12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 167
Capítulo 167 - Descobertas e decepções




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/465962/chapter/167

Já pela manhã Carol, que também estava responsável pela obra do apartamento, segue para o prédio juntamente com Leo e Marisa que iria decidir o lugar dos móveis. Ao chegarem na porta ela percebe que está aberta e então começam a se preocupar.

 

 

— Será que deixei aberta ontem?

— Que horas você veio aqui mãe?

— Era a tarde… Vim deixar umas roupas já.

— Fiquem aqui…- vai abrindo.

— Leo, para! - segura ele. É o sapato do Vitor ali…- aponta. Será que ele brigou com Paula? - se preocupa.

— Eles cancelaram o jantar com a gente ontem! Liga para ele Leo… Ás vezes é ele quem veio dormir aí e não está bem…

— Meu Deus… Meu filho deve estar arrasado… Ele e Paula quando brigam é algo tão triste!

— Não está atendendo… - tenta.

— Vou entrar…- abre a porta toda e vê um vestido. Tem uma mulher aqui…

— Uai mãe… - entram atrás.

— Paula não dormiria longe das crianças nessa fase de adaptação deles… Vou matar seu irmão! - joga a bolsa na mesa e pega o sapato do chão.

 

 

Marisa segue furiosa pelos cômodos, procurando-o. Ao entrar na sala de TV o vê de costas, nu.

 

 

— VITOR! - grita nervosa. O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?

— Mãe! - se vira assustado. Mãe…- se cobre com umas almofadas.

— QUEM É ESSA MULHER?

— QUÊ? Mãe… Que loucura! - se coloca na frente de Paula.

— O que…- vai acordando com o barulho. MARISA! - vê a sogra na porta.

— PAULA!? - fecha os olhos. MEU DEUS… - fecha a porta.

 

 

Vitor se levanta e começa rir. Paula começa procurar suas coisas no chão, mas não acha o vestido.

 

 

— Pare de rir! - fica brava. Que maluquice nós fizemos? - coloca a lingerie. Vai se trocar Vitor! - joga a samba canção nele.

 

 

 

No hall de entrada Leo quer saber o que houve, mas Marisa não quer dizer. Sem entender nada, entra no local e se depara com Vitor pegando as roupas do chão.

 

 

— O que veio fazer aqui? Quem está aí com você?

— Como assim? - olha para Leo.

— Vitor…

— Leo… - o imita - você está pensando que estou aqui com uma amante? - começa rir. Por isso mamãe estava brava?

— É a Paula? - aponta para o cômodo. Paula que está aí?

— SIM LEO…- grita se escondendo do cunhado. TRAZ MEU VESTIDO, VITOR!

— Estou indo…- vai até ela e entrega a roupa.

 

 

 

Eles se trocam e chegam até onde estão Marisa, Carol e Leo que está rindo da situação.

 

 

— Meu filho…- vê Vitor. Poderia ter me avisado! Paula…- olha a nora - desculpa, eu…

— Marisa… Eu quem tenho que pedir desculpas, invadimos sua casa… Bebi mais que o normal ontem, não pensamos nas consequências.

— Está tudo bem!

— Vocês cancelaram o jantar com a gente para transarem?

— Leo…- Carol o repreende.

— Precisamos ver as crianças! Depois nos falamos…- cumprimenta a mãe e saem.

 

 

No elevador Paula fica em silêncio e ele começa a se preocupar.

 

 

— O que foi?

— Fazermos isso na nossa casa é uma coisa… Agora na casa dos outros é… Estou arrasada! Com que cara vou olhar para sua mãe? E para a Carol? Meu Deus!

— Com a cara que temos, Paula… Não estávamos fazendo nada que nenhum deles não tenha feito já.

— Estávamos sim! Usando a casa de uma pessoa para fazer coisas que deveríamos só fazer nas nossas!

— Você está exagerando! Não foi nada de…

— Vitor! - o interrompe - Por favor! Pare!

 

 

Passam o caminho todo em silêncio. Chegam na chácara e ela segue direto para o banho.

 

 

— Bom dia! Chegaram agora?

— Bom dia! - sorri. Sim…

— Foi tudo bem?

— Foi! - mente. Cadê as crianças?

— Ainda estão dormindo… Acabei de dar mamá para Francesca e ela voltou dormir.

— Vou tomar um banho…- sai.

 

 

Ele entra na ducha, ao lado dela. Fica a observando por um tempo e resolve tentar conversar.

 

 

— Sei que você deve estar achando chato… Que realmente não foi algo legal, mas aconteceu… Vivemos um momento incrível. Minha mãe não tocará mais no assunto.

