12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 92
Capitulo 90




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Vai ao banheiro e termina se ajeitar. Pega álcool, curativos na bancada do quarto, indo até Paula.

— Já terminou o chá? - senta-se na cama.
— Já sim...- coloca a xícara ao lado.
— Coloque os braços aqui sobre a almofada...
— Estão inchados...- faz o que ele manda.
— Sim, amor... Mas logo vai desinchar! - retira a faixa colocada no hospital.
— Dói pouco em comparação a costela...
— Vai passar...- sorri, passando calma.

Vitor limpa os pulsos dela com álcool apropriado e passa uma pomada indicada, massageando o local da maneira que Ricardo ensinou, para ajudar a colocar os pulsos deslocados no lugar.

— Dói? - massageia devagar.
— Não... É gostoso...
— Ricardo falou que posso fazer isso na sua costela, com o movimento ao contrário é muito mais devagar.
— Sei... E vai fazer agora de manhã?
— Não... Mais tarde!
— Posso entrar? - bate na porta.
— Não Dulce, estou nu!
— Vitor! - riem. Entra mãe...
— Grandes coisa você nu...- entra. "Aí meu Deus, Vitor nu"...- imita voz de espanto.
— Ha. Ha. Ha!
— Tenho é dó da minha filha com você nu!
— Ela ajoelha e agradece pela imagem sempre!
— Deus está vendo!
— Conversa besta vocês dois! Deu né? - ri.
— Ele começou... Como sempre! - senta-se na poltrona observando. O que está fazendo?
— Massageando os pulsos com essa pomada...- mostra. Preste atenção aqui para fazer quando eu não estiver...
— Ok...- observa, mas logo se levanta.
— Sua mãe super ajuda! Pedi para ela te olhar na sala, você chega sozinha no quarto... Falo para ela ver a massagem, ela começa andar no quarto.
— Eu ouvi! - abre a janela.
— Era para você ouvir mesmo!
— Você não tinha outro genro para me arrumar, Paula?
— Não mãe... Só sobrou esse daquela lista que fizemos.
— Aquele primeiro nome da lista era maravilhoso!
— Concordo... Tinha belas pernas! Nuu!!
— E aquela outra coisa parecia ser bela também... Você chegou a ver?
— Mãe! - ri. Não me deixa envergonhada!

Vitor para a massagem e começa olhar para as duas.

— Então... Eu vou ligar aqui para um companheiro meu... Acho que ainda há vagas no circo dele!
— Meu genro não vá tão cedo... Termine a massagem na sua esposa!
— Vai... Termina logo coisinha! Só sobrou você mesmo... Vai ter que me aturar!
— E me aturar também! - observa a neta. Conferiram a febre dela?
— Durmo com o inimigo! - riem. Lucy deu o medicamento... Logo irei conferir! - pega as faixas para enrolar nos pulsos.
— Ok... Paula o que irá querer para almoçar?
— Nada de especial... Só não esqueça do purê de Vitória, já tem um tempinho que ela não come. Você quer peixe Vitor?
— Pode ser...
— Filé de tilápia com ervas... Menos páprica... Vitor é alérgico.
— Tudo bem... Passarei o cardápio para Diva...- se retira rumo à porta.
— Peça a Diva que faça frango ao molho... Sem ser molho vermelho.
— Decidam... Peixe ou frango?
— Já falei... Frango! - enrola a faixa no pulso da Paula.
— Ok... Vou indo...- sai.
— Ué, você não queria peixe?
— Posso ser alérgico a páprica... Mas você não gosta de e não comeria. Você precisa comer...- termina o que estava fazendo. Não fique forçando os punhos... Por favor. - se levanta.

Ele joga fora as faixas que estavam em Paula. Guarda o álcool e a pomada e pega o termômetro.

— Filha...- se senta na cama. Deixa papai colocar aqui...- coloca o termômetro. Vou na cozinha e já retorno... Vou ver os medicamentos dela.
— Vitor... Venha se deitar... Tire esse shorts, deite aqui. Você precisa dormir...
— Eu já volto! - pega o celular na cama e sai.

Paula se preocupa por ele não ter descansado. Mas, não adiantava falar. Na cozinha ele chama Lucy com a receita de Vitória em mãos.

— Você deu esse? - lê na receita e pega na caixinha de remédios dela.
— Sim... E esse outro...- pega. Cinco mls do primeiro e 10 do outro.
— Ok... Daqui duas horas precisamos dar o de 10 mls novamente. Deixa eu ver aqui...- lê a receita. Lucy, faz o seguinte... Tira das caixas os remédios, lave os medidores e coloque na bancada do meu quarto.
— Ok...
— Diva me traz um copo de água...
— Aqui...- entrega.
— Obrigada! - vai para o quarto.

