Falando de Flores escrita por Arabella


Capítulo 14
Extra - Daniel Germano


Notas iniciais do capítulo

AMOOOOOOOOOOORAS
SDDS de voces.
sei sei, eu sumi, mas sumi da vida. meu computador estragou e ganhei meu notebook agora, ontem a primeira coisa que fiz foi terminar uma pov Daniel que eu tinha comecado ha muito tempo. A linda da abelha beteou e me devolveu agora.
Se tiver alguns erros me perdoem e me avisem, to correndo pro cursinho mas queria postar antes de ir.
Alguem aqui é fã de AM?
Aviso importante: a partir de agora fdf é movido a comentarios, odeio ter que fazer isso, mas voces só comentam quando eu imploro. Temos mais de 30 leitores e só duas ou tres comentam sempre. Eu fico tao feliz quando comentam que escrevo mais rapido que o normal.
Como prometido, passamos bonito de 1000 visualizacoes e aqui está o lado de Dan.
Queria deixar claro que isso é antes deles se conhecerem mesmo, não vão chamando meu amor de safado não.
Ultimo aviso, essa semana estarei totalmente alheia ao mundo, se eu não responder nada juro responder depois, but essa semana TEM GRENAL E EU ESTOU PIRANDO.
Se o inter vencer (humpf, claro que vai acontecer) posto novo capitulo antes de viajar.
XOXO



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"Talvez eu esteja muito ocupado sendo seu para me apaixonar por um novo alguém."

Arctic Monkeys (Do I Wanna Know)

– O que te faz pensar que pode chegar em casa nesse horário, garoto? – Minha irmã grita da porta enquanto subo os degraus da varanda. – Não é porque o papai e a mamãe não estão aqui que não vão ficar sabendo disso.

– Não enche, Victória. São oito horas e ainda tenho a festa da escola. - Resmunguei passando por ela e indo direto para o meu quarto.

– Dane-se a festinha do caramba, você saiu de manhã. Podia ter avisado pra onde ia, fiquei te esperando no almoço. Você já foi mais educado, sabia?

– Legal. – Respondi e fechei a porta do meu quarto com força.

Victória estava longe de ser a garota mais certinha do mundo, mas quando nossos pais viajavam e deixavam ela "tomando conta de tudo", que era o código deles para "não deixe o Daniel entrar em confusão" ela se sentia a rainha. Eu sabia também que ela estava só esperando eu chegar em casa para me dar uma dura e me mandar para o meu quarto para poder sair. No final, éramos muito parecidos, a única diferença era que eu não ligava para onde ela ia ou o que fazia.

Entrei no quarto e joguei minha blusa que tinha as mangas sujas de terra dentro do cesto e quando estava prestes a desabotoar as calças me lembrei de fechar a cortina. Eu podia ser o que fosse, mas agora tinha uma garota na casa ao lado e não podia correr riscos. Ao me aproximar da janela me arrependi instantaneamente. A garota que me tirara o sono estava ali, não me observando como na noite passada, mas sentada de costas para mim cantando e tocando algo no teclado que me chamara minha atenção ontem.

"In my dreams, in my dreams

I'm a bad-ass, jumping off the moving train

I'm a Jane Bond, putting all the guys to shame

I'm a wild card, and I'm gonna steal your game

You better watch ou"

Parecia com uma daquelas canções pop que Isabella e Olívia tanto ouviam e cantavam, só que em um ritmo mais leve acústico. Sabia que aquilo não era correto, mas não me segurei e quando dei por mim estava 50% fora de minha janela tentando escutar a voz baixa da garota.

"I'm a fire starter, I'm a sweet disaster

I melt hearts like water"

Me lembrava de que na noite passada pude captar um pequeno deslumbre de seu rosto. Seus olhos agitados fingindo ler alguma coisa. Olhos intensos de um verde tão forte que achei que estivesse enlouquecendo. Na realidade, dormi pensando se tinha mesmo visto uma garota ali, ou se era tudo fruto da minha imaginação. Aqueles olhos me pareciam tão familiares, aquele tom de cabelo, nem branco nem loiro, um tanto quando incomum. Sentia como se já tivesse visto por fotos, não pessoalmente, claro que não, se fosse, nunca teria esquecido uma beleza como aquela. O que mais me perturbava era que eu conhecia a família da casa ao lado. Nos três anos que morava naquele condomínio conhecia cada morador e parente dos mesmos, principalmente daquela casa. O pior do que ter uma professora gata e ser ruim na matéria dela é ter uma professora gata, ser um lixo na matéria dela e ela ser sua vizinha. Fora o que ainda luto para esquecer, o fato de ter pego Victória se agarrando com o filho mais velho da mesma. A coisa é: além da Sra. Meireles, a casa só tem garotos. Nunca vi uma menina naquela família.