— Leo vai!

— Não vai! Te prometo.

— Temos que parar com isso. Com essas maluquices sem pé e nem cabeça… Já não temos idade para isso, nem quando tínhamos éramos assim.

— Hum…- se aproxima dela. Tem certeza? - a acaricia.

— Não! Não tenho…- riem. Mas, acho que é o melhor…

— Jura? - beija o pescoço dela.

— Para! - o afasta.

— Amor…- se aproxima novamente.

— Quanta insistência…- o encara rindo. Chega! Vamos tomar banho…

— Você não estava com saudades de mim?

— Estava morrendo de saudades… - olha-o. Mas, isso que aconteceu me deixou chateada. Eu insisti para irmos no apartamento… Não posso beber!

— Eu amei ter ido no apartamento! Amei termos feito amor naquele sofá novamente, no chão, na sala de tv… Nós estamos vivendo, compartilhando um momento íntimo com muito amor. Se você se sentir melhor, chamamos minha mãe aqui e conversamos com ela… Ou você manda mensagem!

— Está tudo bem… Vai passar!

 

 

Terminam o banho e seguem para a cama, onde aproveitam mais algum tempo. Quando Paula acorda, observa Vitor conversar com o filho da varanda.

 

— Filho, não é assim…

— Por favor! - pede novamente - A tia Paula vai cuidar de eu…

— De mim!

— A mamãe cuida de você!

— Não amor… - ri. Se fala “a tia Paula vai cuidar de mim…” e não “a tia Paula vai cuidar de eu.”.

— Pai, tio Rafael também vai cuidar.

— Vitor, você não pode ir viajar…

— Por que não?

— Filho…- respira fundo. Tia Paula vai trabalhar!

— Ela não vai, pai! - começa querer chorar.

— Depois conversamos, tudo bem? - o acaricia. Mamãe precisa acordar e precisamos falar com ela!

— Mas você deixa?

— Não…

— Não é justo, sabia? Você viaja e a gente nunca pode. - sai bravo, chorando.

— Vitor…- vê o filho passar. Filho… O que foi? - levanta, mas ele já saiu do quarto. O que houve? - vai até Vitor.

— Que ir para o RJ com Paula! Já falei para ela parar de chamar eles… Esses dias era Antônia, agora Vitor! Toda vez isso…- se levanta nervoso.

— Mas ela já vai para o RJ?

— Sim… Tem alguns compromissos lá.

— Entendi… Vou falar com ele…

 

 

 

Paula se arruma e vai em busca do filho, que está na sala se lamentando com a avó.

 

 

— Amor…- vai até. O que está acontecendo?

— Eu quero ir na casa da tia Paula…- chora.

— Vitor…- o pega no colo. Tia Paula mora longe, ela precisa trabalhar…

— Ela não vai, mãe! Ela já falou, né vó? - olha para Dulce.

— Meu pequeno… a casa da tia Paula fica muito longe daqui! - tenta argumentar.

— Mas ela vai me trazer de volta!

— Vitor… Você vai aguentar ficar longe da mamãe?

— Você viaja, mãe…

— Mas eu volto logo! - fica sem saber o que dizer.

— Eu também vou voltar! Eu vou te ligar todo dia, prometo…

— Um dia nós iremos na casa da tia Paula…

— Não mãe…- chora.

 

 

Dulce e Paula ficam na tentativa de consolar o pequeno, mesmo sendo em vão. Vitor sai do quarto e vai para o escritório onde liga para a irmã para conversar sobre o que ela havia dito ao filho.

 

 

— Paula…- a escuta inconformado - Mas, já te pedi quantas vezes para não falar sobre levar eles? - ela responde - Não! Não sou chato… Só não posso deixar eles irem para longe sem nós… - respira fundo - eu sei que você cuida… Eu sei! Não estou dizendo o contrário. - vê Paula entrar - Olha… Preciso desligar… Vou conversar com a Paula, depois nos falamos a respeito. - desliga.

— Você estava brigando com sua irmã?

— Não suporto ver as crianças assim! Já pedi para ela não atiçar isso neles…

— Você nunca quis ir dormir fora de casa?

— Não!

— Ok… Só não faça uma tempestade. Ele não irá…- sai.

 

 

 

O dia vai passando e percebem que o filho não aceita almoçar, por mais que insistam. Observam que durante toda a tarde ele não quis brincar com as irmãs, nem sair de casa. Dulce sente que o neto não está bem e vai conversar com ele, quando percebe que ele está febril.

 

 

 

— Paula… - bate na porta.

— Oi mãe! Pode entrar…- termina de dobrar a roupa. Cacá…- vê a filha se afastar - vem aqui! O que foi? - vê a mãe aflita.

