e não a encontrei admito que fiquei um pouco desapontada, mas eu sabia que era só questão de tempo até encontra-la. Tentei convencer seus pais a lhe entregar, por bem ou por mal, mas eles são como você: Nunca entregariam sua querida filha em minhas mãos sem luta, e foi isso que eu lhes dei. Foram tão valentes, tão dispostos a sacrificar as próprias vidas e a de um reino inteiro por sua segurança... Pena que nem todos os seus queridos e confiáveis súditos não tinham tanta fibra moral como eles... Cinderela deveria ter esquecido a língua junto com o sapatinho de cristal naquele baile.

– Então a que devo a honra de tamanho interesse?

– Você? Como pode dizer isso de si mesma, Emma querida? Você é a chave para tudo o que eu e minha irmã planejamos há séculos. – Disse recuando aproximando-se da irmã que se mantinha alerta como um cão de guarda seus olhos não perdendo um movimento sequer de Elphaba. – De 400 anos em 400 anos a lua brilhará maior e mais brilhante no céu, e sua irmã viajará entre as galáxias para no céu brilhar ao seu lado. Toda a magia em todos os mundos se intensificará, todos os seres mágicos se tornarão mais fortes, a magia fluirá como o próprio vento na Terra. E eu estarei mais poderosa do que nunca. Mas as luas estarão unidas por somente uma noite, uma noite antes de sua irmã voltar para seu mundo e tudo retornar ao normal.

– Bela história. Mas ainda não entendi onde entro nela.

– Ah, Emma querida. Há uns séculos atrás eu conheci um grande feiticeiro que estava de passagem por meu mundo, ele guardava segredos da magia antes desconhecidos por mim e minha irmã, ele era um homem poderoso, sim e astuto. E com ele eu aprendi ainda mais, cresci ainda mais em meus poderes. Graças a ele toda Oz se ajoelhou perante mim, e isto foi o suficiente por um tempo. Mas eu mereço mais, eu quero mais. E através do feiticeiro eu descobri como aumentar meus poderes, como ficar poderosa e invencível, até que todos os reinos e mundos tivessem apenas uma rainha. Há um feitiço, que só pode ser feito durante a noite das Luas Gêmeas, um feitiço em que preciso de algo seu, querida.

– O que? – Perguntou Emma segurando firmemente a arma em suas mãos com um mau pressentimento sobre a informação que viria a seguir, quando Elphaba mais uma vez andou para mais próximo dela, com um sorriso vitorioso em seus lábios finos.

– O coração da magia mais pura que existe. O coração do fruto do amor verdadeiro. Seu coração. – Disse com a mão estendida perto de seu peito esquerdo, como se realmente pudesse enfiar sua mão através de sua carne e arrancar seu coração ali mesmo.

– Você o terá. – Disse Emma com um sorriso resignado, antes de apertar as mão direita em torno da arma e sacá-la para fora do casaco com uma agilidade impressionante. – Mas não tão fácil.

Emma fez três disparos diretamente contra seu coração, fazendo a bruxa verde cambalear para trás com o impacto das balas que lhe atingiram mas ainda assim manteve-se em pé.

– Corra, Henry. Corra!

– Mas, mãe...

– Henry, me obedece! Agora! – Disse descarregando toda sua munição sobre o abdômen da mulher verde que mesmo cambaleante e com os olhos arregalados, não cedeu. Emma se desfez da arma, ao mesmo tempo em que viu pelo canto dos olhos a figura da morena pular metros de altura e irromper em sua direção. Emma teve que se jogar para a sua direita para conseguir se esquivar de seu ataque direto, se cobriu com os braços em uma tentativa superficial de se proteger de uma próxima investida, mas Nessarose tinha apenas olhos para a irmã cambaleante.

– Elphaba, querida irmã... – Disse com a voz chorosa, os olhos analisando as perfurações no vestido e na carne da irmã. – Como essa vadia ousa tocá-la, eu acabarei com ela, eu a matarei duas vezes por isso... – A morena já se virava com as garras erguidas em direção a Emma, quando o braço verde a deteve.

Ao olhar para o rosto de Elphaba pode ver que seu sorriso vitorioso não desaparecera, ela levou uma das mãos até a barriga de onde expeliu a bala e a trouxe perto de seu rosto onde a avaliou com certo interesse antes de descarta-la no chão.

– Interessante você achar que pode me deter com sua arma mortal, Emma Swan. Achei realmente muito rápido, mas se quiser me matar vou ter que lhe avisar: Não vai ser tão fácil assim.

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Hook mal terminou de tirar a mordaça de pano da boca da mulher que Regina já estava ajoelhada ao seu lado, do lado de fora do armário que tinham lhe libertado. Regina podia sentir o cheiro de podridão que só as bruxas exalavam também a bola de cristal deixada para trás, um moletom juvenil largado sobre o sofá. Alguma bruxa estivera ali, Henry estivera ali.

– Onde eles estão? Quem estava aqui? – Perguntou segurando nos ombros e olhando nos olhos úmidos e cheios de olheira da mulher de meia idade que parecia ser a antiga dona do apartamento antes deste ser ocupado por quem quer que seja.

– Vocês me salvaram... – Disse a mulher aos prantos se jogando nos braços de Regina, que rodeava o lugar a procura de outras evidências enquanto a mulher se encolhia perto de seu corpo e soluçava agarrada em seu casaco. – Deus os abençoe. Vocês me salvaram daquele monstro...