Ao entrar no quarto, Paula está brincando com Vitória.

— Retirou o termômetro?
— Sim! Não está com febre. - sorri.
— Que ótimo! - retribui o sorriso.
— Quer água? - bebe um pouco.
— Não... Dê um pouco para Vitória.
— Filha...- coloca o copo na boca dela. Lucy virá trazer os remédios... Falei para colocar na bancada. Pode deixar que arrumarei...
— Tudo bem... Me ajude a me deitar um pouco.
— Prontinho? - pergunta para filha que desce da cama. Cuidado... Onde você vai Vitória? - ela sai do quarto correndo. Deixa eu te ajudar...- vai até ela.
— Vitor... Vou ter que pedir mais uma vez para você vir se deitar? - coloca a mão no pescoço dele enquanto ele a deita.
— Não se preocupe...- a beija. Descanse... Quero você bem logo.- sai. Vitória? DIVA? VITÓRIA ESTÁ AÍ?
— NÃO!
— Meu Deus! - corre pelos quartos. Vitória? VITÓRIA? - vai até a sala. Lucy... Vitória não passou aqui?
— Não... Pensei que estivesse com vocês. - se levanta.
— Ela saiu correndo do quarto... A piscina! - corre para fora e se alivia ao ver que a filha não foi para piscina. VITÓRIA?
— ESTÁ AQUI VITOR! - Dulce corre com a neta no colo.
— Meu Deus filha! - respira aliviado, indo até Dulce.
— Veio correndo atrás do Algodão, peguei ela no jardim.
— Que susto! Saiu do quarto sozinha... Pensei que alguém veria ela andando. Vou ter que mandar colocarem segurança naquela piscina.
— Faça isso logo! Ela já anda isso aqui tudo...
— Preciso ligar no hospital, ver como Maria está...
— Vai lá!
— Jaja a pego!
— Vitor... Você precisa dormir. Desde ontem não prega os olhos, não sei como está aguentando ainda. Você já cuidou de Paula, Vitória, Maria... Vai descansar.
— Farei isso... Licença! - vai para o escritório discando para Camila.
— Vitor.
— Oi Camila! Como vai Maria?
— Bem! Passarei o celular a ela. - entrega.
— Papai!
— Oi meu amor...- senta-se na poltrona. Como está?
— Bem... Hoje não tive nenhuma dorzinha!
— Isso é ótimo!
— Você vem me ver?
— Filha...- se ajeita. Paula e sua irmãzinha não estão bem... Papai precisa ficar aqui hoje para ajudar, ok?
— Ah... Tá bom! Depois você me traz ela para brincar?
— Eu levo! - sorri. Levo sim... Assim que ela melhorar totalmente.
— Chegou meu papa...
— Então vá comer filha... Mais tarde nos falaremos por mensagem.
— Tá bom! Te amo, papai!
— Eu também! Beijos na bochecha...
— Em você também! Vou dar para mamãe...
— Ok...- aguarda Camila no celular. Camila?
— Sim?
— Não poderei visitar Maria por esses dias... Mas se algo ocorrer, me avise por favor. Paula e Vitória não estão bem...
— O que houve?
— Passei essa noite aí no hospital... Paula caiu do cavalo e fraturou uma costela, deslocou os dois pulsos.
— Sinto muito... Mas ela já está melhor?
— Sim!
— E Vitória?
— Estava com febre... Irritação na garganta.
— Entendo... Melhoras para as duas... E não se preocupe que Maria ficará bem, ela entende a situação.
— Eu sei... Mas qualquer coisa me avise!
— Sem problemas Vitor...
— Até mais!! - desliga, ouvindo baterem na porta. Abra! - coloca o celular na mesa.
— Paula está te chamando...
— Obrigada Cintia! Já irei...- se levanta.

Retorna ao quarto e Paula está acordada, encarando-o.

— O que fiz agora? - fecha a porta.
— O certo seria o que quero que faça!
— Hum...- desabotoa o shorts. Fui atrás de Vitória e advinha onde ela estava? - retira a camiseta.
— Onde? - aprecia a visão.
— Correu pro jardim atrás do algodão!
— Vitória está impossível... Ela borrou de batom a porta do banheiro. Jogou suas cuecas todas para fora da gaveta esses dias...
— Meu Deus! - riem enquanto se deita.
— Vem aqui... Mais perto...
— Não me obrigue a querer não responder por mim ficando tão próximo...- sorri se aconchegando nela.
— Se não estivesse toda dura eu permitiria você não responder por você, por mim! - riem.
— Você precisa dormir, Paula... Já viu que está tudo sob controle.
— É...- respira fundo. Vitor... Precisamos contratar um veterinário pra fazenda, por isso liguei para um empresa alguns dias e ficaram de indicar alguém.
— Uhum...- fecha os olhos. Vamos descansar, depois vemos isso.
— Tudo bem...

