Uma mansão enorme aparecia por entre os enormes e exuberantes pinheiros. Talvez até maior que a casa que tínhamos em Forks. Uma grande estrutura de três andares pintada com cinza. Grandes janelas rodeavam a mansão e pude perceber que havia um enorme quintal nos fundos com uma piscina no centro. Aquele lugar me encantava!

Assim que estacionei, desci do carro com rapidez para explorar o local.

– Essa é mais uma das propriedades de Carlisle? – perguntei ao meu pai.

– Ele comprou essa mansão há poucos dias, antes de virmos pra cá. Era a residência de um amigo dele – respondeu.

– Nessie, você pode me ajudar aqui? – Jacob apareceu por trás de mim carregando as nossas cinco malas.

– Oh, desculpe. Eu me esqueci das malas – peguei duas delas que estavam em suas mãos.

– Obrigado – agradeceu ele soltando um longo suspiro. – Edward, só pra avisar: os Quileutes terão que morar com vocês até acharem um lugar para ficarem.

Meu pai deu de ombros, mas percebi um pouco de desgosto na sua expressão facial.

– Desde que eles não nos atrapalhem – meu pai disse com desdém.

– Não se preocupe – Jake respondeu.

Surpreendi-me, afinal, nunca vi uma conversa tão civilizada assim entre Edward e Jacob. Meu pai riu com meus pensamentos e o lobo ficou confuso.

– O que foi? – Jacob perguntou nos fitando.

– Nada não – Edward deu uma pequena gargalhada e entrou na mansão.

– Vem Jake, vamos deixar as malas lá dentro – o conduzi até a sala da casa. Era muito grande como todo o resto.

– Nessie, eu vou ter que sair – Jake coçou a cabeça. – Mas eu volto à noite.

– Por quê? – perguntei erguendo uma sobrancelha.

– Preciso comprar umas coisas – respondeu.

– Que coisas? – questionei novamente. – Acabamos de chegar.

– Você me empresta sua Mercedes? – ele mudou de assunto.

– Ok, ok – bufei. Tive que me render, com certeza Jacob não me responderia.

– Obrigado – ele deu um sorriso amarelo e saiu da casa.

Escutei a gargalhada gutural de Emmett vinda da sala assim que Jake saiu.

– O que foi agora? – cruzei os braços e uni as sombrancelhas.

– O cachorro já está escondendo coisas de você?

– Não enche – revirei os olhos e sai batendo os pés no chão, caminhando até a piscina.

Tirei minhas roupas, ficando apenas com a minha lingerie cinza. Pulei na água e subi até a superfície logo depois, então comecei a nadar e fui até a borda.

– Por que está sozinha? – Arthur me surpreendeu aparecendo ali do nada.

– Arthur, você me assustou – protestei jogando água nos seus pés. Ele riu. – Bom... Jacob saiu então eu resolvi relaxar aqui um pouco. A água está uma delícia, não quer entrar?

– Boa ideia – concordou ele, então tirou as roupas e mergulhou.

Nadei até o fundo da água. Comecei a ficar sem fôlego, então resolvi levantar, porém eu não estava conseguindo. Parecia que alguma força sobrenatural me puxava pra baixo. Fiquei desesperada e me debati debaixo da água. Engoli uma quantidade considerável de água e minha cabeça ardia por conta disso.

– Nessie! – tia Rose gritou e pulou na água, me puxando para fora da piscina. – Seu idiota, por que não a salvou? – Rosalie empurrou Arthur.

– Desculpe, eu achei que ela só estava brincando – respondeu abaixando a cabeça.

– Brincando? – perguntou incrédula. – Você achava que ela estava brincando?

– Não seja tão severa – murmurei em meio à minha respiração desregulada.

– Estou de olho em você Arthur – Rose o fuzilou com os olhos e saiu da piscina.

– Desculpe por isso. Minha tia é muito protetora – cocei a cabeça, tentando esconder o meu constrangimento.

– Ela está certa, fui mesmo um idiota – disse ele e saiu dali. – Eu devia ter mergulhado, salvado você. Mas não! Fiquei parado, como um idiota completo, sem ter consciência de que você podia ter se afogado.

– Eu... eu estou bem, eu juro! A culpa não é sua, é lógico que não! – corri atrás dele, o pegando pela mão, fazendo-o olhar pra mim. Apesar do meu quase afogamento ter sido completamente estranho, eu estava convicta de que a culpa não era dele. – Até eu acharia que aquilo era só uma brincadeira boba – eu ri sem jeito.

– Ah, Nessie... você é tão gentil – Arthur apertou minhas mãos contra o seu peito nu e eu estremeci, tentando me soltar.

