Dark - Segunda Temporada escrita por Petrova


Capítulo 3
Capitulo 1


Notas iniciais do capítulo

Sentiram saudade? Como eu disse, postaria todas as quartas e cá estou eu sentindo dó de postar porque depois de finalmente sair do capitulo quatro eu não consigo sair do capitulo cinco, preciso de vocêsssss, preciso dos seus comentários, quero minhas leitoras de voltaaaa
mesmo não recebendo os mesmo reviews que eu recebia em Light, Dark já tem vários leitores e inclusive leitores novos



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CAPITULO I

Aqui fora, a tempestade rondava e lá dentro, o silencio culminava. Os trovões tremiam o céu, os relâmpagos iluminavam toda essa penumbra como se fosse um pesadelo, e dentro da floresta, os lobos uivavam intensamente, harmoniosos com a tempestade. No campo de gardênias, o vento o tornava um mar rebelde, enquanto me ajustava entre os espaços, a respiração falha e os olhos observadores. Uma tenebrosa neblina caía sobre os campos e sob a cidade, a população se refugiava em casa como se pressentisse o que estava por vim. Guerra. Eu tinha um vestido branco de seda sobre o corpo, a calda tremia a cada respirada do vento, meu cabelo dançava como onda pelo ar enquanto eu esperava pelo nada.

– Mexa-se. – ordenou a morena de cabelo esvoaçante perto de mim.

– Para onde?

– Ela não pode... não é o momento. – defendeu a senhora de cabelo grisalho ao meu lado, ambas usavam vestidos cor de terra, seus modelos lembravam roupas de outra época.

– Mas está acontecendo!

– Shh! – silenciou-se a senhora.

Eu estava tremendo entre a jovem e a senhora, ambas paradas ao meu lado como se estivessem ali pelo mesmo motivo que o meu.

– Você sabia disso.

– Não, claro que não. – encarei a moça de beleza parecida, olhos verdes e felinos, cabelos tão negros quanto a escuridão.

– Deixe-a, pare de atormentá-la, você já passou por isso, querida.

A moça se encolheu, tremendo como eu.

– Mas por saber o que está por vir, que preciso avisá-la. – ela me encarou. – Faça algo Nathalie, você não pode deixar isso acontecer, os dois mundos não deveriam se cruzar... Já bastava o seu.

– Eu não sei do que está falando, moça. – respondi, em pânico.

– Olhe para frente Nathalie, você pode ver, você pode ouvir.

Encarei a floresta, e mesmo que não visse nada além de grandes arvores e lobos brancos e negros que a circundavam de lados separados, soube rapidamente do que a moça estava temendo.

– Preciso salvá-los.

– Você sabe do perigo, se o fizer. – a senhora me alertou.

– Temos que sacrificar nossas vidas por aqueles que amamos Nathalie. Eu fiz isso.

Olhei para ambas, havia uma escolha a se fazer e teria que seguir uma delas.

– Nunca deixaria ele morrer por mim.

– Mas você morrerá por ele. – a mais velha me disse, com a testa enrugada, seus olhos verdes menos felinos me encaravam.

– É o que tenho que fazer. – relutei, encarando seus olhos verdes cansados pela idade.

– Você sabe Nathalie, não é sobre salvar alguém, é uma escolha que você terá que fazer, entre o que você é e o que é certo.

– Eu sei...

A tempestade atacou o campo, a chuva torrencial caía sobre nossos corpos, isso era um aviso.

– É tarde, está começando, a maldição retornou, é tarde! – gritou a moça de longos cabelos negros.

– Não ainda. – disse-lhes.

De dentro da floresta negra, eu pude ver uma chama branca crescendo por entre os galhos, a esperança esquentava meu corpo e a adrenalina flexionava meus músculos. Corri. Meus dedos escorregavam pelas gardênias de tal leveza que eu mal podia sentir elas abaixo de mim, meu vestido de seda grudava-se pesadamente no meu corpo enquanto a chuva caía, mas a chama estava próxima, eu podia senti-la mais ardente a cada passo. Pulei pelas gramas altas e por galhos baixos, ergui meus dedos e quando finalmente me aproximei, fui engolida por uma escuridão sem fim.

Despertei assustada.

– É verão, miss dorminhoca. – Isobel dobrava as cortinas e deixava vestígios de sol entrar pela janela.