Se alinha no corpo dele, inalando o cheiro de sua pele que a entorpecia. Não demorou para que dormissem por longas horas, nem sequer sendo acordados por Dulce para almoçarem. Ao sentarem para o café, Diva atende um telefonema.

— Dulce...- leva até ela.
— Sim? - coloca a xícara na mesa.
— Você sabe se Vitor ou Paula querem contratar algum veterinário?
— Não sei... Por que?
— Uma empresa está na linha para marcar uma entrevista com um dos veterinários...
— Peçam para ligar mais tarde...
— Ok...

Diva fala com eles que se comprometem a ligar em outro horário. Retorna aos seus afazeres, servindo Cintia que acaba de chegar para o café da tarde.

— Onde esteve?
— Com Elias...
— Entendi...
— Vitória?
— Está dormindo... Assim como Paula, Vitor...- olha no relógio. E já fazem horas!
— Estavam cansados! Obrigada Diva...- pega o pedaço de bolo.
— Sente aqui para comer com a gente...
— Não! Preciso terminar de colher as verduras na horta...- coloca a jarra com suco na mesa. Vou deixar a mesa posta, guardem o suco depois e cubram as coisas?
— Pode ir tranquila...
— Ok...- sorri. Até mais! - se retira.
— Até...
— Paula está bem?
— Acredito que esteja Cintia... Na verdade espero que esteja!
— Sim!

Terminam de comer e fazem o que Diva pediu. Algum tempo mais tarde Vitor sai rumo à cozinha com Paula, a apoiando para caminhar.

— Boa tarde...- sorriem.
— Olá! Acordaram...- se levanta do sofá. Vou colocar o almoço de vocês...
— E Vitória, mãe?
— Dormindo...- chegam na cozinha. Ligaram aqui...- pega as panelas no fogão. Uma empresa querendo marcar uma entrevista com um veterinário.
— Ah... É o que te falei, Vi! Posso marcar enquanto estou aqui... Tudo bem para você eu contratar? - senta-se com a ajuda dele.
— Ok...- senta-se também.
— Vão contratar um? - serve-os.
— Sim, mãe... É melhor contratar um fixo para os cavalos, vacas e todo o resto. Muitos animaizinhos para dar conta!
— Pois é! Acredito que seja uma boa mesmo... Vou deixar vocês comerem, qualquer coisa me chamem. Diva está na horta e Sol está organizando a dispensa.
— Tudo bem. - observa ela se retirar.
— Vitor...- coloca os garfos ao lado.
— Sim...- limpa a boca com um guardanapo para ouví-la.
— Recebi um telefonema do banco há alguns dias e tanta coisa aconteceu que esqueci.
— O que houve?
— Me perguntaram sobre uma retirada da conta de 500 mil reais.
— Normal... Geralmente eles ligam quando o valor é alto.
— Por que você retirou esse dinheiro?
— Comprei uma casa...- come, temendo a reação dela.
— Hã? - o encara.
— E vou precisar retirar mais 500 no próximo mês. Então vão te...
— Sei que não tenho nada ver com seu dinheiro...- nesse momento Vitor larga os talheres. Mas, comprar uma casa?
— É para Maria, Paula!
— Ah...- fica sem graça. Eu...
— Comprei um terreno em um condomínio que está sendo construído e em breve construirão uma casa adaptada a ela.
— Onde?
— Campinas! Os pais da Camila foram para lá e pensei que ela gostaria de ficar perto quando Maria sair do hospital...
— E você falou com ela sobre isso?
— Depois eu falo...- volta a comer.
— Você nem sabe se ela irá querer ir para lá... Deveria conversar com ela antes de tomar uma decisão assim.
— Volte a comer! - ignora o que ela diz.
— Deixe de ser ignorante Vitor! O que estou falando é sério. Você não pode tomar decisões a respeito da vida de outro!
— A respeito da vida da minha filha? Acho que posso.
— Mas a filha não é só sua!
— Não importa! O condomínio é excelente...
— Mas talvez não seja a vontade de Camila.
— Paula!
— É inacreditável você tratar as coisas assim! É dessa forma que você me vê? Como um nada, algo que não importa... E toma decisões sem me...
— Não comece! As situações são diferentes.
— Não adianta falar com você! Sua cabeça é fechada para seu mundo.

Paula tenta controlar o nervosismo, engolindo a comida a seco. Ele não a olha durante todo o almoço, mas sente ela esbravejar em silêncio.

— Quando quiser se levantar, me avisa! - sai da mesa.
— MÃE! - chama.
— O que? - vem até ela.
— Me ajude a levantar?