— Acho que Vitinho não está bem…

— Como assim? - se preocupa, pegando a filha do chão e seguindo atrás do filho.

— Parece que está com febre…

— Filho…- entra no quarto dele. Mamãe pensou que você estava com papai lá fora… - coloca Francesca sentada na cama do irmão. O que você tem? - coloca a mão sobre ele.

— Só “tô” triste.

— Meu filho… - entende - por que você está triste?

— A titia ia me levar no mar… E a gente ia brincar no shopping e depois no zoológico… Ela mostrou tudo para gente e eu combinei com a Vitória e a Nini que eu ia primeiro e elas depois, mas você e o papai estragaram tudo! - vira de costas para ela.

— Vitor, olha para mim… - insiste - Estou pedindo que olhe para mim… - ele se vira. Seu pai já conversou com você, eu já conversei com você… Sua tia mora em uma cidade bem longe daqui, você teria que dormir muitos dias fora de casa, sem suas coisinhas, sem eu… Você é um menininho tão inteligente… Precisa entender que não pode sair sem nós ainda. - o acaricia - e a mamãe promete para você que vamos conhecer a casa da tia Paula, ir no mar, no zoológico, onde for…- sorri.

— Você e meu pai só prometem! - se levanta da cama e sai do quarto, deixando Paula para trás.

 

 

Pega Francesca da cama e sai atrás do filho, encontrando-a na sala já com Vitor.

 

 

— Deixa eu só falar com ela… - pede.

— Vitor, não!

— Mas pai…- começa chorar.

— Eu já conversei com você filho! - entrega Francesca para Vitor.

— Deixa eu falar com a tia Paula!

— Chega! - o pega no colo. Já deu disso! - vai para fora com ele, tentando acalma-lo.

— O que ele tem pai? - chega na sala comendo uma maçã.

— Ele quer viajar com tia Paula…

— Ah é… A gente combinou mesmo de ir um de cada vez. Ele ficou pra ir primeiro.

— Vocês não tem que combinar nada! Quem decide onde vocês vão somos eu e sua mãe… Combinado? Vocês não tem idade para decidir algo.

— Uai, a gente só fez isso porque você e minha mãe só mentem!

— Que história é essa Vitória? - se vira para ela. Você prestou atenção no que acabou de dizer? Eu e sua mãe não somos mentirosos! Nós fazemos o que é melhor para vocês. Nunca mais repita isso! Estamos entendidos?

— Tá, ué…- sai da sala.

— Não sei o que está havendo! Deve estar havendo algo… Mas não sei! Não pode isso! Eles viram agora com uma facilidade para nossa cara e debocham de tudo que falamos!

— É a idade…

— Não! Não dá pra aceitar isso…- vai pra fora atrás da Paula. Se acalmou? - vê ela sentada com o filho.

— Ele está entendendo, né filho? - o acaricia. Ele vai ficar bem… E logo iremos conhecer a casa da tia Paula.

 

 

 

A noite chega e Dulce prepara o jantar para eles, já que dispensaram Diva mais cedo. Sentam todos na mesa e eles servem primeiro os filhos.

 

 

— Antônia, viu que seu cavalinho chegou? - sorri.

— Sim, mãe! Andei nele já.

— Já? Com quem? - estranha.

— Com o tio Elias, né.

— Pensei que ia me esperar para gente andar juntas…

— Amanhã mãe…

— Tudo bem! Vitória…- a olha - come a comida…

— Não quero… Estou sem fome! Posso sair da mesa?

— Não! - Vitor responde, mas ela sai sem ouvi-lo. Vitória!? - chama. Vitória, por favor… - observa a filha sair da cozinha.

— O que houve? Ela sempre te escuta… Você brigou com ela?

— Só chamei a atenção dela hoje a tarde…

— Por que?

— Nos chamou de mentirosos.

— Depois você me explica isso! - se levanta e vai até a filha na sala, desligando a tv. Vá para cozinha, sente na mesa e coma.

— Mãe…

— Não estou pedindo… Agora! - aponta.

— Eu não quero…

— Chega Vitória! Você não tem que querer. Não abusa da minha paciência. Volte agora para a cozinha!

— Você e meu pai não gostam de mim mesmo! - sai pisando alto.

 

 

 

Paula respira fundo para controlar o nervosismo e retorna para a cozinha, onde a filha já está sentada. Terminam o jantar com uma clima tenso, o que corta o coração deles. Dulce se oferece para ficar com Franchesca enquanto eles organizam a cozinha e os outros seguem a avó.

 

 

— O que foi? - a vê chorando. Paula…- se aproxima.

