Lori.

Eu gosto, você gosta, todos gostam. Olha o Peter aí!

Eu tinha milhões de planos para aquela noite, tipo comer muita nutella, tocar violão, cantar, dançar balé, não fazer nada... Mas acredite, nenhum dele envolvia carregar Peter bêbado por quatro quarteirões em umas ruas bem suspeitas.

E o pior de tudo, Carlos estava lá. E isso só fazia meu coração bater mais rápido, meu estômago dar voltas como um acrobata, minhas mãos suarem e muitos mais outros sintomas de Paixonite Aguda, a doença mais temida pelas garotas dentre oito e dezoito anos de idade. Aquela que fazia você falar e fazer idiotices (mais do que o normal) e que fazia com que você passasse horas nas nuvens só por causa de algumas frases convencionais.

Dio Mio, esse garoto estava me atingindo mais forte do que uma bola de boliche no estômago.

– Então... - Sua voz ecoou na rua com timbre perfeito na rua vazia. - Ele parece mais leve do que realmente é.

– Pois é - Eu ri, nervosa, ajeitando o braço esquerdo de Peter ao redor do meu pescoço. - Eu sei que essa não era seu plano de noite ideal.

– Tanto faz, se eu estou com você... - Eu corei tanto nessa hora que devia parecer uma placa de "pare". Já o resto... - Precisamos conversar.

– S-sim? - Gaguejei, sem encará-lo.

– Sobre Megan. Estava querendo... Você sabe... Eu fiz tantos planos para hoje, com ela. Não imaginava que tudo seria assim.

Estava tudo indo perfeitamente até esse momento. Depois dessa última frase, aquela tal bola de boliche do meu estômago resolveu cair em cima do meu coração, rolar nele, voltar de novo, mais algumas vezes, e finalmente parar em cima dos restos mortais do meu pobre bombeador de sangue.

– Lori, você tá bem? - Perguntou, receoso. Eu parei e o encarei, dando um sorriso fraco.

– É, tô. - E quanto esse negócio de "tanto faz, se estou com você"?. Tanto faz se eu sapatear nessa sua cabeça também, stronzo? [N/A: Stronzo é idiota :3]

– Enfim, eu não achei que ela gostasse do Peter. Ela é tão linda, Lori! Eu sinto muito por ela. De verdade. Eu daria o mundo e mais alguma coisa só pra tê-la comigo, sabe, eu fiquei mal ao saber o que ela sente. Megan não gosta de mim... O que eu faço, Lo...

– Táxi! - Chamei um que passava pela rua, interrompendo sem pudor Carlos. O táxi parou e enfiei Peter lá dentro sem nenhuma delicadeza. - Olha Carlos, meus pais devem estar preocupados e eu tenho que correr para chegar na casa de Peter. A gente se vê, beleza?

– Tá, mas eu posso pegar uma carona com...

Não deixei ele terminar. Me joguei dentro do carro e disse o endereço ao motorista, que bufou. Parece que nenhum de nós dois estava tendo uma noite exatamente agradável.

– Meninos são idiotas, Lori. - Peter me encarou, com os olhos pesados, e deu um sorrisinho. - Não liga pro Carlos.

– É, eu sei. Mas acho melhor você dormir, bonitão, parece que o dia de amanhã não vai ser nada legal pra você. - Eu sorri ternamente e dei um beijo no topo da sua cabeça.

Quando chegamos na casa, senti que o dia de amanhã não seria mesmo agradável. O carro dos pais de Celina estava estacionado logo na porta.

****

P.O.V Celina.

Noite de cinema. Sabe, eu amava demais noites de cinema, principalmente quando éramos nós, os pais do Peter e Peter. Sempre era muito divertido.

Só que, naquela noite, meu namorado não ia participar e meu nariz estava doendo como a desgraça. Mesmo assim, eu estava bem, já que eu sabia que Peter estaria se divertindo saudavelmente. Isso, é claro, só até eu ir abrir a porta e dar de cara com Lori apoiando Peter, que parecia um drogado.

– Não posso explicar agora, este menino já vomitou três vezes no caminho e acho que vai vomitar mais uma em cima de mim agora. - Ela entrou na casa sem a menor cerimônia.

Mas estava tudo bom demais pra ser verdade... Ele era impossível. Só que naquele momento tudo o que eu não devia era dar chilique, então me controlei e fechei a porta, para encaminhar Lori e seu balde novo para aparar o vomito de Peter até o quarto. Os adultos, surpresos, foram ajudá-lo enquanto eu me encaminhava até o quarto dele com Lori.

–... E foi isso. - Lori me contou, dando ombros de lábios crispados. Ela estava desviando os olhos.

– Você não está me contando tudo. - A olhei, desconfiada. Lori simplesmente abriu um olhão e um sorriso gigante, bizarramente.

– Dio Mio! Olha só que horas são, né, que pena. Tenho que ir, Cê! - Ela me abraçou mais rápido do que o flash. - Tchau, pais da C! Tchau, pais do Pet!

E saiu voada de casa. Eu simplesmente suspirei e me encaminhei até o quarto de Hudson e Lola, onde os adultos cuidavam do Peter. Ele estava bem pálido, mas acordado, estendido na cama de casal com o pessoal ao redor.

– Mas esse moleque vai ver! Quem diria, Hudson, Peter chegando bêbado assim em casa! Mas espera só... Espera só... - Lola dizia, rondando a cama de um lado para o outro.

Hudson se limitava a mexer a cabeça e continuar passando a toalha molhada na testa do filho.

– Eu... - Ele começou, desajeitado. - Preciso falar com... Celina.

Eles assentiram e não resistiram tanto assim em sair para continuar o filme quando eu disse que tomava conta dele. Peter tentou se sentar, mas eu o impedi.

– Nada disso, tudo o que eu menos quero é que você vomite em mim. - Eu sorri, mas parecia que ele iria chorar.

– Desculpa, Celina. Desculpa. - Ele me abraçou, e senti que estava chorando um pouco.

– Mas o que foi, Peter? - Eu o consolava, confusa.

Ele me largou e me encarou, triste.

– Eu fiz a pior besteira que poderia fazer. Eu... Megan... - Tentou conciliar as palavras.

Mas isso já me bastava. Peter havia ficado com Megan.