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Capítulo 158
Capítulo 158 - Nascer do sol




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Dois meses depois, entram no mês de outubro ansiosos para ver Francesca. Na reta final Paula tem sentido mais as dores físicas e também emocionais de passar por uma gravidez.

 

 

— Quer mais água?

— Não, amor... Estou bem! - sorri. Não esquece de pedir para Cíntia ver as roupas das crianças.

— Ela já foi ver! - senta ao lado dela, colocando a mão sobre a barriga. Francesca, fica bem aí meu amor...- acaricia. Logo, logo você estará aqui! Te amamos muito, te esperamos ansiosos, mas venha no seu momento, minha filha.

— Canta para ela! - sorri. Ela começa se mexer...- ri.

— ... até hoje ninguém me disse pra que serve um carrapato, só sei que ele vive escondidinho lá no mato esperando algum desavisado passar... Ai! Que coceirinha que dá - Paula ri da música - Senhor carrapato, não me leve a mal, mas não te quero, que fique bem longe, eu espero... Já falei pro boi, pro cavalo também...

Tomarem cuidado, onde carrapato tem (cantam juntos)

— Amo essa musiquinha! - riem.

— Vitória era bebê quando fiz...

— Sim! Ela ficava hipnotizada ouvindo você... Mas nada supera a forma que ela ficava quando ouvia Deus e Eu no Sertão ou Chuva de Bruxaria! - sorri lembrando.

— Antônia e Vitor já são viciados em Vida Boa!

— Música do sapo, como diz eles! - riem.

 

 

São interrompidos por Marisa, que pergunta como a nora está e chama Vitor para conversar.

 

— Aconteceu alguma coisa? - vê Dulce, Cíntia e Marisa reunidas. Estou preocupado! - senta-se.

— A clínica do Ricardo, onde Paula teve as crianças, sofreu um incêndio essa manhã.

— Meu Deus! - se assusta. Estão bem?

— Sim, estão! Não aconteceu nada com ninguém! Mas ele ligou aqui informando que a clínica ficará fechada por um tempo, para fazerem perícia, reformar a ala que pegou fogo. Pediu para conversar com você hoje!

— O que vamos fazer? A essa altura do campeonato... Não dá para ter um parto humanizado na fazenda sem a clínica de base. Se acontecer algo!? E Paula ser direcionada para outro hospital, outra equipe, ela enlouquece! - respira fundo.

— Ele é sócio de uma Clínica em BH! E se você falar com ele para que o parto ocorra lá? Ele ir e fazer o parto da Paula lá. - propõe Cíntia.

— Faça isso Cíntia! - se levanta. Vou falar com ele... Enquanto isso vocês pedem para irem organizando a chácara para irmos. - sai.

— Certo! Eu falei que ele ia aceitar...- olha para Dulce.

— Ele é imprevisível... Não duvidaria ele próprio querer fazer o parto!

— É meu filho, mas nem eu duvidaria...

 

 

Ele segue para o escritório e entra em contato com Ricardo que aprova a ideia e pedem para que possam ir o quanto antes para BH, já que Francesca poderia nascer a qualquer momento.

 

— E como faremos se você não estiver lá?

— Eu estarei! Preciso me organizar com tudo isso que houve, mas em dois dias vou para BH para acompanhar Paula. Te dou minha palavra! Minha equipe já está de lá já está avisada sobre ela. Estamos preparados!

— Espero não me decepcionar, Ricardo! Tenha um bom dia. - desliga.

 

 

Retorna ao quarto pensando no que falará para Paula.

 

— O que houve?

— Por que?

— Você está com uma cara estranha!

— Pulinha...- senta-se ao lado dela. A ala de obstetrícia do Ricardo pegou fogo essa manhã. - ela permanece imóvel - então ele pediu que fôssemos para BH, vamos ser atendidos na clínica dele de lá! Sua mãe e Cíntia já estão organizando tudo. Temos que sair no máximo até amanhã!

— É brincadeira, né? Estou parindo já... Não é possível isso, Vitor!