Ainda suando e com o coração pulsante, enterrei meu rosto no travesseiro e tentei espantar o pesadelo.

– Ah, por favor, Nathalie, acorde. – ela tocou meus pés e os remexeu. – É fevereiro, 12 para ser mais exata, e sabe o que de especial tem para fazer hoje?

– Um suicídio casual?

Era uma piada, mas tia Isobel não riu.

– Com certeza não. – ela resmungou com mal-humor. - Hoje é certamente o dia ideal para ir visitar seu dormitório na universidade depois de ver sua mãe.

Espreguicei-me, e livrando-me do travesseiro, virei o rosto e protegi os olhos.

– Doze? Já? Mamãe já está vindo?

– Yeah, ela embarcou esta manhã. – tia Isobel se voltou para meus pés novamente. – Sei que é normal você fazer essas despedidas do colegial, embora eu não aprove muito, mas estão matando você, quase não dorme e acorda sempre tarde.

– Que despedidas? – grunhi, ainda tampando os olhos.

– Essas saídas suas com seus amigos e só voltam tarde da noite, enfim, acorde, o café está na mesa, lave o rosto e vista algo... apresentável, sua mãe chega a tarde.

– Café? Temos visitas por acaso? – com os olhos mais descansados, encarei tia Isobel um pouquinho antes de sair pela porta.

– Para variar... acho que daqui a pouco Maison estará dando um quarto para ele nessa mansão, ele já merenda, almoça e janta aqui... – e saiu pela porta, ainda resmungando.

Suspirei, sentia a mudança de temperatura, por um momento, achava que uma tempestade realmente se prosseguia, que os ventos pareciam avisar furacões, que os lobos uivavam para assustar e que os trovoes realmente despedaçavam o céu com tal força e voracidade, mas no fim, fora apenas um pesadelo. O segundo só esta semana, porém, desta vez, elas tinham se pronunciado mais do que nos outros sonhos.

Fora sempre o mesmo cenário, o campo de gardênias dos McDowell, a casa de madeira continuava atrás de nós, enquanto eu e as duas mulheres desconhecidas me acompanhavam na mesma posição.

– Ouça. – disse-me a mais velha.

– Está acontecendo.

– Eu sei. – eu disse vagamente.

– Tudo o que mais temia está prestes acontecer. – lamentou-se a senhora.

– Há apenas um jeito para por fim nisso, Nathalie. – a moça segurou minha mão e tocou meu peito. – Perder a sua alma.

– A minha alma?

Antes que eu viesse a questioná-la outra vez, um estrondo no céu dividia o pesadelo, sempre.

Uma luz branca engolia minha visão e parecia que estava caindo, exceto por essa vez, parecia que um buraco negro me sugava ao mais profundo, como se quisesse me avisar da escuridão que me aguardava. No mês passado, os sonhos se revelavam comigo entre um lobo branco e um lobo negro, ambos dividiam minhas escolhas, e antes que eu pudesse seguir, uma chama branca sempre me engolia, como o buraco de Alice, um dos pesadelos que eu tinha quando voltei a esta cidade. Porém, neste mês, os pesadelos mudaram sua ordem.

– O que está acontecendo comigo? – murmurei para mim mesma.

Empurrei os cobertores, olhei pela janela uma aba da cortina aberta e vi parte da floresta. Esta era a minha visão nos últimos quatro meses desde que os McDowell partiram de Sponvilly. Segui até o banheiro e puxei minha toalha, eu precisava de um banho para esquecer.

Andrew havia partido naquele mesmo dia que me deixara na sua mansão de madeira. Não me dera noticia a não ser quando Maison me contava alguma coisa, mas isso só acontecia quando eu o implorava por isso. Adam e Estenio foram um mês depois, levaram consigo qualquer vestígio meu de saudade, e suas explicações para a população minúscula da cidade fora a saúde frágil de Rebecca. De qualquer forma, com ou sem mentira, todos se foram, e as vezes, quando eu passava pela mansão branca deles, eu a sentia mais fria do que o normal. Vazia.