— Nada! - enxuga as lágrimas.

— Tudo bem… - massageia os ombros dela. Eles estão crescendo… Mas, vamos conversar com eles quando estivermos mais calmos.

— Por que estou errando tanto? - desaba.

— Vem aqui…- a leva até uma cadeira. Você não está errando… Eles que estão crescendo, vão conhecendo as próprias vontades, vão nos enfrentando quando não aceitamos o que eles acham certo! - se abaixa, apoiando-se nos joelhos dela.

— Não consigo dar conta de tudo! - enxuga as lágrimas. Sinto que falho na educação deles, sinto que não consigo estar presente, que não sou uma boa mãe, uma mãe suficiente para cada um deles! - chora - tenho medo de acharem que não os amo, que não me preocupo!

— Paula… - se levanta e puxa uma cadeira, sentando-se de frente para ela. Você é mais que suficiente para eles! É a melhor mãe que poderiam ter, se desdobra em mil para atender todas as necessidades que eles tem. Não pode interpretar o que está havendo dessa forma! - segura as mãos dela. Quando se sentir assim, pense em tudo que já aconteceu na nossa vida e quantas vezes você já deu conta de absolutamente tudo! Pense em tudo que já passou e o quanto tem feito para que nossos filhos não sofram metade do que já sofremos e ainda assim cresçam pessoas honestas e humildes… Você está fazendo mais que o possível. Vamos combinar isso? - ela permanece em silêncio - Pulinha…- ergue o rosto dela. Por favor!

 

 

Ela ainda chora, colocando em lágrimas toda dor que estava a invadindo sem que ela sequer soubesse a razão exata daquilo. Antes que responda qualquer coisa é surpreendida pelo filho que retorna na cozinha.

 

 

— Mãe…- vai até ela. O que foi? Por que você tá chorando?

— Oi amor…- enxuga as lágrimas, sorrindo. Estou bem! - acaricia o filho. O que você quer? - se levanta. Já quer seu leite? - vai até o balcão e começa a limpar o rosto.

— Não… A vovó pediu para você mandar a mamadeira da Franchesca.

— Ah sim! - pega na mesa. Leva para ela! - entrega para ele. Já escovou os dentes?

— Ainda não, daqui a pouco! - sai.

— Eu termino aqui…- vai até ela, pegando o guardanapo da mão dela. Vai tomar um banho… Relaxar…- sorri.

— Não…- sorri, sem graça. Estou bem! Vamos terminar…- volta para a pia.

 

 

Terminam a louça, preparam as mamadeiras das crianças e levam para eles, se dividindo para colocarem cada um em seus quartos.

 

 

 

— Vitória…- a cobre. O que você fez hoje não foi legal. Tanto eu quanto sua mãe estamos muito tristes com sua atitude, com a forma que você desobedeceu, com a forma que você nos respondeu - a encara - você tem tudo, tem além do que deveria ter, mas tem. Estamos entendidos que o que houve hoje não vai se repetir mais? - ela balança a cabeça que sim - quero que você fale para mim…

— Sim!

— Amanhã você vai pedir desculpas para sua mãe… - a beija. Te amo muito, filha! E vocês viverão tudo que precisam viver, mas cada coisa no seu tempo, ok? - ela sorri. Dorme com Deus! - se levanta.

 

 

Deixa as luzes do teto ligadas e se retira. Encontra Paula no corredor com Francesca já dormindo no colo.

 

 

— Eu coloco ela no berço…- pega.

— Agora é caminha! - sorri.

— Vou levar tempo para me acostumar! - sorri.

— Vitória já dormiu?

— Não…

— Ok…- entra quarto da filha. Vitória? - chama.

— Oi mãe! - se vira para vê-la.

— Tudo bem? - vai até ela.

— Sim…- se senta.

— Pode deitar, pequena… - a deita. Durma bem - a beija. Eu te amo muito!

— Mãe, você está triste comigo?

— Vivi, estou triste com a forma que você agiu hoje…

— Me desculpa. Você não é mentirosa e nem o papai…

— Não somos…- sorri. Alguma vez já menti para você?

— Não.

— Nem seu pai, né?

— Sim.

— Então… Não tem porque você achar que mentimos. O que acontece é que agora não conseguimos viajar, não podemos levar vocês até a casa da tia Paula. Mas, faremos isso! Tudo bem?

— Tudo bem!

— E quando eu e seu pai falarmos alguma coisa… - se deita, aconchegando-se nela - você precisa nos ouvir. Você precisa comer comida, precisa aprender esperar sua vez para falar…

— É… Eu sei. É que eu comi demais hoje a tarde… Por falar nisso, você pode fazer bolo amanhã?