— Amor, não tem como ser aqui! Lá vai ter toda a equipe necessária...

— Vamos ter que ir de carro, vai ser muito cansativo! - fica nervosa.

— Pulinha, calma... Vai dar tudo certo! Eu e você vamos de carro, o restante vai de jato. Minha mãe vai te ajudar com as malas, Lucy já está fazendo a das crianças, Elias já foi fazer uma revisão no carro. Pense na Francesca agora... - sorri. Daqui alguns dias ela já estará conosco!

— Meu Deus! Que loucura isso tudo!

— Vou trazer sua medicação! Quer que eu arrume suas roupas?

— Não branco... Eu vou dar um jeito!

— Já venho para te ajudar! - sai.

 

 

Ele prepara a medicação dela e depois a ajuda organizar a mala. No fim da tarde já estão todos prontos para viajar.

 

 

— Vitória, você vai de avião!

— Mas porque você não vai?

— Filha, a mamãe não pode andar de avião!

— Estou com o coração na mão!

— Mãe, vai dar tudo certo... Agora vão, para não chegarem tarde lá! Eu e Paula sairemos daqui a pouco também. Nilmar vai buscar vocês?

— Vai sim! Ele e Isabella...

— Ótimo! Agora vão... Logo chegaremos também!

— Tem certeza que não quer que eu vá?

— Tá tudo bem mãezinha...- abraça. Eu e Vitor teremos cuidado! Você precisa ir para ajudar com as crianças.

— Minha querida... Estarei no telefone, qualquer coisa, ligue! - abraça Paula.

— Tá bem Marisa! Vamos sempre informando vocês.

— Tudo bem!

— Estarei lá! - abraça o genro.

— Logo chegaremos! - sorri.

 

 

 

Se despedem dos filhos e os acompanha até a porta. Lucy, Diva e Lidiane irão ficar para organizar a casa para quando retornarem. Elias termina de organizar o carro e eles também saem rumo a Belo Horizonte.

 

— Você está bem? - ajusta o ar.

— Sim! Está confortável...

— Quando quiser fazer xixi me avisa que paramos!

— Tá bem! Coloca uma música...? Vou dormir um pouco.

 

 

Ele sintoniza as canções que está gravando. Ela logo dorme e ele segue centrado na estrada. Três horas depois ela desperta com muitas dores. Param em posto de combustível para ela que possa se levantar um pouco.

 

 

— Vem...- a ajuda sair.

— Falta muito ainda, né?

— Umas 04 horas... Vou arrumar o banco de trás, para você ir deitada! - abre a porta.

— Você vai na frente sozinho?

— Sim!

 

 

Vitor destrava o banco traseiro, formando uma mini cama. Forra com uns edredons que Marisa mandou para que Paula ficasse mais confortável.

 

 

— Vai com as pernas esticadas na janela!

— Preciso ir ao banheiro...

— Vamos lá...- tranca o carro e seguem para a conveniência do posto.

 

 

Ele a ajuda usar o banheiro e depois retornam para a estrada. Paula dorme o restante do caminho, sendo despertada por ele quando chegam a entrada do condomínio Nossa Fazenda.

 

 

— Branco, estou destruída! Parece que um trator passou em cima de mim.

— Eu imagino! Mas já chegamos... Só mais uns minutos e estamos em casa.

— Minha BH linda... - vai olhando pela janela.

— Nossa BH... Lugarzinho do nosso coração! - riem.

 

 

Chegam na chácara e as crianças correm para esperá-los.

 

 

— Oi! - ri ao vê-los. Calma...- abre a porta e eles correm até o pai.

— Você demorou!

— É que viemos de carro filhote... - vai até a porta da Paula. Vem...

— Oi...- sorri para os filhos. Mamãe estava morrendo de saudades! - desce com a ajuda de Vitor. Vem aqui... - abraça os filhos.

— Mamãe, vamos morar aqui agora?

— Por um tempinho sim! - riem.

— EU AMEI! - diz animada e ela ri.

— A tia Bia tá aqui mãe...