Dia após dia, meus pensamentos não se tornavam mais livres de pensar nele como eu esperava, na verdade, pensar nele era um trabalho gradual e doloroso. Eu o queria por perto mais do que nunca, queria poder vê-lo, queria poder ouvir a sua voz, e com o tempo, os meus não’s acumulados para essas vontades me tornava mais amarga e atormentada. Havia um buraco negro crescendo dentro de mim a cada segundo passado, esperar por ele era a única verdade que eu tinha, além do fato que eu ainda o amava da mesma forma como eu o amava antes, e crescia demasiadamente como uma parte viva de mim. Eu o amo. E eu vivia disso.

Eu tinha que me conformar com isso, uma hora isso iria acontecer, sabe, me conformar.

Enrolei a toalha pelo corpo e escovei os dentes, ajeitei meu cabelo em um coqui e me espiei pelo espelho. Havia marcas roxas pelos meus ombros e virando as costas, os hematomas não estavam tão diferentes de como no resto do meu corpo. Tirando o fato de estar totalmente marcada, eu me sentia mais forte do que nunca, era uma nova parte de mim que me fortalecia. Não podia fazer nada em relação as marcas, apenas esconde-las. Deixei para trás o espelho e fui atrás de minhas roupas. Ajustei meu sutiã e puxei uma blusa branca de mangas compridas, tomava-me os braços e os ombros como eu queria, sem espaço para reluzir minha pele machucada. Abotoei um jeans surrado e joguei o cabelo pelas costas, ele estava crescendo mais rápido que o normal. Fechei a porta atrás de mim e fui na direção da cozinha para receber a visita cuja Isobel dizia.

Como se não fosse difícil ouvir as vozes que vinham de lá.

– Está com cheiro bom. – disse Caleb, perto o bastante do prato de panquecas.

– É uma receita simples. – Rose empurrou os ombros de Caleb para trás enquanto terminava seu acabamento final.

Rose picava uma parte da maça por cima do prato quando Caleb se intrometeu com sua figura grande e fisgou a outra parte intacta.

– Dios mío, pare com isso garoto. – Rose ria e falava ao mesmo tempo. – Desse jeito não sobrará nada para Nathalie, quando acordar.

– Não se preocupe, ficarei com a maça e ela com as panquecas. – ele tinha um sorriso presunçoso nos lábios.

– Ah, no, no... – Rose lhe olhou feio. – No acredito que não tomará outro café aqui.

Pardon Rose, mil desculpas. – ele se inclinava pelo balcão fingindo comer a maça. – Não esta vez.

Caleb estava sempre por aqui e desde que Rose o repreendia por ele não experimentar nenhum de seus pratos, ele usava seu charme para fazer com que ela esquecesse do detalhe que ele nunca come... Comida humana.

De costas, seu cabelo louro e enrolado recém cortado brilhava por causa do sol, Caleb tinha o corpo atlético e magro porém com idas a academia freqüentemente, sua camisa branca de mangas curtas mostrava mais do que aparentava, como braços musculosos. Pegando-o de surpresa, avistei uma revista de economia no balcão, avisando que tio Maison havia acabado de passar ali, e a peguei, atirando no alto de sua cabeça se ele não tivesse se virado a tempo e a segurado com a mão esquerda. Maldito canhoto.

– Sempre os mesmos reflexos terríveis, Nathalie.

Funguei de mal humor pela tentativa falha.

– Sempre o mesmo Caleb assaltando a geladeira da minha casa. – puxei uma cadeira e me sentei ao redor da mesa, de costas para a janela. – E ressaltando que pardon não é espanhol, imbecil.

Ele riu enquanto mordiscava a maçã.

– Buenos Dias, raio de sol, preparei suas panquecas favoritas. – Rose disse, se aproximando com um prato pesado de panquecas e o pousando na mesa.

– Obrigada, parecem deliciosos.

Seus olhos castanhos brilharam pelo elogio. Puxei o frasco com calda de mel e despejei por cima, atacando um pedaço livre.

– É desse apetite que estou falando, Sr. Blackwood. – Rose se virou para Caleb e lhe mostrou seu lado irritado.

– Quantos pedidos de desculpas terei que dar, Rose? – ele disse, fingindo seu consentimento. – Estava apenas sem fome, mas prometo que da próxima não perderei.

Sua velha tentativa de usar seu charme e seus olhos negros para encantá-la.

– Só dessa vez deixo passar, se não estivesse atarefada, lhe colocaria para fora dessa cozinha. – ela diz enquanto retira o avental.