— Por falar nisso? - ri da filha falando como adulto - Quando foi que virou seu pai? - ri, fazendo cócegas nela.

— Mamãe… - se contorce rindo. Eu quero bolo de cenoura!

— Vou pensar! - ri.

 

 

 

Paula fica com Vitória, contando histórias e ouvindo as dela, até que ela pegue no sono. Se retira do quarto e passa pelo de Vitor, que já está dormindo. Confere se ele está com febre e sorri ao ver que não. Passa uma última vez no de Antônia e escuta a filha roncar da porta. No de Francesca confere a babá eletrônica e finalmente segue para o seu.

 

 

— Antônia estava roncando! - ri, fechando a porta. O que estava fazendo? - o vê todo molhado.

— Preparando a banheira! - retira a camiseta. Vamos?

— Vamos! - riem.

 

 

Entram na jacuzzi e ficam longos minutos em silêncio, de olhos fechados, mergulhados em si mesmos.

 

 

— Pulinha…?

— Hum…?

— Tudo bem?

— Uai, tudo! - ri, abrindo os olhos e o encarando. Você ficou em silêncio, resolvi ficar também… No que tanto pensava?

— Eu? Nada! Estava apenas cantarolando dentro da minha própria mente…

— Quais músicas? - se aproxima dele.

— Nada específico…- acaricia ela. Conversei com Vitória… Sobre o que houve hoje. Não sei se ela entendeu, mas ao menos não questionou…

— Eu também… Creio que entendeu. Ainda estou me acostumando com o fato dela estar crescendo tão rápido!

— É… Não dá para acreditar ás vezes, mas as novas gerações crescem na velocidade da luz!

— É assustador… - repousa sobre o peito dele. Franchesca não quer mamar no peito mais… Tem negado!

— Você está bem?

— Sim! - sorri. Sabia que esse momento ia chegar mais cedo ou mais tarde… Mas, parece que estão arrancando ela de mim. Amamentar era o que me fazia pensar que ela era um bebê ainda… Que ainda tínhamos um bebê!

— Sim… Mas, podemos fazer outro!

— Você está louco, né? - o encara. É uma brincadeira sua, não é?

— Sim! - ri. Estou brincando!

— Não tem nem graça! - se afasta.

— Pulinha…- ri, indo até ela. Você sabe que podemos brincar sem preocupações! - a beija.

— Eu me arrepio só de cogitar uma gravidez!

— Fica tranquila! - sorri. Não irá acontecer! - a puxa para seu colo. Estamos muito bem protegidos! Jessica fez o trabalho certo…

— Jéssica? Está lembrando dela? Por que?

— Estou lembrando do trabalho dela em mim! Não comece…

— Se for assim… Preciso lembrar do Ricardo com as mãos na minha parte íntima?

— Não tem nem sentido sua comparação! - riem.

— Eu te amo…- sorri, olhando-o.

— Eu sei! Como não me amar? Se só eu sei te amar…

— Ah, que lindo! - riem.

 

 

Terminam o banho rindo das palhaçadas que falam. Ao se deitarem são surpreendidos com batidas na porta.

 

 

— Mãe…? - sussurra.

 

Paula cochicha para Vitor se devem responder ou fingirem que estão dormindo e ele ri, o que acaba entregando.

 

 

— Mãe…- vai até ela. Por que não me responde? - liga o abajur de Paula.

— Oi amor…- se vira para a filha, rindo. O que houve? - a ajuda subir na cama.

— Estou com medo… - deita sobre Paula.

— Do que filha? - a acaricia.

— Está muito escuro…

— Não deixei suas estrelinhas ligadas?

— Sim pai… Mas está escuro, acordei assustada!

— Entendi… Vamos voltar para sua caminha? - se senta.

— Pai… Vou dormir aqui hoje!

— Vitória… - estende a mão para ela vir. Já conversamos sobre isso…

— Mas o que custa só um dia?

— Vivi… - Paula olha para ela. Papai vai ficar com você até você dormir tranquila… E não precisa ter medo de nada, a mamãe tá sempre protegendo você.

 

 

 

Vitória resiste um pouco, mas acaba indo. Vítor só retorna quarto quando a filha pega no sono profundo.

As semanas passam, as festas de fim de ano chegam e comemoram com alegria e em família, registrando momentos inesquecíveis. No início do novo ano, enfrentam novamente a dificuldade de adaptação das crianças na escola.

 

 

— Ela chorou?

— Um pouco… - fecha a porta do carro. A professora disse que nos ligará caso aconteça qualquer coisa. Quer ir para algum lugar?