— Sério? - sorri. Vamos ver ela! - dá a mão para as crianças e seguem para a casa.

 

 

Encontram todos que estão lá a aguardando. Vítor descarrega as malas e se junta a eles.

 

 

— Não quer tomar um banho?

— Já vou, branco... Meu piano! - sorri indo até o instrumento. Que saudades! - ri, sentando-se. Opa...- afasta o banco por causa da barriga. Quase que não caibo aqui... - riem. O que querem ouvir? - pergunta para os filhos.

— Além da vida! - sorri.

— Filha...- se emociona com o pedido. Você sabia que é a música do papai e da mamãe? - olha para Vitor. Vamos lá...

 

Paula começa tocar o piano e o filho vai para o colo do pai, emocionado. Antonia e Vitória ficam ao lado da mãe, observando. No fim da canção todos aplaudem e ela se levanta até o filho.

 

— Meu pequeno...- pega ele no colo. É linda, né!? - consola ele.

— Mãe, toca mais? - Vitória pede.

— Filha, mamãe tem que descansar... - Vítor explica. Pedem para o tio Márcio tocar! - olha para Monteiro que ri.

 

 

Monteiro acata o pedido de Vitória e começa tocar para elas. Paula segue para o quarto com os gêmeos e Vitor.

 

— A Francesca vai nascer?

— Vai amor... Só não sabemos quando! - sorri. Mas logo ela chega!

— Mamãe, você está linda, sabia?

— Obrigada meu pequeno... - o beija.

— Filhotes, mamãe vai tomar um banho agora, ok...? Vocês esperam lá com a vovó?

— Tá...

— Tchau mãe... - saem.

— Tchau amores! - sorri. Podia ter deixado eles aqui...

— Não porque eu quero tomar um banho também...- riem. Vou preparar a banheira... Ou você quer o chuveiro?

— Chuveiro Vi... Não vou aguentar deitar!

— Ok! - vai até o banheiro.

 

Vítor prepara o banho e auxilia Paula, entrando junto. Aproveitam o pouco tempo em silêncio, deixando a água quente cair sobre o corpo.

 

 

— Vitor...

— Oi...

— Tem alguma coisa errada...

— Como assim? - enxágua o cabelo.

— Tem muita água caindo! - olha pra baixo.

— Como assim? - desliga a ducha. Pulinha...- olha para as pernas dela. Sua bolsa estourou! - sorri. Você está com dor?

— Ainda não... Mas estou nervosa! - olha pra ele.

— Certo! - abre o box e pega o roupão. Já venho, espera aí... - busca um roupão pra ela. Toma...- a enrola. Francesca está chegando, amor...- sorri. Ela está chegando! - a beija.

— Sim! - riem. Liga para Ricardo! Ande...

— Vou ligar!

 

 

Retornam ao quarto, onde ela se senta na poltrona exercitando a respiração. Ele telefona para o médico que confirma já estar em BH e em que logo irá com a doula para a chácara. Trocam-se e avisam a família sobre o início do trabalho de parto.

 

 

 

— Toma...- serve um chá. Vai te ajudar!

— Ainda não sinto dor, é normal? Será que ela está bem, Vitor?

— Calma, amor... Ela está bem! Ricardo já está vindo.

— Mãe...- abre a porta.

— Filha, papai pediu para você ficar com a vovó.

— Só quero ver se a mamãe tá bem! - vai até Paula. Você tá bem?

— Estou bem, minha pequena! - beija-a. Está tudo bem! Logo sua irmã chega.

— Não quero que você fique mal por causa dela!

— Não vou ficar mal, Vitória! - sorri. Está tudo bem! - a abraça. Você precisa ficar com seus irmãos, tá? Distraia eles... Ligue para Maria e avise que a irmãzinha de vocês vai nascer! - sorri.

— Tá bom mamãe... Vou fazer isso. Só porque você está pedindo. - sai triste.

— Quer começar os exercícios?

— Não! Vou tentar descansar enquanto não tenho dor... Acho que teremos longas horas daqui para frente.