Duvidaria muito que fosse esse o motivo, Caleb parece realmente se esforçar para fazer com que todos da minha família beijem seus pés.

– É por causa da mamãe? – perguntei, tomando um gole de café.

– Por causa de sua tia, quer dizer. Dios mio, quando ela inventa uma coisa, todos tem que segui-la.

Tive que rir, eu posso adivinhar as formas exatas que Isobel deve estar usando para torturar todos dessa casa.

– Vou verificar os temperos, se faltar alguma coisa, não quero nem ver a reação de sua tia... – e saiu resmungando em espanhol.

Quando finalmente Rose deixou a cozinha, Caleb se desfez de sua maça com uma careta para ela e puxou uma cadeira, sentando ao meu lado. A luz do sol fraco de verão deixava as expressões masculinas de Caleb mais leves, seus olhos escuros me lembravam as orbitas negras de Andrew, exceto que as de Caleb não parecia me instigar a descobrir seus segredos. Era diferente, rasa.

– Temos trabalho hoje.

– Eu sei. – dei outro gole no café. – Só temos que arranjar uma desculpa melhor que despedida do colegial. Ou terminarmos mais cedo.

Caleb se ajeitou na cadeira, meio naufrago.

– Você não está pronta, ambos não estamos para falar a verdade. – ele colocou seu braço livre atrás da cadeira e flexionado, parecia mais malhado que o normal.

– Também sei disso, mas estarei prestes a entrar na universidade e terei coisas a mais se fazer do que nossos trabalhos sobrenaturais. – mastiguei a ponta da minha panqueca.

– Hmf, tudo bem, - ele resmungou fazendo cara feia. – e dá para parar de falar com boca cheia?

Mostrei os dentes para ele com pedaços de panquecas em volta.

– Sempre tão meiga, Nathalie.

– Faz parte de ser uma emissária. – tomei o ultimo gole do café. – Vai estar aqui quando Helena chegar?

– Você quer que eu esteja?

Sorri espontaneamente.

– Não mude o jogo, Sr. Blackwood.

– Tudo bem. – ele sorriu amavelmente na minha direção. – Estarei aqui para conhecer sua mãe.

Estreitei os lábios.

– Por que fez essa cara feia? – ele me perguntou, examinando minha feição.

– Só... não a bajule muito.

– E por que eu faria algo desse tipo? – ele deu de ombros.

– Eu conheço você. – apertei os olhos, culpando-o. – Você flerta com todo mundo, mas com a minha mãe não. Ela é capaz de gostar, é o estilo dela caras novos.

Caleb me examinou pressionando os lábios para não rir.

– E qual seu tipo ideal, Srta. O’Connel.?

Enrubesci.

– Alto, olhos pretos e meio vampiro? – ele disse, mas estava brincando.

Empurrei seus ombros e o ignorei.

Eu não falava sobre Andrew com ninguém, achava melhor excluir as pessoas do meu sofrimento pessoal , porque no fim, eu não conseguia não sofrer por ter perdido-o, a parte que era dele dentro de mim parecia algo inacabado, vazio, intoleravelmente doloroso. E as vezes, eu não podia esconder o quanto a saudade me fazia prisioneira.

– Caleb... – o chamei.

– Oi? – ele estava perdido, o olhar longe, picotava migalhas na mesa como se não soubesse exatamente o que estava fazendo.

– Você tem falado com ele?

– Ele? – franziu o cenho. – O Andrew?

Ouvir o nome dele por outra voz era diferente, era frustrante.

– Sim.

– Ah, bem, nos falamos algumas vezes por telefone. – ele me disse vagamente.

– E como ele está?

Caleb respirou fundo.

– Como você. Doente por dentro. – disse com sinceridade. – Não vejo com os olhos, porque aparentemente vocês parecem firmes e vitoriosos, mas ouço suas vozes, há um tom diferente, eu o chamo de sentimentalmente frustrado. Vocês estão seguindo isso com muita força, mas estão deteriorando por dentro.

Segurei firme meu copo e não olhei para ele.

– Não se preocupe, Andrew encontrará uma maneira de acabar com isso. – Caleb procurou minha mão livre na mesa. – Até lá, posso não ser seu melhor refugio, mas cuidarei de você como se lhe devesse a vida. Eu fiz uma promessa, nunca quebro uma.