— Vamos para a casa…- enxuga as lágrimas.

— Amor… Está tudo bem! - coloca a mão sobre a perna dela. Ainda são os primeiros dias…

— É…

 

 

Chegam em casa e ela segue para o quarto.

 

 

— Ainda mal por conta das crianças?

— Sim! Antônia ficou chorando, ela foi para o carro e chorou mais ainda…

— Logo passa… Quer bolo?

— Sim! Oi minha flor…- vê Franchesca vindo até ele - Onde estava? - a pega no colo.

— Andando por todo canto agora! Haja perna…- riem.

— Eu estou muito esperta tia Lidi! - sorri para a filha. Vamos ver a mamãe? Vamos? - se levanta com ela no colo. Depois como o bolo Diva…- se retira até o quarto. Pulinha? - abre. Tenho uma surpresa! - ri da filha. Olha quem está aqui mamãe…- leva a bebê até a cama.

— Oi! - sorri, com os olhos cheios. Onde estava? - senta-se na cama pegando a filha.

— Lidi estava atrás dela lá fora…

— Você está muito sapeca, mocinha! - brinca com ela. Tem algum compromisso agora de manhã?

— Nenhum! Liberei a agenda caso as crianças precisassem na escola… E você?

— Nada também…

— Vamos passear com a Franchesca? Podemos ir na minha mãe, na sua… O que acha?

— Vamos!

 

 

 

 

Se arrumam e saem novamente rumo a cidade. Visitam Marisa primeiro e em seguida seguem para Dulce que se surpreende ao vê-los.

 

 

 

— Oi mamãe! - entra. Tudo bem? - a cumprimenta.

— Por que não avisaram que viriam?

— Decidimos de última hora…- coloca a bolsa sobre o sofá dela.

— Oi minha pequena! - pega Franchesca do colo de Vitor.

— Tem algo para comer, mamãe? - vai entrando na sala de jantar e se surpreende. Oi…- estranha.

— Olá! - se levanta. Prazer em conhecer você, Paula! - estende a mão.

— Qual seu nome? - cumprimenta.

— Ângelo! - sorri.

— Paulinha… - Dulce se aproxima. Ângelo é um amigo… - sorri, sem graça. Veio almoçar comigo! Sentem com a gente, por favor… Ângelo, esse é Vítor… - apresenta. Meu genro!

— Prazer Vitor! - cumprimenta. Que honra conhecer vocês… Gênios! - riem.

— Muito obrigado! Fico lisongeado… - sorri.

— Vou pegar uma taça! - sai da sala da jantar.

 

 

 

Vítor vai atrás dela, sabendo que ela não está bem. A encontra respirando fundo.

 

 

— Pulinha…

— Ela não me falou! De novo! - se enfurece.

— Paula, por favor…

— Por que ela não me diz? - se emociona.

— Meu Deus Paula… Calma! - a abraça. É um amigo…

— Aí Vítor! - o empurra. Por favor né… Você que está sendo ingênuo.

— Qual o problema dela estar namorando?

— Nenhum! Eu só queria saber. Saber se já é certo isso, para que as crianças possam conhecer… Não vou deixar meus filhos verem ninguém que pode sumir no outro dia!

— Não começa… Por favor!

— Paulinha…- Dulce chega. Filha, eu ia te apresentar ele…

 

 

Entrega a neta pra Vitor, que retorna a sala de jantar para não deixar Ângelo sozinho, enquanto elas conversam na cozinha.

 

 

— Ela é muito linda!

— Ela é mesmo, né filha? - ri. Temos mais 4… Na verdade, mais 3… Eu tenho 4! - sorri. Mas, Paula trata Maria com todo carinho com qual trata os nossos.

— Que bacana! Quais os nomes?

— Maria, de outro relacionamento… Vitória, nossa primogênita, Antônia e Vitor que são gêmeos! - sorri. E nossa raspinha… Francesca!  Aqui…- pega o celular e mostra a foto.

— Meu Deus! - sorri - São sua cara! - riem. Francesca parece a mãe… Não dá para negar!

— Sim! - riem.

— Tenho apenas uma filha… Rafaela! Já tem 28 anos… Formada, mora sozinha.

— Não sei como seria ter filho único… A alegria se preenche cada vez mais com cada um que chega!

— Hoje me arrependo de não ter tido mais!

 

 

 

Conversam mais um tempo e então elas chegam. Sentam-se e servem-se com o vinho e o almoço.

 

 

— Paula… Adoro o seu trabalho Um Ser Amor! É um dos que mais tocam em minha casa.

— Que bom! - sorri. Foi um trabalho importante, músicas repletas de memórias e dores também.