– Quem era? Como era? Onde está? – Tentou novamente, mas isso pareceu ser demais para a mulher que desatou a chorar compulsivamente. Regina revirou os olhos e soltou um suspiro pesado impaciente. Hook perambulava a sala a procura de algo que tivessem deixado para trás, mas voltou com a mesma expressão de antes e nada nas mãos.

– Vá buscar um copo d’água para ajuda-la a se acalmar. – Mandou, gesticulando com a mão, o pirata que seguiu mais adentro da casa, enquanto ela ajudava a mulher a se erguer e a guiava até o sofá. Já sentada, Regina lhe serviu a água que Hook trouxera consigo, tentando conter o nervosismo e soar o mais paciente que conseguiu na próxima vez que se dirigiu à mulher:

– Eu nem imagino o que a senhora passou nas mãos da criatura que deve estar aqui, mas eu preciso que se esforce, preciso que me ajude. – Disse Regina humildemente, olhando no fundo dos olhos da mulher que ouvia tudo atenciosamente. – Pegaram meu filho, e a mãe dele. Eu preciso salvá-los e só vou conseguir com a sua ajuda. Por favor... Por favor, eu não posso perdê-los.

– Ela... Ela parecia uma mulher normal. – Disse de repente quando Regina pensou que sairiam apenas lágrimas novamente. Hook se aproximou olhando para as duas com atenção nas palavras da mulher. – Tinha olhos azuis, tão claros e tão terríveis, cabelos longos e negros, garras...

– Elphaba tem o cabelo loiro. – Disse Hook, ao mesmo tempo em que Regina franziu as sobrancelhas e mordeu a parte de dentro da bochecha como costumava fazer quando estava pensativa.

– Nessarose. – Pensou em voz alta e isto foi o suficiente para fazer a mulher ao seu lado tremer, jogando o copo no chão e se encolhendo novamente perto do colo de Regina.

– Isto não faz sentido. – Disse Hook. – Todos falam que a irmã é uma completa idiota, apenas um cachorro raivoso de Elphaba. Porque ela enviaria a irmã idiota ao invés de vir ela mesma tratar de seus negócios?

– Porque ela não queria que a encontrássemos. – Respondeu de imediato. As peças pareciam se encaixar cada vez mais que Regina pensava nelas. – Por isso o cristal não a encontrou, era a magia de Elphaba que ele rastreava. Ela sabia que estaríamos aqui.

– Então quer dizer que fomos traídos? – Regina não precisou confirmar para Hook já saber a resposta; bastava saberem quem havia os entregado. O plano era secreto, apenas o conselho e poucas pessoas sabiam de sua existência, pessoas próximas a Snow e Charming. Snow ficaria arrasada, e Regina se surpreendeu por se preocupar genuinamente com a avó de seu filho.

– Você sabe para onde ela foi? Ouviu alguma coisa? – Insistiu novamente, mas a mulher negou com a cabeça, em meio aos guinchos, lágrimas e cabelos que grudavam em seu rosto. Regina suspirou pesadamente se levantando do sofá e andando pela sala com os braços cruzados em volta do próprio corpo, como costumava fazer quando nervosa. Então era isso? Este era o fim? Não tinham mais como continuar, nem mais pistas que os levassem a diante. Era esse o máximo que conseguiria? Seria essa a história que contaria a todos na Floresta Encantada, para depois encarar seus rostos desapontados? Não era pra ser assim, Tinkerbell disse que eles estavam do lado certo, ela estava tentando fazer as coisas certas desta vez, porque teria que perder tudo novamente?

O barulho insistente atrapalhou seus pensamentos. Já irritada ela olhou para Hook como se o culpasse por isto, mas ele só balançou os ombros parecendo não fazer ideia do que se tratava. Regina lançou lhe uma carranca, antes de perceber que o barulho estava mais próximo que imaginava. Ao descansar o braço na lateral do corpo sentiu uma pequena vibração no bolso esquerdo do casaco, e só então se lembrou do celular que carregava consigo como uma forma de manter contato com Hook e Tinkerbell enquanto estivera fora à procura de Emma e Henry.

Levou o aparelho ao ouvido, ouvindo do outro lado da linha a voz conhecida de Tinkerbell tagarelando sem parar e sem muitos intervalos entre as sílabas tornando a tarefa de entendê-la praticamente impossível. Regina franziu as sobrancelhas, confusa, antes de dizer rispidamente para que a fada se acalmasse.

– O cristal... Eu estava brava, foi um impulso... Eu não fiz por querer... E então ele estava espatifado no chão, e-eu fiquei apavorada, pensei que você ia me transformar num inseto ou coisa assim, mas...

– Você quebrou o meu cristal?! – Reclamou incrédula. Demorara meses para conseguir canalizar e concentrar uma pequena parcela na obsidiana capaz de notar a presença de Elphaba, agora ela sabia o porquê não servira enquanto estiveram ali, mas mesmo assim era um grande desperdício de seu tempo e que um dia ainda poderia lhe ser útil.

– Não foi minha culpa! – Guinchou do outro lado da linha, fazendo a morena rolar os olhos impaciente. – Você e Hook o jogaram para um lado para o outro durante dias, eu não podia imaginar que...

– Se você só me ligou para dizer que quebrou o meu cristal... – Já começou em seu melhor tom mal-humorado, quando a voz de Tink se sobressaiu a sua mais uma vez, com ela voltando a acelerar as palavras, mas ainda assim entendíveis.