Dulce olha para Vitor que está na pia observando a cena.

— É... Tudo bem! - a ajuda.
— Quero me sentar na sala um pouco...
— Vamos lá...- a leva.
— Depois eu que sou ignorante! - a segue.
— Você é um ignorante, cabeça fechada!
— Paula... Você acha que você é uma pessoa suportável? Que é fácil ser casado com alguém tão autoritária?
— Não pedi para se casar comigo... E muito menos para permanecer casado! - senta-se com Dulce. Quem pede isso é você!

Ele não a responde e vai para o quarto pisando alto. Dulce a encara, buscando saber o que houve e Paula diz a ela o que aconteceu.

— Não sei o que me dá na cabeça conversar com ele!
— Ele é complicado!
— Não mãe... Vocês falam isso, mas não imaginam o quanto ele é pior. Ele ignora a vontade das pessoas, ignora a opinião, ignora tentarem ajudá-lo. - Dulce não responde. Eu não sei mais como lidar com ele! Ás vezes a gente pensa que nunca vai perder o encanto... Mas com o tempo estou perdendo do Vitor!
— Paula, nem sonhe em pensar isso perto dele!
— E sou obrigada a suporta-lo dessa forma?
— Sim! A conversar para que ele mude...
— Vitor jamais vai mudar! Em anos nunca mudou...
— Filha...
— Eu não aguento mais! - chora. Não sei o que faço com ele!
— Você acha que...- pensa. Que não o ama mais?
— Não mãe... Não é isso! - enxuga as lágrimas. Eu o amo muito! Como nunca amei outra pessoa. Mas aquela paixão de estarmos juntos, aquele...- se lembra de como eram. A gente se entendia com os olhos, se amava de longe.
— Você não pode pirar! Se acalme... Porque você precisa ajudar ele e não piorar a situação.

No quarto Vitor repensa no que fez. Paula o indagar se seria isso que Camila queria o fez pensar que realmente deveria ter perguntado antes. Mas para não dar o braço a torcer deixa tudo como está. Liga a televisão e começa assistir um documentário sobre o meio ambiente. Dulce atende ao telefone da residência que mais uma vez tocou e era a empresa novamente.

— Pode marcar mãe... Para daqui duas semanas! Quero estar um pouco melhor.

Ela faz o que a filha pediu e marca na agenda da casa o compromisso. As horas, os dias, as semanas passam e Paula e Vitor se tratam na medida do possível. Mal se beijam, mal se falam e vão levando como se tudo estivesse bem. Chega o dia da entrevista da Paula com o novo veterinário; já recuperada se arruma e sai para falar com Diva.

— Diva...- se aproxima do balcão, pegando uma maçã. Vitor chega hoje...
— Certo! - enxuga as mãos. Algo especial?
— Não...
— Ele vem direito ou vai ver Maria?
— Ele está com Maria! Vem para cá depois...
— Entendi!
— Paula...- Elias aparece na porta da cozinha.
— Oi Elias! - sorri.
— O veterinário chegou!
— Peça que ele venha até o escritório...
— Ok...
— Levo algo para vocês?
— Por enquanto não... Qualquer coisa te peço para levar.
— Está bem!
— Tomara que dê certo! Precisamos de um veterinário...- sai, deixando a maçã mordida na mesa.
— Essa Paula! - pega a maçã e joga.

Entra no escritório e aguarda o veterinário ou veterinária chegar. Torcia internamente para ser homem, não queria uma mulher por conta de Vitor. Não que ele fosse dar corda, mas talvez a nova funcionária não entenderia bem as suas ordens. Assina alguns papéis na mesa, divagando quando é surpreendida pela entrada de um homem que não exita em sorrir ao ver.