Me desliguei de tais reflexões e resolvi descobri quem era a tal garota mais tarde quando ela alcançou a nota mais alta da música e a melodia aumentou. A menina começou a mexer os dedos com mais graça e a balançar a cabeça de modo que seus longos cabelos extremamente lisos se soltaram do coque mal feito e escorregaram até um pouco acima de sua cintura fina. Ela usava uma blusa de manga 3/4 azul escura e um short florido. Seus pés estavam fora do meu campo de visão e quando ela trouxe a mão ao cabelo para ajeita-lo me assustei com a palidez de sua pele. Uma coisa era falarem que eu era muito branco, outra era a cor daquele garota que podia facilmente se passar por assombração.

Em certo momento a menina repetiu uma nota, parou por dois segundos, repetiu o trecho novamente e parou algumas notas depois da primeira vez, bateu com força no teclado antes de se levantar com uma raiva aparente e jogar as partituras no chão. Ouviu-se um grito de outro canto da casa e logo a garota gritou que não havia acontecido nada e que estava quase pronta. Ela se abaixou, recolheu os papeis, jogou em cima do instrumento e se abaixou novamente, acho que calçando alguma coisa, quando ela se levantou pela segunda vez, notei que se virara em minha direção e, por mais que quisesse ver seu rosto, me virei e fingi que estava somente tirando a calça. Poderia ter pensado em algo melhor, mas estava com medo demais que ela achasse que estava a espiando. Talvez isso fosse melhor do que ouvir ela gritando com voz de nojo.

– Ow, sabia que as cortinas foram feitas para esse tipo de ocasião?

Contei até três no pensamento antes de me virar para responder, mas nesse prazo ela já tinha sumido e o quarto estava vazio. Suspirei e fui finalmente para o banheiro. Estava atrasado. Tudo por causa daquele par de olhos maiores do que o normal e a voz melodiosa. O pior de tudo era que esses olhos não deixaram minha mente nenhum segundo enquanto me arrumava.

– Droga, Daniel. Parente do Guilherme não.

A festa estava cheia. Não só de alunos do primeiro ano, mas de todos e de varias escolas. Essas festas bimestrais sempre eram montadas para um publico maior com poucos convites, mas com o tempo ficaram tão faladas que até convites falsos passamos a ver. A única coisa que não mudava o péssimo gosto musical das garotas que montavam a playlist. Revirei os olhos com a música que tocava de um Zé ninguém que tinha somente ela de sucesso e a menina tinha os braços em meu pescoço me olhou confusa.

– O que foi?

– Nada de importante. – Sorri com o canto da boca e vi os olhos dela brilharem. Não sabia ao certo como aquela garota chegou aos meus braços ou se fui eu que cheguei aos dela, nunca entendia, simplesmente acontecia, sempre era assim. Me inclinei e a beijei, com uma das mãos segurando seus cabelos castanhos e a outra descendo até o inicio do seu quadril, é, eu era um cara de limites sim, ela não era. A menina que eu achava já ter visto em algum corredor da escola foi me empurrando até minhas costas baterem na parede, seus dedos finos se enroscaram no meu cinto e só me lembrei que estávamos cercados de pessoas quando escutei uma tosse forçada. Me soltei da menina que quando viu quem era ficou um pouco sem jeito. Ri internamente e me virei para o meu amigo com uma grande vontade de lhe socar. Henrique estava alguns passos de distância segurando duas baquetas de bateria meio desconfortável. O garoto sempre fora tímido e desajeitado.

– Já tá na hora? – Perguntei me referindo aos jogos de musicas que fazíamos em todas as festas.

– Ahn... Eu, - meu amigo gaguejou passeando os olhos de mim para a garota - eu não queria interromper, mas a Bárbara pediu para eu te chamar. Não estavam conseguindo ligar os amplificadores.

– Já estou indo. – Falei para ele que logo se afastou. Me virei para a menina que arrumava a blusa um pouco amassada. – Acho que acabamos aqui, ...

– Amanda. – Ela disse com um grande sorriso mostrando os dentes brancos brilhantes.