– Não! Regina... E então o cristal, ele estava todo quebrado e de repente ele começou a tremer e então ele se consertou, sozinho! E em um momento ele estava flutuando na minha frente, e na outra ele... ele saiu voando pela sala muito rápido, e eu corri pra ver o que infernos era aquilo, e ele estava em cima daquele seu mapa, bem em cima de um lugar...

A voz de Tinkerbell pareceu mais distante, e apesar do tagarelar constante da menina continuar Regina não conseguia distinguir ainda menos suas palavras a cada instante. O chão pareceu frágil e seus joelhos pareciam prestes a lhe traírem e a levarem ao chão. Aquilo só podia significar uma coisa, uma coisa nada boa.

– Ei, você está bem? – Disse a voz grave e masculina fazendo-a voltar à realidade, o metal frio do gancho que ocupava o lugar de sua mão encostando em seus braços fazendo-a voltar para a sala. Demorou alguns segundos em que Regina parecia ter dificuldade em voltar a respirar normalmente e conter o pânico que parecia revirar seu estômago e focalizar os olhos azuis de Hook, que a observavam apreensivos. – O que aconteceu?

– Elphaba... – Disse ela. Sua voz saindo fraca como um suspiro, antes dela voltar sua atenção para o telefone, onde a voz de Tinkerbell repetia seu nome incessantemente. – Onde o cristal está indicando? Conte-me o endereço, agora!

A menina mal tinha acabado de dizer o endereço, quando Regina agarrou o braço de Hook e se viu envolvida por uma névoa densa arroxeada. Era mais difícil aparatar aqui do que na Floresta Encantada, o ar parecia sumir de seus pulmões e a vertigem era mais intensa de como estava acostumada. O chão sumiu de seus pés e a sensação de estar sendo sugada e caindo no infinito era agravada pela própria angústia e nervosismo que lhe assolavam diante a situação. Confronto inevitável que Regina temia, estava ali tão próximo assim como a insegurança que lhe dominava. Elphaba era superior, uma bruxa capaz de atravessar reinos, uma bruxa com toda aquela energia maligna opressor. Regina não negava que estava com medo, nem que não era muito otimista sobre seu encontro com a bruxa. Era do seu próprio conhecimento não ser o suficiente para derrotar Elphaba, mas Regina só esperava ser o suficiente para conseguir salvar Emma e Henry.

Quando as solas de seus sapatos tocaram o chão, os joelhos cederam, e as palmas de suas mãos lhe serviram de apoio, o corte pela caneca de Emma Swan ardendo um pouco mais intensamente contra o concreto áspero. Regina ofegava profundamente, usar magia naquele mundo era exaustivo. Hook que havia caído ao seu lado de costas, se virou para ela com os mesmos olhos preocupados de antes percebendo a fadiga que aparentava, segurando seu antebraço com a mão direita.

– Regina, você está bem? – Perguntou ele enquanto se levantava, lhe oferecendo a mão como apoio, ao que Regina somente olhou e respondeu com um rolar dos olhos.

– Poupe sua preocupação para Emma Swan, pirata. Eu não preciso de sua ajuda. – Disse levantando-se com suas próprias forças, mas foi só por alguns segundos antes de tudo ao seu redor girar e seu corpo ceder. Regina teria caído mais uma vez no chão se Hook não houvesse capturado sua cintura e lhe servido de apoio a tempo.

– Pare de bancar a orgulhosa, querida. – Disse levando-a para um banco de madeira, há poucos passos de onde haviam pousado. – Descanse um pouco. Do jeito que você está Elphaba só precisará assoprar pra te derrotar.

– Não temos tempo. Acho que é uma boa caminhada ao que parece até chegarmos lá. Aqui foi o mais perto que eu consegui reconhecer. Mesmo assim, não sabemos ao certo onde está, provavelmente vou ter que usar algum feitiço...

– Não acho que será necessário. – Disse Hook sombriamente olhando através dela, e Regina precisou virar para descobrir do que ele falava, e ao ver a densa nuvem cinza escura em apenas um único ponto fixo. Estava exatamente sobre um edifício em construção há alguns quarteirões dali tão próxima do local que parecia quase tocar seu topo. Regina tinha que concordar com o pirata: Não restavam dúvidas de que era ali onde Elphaba estava.

– Vamos. – Disse ela em um pulo, não dando tempo de Hook protestar. Seus passos largos foram logo alcançados pelo do pirata, decididos, porém parecendo tão inseguro quanto ela, ela pode sentir ao seu lado nos breves minutos em que caminharam em direção ao edifício. Ao chegarem à base e Regina dar um breve vislumbre da altura do futuro prédio, ela e Hook trocaram um olhar breve, porém cheio de significados que Regina mesmo que quisesse não conseguiria explicar; Um olhar livre de qualquer ressentimento passado, ou disputa presente. Não por acaso as palavras de Tinkerbell durante toda aquela missão lhe vieram à cabeça “Somos mais forte unidos.”, e ela se sentiu grata por tê-lo ao seu lado, apesar de todas as diferenças, lhe parecendo dar força e apoio com aquele olhar que ela não ousou sustentar por muito tempo.

– Vamos – Disse prosseguindo na dianteira, seguindo por um corredor repleto de materiais de construção, alguns homens lançavam olhares de lado para ambos, mas por sorte nenhum tentou impedi-los, nem quando Regina subiu junto com Hook no estreito que os levaria até os andares superiores.