— Faz tempo que vocês se conhecem?

— Uns 21 anos… - riem.

— Caramba! - sorri surpreso. Já tem tempo!

— Foi o amor de adolescência da Paula! - Dulce conta. O primeiro amor…

— E único! - sorri.

— Estão juntos desde então?

— Não! Já me casei, separei… Paula já noivou, separou… Tivemos inúmeras experiências amorosas na vida! - ri.

— Mas o que é para ser, é! Não tem jeito…

— Sim! - sorri.

— As crianças estão na escola? - Dulce pergunta a Paula.

— Sim!

— E como tem sido?

— Vitória está super bem, Larissa a acompanha. Vitor e Antônia foram separados de turma e ela tem sentido muito… Ainda tem chorado demais.

— Vai passar! Essa primeira semana é complicado mesmo…

— Estudam de forma integral?

— Não! Somente no período da manhã… A tarde fazem outras coisas!

— Coisas até demais!

— Nada disso! - encara o marido. Fazem o mínimo e conseguem brincar ainda…

— Se você está dizendo! - a olha.

— Está uma delícia! - olha pra Dulce.

 

 

 

Terminam o almoço em um clima ainda tenso, de quem chegou sem ser convidado e descobriu o que não era para ter sido descoberto. Saem da casa de Dulce direto para a escola, onde buscam as crianças.

 

 

— Como foi? Tudo bem?

— Sim mãe… Tudo bem.

— Mãe… O que é amante?

— Como assim filha? - olha para Vitor surpresa.

— Quando o papai chegou pra buscar a gente, a tia Lúcia falou que podia ser amante dele. É amiga?

— Ah… - encara Vitor. Então as tias da escola querem ser amantes do papai?

— É o mesmo que amiga, Antônia! - interfere na conversa. Elas querem ser minhas amigas! - olha para Paula rindo.

— Quando elas falarem isso Antônia, você diz que a mamãe é bem brava…

— Paula…

— O que? Você não vai mais descer para pegar eles… - riem.

— O tio do portão acha mamãe muito bonita também…

— Sério? - sorri. Agradece ele por mim!

— Sim, falei que você era mesmo!

 

 

 

Chegam na chácara e Paula os organiza para as outras atividades. No fim do dia, Diva ajuda Vitor banhá-los, dar o jantar e colocar para dormir enquanto Paula faz algumas reuniões sobre o novo trabalho.

 

 

— Posso entrar? - sussurra da porta.

— Oi, entra…- o vê. Estou terminando! As crianças dormiram?

— Sim…- coloca uma bandeja com comida sobre a mesa. Vim trazer algo para você comer! - retira o prato e entrega a ela. Trouxe suco, não sabia se você ia querer vinho a essa hora…- entrega o copo.

— Está ótimo! - sorri. Obrigada!

— Acabou a reunião?

— Sim, estava só revendo algumas músicas pro repertório. - começa comer. Quer saber?

— Sim! - senta.

 

 

 

Paula conta para ele das músicas. Ela termina de comer e então eles vão para o quarto.

Toma um banho e ao sair encontra ele no closet.

 

 

— O que está fazendo?

— Escolhendo um pijama para você!

— Amor… Estou exausta! Não vem com coisa…- riem.

— Não vou com nada, fica tranquila…- entrega. Veste esse aí… É confortável!

— É mesmo! - pega. Por que está fazendo isso?

— Nossa Paula… Não posso fazer nada? Sei o quanto está cansada! Só quero ajudar…

— Estou brincando branquinho…- vai até ele rindo. Sei disso! - sorri, o abraçando. Não fica bravo! - beija-o.

— Sei… Vou ver um filme, tudo bem?

— Sim… Mas pode colocar o áudio no fone? Estou muito cansada mesmo…

— Sim!

 

 

Alguns dias se passam… Paula viaja para São Paulo para resolver alguns detalhes do novo trabalho e Vitor a acompanha, aproveitando para visitar alguns amigos músicos, mas resolve retornar para casa antes para ajudar Lidi e Lucy a cuidarem dos filhos já que a esposa precisaria permanecer mais tempo na cidade. Chega pela manhã, corre para pegar Franchesca e matar a saudade, aguardando para fazer o mesmo com os outros filhos que ainda estavam na escola.

 

 

— Paula, você precisa ter mais paciência! - fala ao telefone.

— Paciência? Eu já pedi quantas vezes isso…? Ela sempre esquece tudo!

— Pior seria se ela não te ajudasse! Começa a fazer sozinha o que ela faz para você e veja que não é tão simples!

— Não estou dizendo que é simples! Mas, toda vez esquecer de mandar meu carregador?