Sua mão era mais fria do que a de Andrew, talvez porque Caleb fosse um vampiro completo de uma dinastia pura em Vinum, e não um meio vampiro com seu lado humano mais forte do que na maioria dos outros vampiros. Era diferente, mas eu não repudiava, olhando-o nos olhos e vendo-os fixados nos meus, pude perceber que sempre contaria com Caleb, era uma de minhas verdades.

– Dios mio. – Rose grunhiu da porta. – Atrapalhei alguma coisa?

Afastei meus dedos debaixo da mão de Caleb e me peguei mais vermelha que o normal. Não havia acontecido nada entre eu e Caleb que pudesse me envergonhar, mas só a idéia do que certamente estaria se passando pela cabeça de Rose me deixava completamente vermelha, porque era mentira, exceto para ela.

– Está tudo bem Rose. – Caleb falou por nós.

– Ahm, tudo bem então. – ela deu de ombros e despejou um bocado de temperos no balcão.

– Você quer ajuda com isso? – me levantei num salto, tentando desviar dos olhos de Caleb.

Antes que ela me respondesse, a campainha fez o sonoro toque de quando alguém está a espera.

– Diria sim, mas neste momento preciso de alguém para abrir essa porta.

– Isobel está lá em cima?

– Sim, procurando roupa de cama para o quarto de hospedes. – ela me respondeu meio atarefada.

– Eu a ajudo Nina, pode ir. – Caleb finalmente me encarou, parecia tomado por pensamentos que não compreendi.

Fiz que sim com a cabeça e tornei a sair da cozinha. Poderia ser tio Maison ou até mesmo tio Rick, mas era estranho a idéia de tocarem a campainha, afinal, ambos tinham a chave da casa. Passei pelo corredor e lembrei que Megan ainda estava na escola, o que certamente não podia ser ela. Pensei rapidamente em Lauren e Suzanna, elas viriam quando Helena chegasse, afinal, iríamos juntas ver nossos dormitórios na universidade.

Abri a porta esperançosa para ver Suzanna e Lauren transbordando seus sorrisos quando na verdade, o frio estremeceu meu corpo e um arrepio subiu pela minha espinha dorsal. Era um aviso de perigo.

– Sentiu saudades, docinho? – seu sorriso me prendia a respiração em medo.

– O que... o que você está fazendo aqui, Lewis?

– Voltei da minha temporada em Nova York, achei interessante a idéia de vir vê-la. - seus braços longos alcançaram a borda da porta enquanto seu olhar me atravessava.

Interessante? – falei com dificuldade. – Não acredito que você está agindo como se fosse um encontro casual. Você não é e nunca será bem-vindo aqui Lewis, quer que eu te refresque a memória?

Ele me olhou entediado.

Por Deus, Nathalie, são águas passadas.

Segurei firme e com raiva a porta.

– O diabo falando em Deus, quanta ironia. – minhas mãos tremiam, mas de acordo com Caleb, ser irônico e sarcástico ajudava esconder o medo.

– Está audaciosa. Gosto disso. – ele sorriu para mim angelical, porém, seu efeito me fazia estremecer de pavor.

– Vai embora, Lewis, por favor.

Pressionei os lábios, a tentativa de parecer não estar com medo não estava funcionando quando usei “por favor”.

– Agora? Quatros longos meses que não a vejo, ainda não consegui matar a saudade. – seu sentimentalismo me causa náuseas. – Na verdade, achei até interessante você estar aqui, talvez eu tenha errado a data, mas não era hoje que ia para a universidade?

Estremeci pela idéia dele saber meus planos.

– Como soube? – exigi, tentando esconder meu medo e aparentar ser mais corajosa.

– Me dê algum credito Nathalie, não sou cego e nem surdo. – ele de ombros. – São os fatos. As novidades correm docinho, os meses passam, falando nisso, já faz quanto tempo mesmo que ele foi embora? Quatro?

Engoli em seco.

– Saia daqui.

– Por quê? Acabei de chegar, estava pensando entrar e falar com sua família, fiquei sabendo que sua querida mãe está de volta. – ele inclinou o corpo tentando ver algo a mais lá dentro.

Fechei mais a porta e deixei apenas uma brecha suficiente que coubesse meu corpo.

– Isso não é da sua conta, vai embora, você não é bem-vindo aqui.

Ele me olhou um pouco sádico.