— Não estou acreditando! - se levanta.
— Paula!? - diz surpreso.
— Roberto! - vai abraçá-lo. Quanto tempo! - segura as mãos dele.
— Meu Deus! - riem. Não sabia que você era proprietária dessa fazenda! Que jogada do destino.
— Não é? - ri. Vem! - leva ele até a cadeira. Senta por favor! - vai para o outro lado da mesa.
— Paulinha! - a observa sorrindo. Você está tão linda quanto antes!
— Muito obrigada! - ri. Mas acho que melhorei um pouco... Né não? - pisca para ele.
— Claro! A idade tem te favorecido. - riem.
— Tanta coisa aconteceu!
— Tenho acompanhado sua carreira de longe! Estive em um show há alguns meses atrás em BH.
— Sério? Por que não procurou Cintia para me ver?
— Pensei que não daria certo...
— Imagina! Não pense assim da próxima vez. Quer dizer que você se formou em Medicina Veterinária?
— Sim! - sorri lindamente. Meu grande sonho... Lembro que você gostaria de ter feito também.
— Pois é! Mas fiquei só no amor pelos animais mesmo.
— Por isso resolveu contratar alguém!
— Exatamente! Temos muitos bichinhos aqui...
— Temos?
— Sim! - sorri. Me casei, não soube?
— Casou? - pergunta perplexo. Juro que não sabia. Não vejo nada na mídia a respeito disso...
— E nem sai nada na mídia! Vitor é...
— Vitor? - a interrompe. Do Victor e Léo?
— Isso! - ri da expressão dele.
— Meu Deus! Você se casou com aquele cara! - riem.
— Para você ver... E temos uma filha.- vira o porta retrato da mesa. Vitória...
— Ôh...- pega. Que coisa mais linda! Quantos anos ela já tem?
— Tenho um ano e oito meses de casados e Vitória tem um ano e três meses! - sorri.
— Casou grávida!
— Estava com quatro meses quando me casei.
— Aposto que estava linda!
— Me sentia linda e feliz! - ri.
— Isso que importa!
— E então... Ainda não estou acreditando que um dos meus melhores amigos da Companhia se formou em Medicina Veterinária!
— Um dos, não! Era só um amigo porque seu amigo Vitor não dava tempo de você ser amiga de mais ninguém. - ri.
— Você era um grande amigo sim! - pega na mão dele.
— É...- sorri, apertando a mão dela olhando em seus olhos.
— Então! - solta da mão dele ao sentir algo estranho. Você trouxe o currículo? - sorri.
— Sim! - entrega a ela.
— Olha...- observa. Quantos cursos de aprimoramento! Parabéns.
— Obrigada!
— Com ênfase em cavalos! - sorri. É o que mais preciso aqui. Temos 15 cavalos... De diversas raças e eu ainda não tinha visto um veterinário próprio para eles.
— Entendo!
— Precisaríamos de alguém que se dedique integralmente a Fazenda. Será muito bem remunerado e terá um carro à disposição para ir e vir. Você poderia isso?
— Sim! No momento estou desempregado... Trabalhava para uma fazenda como você pode ver na folha 4, mas me demitiram por conta da crise e etc. Você sabe...
— Entendo! Está complicado mesmo... Mas Vitor tem muito controle sobre tudo então conseguimos cuidar de todos os funcionários da melhor forma possível.
— Que bom! Você irá passar para ele sobre mim?
— Não! Por que? - olha para ele.
— É que não sei se ele gostaria da ideia...
— Imagina Roberto! Aquilo tudo foi na nossa adolescência, no passado! - ri.
— Claro! - sorri sem graça.
— Olha só... - junta os papéis. Não vou querer nem fazer uma outra entrevista! Quero que faça um mês de experiência e fique tranquilo que será remunerado... E depois vemos corretamente.
— Obrigada Paula! Honrarei a oportunidade.
— Tenho certeza que sim! - sorri, levantando-se. Vem comigo... Vamos tomar um café!

Saem para a cozinha conversando sobre tudo que aconteceu em suas vidas. Diva estranha ao entrarem rindo e Paula explica que Roberto é um grande amigo de anos atrás, trabalhava na Companhia de Rodeio com ela. Vão para a sala de jantar e ela os serve, ficando lá conversando por horas.

— Quem está aí? - Sol ouve as risadas.
— Um amigo de Paula...
— E porque essa cara Diva? - ri.
— Vitor não vai gostar disso!
— Imagina Diva... É só um amigo.
— Nessa intimidade toda? - observa Roberto acariciar a mão de Paula.
— Estão só conversando...- observa.
— Enfim... Espero que Vi...
— Oi? - chama.
— Ouviu?
— Vitor chegou Sol! - corre para a sala. Olá!
— Oi Diva! - sorri, a abraçando quando ouve Paula rir. Quem está aí? - olha na direção da cozinha.
— Que? - finge não entender.

Vitor segue para a sala de jantar e para na porta quando vê Roberto passar a mão nos cabelos de Paula.

— Paula! - diz autoritário.
— Amor? - sorri. Achei que viesse mais tarde...- se levanta.
— Não por favor! - indica para que ela se sente. Não vou atrapalhar o café de vocês! - se retira.
— Vitor...- o chama. Roberto só um minuto...- sorri, saindo. Vitor! - segue.
— Vou tomar banho! Volte para seu café. - pega a mala e sai, fechando a porta do quarto com tamanha força que a assusta.

Ela olha para Diva que se retira sem graça e retorna para a sala de jantar.