— Tem certeza que não está com dor? Você é resistente... Ás vezes já está com contrações, mas...

— Vítor, se acalma! - respira fundo. Ricardo está vindo e vai me monitorar!

 

 

Depois de quarenta minutos, Ricardo chega a chácara sensações com a equipe. Devidamente equipados, preparam o quarto para o momento mais aguardado.

 

 

— Os batimentos dela estão ótimos... Mas vamos continuar monitorando! - olha o visor do aparelho que colocou em Paula.

— Há uns vinte minutos comecei sentir um incômodo na coluna... Mas está sem ritmo ainda.

— Vamos acompanhando! Quer ir para a banheira? Ajuda a aliviar...

— Ainda não, consigo suportar!

— Paula... Isso aqui é um momento lindo. Não precisa enfrentar dessa forma... Relaxe!

— Estou bem!

— Não adianta falar Ricardo...- entrega mais uma xícara de chá para ela, sentando-se ao seu lado.

— Certo... Vou deixar vocês a vontade... Vou tomar um café e já venho! Estarei lá fora, é só gritarem!

— Tudo bem!

— Ana...- chama a enfermeira. Vamos aguardar lá fora... Elas estão bem por enquanto! - sorri.

— Certo! Estaremos ali...- avisa aos dois.

— Também estarei lá fora! - Catarina, a doula, se retira.

 

Os três se retiram deixando apenas o casal no quarto.

 

 

— Como estão as crianças?

— Perguntando porque Francesca não chorou ainda! - riem. Tudo bem? - sente ela apertar sua mão.

— Veio forte...- fecha os olhos mordendo os lábios. Marca!

— Certo! - olha o relógio. Vamos para a banheira... - se levanta. Alivia a sua dor na lombar, a água quentinha... - a ajuda levantar.

 

 

Vítor a auxilia sentar-se na banheira e vai jogando água quente aos poucos sobre suas costas. No relógio marcam as contrações mais fortes de 10 em 10 minutos. O tempo vai passando e as dores vão espaçando mais rapidamente. Paula pede que ele chame a equipe de volta e eles retornam.

 

 

— Está evoluindo muito bem! - sorri. Essa mocinha está ansiosa para conhecer o mundo! - riem. Vamos conferir a dilatação!

 

 

Preparam Paula e examinam a dilatação.

 

 

— 5 centímetros... Para o tempo do trabalho de parto, está ótimo... Acredito que não ficaremos até o dia raiar!

— Vamos um pouco para a bola de pilates, Paula! - sugere a doula.

 

 

Vítor a ajuda sair da banheira, a secando. Auxilia se posicionar sobre a bola e a segura enquanto as contrações chegam sem parar.

 

 

— Estou aqui! - abraça ela pelas costas, colocando sua cabeça sobre a dela.

— Está doendo, amor...- respira fundo.

— Já vai acabar! - a beija.

— Ana, prepara os utensílios... - Ricardo pede a enfermeira. Paula... Se em três horas a dilatação não chegar a 8, vamos para o hospital, ok?

— Por que? Ela não está bem? - se preocupa.

— Ela está! Mas você está ficando cansada muito rápido. Você segurou dor demais... A viagem foi longa, cansativa, mal chegaram e sua bolsa já estourou... Seu corpo está cansado. Se prolongar o trabalho de parto, você estará exausta! Preciso pensar na sua saúde também.

— Vai dar certo Ricardo...- faz mais um exercício sobre a bola. Ela vai nascer aqui!

— Pulinha...

— Vitor! - olha para ele. Vamos fazer os exercícios que a Catarina passou... A dilatação vai aumentar! - se levanta da bola.

 

 

 

Sentam no chão e começam as repetições de exercícios com a ajuda de Catarina.

 

 

— Isso! - apoia. Respira fundo... E solta. Perfeito!

— Vi, lembra que a Catarina falou que o sexo ajudava na dilatação?

— Lembro! - todos riem. Quer agora?

— Espera a gente sair pelo menos! - brinca.

— Bem que eu queria! - riem.