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Emma prendeu a respiração e fechou os olhos quando Nessarose mais uma vez com uma velocidade sobre-humana surgiu diante dela e o cheiro fétido foi a última coisa que sentiu quando as mãos com garras ergueu-se e o impacto de algo invisível atingiu seu corpo fazendo-a ser arremessada alguns metros para trás estirada no chão. A distância ouviu Henry gritar seu nome, e o riso maligno de Elphaba que assistia a irmã lhe torturar com uma satisfação contida.

Cada vez que era atingida pelas investidas da criatura se levantar se tornava uma tarefa mais difícil. Já pensara em simplesmente desistir; se entregar à seu destino e permanecer no chão de uma vez, mas Henry ainda estava ali, seu filho precisava dela. Seu último desejo era garantir que seu filho estaria longe dali em segurança, mas Henry estava ali e quando Nessarose não estava ocupada lhe agredindo segurava Henry fortemente entre suas garras afiadas, assistindo-a se erguer apenas para tombá-la novamente.

Os braços tremiam enquanto Emma se erguia, podia sentir o filete de sangue quente escorrer pela testa, e os arranhões na palma das mãos e joelhos arderem, mas a expressão manteve-se fria e determinada sobre o olhar das duas irmãs. Nessarose esperou apenas ela estar firmemente em pé para largar o menino e com um salto mais uma vez ir a sua direção, mas Emma desta vez não pretendia esperar para apanhar. A loira correu o máximo que as pernas doloridas lhe permitiam sentindo a presença da bruxa muito próxima da sua quando suas mãos alcançaram um cano de ferro da grossura de um cabo de vassoura, e no impulso se virou aplicando toda a força que conseguia no bastão bem no momento em que Nessarose se preparava para nocauteá-la.

A cabeça da mulher virou noventa graus quando a barra de ferro atingiu sua face esquerda com força o suficiente para fazer uma pessoa normal no mínimo desmaiar. Mas Nessarose não era normal, e Emma não se surpreendeu quando ela virou o rosto alguns segundos depois do impacto com os olhos carregados de ira, e apenas um rastro de líquido viscoso arroxeado escorrendo pelo canto da boca. Emma tentou atingi-la novamente, mas desta vez não contava com o elemento surpresa como seu aliado, e a bruxa facilmente segurou o cano, desarmando-a com facilidade e atirando-o longe. Desta vez a força aplicada não foi invisível, mas Emma sentiu a carne fria e dura de Nessarose atingir seu estômago com força e logo mais uma vez o corpo ser lançado para trás com força.

– Vadia. – Cuspiu a morena limpando o sangue que escorria pelo canto de seus lábios. Emma também conseguiu ver pelo canto do olho Henry correr em sua direção, sem o impedimento da bruxa desta vez. Ele se ajoelhou ao seu lado, os olhos vermelhos tentando segurar o choro, tentando assim como ela ser forte mesmo que tudo estivesse desmoronando.

– Mãe! Mãe, por favor... Fica bem... Por favor... – Disse ele acariciando lhe as costas. Emma tentou lhe dar um fraco sorriso ao ouvi-lo chama-la de mãe, como já não fazia faz tempo, mas saiu mais como uma careta quando a dor em seu estômago recém-atingido pareceu aumentar. – Mãe, o que está acontecendo? O que...?

– Você tem que sair daqui. – Falou ela com dificuldade. – Você tem que ficar a salvo...

– Nós dois vamos sair daqui. – Desatou o garoto nervosamente. Sua voz tornando-se mais embargada e palavras saindo rapidamente. – Mãe, você não pode... Eu não vou deixar você...

– Você tem que me prometer que você vai ficar bem. Está me ouvindo? – Emma disse baixo, porém em um tom que não admitia discussões. – Tudo o que importa é sua segurança. Regina tinha razão, não é você que elas querem, mas se você continuar aqui elas podem te machucar, filho. Você tem que sair daqui. Da próxima vez que Nessarose me atacar, você aproveita para fugir daqui.

– Mãe, eu não vou deixar você.

– Não discuta comigo, Henry. Você é tudo o que importa para mim, a única coisa que quero é sua segurança. Procure Regina, ela vai te ajudar. – As lágrimas teimosas que ela tentava segurar em vão escaparam cada vez mais grossas por seu rosto. Toda a força que ela tentava passar para seu filho desmoronou quando as próximas palavras atravessaram sua garganta:

– Eu amo você, Henry. Eu amo você mais do que tudo, me desculpa por não ter sido uma mãe melhor, me desculpa por esses meses estranhos, eu só queria que nós fôssemos felizes. Que você fosse feliz.

– Mãe...

– Já chega de drama, levante-se Salvadora. Isso é tudo que você pode fazer?! – Gritou estridentemente Nessarose a distância, mantendo-se ao lado da irmã. – Como você pôde pensar em tentar tocar em minha irmã quando mal consegue se levantar para lutar comigo. Ande! Me enfrente!

– Se afaste, Henry. – Disse mais uma vez se levantando com dificuldade, mas o garoto não moveu um músculo, permanecendo ajoelhado ao seu lado. Até mesmo quando a bruxa veio correndo em suas direções pronta para mais um movimento, ele se pôs em sua frente com os braços abertos servindo de escudo entre ela e a morena.