— Paula...
— Oi Roberto! - senta-se.
— Houve alguma coisa?
— Não, imagina! - ri.
— Ele chegou com dor...
— Sei... Olha o que tinha no seu cabelo...- mostra.
— Acho que esbarrei no arranjo da sala! - ri, pegando na mão a folha que Roberto havia retirado de seus cabelos.
— Nosso café está ótimo! - olha no relógio. Mas preciso ir... Quando começo?
— Amanhã mesmo! - sorri.
— Ótimo! Gosto assim...- riem. Amanhã estarei aqui...- se levantam.
— Elias vai te ajudar! Vai te indicar tudo corretamente...
— Ok!
— Te levo até a porta! - saem até a entrada da casa.
— Então...- vira-se para ela. Até amanhã!
— Até! - se abraçam.
— Foi bom ter te reencontrado...- diz no ouvido dela.
— Eu...- se afasta. Eu digo o mesmo! - sorri.
— Tchau...

Ele se afasta e Paula tenta se recompor. Não imaginava reagir dessa forma perto de alguém que nunca passou de um mero colega. Logo quebrou seu pensamento lembrando de Vitor, se culpando por ter gostado dos toques de Roberto. Entra para casa ao ver o carro sumir pela estrada. Diva e Sol a observam atentamente e ela sem entender resolve fingir que nada ocorreu, indo para o quarto. Vitor está no banheiro retirando a barba e ela o observa limpar o sangue.

— Se cortou...- se aproxima, tentando pegar a prestobarba da mão dele, mas ele se afasta.
— Me deixa!
— Você está tremendo! - se assusta. Me dê aqui que tiro para você! - tenta mais uma vez.
— Não! Eu tiro...- volta a tirar a barba e se corta mais uma vez.
— Vitor! - toma da mão dele. Para com isso! - joga no lixo e pega alguns algodões na gaveta. Vem aqui...- tenta se aproximar para limpar, mas ele não aceita. Vitor... Pelo amor de Deus! - se irrita. Me deixe te limpar!
— Ele estava com as mãos em seu cabelo!
— Ah Vitor! - larga os algodões na bancada. Por favor! - sai do banheiro. Você ficar irritado por isso é o fim do mundo...- pensa, sabendo que tem culpa. Ele tirou uma folha que estava no meu cabelo! Você chegou na metade das coisas e entendeu o que viu... Ele que você nem sabe quem é, é o Roberto!
— Não quero saber quem é, só não quero mais aqui!
— Sinto em dizer... Mas vai ser ele o nosso veterinário!
— Nem pensar! E você não me afronte...- vai atrás dela.
— Você disse que eu poderia contratar!
— Contratar um funcionário e não alguém que se senta na MINHA mesa de jantar, dentro da MINHA casa e fica com graça COM MINHA ESPOSA!
— O que você diz ser SEU é também MEU! E eu já o contratei. - sai do quarto.

Vitor não consegue controlar o nervosismo, tem vontade de quebrar o primeiro vaso que avista, mas respira fundo e repete para si mesmo que não é essa pessoa violenta e não se tornará por ciúmes, que agir dessa forma não é de sua índole. Retorna ao banheiro, termina o que começou há algum tempo e vai para a cozinha.

— Quer comer algo?
— Não Diva! Perdi a fome por hoje...- encara Paula que está preparando um suco e ouve a conversa.
— Mas você precisa comer...
— Já disse que não estou com fome Diva!
— Ok... Me desculpe! - se retira.
— Que cena ridícula! - vira-se para ele. Tratar alguém que só quer seu bem dessa forma!
— Sério que você considera isso ridículo? Eu considero ridículo a falta de respeito à própria casa e a própria família! - sai da cozinha. Vitória! - sorri, correndo abraçar a filha.
— Estava tomando banho... Chamando pelo papai!
— Sério, meu amor? - a beija. Te amo! Vamos brincar?
— O suco dela! - estende a mão para entregar.
— Pegue o suco dela Lucy e me traga...- sai, ignorando a presença de Paula.
— Licença Paula...- pega o suco e vai atrás de Vitor.

Paula observa a reação dele e finge não estar se importando, mas no fundo estava se corroendo. Pega o celular sai para telefonar para Cintia, contar com quem se encontrou.