– Nos vemos mais tarde, Amanda? – Perguntei com um sorriso de canto de boca. A verdade é que eu não planejava vê-la mais tarde. Algo me incomodava em seus beijos. Pareciam errados, não, não errados, pareciam incompletos. E uma e outra vez que eu abrira os olhos não eram os cabelos castanhos de Amanda que estavam ali, mas longos fios loiros. Eu definitivamente estava ficando maluco.

A garota resmungou alguma coisa concordando e me afastei, seguindo meu amigo que ainda estava com o rosto meio vermelho.

– Então, cansou de ficar observando a Isabella de longe? – Perguntei para irritá-lo.

Tudo o que recebi foi um olhar cortante que dizia “Pare de ser besta, Daniel”. Resolvi ignorar e subi no palco onde alguns garotos tentavam arrumar o som, me mostraram o problema que estavam tendo com os amplificadores e percebi que tudo se resumia a um cabo errado. Me agachei para tentar resolver o problema e desenrolar o ninho que haviam feito com os cabos quando me senti incomodado com algo. Me senti observado, mas não como normalmente, era como se alguém ali fosse capa de sugar a ultima gota de equilíbrio do meu corpo com o olhar. Levantei o rosto e senti minha sanidade evaporando.

– Amélia?

Sentada alguns metros de distância em uma das primeiras mesas estava alguém que eu achava estar bons metros abaixo da terra. Não, não era um fantasma. A pessoa que me encarando era bela demais para ser tal criatura. Entretanto, não havia nenhuma outra explicação. A Amélia que vi e vi em fotos, com quem criei histórias e fantasias de onde poderia estar e de como poderíamos nos encontrar até saber a verdade; a verdade sobre sua morte, estava ali. As possibilidades eram nulas, eu sabia, nada fazia sentido naquele momento. Cabelos lisos presos no alto da cabeça, a pele branca, o nariz arrebitado, as macãs do rosto altas e avermelhadas como nas fotos que encontrei, os lábios finos e pálidos levemente entreabertos, o corpo pequeno e curvilíneo como nos desenhos escondidos dentre os livros mais antigos que resolvi não jogar fora. Aquela era Amélia e ao mesmo tempo não era. Era uma versão poucos anos mais nova da mulher com quem sonhei diversas noites.

– Quem tá encarando agora, bro? – Henrique me acordou. – A baba tá escorrendo, cuidado que ouvi dizer que já tem uma fila atrás da garota nova.

Algo dentro de mim murchou ao ouvir aquilo. Me senti um completo idiota, claro que aquela não era Amélia, não seria possível, mas ainda não conseguia entender as perfeitas semelhanças.

– A garota nova. Todos os caras estão falando dela. Parece que ela é uruguaia, ou mexicana. Tanto faz, só sei que o sotaque latino a deixa ainda mais gostosa. – Thiago, falou. Faziamos parte do time de futebol juntos, ele era até um cara legal, mas minha vontade de esmurra-lo naquele momento foi quase incontrolável.

– Ela não é pro seu bico, Thiago. – Falei quando a garota finalmente desviou o olhar, cortando com o meu transe de uma vez. Sorri para as outras meninas da mesa que logo percebi serem minhas amigas. Anotei mentalmente fazer um interrogatório com elas mais tarde.

– O Dan tem razão, cara. – Henrique concordou. – Parece que o território já foi marcado há tempos. Ouvi que ela e o Felipe tiveram um rolo complicado quando mais novos e que ele está andando de joelhos pra ter uma chance.

Olhei novamente para onde a menina se encontrava. A garota agora estava rindo discretamente de algo que Olívia e Fernanda diziam. Me perguntei mais de uma vez como a loira se enturmara tão rapidamente assim ou se não era só Felipe que a conhecia ali. Perdi a noção do tempo enquanto observava seu sorriso, a forma com que os fios loiros soltos emolduravam seu rosto, como se fossem uma moldura para aqueles olhos de um verde tão intenso.

Olhos que vi somente em duas pessoas.

Duas pessoas que me tiraram o sono.

Duas pessoas que, depois de as ver, não largaram meus pensamentos.

Duas pessoas que eu fui tolo demais para descobri a ligação de primeiro momento.

Ou medroso demais para aceitar o que sempre soube: aquelas duas pessoas tinham, ou teriam um dia, mais poder sobre mim do que eu jamais imaginei, era só questão de tempo para eu perceber que, na realidade, eu nunca tivera sanidade para ela evaporar.


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Notas finais do capítulo

E ai? gostaram desse tipo de capitulo? pretendo fazer mais, de outros personagens, comentem e falem de quem voces gostariam de ver a visao!



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