– Henry saia!

– Não! – Disse ele com firmeza, Nessarose cada vez mais próxima, desta vez pronta para atacar os dois. Emma ajoelhou-se e jogou seu corpo em cima do filho em um abraço quando já podia sentir a presença da bruxa mais uma vez e preparou-se para o impacto mais uma vez fechando os olhos e apertando Henry em seus braços, esperando pelo pior.

Emma pode mesmo de olhos fechados sentir a presença próxima de seu corpo e de seu filho, mas o impacto não veio mesmo que a sensação de ter alguém próxima de si persistisse. Lentamente abriu os olhos e viu uma morena postada em sua frente, mas não a morena que ela esperava.

– Regina... – Disse em um suspiro ao observar as costas da morena sobre ela e o garoto, os braços erguidos e abertos assim como Henry estivera momentos atrás. Não pode ver seu rosto a princípio apenas ouvir sua voz firme quando se dirigiu à Nessarose que estava paralisada logo à sua frente, como se tivesse sido congelada na posição em que se preparava para ataca-la.

– Acho que ainda não nos conhecemos, Nessarose? Não é nada pessoal, mas eu não gosto de criaturas que tentam atacar meu filho e a mãe dele. – Disse antes de empurrar as mãos à frente do corpo e assim arremessar a bruxa aos ares onde ela foi atirada até quando a irmã verde ergueu a própria mão e com apenas um movimento a segurou como por linhas invisíveis movendo-a para estar de pé ao seu lado.

– Uau. – Disse Henry impressionado, fazendo Regina virar o rosto para olhá-lo e esboçar um mínimo sorriso.

– Você está bem?

– Sim, estamos. – Emma falou pelo filho e com a ajuda do garoto ficando em pé. – Graças a você. Obrigada...

– Eu não perguntei para você, Ms. Swan. – Disse ela com a mesma voz altiva e truculenta que reservava para os momentos em que Emma havia abusado de sua paciência. – Pouco me importa a sua segurança, já que você mesma parece negligenciá-la ao agir como uma idiota impulsiva sem sequer nos avisar.

– Eu estava tentando salvar o meu filho. – Defendeu-se a loira notando toda a mágoa contida pelas palavras duras da morena. Ela sabia como Regina deveria se sentir, tinha a própria culpa pesando em sua cabeça por suas ações com a morena lhe lembrando disso.

– Pelo que parece você não está sendo muito eficiente até agora, não é?! – Respondeu rispidamente a morena lhe lembrando das próprias palavras quando haviam discutido na noite passada.

– Obrigada por ter vindo. – Disse simplesmente evitando discussões naquele momento. Não queria discutir com Regina, ela havia sido sua salvadora, e mais importante ainda a de Henry, além de tudo ela estava genuinamente feliz em revê-la.

– Espere até sairmos vivos daqui. Então você pode me agradecer. – Mesmo naquela situação Emma não pode evitar dar um fraco sorriso diante ao pessimismo drástico da morena. Mesmo que a situação continuasse difícil, Elphaba e Nessarose a apenas alguns metros de distância, e tendo ela já presenciado uma amostra do poder das duas ter Regina ao seu lado lhe fazia se sentir mais segura, revigorava suas esperanças. Ela era mais forte com Regina ali.

– Bom, se sobrevivermos me lembre de agradecer.*

– E ai, querida. – Disse Hook com uma espada em punho erguida a frente de seu corpo, ficando lado a lado com Regina. – Sentiu saudades?

– Hook. – Disse simplesmente Emma, e Henry apenas olhando toda a situação sem palavras até o momento, se pronunciou ao seu lado.

– Hook?! Você quer dizer que ele... Capitão Hook?

– Obrigada por me atribuir o meu título corretamente, garoto. Suas mães as vezes esquecem com quem estão falando, é muito prazeroso ter alguém que ainda se lembre disso. – Disse com um sorriso divertido típico seu.

– Mães?! Do que ele está falando? O que está acontecendo aqui?

– Henry...

– Desculpem-me atrapalhar esse reencontro familiar, mas eu e a Salvadora temos assuntos importantes a tratar. – Disse cinicamente com seu riso cínico e olhos azuis perigosamente brilhantes.

– Vai ter que passar por cima de mim primeiro. – Emma não acreditou quando estas palavras saíram da boca de Regina. A loira poderia ter corado e se sentido lisonjeada se a situação em que estavam não fosse tão complicada.

– Isto não vai ser um problema. – Sorriu malignamente. – Apesar de achar que te destruir é um grande desperdício. Você está do lado errado, rainha. Seu lugar é aqui, entre nós, lutando por poder, dominando aqueles que entrarem em nosso caminho.

– Eu estou exatamente onde quero estar. Você não é ninguém para dizer a que lado eu pertenço. Eu digo de que lado eu estou, e estou do lado do meu filho e da família dele.

– Está coagida. Eles te obrigaram a isso em troca de migalhas do afeto de seu filho. Quer o garoto? Fique com ele, a mim só interessa a Salvadora. Me entregue ela e eu te darei seu filho e muito mais.

– Você não sabe do que está falando, bruxa. – Disse Regina secamente, estralando os dedos das mãos e olhando ameaçadoramente para Elphaba e a irmã que se mantinha atenta ao seu lado.

– Sendo assim vamos ao que interessa.