— Você está brincando que ele foi aí?
— Cintia...- senta-se na cadeira da piscina. Ele veio para entrevista de veterinário!
— Sério? E você o contratou?
— Vai fazer uma experiência... Mas vou contratá-lo.
— Que ótimo então! Mas estou te sentindo estranha... Aconteceu alguma coisa?
— Vitor não quer ele Cintia! Está sem falar comigo, de mau humor com todos.
— E por que? Ciúmes por conta de um passado? - ri.
— É... Mais ou menos... Ele nem chegou a ver Roberto direito.
— Não entendo...
— Quando ele chegou eu estava tomando café com Roberto e Vitor pegou ele colocando a mão no meu cabelo... Só que ele só foi tirar uma folha!
— Ixi...
— Mas esse não é o pior... Roberto me tocou na mão, me abraçou, falou até no meu ouvido!
— O que? - se espanta. Pelo amor de Deus Paula!
— Não foi nada tão... Não pense besteira!
— Falou o que no seu ouvido?
— Cintia, estávamos nos abraçando e ele falou que foi bom ter me reencontrado. Só isso...
— E por que está preocupada se não teve importância?
— Eu gostei...- sente-se culpada. Gostei do toque... Da sensação que já não sinto há tanto tempo!
— Paula...
— Eu sei!
— Você sentiu tesão por outro homem...
— Pelo amor de Deus Cintia! Também não é assim.
— Uai... Prefiro nem saber, para Vitor nem...
— Cintia! Vitor não pode sonhar com isso. Mas no fundo eu gostaria que ele soubesse! Está frio comigo, nem me beija mais... Quem dirá outra coisa!
— É melhor vocês conversarem... Você dizer o que tem sentido, se abrir com ele! Se você que é mulher e tem cabeça no lugar sente isso, imagina ele...
— Mas ele não dá o braço a torcer! Faz tudo para me tirar do sério! Aí que raiva só de lembrar...
— Calma Paula... Calma!

Ficam conversando por um longo tempo e logo depois Paula sai para conversar com Elias sobre a vinda de Roberto. Avista a Diva na horta e resolve ir até ela.

— Divinha...- entra na horta.
— Oi...- sorri.
— Me desculpa por Vitor!
— Eu sabia que ele ficaria daquela forma...
— Ele entendeu errado!
— Eu não sei... Só sei que ele tem muito medo de te perder!
— Mas ele me perde a cada vez que age tão friamente...
— Você é a única pessoa que o suportou, não faça ele se tornar pior porque é você quem vai sofrer!

Ela escuta aquelas palavras que possuem uma grande verdade. Assente com a cabeça e vai para a casa. O resto da tarde passa tranquilo dentro da medida do possível... Ela observa Vitor brincar com Vitória e sente falta dele. Mais precisamente, deles dois!

— Paula...- olha-a dispersa. Paula?
— Oi Sol! - sorri.
— Você quer jantar?
— Não! E faça o seguinte... Pode ir. Vá para sua casa e avise Diva para ir também!
— Tem certeza? Posso fazer a comida e deixar pronta...
— Não! Pode ir... Se Vitor quiser comer, eu me viro.
— Então tá! - sorri. Até amanhã!
— Até querida! - a observa sair e se levanta para encontrar Lucy. Oi...- não a escutam. Olá!
— Oi! - se vira rindo.
— Que alegria estão...- observa Vitor com a filha no chão.
— Sim! Vitor brinca muito com ela...
— Lucy... Vá para casa! Liberei sua mãe também.
— E a comida de Vitória?
— Vou fazer uma sopinha para ela... Mas fique tranquila!
— Ok... Então vou indo!
— Isso...
— Vitória...

Lucy se despede de Vitória e sai. Vitor continua brincando com a filha e ela vai para a cozinha, separa os legumes e começa fazer uma sopa para a filha.

— Vitória quer comer! - se aproxima com a filha nos braços.
— Estou preparando...- observa ele o olhar estranhamente. Que foi?
— Não confunda o açúcar com o sal! - sai.
— Além de vir com essa cara... Me enche o saco! - volta a fazer. Coloco isso agora? - olha para a panela. Aí meu Deus! - pega o celular e liga para a mãe. Mãe! Um tempero em cubo eu coloco antes ou depois na sopa?
— Que? - começa rir.
— Liberei Diva e Sol e preciso fazer uma sopa para Vitória... Vitor já veio tirar sarro com minha cara! Não vou pedir ajuda dele.
— O que quer?
— Coloquei a água para ferver com alguns legumes... Como tempero?
— Uma pitada de sal agora e um desses cubos e deixe ferver.
— Só isso?
— Sim...
— Ok! Obrigada.
— Vitor vai comer o que?
— Farei um macarrão... Se ele quiser, bem!
— Certo... Qualquer coisa me ligue.
— Ligarei...
— Beijos! - desliga.

Ela faz o que a mãe diz e tapa a panela, deixando ferver. Enquanto isso prepara o macarrão para ela e Vitor. Na sala ele assiste desenhos com a filha e observa Paula se perder com as panelas na cozinha, mas não vai ajudar ela. Quarenta minutos depois ela chama Vitor...

— Dê para Vitória...- coloca na mesa.
— Vamos papar filha...

Senta-se com ela e dá a comida, travando uma conversa somente com a filha. Ao terminar, coloca-a no chão e pega seu prato.

— Te sirvo...
— Não precisa! - serve-se ele mesmo.
— Quer vinho?
— Não!