– N-nem tanto – gaguejei encabulada, livrando-me dele e caminhando para outra parte do imenso jardim, e depois para dentro da casa.

Eu queria tomar um banho, livrar-me do cloro pegajoso da piscina e esperar Jacob chegar e ter uma boa explicação para a sua fuga inesperada.

(...)

Depois do banho, vesti-me com uma saia jeans na altura da coxa e uma camiseta branca de renda. Coloquei alguns acessórios que tia Alice sugeriu e uma sapatilha com um pequeno salto. Mesmo estando em casa eu fazia questão de estar bem arrumada, e Alice, como sempre, dava um incentivo.

– Ainda falta um penteado – disse a nanica animadamente, fazendo-me sentar em minha nova penteadeira. Habilidosamente modelou meu cabelo em um coque moderno e bagunçado. – Gostou?

– Claro, ficou ótimo – respondi sorrindo pra ela.

De repente ouvi meu celular vibrar e tocar uma música de piano baixa. Peguei-o imediatamente e nele havia uma mensagem de Jake.

Ness, vá até a floresta em frente à casa. Logo vai encontrar uma clareira. Eu estarei lá esperando por você.

– Jacob.

– Tia, eu vou precisar sair por alguns minutos. Dê-me cobertura – pedi.

– Já sei, essa “cobertura” é te proteger do seu pai – ela riu e então deu uma piscadela pra mim.

– Adivinhou! – balbuciei rapidamente, enquanto caminhava e pulava a janela do meu quarto.

Fui correndo pela floresta, desviando habilidosamente de algumas árvores e troncos baixos no caminho. Não demorou muito para que eu chegasse à tal clareira, e me surpreendi quando vi que naquele local havia uma mesa e duas cadeiras feitas manualmente de bambu. Havia uma toalha vermelha sobre a mesa e uma vela no centro. Também havia alguns focos de luzes coloridas presos nas árvores e iluminando significativamente o lugar.

– Oi amor, que bom que veio – murmurou a voz rouca que eu reconheceria em qualquer lugar – a voz de Jake.

– Então foi por isso que saiu desesperadamente naquela hora, não é Jacob? – comprimi os lábios, tentando esconder um sorriso bobo nos lábios.

– Sim. Pensei de fazer uma festinha de boas-vindas devido à nossa vinda para essa nova cidade – respondeu, puxando-me para um beijo suave, mas que já me deixou incendiando. – Fui eu quem fiz tudo. Aprovou?

– É lógico. Isso aqui está incrível.

– Acredite, tem mais – sussurrou ao pé do meu ouvido, e então me conduziu até a mesa, puxando a cadeira para que eu me sentasse.

– Seu cavalheirismo está me deixando louca – brinquei.

O lobo riu e então ligou um rádio que ele havia encaixado entre dois galhos de uma árvore decorada com os focos de luzes. Depois se sentou comigo, trazendo uma garrafa de espumante e colocando em uma taça, para então entregar a mim.

– Uau... – me surpreendi.

– Espero que goste do espumante. É importado – comentou. – E eu gastei uma boa grana com ele – ele sussurrou quase inaudível, mas eu pude escutar e ri.

Bebi alguns goles, e sinceramente... era esplendidamente delicioso, mesmo pra mim que nunca havia ingerido nenhum tipo de bebida alcoólica. Olhei para Jacob, e ele estava visivelmente nervoso. Suas mãos entrelaçadas sobre a mesa estavam suadas e tremiam levemente.

Ingeri mais do espumante, até terminá-lo e entrei em choque quando vi um bonito anel de ouro no fundo da taça.

– Jake, o q-que é isso? – questionei nervosamente.

– Bom, para ser sincero – se levantou – eu não te trouxe aqui apenas para uma festa boba de boas-vindas – ele admitiu, segurando a minha mão e me fazendo levantar também. – Ness, você sabe que eu te amo mais que qualquer coisa no mundo, e quero que o nosso amor seja eterno – Jacob olhou no fundo dos meus olhos e então pegou o anel. – Isto aqui é da minha mãe e acho que merece ser seu. Renesmee, você me daria à honra de ser minha linda esposa?

Senti meus olhos marejarem e borboletas se agitarem em meu estômago. Eu nunca me senti tão feliz e emocionada em toda a minha vida.

– Mas é claro... é claro que sim Jacob – respondi pulando em seu colo e distribuindo beijos por todo o seu rosto. – É o que eu mais desejo no mundo.

– Ah Ness... – Jake murmurou, dando um beijo em meus lábios e se demorando ali. – Você é tão incrível.