Foi mais rápido do que Emma poderia sequer imaginar. A energia negra mandada por Elphaba foi amortecida por Regina que foi empurrada para trás. Emma abraçou fortemente Henry, tentando por instinto protege-lo com seu próprio corpo ao mesmo tempo em que Nessarose abandonava seu posto do lado da irmã em um de seus saltos e Hook se adiantava com espada erguida em sua direção.

– Saiam daqui. Eu não vou aguentar por muito mais tempo. – Disse-lhe Regina, e Emma correu com Henry para uma das laterais no momento exato em que Regina não conseguiu mais segurar a magia de Elphaba e sofreu toda a força desta, sendo arremessada a metros de distância para trás.

– Regina! – Exclamou a loira erguendo a cabeça tentando verificar à distância o estado da morena. Logo segurou Henry pelos ombros e disse olhando diretamente em seus olhos. – Eu prometo que depois eu vou explicar tudo, garoto, mas, por favor, fique escondido e se proteja. Eu vou ajuda-la.

Não esperou uma resposta para correr em direção à morena, pegar a barra de ferro que havia sido tirada de si por Nessarose e se pôs diante de Regina caída, ao mesmo tempo em que Elphaba caminhava com seu rebolado exagerado e exibicionista em direção as duas.

– O que está fazendo, estúpida? Saia daqui! Salve Henry e a si própria! – Emma ignorou olhando diretamente para Elphaba que brandia novamente os braços convocando uma esfera de energia maligna e lançou-a na direção dela. Emma empurrou seu corpo e o de Regina recém-levantada para o lado. Regina caiu de costas e Emma sobre seu corpo deixando as duas cara a cara e o magnetismo que parecia emanar em seus olhares ser ativado.

– Porque está fazendo isso? – Perguntou a rainha quase em um sussurro com sua voz rouca que deixou Emma ainda mais nervosa. – Você nem me conhece.

Emma não teve uma resposta para lhe dar. Apenas apertou os lábios nervosamente concentrando-se nos lábios vermelhos e espessos da própria Regina, sem saber exatamente o porque, as sentindo-se altamente tentada a tocá-los, a beij... A linha de pensamento foi interrompida pelo frio na barriga, mas não do sentimental e sim por ter o próprio corpo erguido no ar de repente, e ser colocada mais de dois metros acima do chão. Após o desespero e desorientação inicial notou Elphaba com os braços erguidos e riso sádico.

– Juro que nunca vou entender essa tendência de vocês em se sacrificar pelos outros. – Disse a bruxa com desprezo - Por que não fugir? Por que não salvar a si mesma? São só desconhecidos para você. Eles não são nada.

– Eu não vou deixar ninguém se machucar por minha causa. – Respondeu Emma sustentando seu olhar, e provocando risos na bruxa verde, que usando as mãos para controla-la aproximou ainda mais o corpo flutuante de Emma de si, fechando a mão em volta de seu pescoço.

Emma arfou. O aperto firme de Elphaba fazendo-a se debater com olhos arregalados e a dificuldade em obter ar lhe fazendo debater-se exasperada. Notou ainda um movimento ao seu lado; Regina tentou reagir e lançar algo contra Elphaba, mas esta a deteve com o outro braço enquanto o outro apertava-se ainda mais firmemente em volta dela.

– Sinto decepcioná-la Salvadora, mas o seu coração valente vai se a ruína de todos aqueles que tentaram protege-la. Eu vou destruir tudo o que um dia você amou. – As palavras da bruxa pareciam cada vez mais distante, e sua visão já se tornara embaçada quando a expressão de vitória no rosto de Elphaba foi substituída por olhos arregalados.

Uma fumaça saía da mão direita de Elphaba, como se o contato com Emma a estivesse queimando, como se sua pele fosse feita de ácido sulfúrico. Elphaba não aguentou muito mais tempo o contato e soltou Emma que caiu de joelhos ofegando longamente, células ansiosas por ar novamente.

– O que você fez comigo?! – Gritou irada, segurando a mão queimada pelo contato com Emma. Ao olhar brevemente para Regina ao seu lado e perceber o olhar intrigado que lançava na direção da mulher a frente, percebeu que ninguém ali tinha a menor ideia do que tinha acontecido. – Sua morte será ainda mais lenta e dolorosa por isso!

Elphaba já se preparava para lançar mais uma de suas esferas de energia, desta vez muito mais próxima dela e de Regina, com uma esfera ainda maior, mas no exato momento em que ia soltá-la um objeto cortante passou em sua direção acima da cabeça de Emma atingindo o braço da bruxa de raspão, e fazendo toda energia se dissipar. Ao olhar para trás Emma viu o rosto juvenil de Tinkerbell, as bochechas coradas e olhos corajosos em direção a elas.

– A fada veio se juntar à nossa festa. Bem vinda querida. Mas agora sinto que estamos em desvantagem numérica. – Sibilou, porém seu tom não parecia nem levemente preocupado. – Vamos tornar as coisas mais justas.

Elphaba uniu a palma das mãos alinhando os dedos verdes e compridos na altura de seu rosto enquanto fechava os olhos e inspirava profundamente. Alguns momentos depois os olhos de safira estavam abertos novamente e o sorriso estampado em seu rosto enquanto erguia os braços para os céus no mesmo tempo em que um raio caiu próximo dali fazendo o chão do edifício tremer, e o barulho rasante e a luz brilhante obrigando-a a proteger a visão com o antebraço.

