Valley of Silence escrita por Tsuki Lieurance Eriun


Capítulo 1
Capítulo único




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Podia-se dizer que tinha nascido naquele momento, pois não havia memória anterior que sobrevivera àquele momento cheio de barulho. Insultos, explosões. Choro, seu choro. E então, o silêncio. Não existia mais a voz de seu pai, o timbre carinhoso de sua mãe, as risadas de sua irmã. Só havia silêncio. E uma pequena garota sentada na escada, sentindo-o ironicamente preenchê-la com seu vazio. Afinal, nada mais havia sobrado para ela.

Sem família, sem lar, uma mera órfã abandonada a própria sorte. E, aos poucos, também sem dignidade, pois a única vida que lhe restara fora a de ladra, de animal na luta pelo alimento que a manteria para o próximo dia. Era assim que sobrevivia, sem chance de realmente viver. Mas o que mais poderia fazer? Se havia outra coisa que perdera, era a esperança. Talvez nem soubesse o que essa palavra significava.

Born with a void, hard to destroy with love or hope Nascida com um vazio, difícil de destruir com amor ou esperança

Built with a heart broken from the start Construída com um coração quebrado desde o início

And now I die slow E agora morro lentamente

Cada ano que conseguia sobreviver se revelava ainda pior. Será que existia algo além daquele inferno? Se sim, não fazia a mínima ideia de como seria.

Mas, finalmente, foi lhe dada uma chance. Destino, acaso, vai saber? O que quer que fosse, agradecia por ter colocado aquele estranho encapuzado em seu caminho. Ele a defendera, e não só isso, ele lhe oferecera uma vida. Sim, vida. Havia um teto para abrigá-la. Havia treinamentos, o que lhe dava um objetivo além de mera sobrevivência. E havia amigos. Uma família até, podia se dizer assim – nem todos do grupo mereciam tal título, mas havia aqueles que despertaram sua afeição. E, conforme o tempo passava, conseguira aprender a viver como uma garota normal. Ou, ao menos, para interpretar esse papel e cumprir a missão que recebera.

Living with identities Vivendo com identidades

That do not belong to me Que não pertencem a mim

Porém, nada poderia ser tão bom em sua vida. O destino nunca lhe demonstrara tamanha consideração.

Dentro de alguns anos, percebeu que não eram uma família. Não depois do líder dela – aquele que um dia pensara como pai – ordenar uma caçada contra um deles. Concordava que a amiga cometera um ato idiota, como ela poderia ter desejado sair de lá? Não compartilhava da mesma falta de lugar para onde voltar? Não compartilhava da mesma sede de vingança, do mesmo desejo de destruir aqueles que tinham lhe tirado tudo?

Ainda assim, matá-la era demais. Uma família nunca faria isso. Foi quando percebeu que nada mais eram do que marionetes, tolos bonecos nas mãos de alguém que não dava a mínima para eles. Mas o que poderia fazer? Para onde iria se conseguisse escapar? De volta para as ruas, sem a chance de se vingar? Não poderia se dar esse luxo. Mesmo que lhe doesse tal percepção, fora ensinada a ser fria e não demonstrar – ou sequer ligar – para sentimentos.

In the valley of the dolls we sleep No vale das bonecas nós dormimos

E que grande peça o destino – oh, o adorável destino – ainda lhe pregaria...

Começou como uma simples missão. Mais uma. Mas seu alvo tornou-se mais que isso. Tornou-se um amigo. Uma fonte de algo que não tivera contato: Calor humano. Aconchego. Segurança. E ainda pior: Tornou-se aquele que amava. Tentou negar, tentou fugir. Afinal, tinha que voltar para seu grupo. Era uma silenciadora, isso era tudo o que tinha. Deveria renunciar a esse sentimento, soterrá-lo com todas as suas forças.

Mas, no final, aquele sentimento fraco tornou-se muito mais forte que ela. Tanto que, quando descobriu que a irmã de seu amado corria perigo, decidiu alertá-lo – mesmo que tenha sido ineficaz, visto o ódio que ele passara a cultivar por ela, algo que nem poderia dizer injusto ou infundado. Tal decisão quase lhe custou sua vida, mas, por algum motivo desconhecido, a sorte sorriu para ela. Escapou. E decidiu que, daquela vez, estaria ao lado dele. No final das contas, se havia algo para o qual servia, era lutar. Era o que guiava sua vida, a adrenalina da batalha, a satisfação em se sentir poderosa o bastante para ter a vida de alguém em suas mãos. Talvez fosse sua última luta, mas, como sabia que morreria fazendo isso, estava pronta para que fosse ao lado dele.

In my life I got this far Na minha vida, cheguei tão longe a esse ponto

Now I'm ready for the last hurrah Agora estou pronta para o último torneio

O que ela não sabia é que essa luta realmente teria resultados extremos. Acabaram mexendo com pessoas poderosas demais, e tinham descoberto coisas demais. No meio do confronto, recebeu um ataque letal. E, em uma tentativa bamba e inconsciente de recuar, acabou por cair.

Talvez, toda sua vida tivesse sido isso. Uma queda. Em direção ao vazio do silêncio.

Dying like a shooting star Morrendo como uma estrela cadente

In the valley, in the valley No vale, no vale


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Notas finais do capítulo

Apesar de dar a entender ao final que acredito que ela morreu, creio no contrário. Acho bom ela não estar morta, in fact u....u Sei que muita gente a odeia, mas eu a amo, e acho que ela merece um final feliz (I mean, olha a história dela. cadê alegria? ç_ç )



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