Ele senta-se para comer e ela na frente dele o observa tentando conversar, mas não tem sucesso. Vitor lava a louça enquanto ela fica com Vitória, arruma a filha para dormir e deita-se com ela até que ela pegue no sono. Aguarda Vitor vir para o quarto, mas isso não ocorre... Ela vai até a cozinha levar a mamadeira da filha e o vê na sala, vendo mais um documentário.

— Vitória dormiu...- ele não responde. Vitor...
— Hum?
— Vitória dormiu...
— Já ouvi! E dai? Ela dorme sempre. Todo dia.
— Aff...- leva na cozinha e retorna para sala. Vitor... Por que isso? Não estamos juntos? Para que agir dessa maneira?
— Se pergunte você porque agir daquela forma! - come um pouco de doce.
— De que forma? Sentada com um antigo amigo?
— Amigo? - ri. Ele nunca foi seu amigo.
— Um colega que seja...
— Ele queria ser é outra coisa!
— Isso é passado! - senta-se perto dele.
— Nós também éramos passado!
— Desisto de falar com você...
— Mas de rir com seu amiguinho sarado você não desiste!
— Que patético isso!
— Tá...- coloca na mesa o pote de doce.
— Ele fará um teste de...
— Ele não está admitido!
— Ele fará um teste de experiência...
— Nem precisa disso... Ele não será contratado!
— Ele é excelente! Cuida dos cavalos...
— Se fosse excelente não estaria desempregado!
— Vitor, você é uma pessoa inteligente... Você sabe que as coisas não funcionam assim! Estou aqui há dias tentando relevar seu jeito tão rude de lidar com tudo... Mas vou cansando... A gente vai se afastando e não é isso que quero. Mas você não contribui!
— Quem se afastou foi você... Quem está me deixando é você! - vai para o quarto.

Paula o deixa ir, desliga a TV e vai depois. Ao chegar ele está se despindo para dormir... Controla seus pensamentos que vão longe. Toma banho e coloca sua camisola para dormir também.

— Que documentário é esse?
— Sobre ambiente...
— Por falar nisso... Pensei em plantar algumas árvores na entrada. Uns ipês!
— Uhum...
— Quais cores você acha melhor?
— Plante paineiras!
— Ah... Tudo bem. Vitor...- se aproxima dele.
— Que? - não a olha.
— Pare com isso...- desliza a mão sobre o corpo dele. Por favor...- beija-o, mas ele não corresponde. Vitor...- encara.
— Quer transar para que? - afasta ela. Está se sentindo culpada de alguma coisa?
— Não estou acreditando nisso...
— Vai querer ainda? - se vira sobre ela.
— Não! - o empurra.
— Hum...- volta ver televisão.

Paula se vira para o outro lado e começa chorar. Ele escuta, mas não diz nada mesmo com o coração doendo por isso. Não demora muito para que pegue no sono, dormindo com a televisão ligada. Ás sete da manhã ela desperta, desliga a televisão e se levanta. Arruma-se e sai.

— Por que tão cedo?
— Quero acompanhar o Roberto no primeiro dia...- pega o café.
— Entendi!

Toma café em silêncio e sai para o estábulo, onde Elias já ensina Roberto sobre os cavalos.

— Bom dia! - sorri.
— Além de ser bonita acorda cedo! - riem e Elias estranha.
— Como estão indo?
— Bem! Acho que estou aprendendo tudo né Elias?
— É... Vou buscar os outros cavalos, licença.
— Acho que ele não entendeu porque rimos!
— Ele não sabe que somos amigos!
— E nós somos?
— Claro! - passa a mão em Sereno. Esse é meu querido... E o Corcel é o xodó do Vitor.
— Já entendi que devo cuidar muito bem!
— Exatamente!

Paula ajuda-os a registrar todos os cavalos e isso se estende por horas. Vitor acorda na casa e pergunta dela, Diva exita em dizer que ela está com Roberto, falando apenas que está com Elias. Lucy começa os trabalhos com Vitória cedo e Vitor vai para o escritório até ser chamado.

— Mãe? - sorri.
— Oi filho! - sorri com a neta no colo.
— Que visita boa! - a cumprimenta.
— Onde está Paula?
— Nós cavalos!
— Olá! - Dulce e Cintia chegam.
— Dia bom hoje!

Sentam todos juntos e Vitor resolve ir atrás de Paula, Cintia se oferece para fazer isso, mas ele diz que ele mesmo fará. Caminha até o estábulo e só encontra Elias, mas antes que ele diga algo escuta o riso de Paula e segue até observar ela no cavalo junto do veterinário. Respira fundo, buscando se acalmar, mas é praticamente impossível.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, quem estiver gostando me manda comentário para saber! Rsrs... Nunca sei se estão lendo ou não!



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