Emma piscou algumas vezes tentando se acostumar com a luminosidade novamente. As nuvens pareciam mais densas e mais baixas do que se lembrava de antes de ter fechado os olhos, uma fina névoa parecia envolve-los deixando tudo ao seu redor com aparência esbranquiçada. Elphaba estava no mesmo lugar, seu sorriso se alargara ainda mais do que Emma lembrava ser possível já ter visto.

– Digam olá para os meus queridos. – Disse ao mesmo tempo em que Emma e Regina se levantavam, e as nuvens ao redor pareceram dispersarem-se dando lugar a várias formas escuras pairando no céu, suas asas negras movimentando-se com fluidez.

– O que inferno é isso agora?!

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Regina prendeu a respiração já posicionando as mãos a frente do próprio corpo ao ver as figuras escuras transparecerem através das densas nuvens que se dissipavam como uma cortina de teatro ao iniciar um espetáculo. Um espetáculo de terror, no seu caso. Emma mais uma vez se armou com a barra de ferro que tentara usar para defendê-la da ofensiva de Elphaba. Seu peito estufado e queixo erguido escondiam parcialmente o medo e insegurança que guardava em seus olhos verdes. Olhos idênticos aos de Henry, olhos pelos quais ela estava disposta a sacrificar a própria vida para proteger.

Até mesmo Hook e Nessarose haviam parado por algum momento sua luta, para contemplarem o céu e o novo aspecto que adquirira. Os macacos vieram logo em seguida, cerca de uma dúzia, vinham em todas as direções possíveis para cima dos quatro. Tinkerbell estava armada com outro punhal e se juntara ao seu lado quando os macacos voadores as alcançaram, então foi como se tudo se transformasse em caos. Regina lançava bolas de fogo em qualquer resquício de pelos ou penas escuras que pudesse alcançar, mas o que era mortal para eles na floresta encantada ali causava apenas moderado dano, o que era uma tarefa fácil para ela na Floresta Encantada ali era exaustivo; podia sentir a magia desgastada a cada ataque que preparava. Magia que deveria ser guardada para Elphaba, para dar tempo a Emma e Henry quando precisassem fugir.

Por alguns momentos eles pareceram conseguir lidar com a situação mesmo em desvantagem numérica. Hook continuou sua luta com Nessarose, só que agora cerca de 3 macacos sobrevoavam os dois aumentando sua dificuldade de se defender de todos ao mesmo tempo; Tinkerbell ao seu lado lutava com 3 esquivando-se habilmente de seus ataques e contra-atacando com golpes ligeiros nestes. Emma ao seu lado rebatia cegamente os 2 macacos que sobrevoavam sobre ela, tentando acertar qualquer parte dos animais que pudesse alcançar, e eles rebatiam investindo com suas garras afiadas contra ela. Elphaba se sentira a vontade apenas para contemplar a batalha entre seu exército e eles, Regina sabia exatamente as razões de suas ações. Já estivera do outro lado e sabia que para um vilão a vitória somente não bastava, o prazer que sentiam era regozijar-se durante o processo de queda de seus inimigos, era aproveitar cada momento antes de suas derrotas, cada esforço que faziam para tentar deter o inevitável. E foi inevitável.

Em algum momento Hook foi desarmado não somente de sua espada, mas de alguma forma lhe tiraram o gancho da mão esquerda, e a única coisa que pôde fazer era se esquivar e se defender de ataques contra ele; Tinkerbell começara a se atrapalhar com os ataques rápidos dos animais que a cercavam, mas foi quando Regina viu um macaco voador se aproximar de Henry, que se mantivera escorado em um canto até aquele momento e para defender seu filho teve que concentrar uma energia muito maior daquela que estava usando até aquele momento para certificar-se de que o animal fosse derrotado e não causasse nenhum dano em seu filho, foi neste momento em que Regina sabia que tudo estava perdido, e que a única coisa que não podiam perder era tempo.

– Tinkerbell – Gritou ao mesmo tempo em que a fada levou um arranhão em seu braço esquerdo que ocupou grande parte de seu úmero. – Tire Henry e Emma daqui, esconda-os e proteja-os!

– Mas Regina... Você...

– Eu vou fazer o que eu tiver que fazer. – Disse ao lançar uma bola de fogo no macaco que ferira Tinkerbell, causando queimaduras em uma de suas asas, fazendo-o cair contorcendo-se no chão. – Vá rápido! Agora!

Tinkerbell ainda lhe lançou um olhar significativo, preocupado talvez, mas não contestou sua ordem. A fada se aproximou com dificuldade de Emma, enquanto Regina dava cobertura as duas lidando com cerca de 7 primatas ao mesmo tempo, tocou seu ombro guiando-a até o canto em que Henry onde continuaram o caminho em direção ao elevador que levaria a saída daquele lugar. Regina por um momento respirou um pouco mais aliviada de tê-los em segurança, mas no instante seguinte ao percorrer o lugar com o olhar e ver os olhos de Elphaba na direção que os três seguiam. Regina não pode ouvir suas palavras diante dos barulhos da batalha, mas mesmo a distância e tendo que lidar com quatro macacos que ainda investiam ferozmente contra ela, ela conseguiu prever os movimentos da bruxa.