– Eu não acredito que pude desconfiar de você quando você saiu na primeira oportunidade que pôde. Eu estava convicta de que estava me escondendo alguma coisa, mas não imaginava que fosse algo desse tipo – expliquei e senti lágrimas contornando meu rosto. – Eu te amo Jacob.

– Eternamente – concordou ele, indo de encontro aos meus lábios novamente, fazendo nossas bocas se encaixarem perfeitamente. Nossos lábios se tocaram, gentis e calmos a princípio, mas logo dei liberdade para que ele explorasse minha boca com a língua macia. – Agora finalmente será eterno – balbuciou enquanto separava os nossos corpos.

Ficamos por um longo tempo apenas nos olhando apaixonadamente. As testas coladas, as respirações quentes e rápidas se misturando, os lábios tão próximos que eu podia sentir o calor dos de Jake. E eu amava aquilo, amava estar com ele, principalmente depois do pedido de casamento. Tudo parecia ainda mais intenso, mais certo, como se faltasse muito pouco para que fossemos um só.

Jacob olhou pro céu e depois disso apontou para a lua cheia e brilhante, suficiente para iluminar o céu noturno escuro como breu.

E, de repente, eu me esqueci de tudo. Esqueci do afogamento, esqueci da briga que Rose teve com o pobre Arthur depois disso, esqueci do mundo. Estar apenas ali, observando uma simples paisagem com Jacob atrás de mim, envolvendo minha cintura... era como se não existissem mais problemas.

– Melhor irmos embora Nessie – Jacob sussurrou em meu ouvido, fazendo com que meu corpo estremecesse. – Já está bem tarde.

– É uma pena. Eu gostaria que essa noite nunca acabasse – comentei, aninhando-me em seu peito.

– É melhor irmos logo, antes que Edward venha com a cidade inteira atrás da gente – ele brincou com um sorriso travesso esculpido no rosto perfeito.

Não pude deixar de gargalhar. Segurei a mão de Jake, entrelaçando os nossos dedos para então caminharmos pela floresta, na direção da mansão.

– Amanhã eu desmonto isso – disse, apontando para a decoração da clareira que ia desaparecendo aos poucos do meu campo de visão. – Quero aproveitar todos os minutos com você hoje, até essa noite maravilhosa terminar – ele afagou meu rosto com a ponta do dedo, traçando caminhos da têmpora até meu queixo.

Caminhamos em silêncio pelo resto do trajeto. Avistamos a mansão e abrimos a grande porta dupla da entrada. Todos os vampiros estavam de plantão na enorme sala da casa, com expressões severas.

– Filha, onde você estava? – Bella correu para me abraçar. – Oh Deus, eu estava tão preocupada.

Mostrei sigilosamente o anel de noivado para mamãe que sorriu surpresa imediatamente.

– O que é isso? – Edward apareceu atrás de mamãe, agarrando minha mão abruptamente. – Vai casar com ele? – meu pai empalideceu ainda mais.

– O quê? – Rose cuspiu, levantando imediatamente do sofá.

– Não se mete, loura – Jacob repreendeu, impedindo-a de avançar.

– Lembra pai... Alice teve a visão e aconteceu – disse com a maior calma possível.

– Sim, eu lembro. Só não achei que fosse tão... tão rápido! – papai arregalou os olhos, ainda analisando o anel.

– Deixe-a Edward – Bella pediu. – Preze a felicidade de sua filha.

– Tudo bem, eu não vou brigar. Confesso que estou bem surpreso e não muito feliz, mas farei isso por você, Renesmee – meu pai murmurou, soltando levemente minha mão.

– Obrigada – agradeci com um meio sorriso.

– Edward pode não ligar, mas eu ligo! – Rosalie atacou, lançando um olhar de desprezo sobre mim. – Eu não admito que minha sobrinha case com esse vira-lata fedorento.

– Rose, por favor, pare – gemi.

– Isso não vai passar em branco! – tia Rose bufou, saindo do cômodo.

– Parabéns, Nessie – Alice rodopiou pela sala, até chegar ao meu lado para me abraçar apertado. – Já estou com ideias para a decoração!

– Alice! – dei um pequeno soco em seu braço. Ela riu.

– Aê pequena! – Emmett me abraçou esmagadoramente, fazendo-me girar em seus braços fortes.

– Parabéns queridos – Esme e Carlisle falaram em uníssono, fitando a mim e a Jacob.

Jasper fez um sinal de positivo com a mão pra mim e eu sorri.

– Obrigada pessoal – agradeci um tanto encabulada, me aninhando em Jake. – Agora preciso dormir, estou realmente cansada – anunciei. – Tchau meu amor – sussurrei para Jacob, que me deu um beijo calmo.

Subi as escadas da mansão, não tirando os olhos de Jacob, meu futuro marido.