– Essas não deveriam ser suas palavras, doce Nina. Se não quer que eu entre, posso muito bem esperá-la fora. – sorriu para mim.

– O quê?

– Não posso entrar sem que me convide, mas isso nem sequer é um problema. – sua voz se misturou a um sorrisinho sarcástico.

– O que está pens...

Suas mãos ultrapassaram o vão da porta e seguraram com firmeza meus braços, me puxando com velocidade para fora da casa onde seu domínio era maior. A porta foi fechada com tudo em um só movimento.

– Que diabos você está fazendo?

– Isso se chama contato. – ele agarrou minhas mãos em movimento. – Preciso de um abraço, estava carente Nathalie.

Chutei seu tornozelo e esperei correr para a porta, mas ele foi muito mais rápido para me impedir.

– Não, não! – gritei. – Me solte, me solte agora.

Seu corpo se encaixou no meu e me encurralou entre ele e a parede gélida nas minhas costas.

– Você está me machucando. – murmurei, sentindo seus dedos no meu pulso. – Me solte, Lewis, me solte!

– Seja mais corajosa e deixe nossos assuntos entre nós mesmos, Nathalie. – ele disse, sua boca acariciando a curva do meu maxilar.

Seus dedos acariciavam meu cabelo enquanto eu agia com repulsa, seu rosto se apoderava dos centímetros diminuindo pouco a pouco. Vários pensamentos passavam pela minha cabeça, de tudo que eu havia aprendido com Caleb, eu não conseguia colocar nada em ordem, nenhum movimento, fechava os olhos e tentava imaginar sua voz na minha cabeça para me alertar.

– Seu cheiro é tão bom. – seu nariz passeava por entre os fios do meu cabelo e tocava a minha pele. – Deve ser inimaginável o prazer de beijar sua pele, Nina.

– Vai pro inferno.

Ele riu, agarrou meus punhos e tentou me beijar.

– Fique quieta Nathalie. – ele resmungou, pressionando meu corpo na parede.

– Com ela não. – as mãos de Caleb afastaram seu corpo para longe de mim com uma força sobre-humana.

– Caleb! – sussurrei seu nome com alivio, agarrei seu braço livre como em alerta.

Lewis se segurou em pé intacto, enquanto Caleb cobria meu corpo com o seu, colocando-me atrás dele em segurança.

– Péssima hora para uma visita Lewis, por que não vai visitar o inferno que foi de onde você surgiu depois de quatro meses?

Lewis sorriu segurando-se no batente do alpendre e se aproximando muito pouco.

– Sr. Blackwood. – ele disse em reverencia. – Achei que os bicos de babás fossem extintos para sua realeza.

Não compreendi o realeza.

– Na verdade, tudo que vejo aqui é eu com a garota que você quer que escolheu estar comigo e não com você. – ele o provocou. – Os fatos não mentem.

– Está querendo me dizer alguma coisa, Sr. Blackwood?

– Além do que sei sobre seu histórico, estou sim querendo lhe dizer alguma coisa. Dê um fora daqui antes que eu mesmo chute essa sua bunda, seu imbecil.

Lewis não mudou sua expressão, estava estupidamente calmo.

– Será que o Andrew sabe disso? – ele apontou para nós, mas nem eu e nem Caleb nos movemos. – Obviamente não, ele tem mania de confiar nas pessoas erradas.

– Você quis dizer por você, não é?

– Você acha que sabe de tudo Caleb, mas neste jogo, sou eu que dou as cartas. – Lewis trincou o maxilar, sua feição mais séria. – Mas você tem razão, péssima hora para uma visita, mas nunca é tarde para uma segunda vista.

– Infelizmente o seu “nunca” não combina com a minha imortalidade.

Lewis sorriu, afastando-se do alpendre.

– Guarde suas frases de efeito para uma próxima hora. Adeus Caleb, e até breve Nathalie – ele nos deu a costa e foi embora.

Consegui respirar com tranqüilidade, o sinal de alerta sumindo assim que Lewis se afastava da minha casa. Caleb se virou para mim em prontidão.

– Você está bem?

– Estou. – segurei seus olhos. – Acho que devemos começar logo os treinamentos, Caleb, quase desmaiei na frente de um inimigo.

Ele sorriu.

– Coisas de emissária, Nina.


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Notas finais do capítulo

e aí o que acharam?



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