— Tá… Estou bem ocupado aqui, você quer mais alguma coisa?

— Que você não seja mentiroso! Sempre inventa a mesma desculpa para desligar o telefone…

— É que você é irritante, bicho! Me ligar para reclamar que Cintia esqueceu de colocar seu carregador na mala? Tenha paciência, Paula!

— Tchau! - desliga brava.

— Tchau! - joga o celular na cama e volta brincar com a filha.

 

 

 

Passada algumas horas se dá conta que os filhos ainda não chegaram da escola. Vai até Diva e pergunta a ela sobre as crianças.

 

 

— Não chegaram ainda… Mas, Cintia tem buscado eles esses dias! Sempre chegam mais tarde. Devem estar passeando…

— Mas ela não avisou a mim, nem a Paula…

— Creio que ela não sabia que você já tinha chego! Nem eu sabia que você já vinha.

— Vou ligar para ela… - disca o número. Alô? Filha… - Vitória atende. Onde você está amor?

 

 

 

 

 

Vitória conta ao pai que estão no shopping e que a madrinha havia ido pegar um sorvete para o avô. Ele congela ao ouvir aquilo e pede que ela entregue o celular a Cintia.

 

 

— Vitor…?

— Cintia, onde estão?

— Oi, boa tarde… Estamos no shopping… Trouxe eles para tomar um sorvete!

— Vitória falou que você foi pegar um sorvete para o avô… Quem está aí Cintia?

— Vitor, podemos conversar quando você chegar?

— Traga eles agora, por favor! Já estou em casa. - desliga.

 

 

Se enfurece ao cogitar a possibilidade de Osvaldo estar vendo as crianças sem a permissão de Paula. Decide não contar nada para ela ainda, enquanto não souber exatamente do que passa.

Pouco tempo depois Cintia chega na chácara. As crianças se animam com a presença do pai que mata as saudades dos pequenos.

 

 

— Cadê a mamãe?

— Minha mãe não veio, pai?

— Estou com muitas saudades dela… Tá até doendo!

— A mamãe precisou ficar mais um tempinho em São Paulo… Mas, ela vai vir logo! - sorri. Vão tomar um banho, trocar de roupa… Diva está preparando o lanche de vocês! - aguarda as crianças saírem, guiadas pelas babás.

— Vitor…- teme a reação dele.

— Não sou contra as crianças verem o avô. Acho justo e válido que ele queira ver eles, que eles possam ter a companhia dele. Mas, não passo por cima das decisões da Paula… Ainda mais quando dizem respeito ao Osvaldo. Ela sabe a dor que sentiu, a dor que ainda sente! Seria de um insensibilidade e irresponsabilidade da minha parte não respeitar a vontade dela.

— Vitor, eu não…

— Se ele tiver aparecido coincidentemente, podemos conversar… Caso contrário, não quero escutar qualquer justificativa, porque não existe justificativa. Vamos conversar?

— Não…- resolve não mentir.

— Foi o que pensei… Até porque seria coincidência demais ele estar em BH, em um mesmo shopping, no mesmo horário, no mesmo dia que meus filhos.

 

 

Ela fica em silêncio, encarando as próprias mãos como se só agora tivesse tomado consciência da decisão que teve.

 

 

— Não quero mentir para você… - resolve falar - ele conheceu a Franchesca ontem. Pedi a Lucy para levar ela comigo para buscar os irmãos e os levei depois para vê-lo. Já faziam meses que ele me implorava, que me importunava com isso!

— Cintia…- não esconde a decepção.

— Pensei que ele vendo logo ia parar de incomodar!

— E aí você decidiu que trair a confiança dela seria uma boa opção?

— Vitor, as crianças não tem nada ver com essa história… Eles não…

— Por favor Cintia! - a interrompe - Você não pode estar dizendo isso… As crianças são filhos dela! No tempo dela ela resolveria como achasse melhor.

— Ele tratou eles muito bem! Foi só um sorvete, ficaram conversando e…

— Chega! - sinaliza para ela parar. Nada disso muda o fato de que você traiu a confiança da Paula. Quando ela chegar você vai contar tudo a ela… Desde quando planejou, porque fez isso… Deixa claro que Lucy e Lidi não tem nada ver com essa história, que não sabiam o que você estava fazendo com eles. Confiamos tanto em você que não nos importamos em você pegar nossos filhos, em sair com eles. Sabemos que você estará cuidando deles. Mas qualquer decisão que envolva a vida deles, só cabe a mim e a Paula… E você passou por cima disso! Pense bem no que dirá a ela. - se retira.

 

 

Continua…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "12 anos em 12" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.