— Estou achando que Francesca não encerra essa fábrica!

— Bata na madeira! - riem. Ela é a raspa do tacho... Já chega! Vem filha...- respira fundo.

— Nossa raspinha...- sorri, abraçando Paula pelas costas.

— Me ajuda aqui amor...- se alonga.

 

 

 

Auxilia ela se alongar, segurando-a em seu colo quando uma forte contração vem. Ricardo confere os batimentos da bebê e tranquiliza os pais de que ela está bem. Na porta a enfermeira informa a Dulce e Marisa que Paula ainda está em trabalho de parto e está tudo indo bem. Após longos trintas minutos no chão do quarto entre alongamentos e abraços para conter a dor, Ricardo confere novamente a dilatação e retorna com Paula para a banheira. Vítor começa ficar preocupado com as dores dela e entra junto, servindo de apoio para ela deitar.

 

 

— Sentar é melhor?

— Não...- diz chorando. Faz massagem na lombar, branco! - segura nas bordas da banheira.

— Faço! - se afasta um pouco dela e começa massagea-lá. Vamos lá, filha... Estamos aqui, meu amor. Quando você quiser vir, estamos aqui...

— Vem logo! Por favor! - chora. Mamãe não está aguentando... Não escuta seu pai!

— Paula! - ri dela. Logo teremos ela aqui... Com quem acha que ela parecerá?

— Todos vieram sua cara! - respira fundo.

— Tá ótimo! Sou lindo.

— Sei! - ri e chora ao mesmo tempo. Aí...- segura a mão dele. Tá doendo, amor...- chora.

— Paula... - Ricardo se aproxima. Senta um pouco aqui! - coloca um banco na borda da banheira. Sentada ajuda um pouco!

— Não tenho dilatação ainda? - olha para o médico.

— Ainda não! - a ajuda sentar com Vítor.

 

 

Catarina propõe mais alguns exercícios. Os dois levantam e com ela apoiada sobre seus braços, começam dançar.

 

 

— Vou cantar, para não ficar tão estranho para todo mundo! - todos riem. Francesca gosta dessa...

 

 

Nas sombras dos seus encantos

Encontro a claridade

Seus olhos são luz

Meus dias são só relâmpagos

Com você em outra cidade

Saudade que jamais supus

Eu desejo ver você

E o amor não quer saber de nos esperar

É só abrir para o Sol entrar

E não partir, ficar

 

Repete a música três vezes embalando Paula e seu choro ritmado. Ela pede para deitar e ser massageada novamente. Ricardo tenta fazer com que ela coma algo, pois já estavam há mais de três horas em trabalho de parto, mas ela nega. A noite vai se estendendo, até que às 3AM, Paula atinge os 8cm de dilatação.

 

 

— Paulinha, minha querida... Atingimos a fase ativa do parto! Você quer anestesia ou podemos começar a chamar essa mocinha para o mundo?

— Vamos sem anestesia! - se segura em Vítor debilitada.

— Paula! - Vítor tenta argumentar.

— Tenho mais três filhos, não posso ficar tanto tempo me recuperando! Sem anestesia é mais rápida a recuperação. Vou conseguir! - faz força quando uma forte dor vem.

— Tudo bem! Vamos respeitar a sua vontade... Ana - chama a enfermeira - prepara o material! - se posiciona. Qual a melhor posição, Paula?

— Na banheira...

— Ok! - se levanta e a ajuda a chegar na banheira.

— Fica comigo, Vítor! Estou com medo...- chora.

— Está tudo bem! - a beija. Está tudo bem... Está acabando! Mais um pouquinho e já teremos ela aqui.

— Entramos na transição Ana! - avisa Ricardo.

— Certo, Dr. já estou preparada!

— Paula...- Catarina se aproxima. Se apoia em Vítor e vamos subir e descer sobre a água...

 

 

Ela faz o que a doula pede, fazendo repetições  conforme as contrações que chegavam cada vez mais fortes.

 

 

— Está difícil... - chora. Dói muito!