No mesmo tempo em que a magia de Elphaba irrompeu de suas mãos a magia de Regina a alcançou antes que sua magia negra pudesse ir de encontro com eles. Um borrão roxo e negro mesclou-se no céu, enquanto ambas feiticeiras mantinham-se em pé, as mãos erguidas e olhares concentrados onde as magias convergiam. Regina sentia cada vez o corpo mais pesado e confiava cada vez menos em seus joelhos para sustenta-la. A magia já escassa jorrava de si, levando toda a força que ainda tinha enquanto Elphaba mantinha-se ereta, com seu sorriso confiante; inabalável.

Poderia ser um daqueles momentos em que Regina mais uma vez sentiria sua vida por um triz; não era a primeira vez, mas ela achava que não haveria próximas vezes depois desta. Sua visão era um borrão onde ela só conseguia ver contornos coloridos e disformes, o verde doentio da pele de Elphaba foi a última coisa que viu antes da visão escurecer e a mistura de tons mágicos partir em sua direção e Regina sentir o próprio corpo ser arremessado no ar metros atrás. Sentiu-se surpresa por estar viva quando seu corpo atingiu o chão, mas sabia que era só uma questão de tempo.

À distância pode ouvir gritos indistinguíveis, o balbuciar incessante e agudo dos primatas, gritos e mais gritos, uma risada estridente, mãos quentes em seu braço, olhos verdes entrando em foco...

– Tola. – Sua voz saiu como um sussurro para os olhos verdes preocupados de Emma Swan – Saia daqui.

Elphaba se aproximava as costas de Emma que ainda a segurava em seus braços, enquanto Regina se debatia empurrando-a com o resto de força que lhe restava, os olhos cheios de lágrimas e voz quebrada.

– Emma... Saia daqui. Salve-se, salve Henry...

– Henry está a salvo.

– Você...

– Eu não vou a lugar nenhum. – Disse ela virando-se para trás quando Elphaba estava sobre elas o olhar indo de uma para a outra como se estivesse compreendendo o que se passava ali. Deu um riso de escárnio no rosto de Emma, lançando ainda um olhar para Regina que fora deixada pela loira no chão com o corpo meio deitado.

– Desculpem-me a interrupção. – A bruxa hesitou quase tocando na loira, mas desistiu no último instante, provavelmente lembrando-se da última vez que suas peles entraram em contato. Isso não poupou Emma de ser arremessada para trás com sua magia, deixando-a estatelada desacordada no chão alguns metros de distância de Regina.

– Eu poderia mata-la agora, Regina. Poderia mata-la sem ela nem seu filho lembrarem-se sequer da mulher que desistiu de tudo duas vezes por eles.

– E porque você não faz logo em vez de ficar contando vantagem? – Desafiou Regina.

– Porque vai doer ainda mais quando você me ver acabar com a vida dela, e você não poder fazer nada. E depois um por um. Todos que você se importa. Até você estar sozinha de novo, como você sempre esteve, talvez quem sabe repensar novamente sua posição, a que lado você pertence e sempre vai pertencer. Esse é seu fardo, destruir tudo o que você toca...

– Porque você está fazendo isso?

– Porque eu sou Má. – Respondeu com um singelo sorriso, antes de levantar o corpo de Emma debatendo-se, e trazê-lo junto a si. – Nos vemos em breve.

Quando Elphaba lhe deu as costas Regina mais uma vez tentou lançar sua magia sobre esta, mas com apenas um aceno de mão ela dispersou a magia de Regina e continuou sua caminhada, até a outra extremidade da construção. Convocou Nessarose que finalmente saía de cima de Hook estatelado no chão, parecendo tão debilitado quanto a própria Regina. Os braços lhe traíram algumas vezes em suas tentativas de se erguer, Regina não soube de onde tirou forças para levantar-se e perseguir com passos rápidos, porém cambaleantes na direção onde Elphaba montou em uma vassoura, ao lado da irmã que agora se encarregava de segurar o corpo de Emma ao seu lado com um feitiço de mobilização.

Elphaba foi a primeira a impulsionar-se e planar pelo céu com a vassoura, mas quando foi a vez de Nessarose, no ultimo instante Regina se segurou na última parte a deixar o chão da bruxa morena.

– Solte-me! – Gritou ela chutando o ar, poucos metros acima do chão. O peso das três parecia não ser o suficiente para a vassoura levantar voo. Regina apoiou todo seu peso para baixo segurando com o máximo de força seu tornozelo e impulsionando seu corpo para baixo. – Irmã! Queime-a, queime-a!

Elphaba foi atraída para onde a confusão se instalara, mas mais uma vez contra a magia e corpo desgastados de Regina foi necessário apenas um aceno para Regina voar vários metros para trás, junto com o calçado carmim de Nessarose que viera junto no impacto.

– Meu sapato! – Guinchou a irmã mais nova.

– Nessarose, vamos! O portal já está aberto! – Nessarose ainda lançou um último olhar ressentido, cheio de ódio para trás, mas não era forte o suficiente para desobedecer uma ordem de sua irmã e a seguiu em direção ao tornado verde que tomara conta dos céus acima de suas cabeças.

Regina não pode fazer nada, a não ser observá-las atravessando os mundos, levando consigo Emma Swan. Fora deixada para trás apenas com o sentimento de perda, sem orgulho, sem esperança, sem forças, sem nada a não ser o som da própria voz uma única palavra tão curta, mesmo assim tão dolorosa de ser dita agora.

– Emma...


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Notas finais do capítulo

*Frase dita no filme Anastásia da FOX, que eu amo