— Sim, querida... Ela está vindo... - sorri. Vamos lá... Força! Faz força quando a contração vier, empurra... Respira fundo e empurra, respira fundo e empurra! - entra na banheira. Estou vendo a cabecinha dela Paula! - ri. Mais força!

— Não dá! - chora.

— Pulinha, ela está chegando... - sorri emocionado. Segura minha mão mais forte! - apoia ela. No três você empurra... Vamos lá? - ela sinaliza que sim. Um... Dois... Três...

 

 

Repetem a sequência quatro vezes, sendo a última extremamente dolorosa para Paula que grita de dor, mas consegue ver Ricardo puxando sua filha. Vitor chora desesperadamente ao ver a cena.

 

 

— Vem aqui Vítor... Ela está saindo... A segure! - sorri, passando a cabecinha dela para as mãos dele. Cuidado...- o auxilia. Vamos, puxando...

— Meu Deus! - segura ela. Paula! - chora ao escutar o choro da filha. Meu Deus! Oi, filha... Oi! - a beija sobre seu colo. Oi, é o papai...- vai até Paula.

— Oi filha...- chora. Oi, meu amorzinho! - acaricia ela. Você chegou, minha pequena! - beija-a.

— Quer cortar, Vítor? - estende a tesoura.

— Sim! - coloca Francesca no colo de Paula e corta o cordão umbilical.

— Calminha, filha...- ri do choro dela. Já estamos aqui, mamãe está aqui... Você vai conhecer seus irmãos! - sorri. Calminha...

— Oi Francesca... Oi, meu bebê...- se aproxima delas. Oi... - a acaricia no colo de Paula. Você é tão linda, minha filha...- chora. Carinha de bolachinha igual do papai...- todos riem.

— Parece a Antônia, amor...

— Muito! - riem. Parece que estamos segurando ela de novo! - emociona-se. Você parece sua irmã, filha... - sorri.

— Ela está com fome...- olha para Ricardo ao ver ela procurar.

— Sim! - ri. Vamos limpa-la e você amamenta... Já nasceu gulosinha! - riem.

 

 

 

Ana pega a bebê e leva para limpá-la enquanto Ricardo finaliza o procedimento com Paula na retirada da placenta. Vítor a auxilia sair da banheira e seguem para a ducha, onde a banha. A envolve no roupão e ao voltarem para o quarto encontram as mães e Cíntia olhando a bebê.

 

— Meu Deus! Ela é a cara da Antônia! - ri emocionada ao ver eles.

— Sim, Marisa! - ri.

— Parabéns minha querida...- a abraça. Te amo muito!

— Obrigada! Te amo também, sogrinha...- a beija.

— Meu filho...- vai até Vítor já chorando. Papai de cinco pessoinhas! - o abraça. Já mandei foto da bonequinha no grupo... Estão todos babando! - riem.

— Obrigada mãe! - sorri.

 

 

 

Dulce abraça Paula emocionada e junto de Cíntia já tiram uma foto com a bebê, cumprimentando o genro em seguida. Passado alguns minutos se retiram do quarto com a equipe, deixando somente os dois com a filha.

 

 

— Vamos mamar, meu amor...- a pega. Já está com a roupinha que a vovó fez...- sorri. Vitor? Tudo bem!? - o vê na varanda.

— Sim! - sorri.

— Está chorando, amor...- se aproxima dele. Estamos bem! Fala pro papai, Francesca, estamos muito bem papai...- entrega a bebê para ele.

— Foi muito lindo ser a primeira pessoa a segurar ela... - chora. Praticamente tirei ela de dentro de você! É uma coisa muito... Sem explicação! - beija a filha.

— Sim! - se emociona ao ver ele embalar a filha. Ela conhece sua voz... Fica quietinha...

— Sim! - ri. Vai deitar para amamentar?

— Vou sentar aqui...- senta na poltrona.

— Vai com a mamãe, pequena...

— Branquinho, vá ver como estão as crianças... Primeira vez dormindo aqui. Eles devem ter estranhado!

— Vou ver... - se retira.

 

 

Vai até o quarto em que os filhos estão e encontra o filho sentado sobre a cama.

 

 

— Oi filhão! - sussurra. Não está conseguindo dormir?

— Achei que você tinha ido embora e me deixado...

— Ôh pequeno... Claro que não! - senta com ele. A Francesca estava nascendo... - sorri.

— Igual a Nevasca?

— É... - pensa no nascimento da égua. Quase igual! - ri.

— Cadê a mamãe?

— Está dando mamá para ela! Quer ir ver elas?

— Quero!

 

 

Seguem para o quarto que Paula está e a surpreendem.

 

 

— Não dormiu ainda, filho? - sorri.

— Estava querendo saber de você, mãe!

— Ôh meu deus... Vem aqui, vem conhecer a Francesca!

— Nossa... Ela é tão pequena! - olha para o pai. A Nevasca nasceu grande!

— Filho! - riem. A Nevasca é um cavalinho... Sua irmã é um bebezinho. Você nasceu assim também, amor.

— Hum...- fica olhando a irmã. Ela é muito fofinha... Tira ela do seu peito mãe... deixa eu ver a cara dela.

— Calma...- ri, afastando a bebê para ele ver. Olha... Ela é linda, né? Igual você e suas irmãs.

— Own... ela é linda, mãe... Como ela nasceu? Você não foi no hospital tirar ela.

— Filho...- ri. Está tarde! Você precisa dormir... - o pega no colo. Dê um beijo na mamãe...- o abaixa e ele beija a mãe.

— Tchau Cacá...

— Já criou apelido para a irmã! - riem.

 

 

Vítor o leva de volta ao quarto e o faz dormir, retornando para o seu em seguida.

 

 

— Está com os olhos abertos... Atentos! - a observa.

— Ela é esperta...

— Sim! Já nasceu procurando mamá...

— Você precisa descansar! - acaricia ela. Na manhã eles virão para fazer os exames nela!

— Sim... Mas estou bem! Depois que nasce, a gente recupera a energia perdida no parto! - riem. Obrigada! - o abraça. Por me amar tanto assim...

— Não se agradece isso! - a aperta em seus braços. Vamos deitar um pouco... Vou puxar o bercinho para perto da cama. Daqui observamos ela...- empurra até a cama.

 

 

 

Deitam e Vitor fica responsável por olhar a filha que logo dorme, permitindo que ele descanse também.

Três horas depois, às 8AM, a equipe chega na chácara para fazer os testes na bebê.

 

 

— Filho...? - mexe em Vítor.

— Oi...- vê a mãe.

— Vão fazer os testes na Francesca! Posso levar ela?

— Sim! - volta dormir.

 

 

Marisa leva a neta que após os testes chora de fome. Retorna ao quarto e Paula já está se levantando.

 

— Quer comer...- ri.

— Imaginei! - ri. Vem filhotinha...- pega. As crianças acordaram?

— Ainda não, querida!

— Ok! Quando acordarem, peça para virem aqui. - senta na poltrona.

— Peço sim! - se retira.

— Papai está cansado! - escuta Vítor roncar e ri.

 

Amamenta a filha novamente e a embala, fazendo-a dormir. Aproveita para tomar um banho mais tranquila e segue atrás dos outros filhos.

 

 

— Bom dia! - sussurra, beijando Antônia na cama. Minha dorminhoca! - a acaricia. Bom dia, vida minha...- vai até Vitória que se espreguiça. Me dá um beijo? - abraça a filha que a beija.

— Mãe... Ela nasceu? - pergunta sonolenta.

— Nasceu! - sorri. E é linda como vocês! - arruma o cabelo dela.

— Quero ver! - sorri.

— Vamos tomar banho... Escovar os dentes e depois vamos ver ela! Tudo bem?

— Tá! - pula da cama. ANTÔNIA? - grita a irmã.

— Vitória! Deixa ela dormir, filha...

— Não! Já dormiu demais! - puxa a coberta. Nini!! - mexe na irmã. A Francesca nasceu! Vamos tomar banho pra ver ela. Ôh mãe, por falar nisso, cadê meu pai? Não vai dizer que ele só quer saber da Francesca agora?

— Ele está dormindo! - ri.

— Oi mamãe...

— Oi Nini! - vai até a filha. Dormiu bem princesa? - a beija.

— Sim! - se espreguiça.

 

 

Ela auxilia as meninas no banho e ao escovar os dentes. Separa as roupas para que elas vistam e seguem para o quarto onde está Francesca. Ao chegarem veem Vítor com a bebê no colo, o que faz Vitória emburrar.

 

 

— Você disse que ele estava dormindo! - olha brava pra Paula.

— Filha... - tenta argumentar.

— Deixa eu ver ela, pai! - Antônia vai até ele.

— Olha aqui amor...- senta-se na poltrona e mostra a filha. Ela é linda como você!

— Sim! - sorri. E bem pequena! - ri. Posso fazer carinho? - vai com a mão.

— Devagar... - a ajuda. Vitória, você não vai vir?

— Não! - sai do quarto.

— Meu Deus...- respira fundo.

— Depois eu converso com ela!

 

 

Vítor entrega a filha para Paula e vai atrás de Vitória. A encontra na sala emburrada.

 

 

— Vitória, que atitude foi aquela? Não achei bacana...

— Você não gosta mais de mim?

— Minha filha...- senta ao lado dela. Eu amo você! Amo você, Antônia, Vítor, Maria e Francesca. Amo todos vocês igualmente. Não amo nenhum mais e nem menos. Você é meu presente... - a pega no colo. E eu jamais deixaria de amar você porque você tem irmãos. Deixei de te amar quando os gêmeos nasceram?

— Não...

— Pois é! É a mesma coisa minha filha. Continuo te amando muito e vou te amar para o resto da vida. Você precisa ser compreensiva, amar seus irmãos, entender que eu e a mamãe jamais deixaremos você de lado. Você é nosso tesouro, assim como eles! Agora quero que você vá até lá, peça desculpas a sua mãe e veja sua irmã...

 

 

Junto do pai ela o obedece. Ao conhecer Francesca fica encantada do quão pequena ela é, esquecendo o ciúmes e querendo pegar a irmã. Vítor logo aparece no quarto e conta para as irmãs que já havia conhecido a irmãzinha na madrugada. Com os filhos, eles vão para a varanda onde são servidos com o café da manhã.

 

 

— Deixa vovó pegar essa boneca...? - vai até Paula.

— Claro! - ri, entregando. Vou aproveitar e tomar meu suco! Bia e Monteiro foram ontem mesmo?

— Assim que a bebê nasceu, mostramos foto e eles foram embora! Hoje retornariam...

— Entendi!

— Acharam a cara da Antônia também! - riem.

— Mini cópia...

— Pai, quero pão!

— Esse? - mostra.

— Sim!

— Toma! - entrega. Pulinha, tem alguém para avisar ou algo para fazer? - se levanta.

— Não amor, porque?

— Nada! Vou fazer umas ligações, depois venho buscar vocês para gente andar pela chácara. - olha para os filhos e se retira.

 

 

Vitor fala com a Maria e depois com a irmã Paula e o pai Ronald, atualizando todos sobre o nascimento da Francesca. Resolve então usar seu instagram e se depara com inúmeras perguntas sobre o sumiço dele e da Paula. Vai até ela e decidem anunciar o nascimento.

 

 

STORIES VICTOR CHAVES

 

Olá, espero que todos estejam bem por aí! - sorri. Algumas pessoas tem me questionado sobre a Paula e a Francesca e venho aqui informar que ambas estão muito bem. Francesca chegou ao mundo nessa madrugada, de parto natural, humanizado, na varanda da chácara, em meio à natureza com todo o apoio médico necessário! Mais uma belo horizontina alegrando minha vida. Paula está bem, um verdadeiro sol de luz e força... - sorri. Mais tarde ela entra falar com vocês! Um beijão para todos e muito obrigada pelo carinho.

 

STORIES OFF.

 

 

Continua...

 


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