Eternal Flame – O Fim escrita por Jor Trindade


Capítulo 2
A Despedida




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Acordei de bom humor. Hoje vamos à casa de meu avô Charlie para nos despedirmos dele, o que foi difícil de fazê-lo aceitar, e irmos para Mandeville, uma pequena cidade no Canadá. Dessa vez Jacob iria conosco, o que me deixava realizada.

– Filha, já está acordada? – Bella bateu na porta.

– Sim mãe – respondi indo até o meu guarda-roupa.

– Jacob já está te esperando.

Meu coração bateu forte. Jake... O meu motivo de respirar.

Deixei os pensamentos de lado e revirei o móvel para achar alguma peça de roupa apropriada. Achei um bolero cinza e o coloquei com um vestido preto de mangas compridas com sapatilhas. Vesti-me e deixei o cabelo solto.

Logo depois desci até o andar de baixo. O lobo estava encostado na parede da sala, ao lado da porta. Apurei os passos e me atirei nos braços de Jacob, que correspondeu.

– Oi princesa – sussurrou no meu cabelo.

– Oi Jake – o abracei mais forte e lhe dei um selinho.

– Que bom te ver de novo... Estava morrendo de saudades – ele disse colocando algumas das minhas mechas de cabelo atrás da orelha.

Emmett pigarreou e nos separamos um do outro instintivamente. Revirei os olhos e dei um soco de leve no abdômen do meu tio.

– O café está pronto – Esme gritou.

Puxei Jacob até a cozinha. Nos sentamos na enorme mesa meio desnecessária naquela casa.

– Está servido? – a vampira bondosa perguntou pra Jacob deixando um prato de waffles na mesa.

– Sim, comi em casa – respondeu balançando a cabeça em positiva.

Prestei atenção no meu lobo por alguns instantes e ataquei a comida. Estava deliciosa, como sempre. Terminei de comer em poucos minutos e subi para o banheiro escovar os dentes e terminar de arrumar as minhas malas para a mudança.

Terminei meu ritual de arrumação e coloquei mais algumas peças de roupa em uma das três malas. Peguei as mesmas e desci o lance de escadas sem muita dificuldade.

– Quer ajuda amor? – Jake se ofereceu.

– Não, obrigada – disse levando as malas até a minha Mercedes e colocando-as no porta-malas.

Virei-me e dei de cara com Jacob que me deu um beijo avassalador. Sorri e Jacob abriu a porta do carro pra mim. Eu iria dirigir dessa vez. Entrei no carro e o lobo também. Liguei o carro e sai cantando pneu.

– Confio um pouco mais na sua direção – ele comentou colocando o cinto.

Ri por meio segundo.

– Vai continuar com isso? – fiz uma careta.

– Até você parar de atropelar roedores pelo caminho – Jake explodiu numa gargalhada.

– Seu bobo – resmunguei. – Mudando de assunto... Não está meio triste por abandonar a matilha?

– Eu conversei com eles e consegui convencê-los a virem conosco – contou. – Até Rachel e Rebecca resolveram vir e morar com a gente.

Um enorme sorriso involuntário surgiu no meu rosto.

– Ótimo – murmurei.

– Pelo que eu sei, eles também vão ao almoço na casa de Charlie hoje.

No mesmo instante a casa do meu avô começou a aparecer... A mesma casinha branca e simples. Estacionei na frente dela, eu e Jacob descemos do carro e Charlie veio nos receber amistosamente com um enorme sorriso.

– Oi Renesmee, como está bonita – disse enquanto me abraçava.

– Olá Charlie.

– Cadê a sua mãe? – perguntou olhando em volta.

– Estão chegando – apontei para o Volvo que se aproximava.

Meu avô acenou para Jacob e foi ao encontro do carro onde estavam meus pais, Alice e Jasper.

– Ele é tão sério mesmo quando está feliz – Jake sussurrou no meu ouvido. –Como pode?

– Não sei – balbuciei o observando. – Por enquanto podemos considerar a hipótese de ele ser policial.

O lobo assentiu de leve.

De repente fomos surpreendidos por um berro parecido com um oi bem humorado. Renée estava ali.

– O que veio fazer aqui? – perguntei.

– O mesmo que vocês. Não pude deixar de ver vocês antes de se mudarem – ela deu dois pulinhos antes de me puxar para um pequeno abraço. – Oi Jacob, como está? – perguntou a ele dando um aperto de mão animado.

– Muito bem – respondeu com um sorriso.

– Phil, venha cá – Renée o chamou.

O homem apareceu com um hambúrguer na mão.

– Olá – cumprimentou com a boca cheia.

– Oi Phil – eu e Jake correspondemos em sincronia.

– Bella veio! Quero muito vê-la – disse e correu na direção da minha mãe.

– Se preparem para um super jogo de baseball depois do almoço – Renée piscou e foi saltitando atrás de Phil.

Rimos da minha avó irreverente enquanto íamos caminhando até o grupo de vampiros e humanos.

– A matilha está chegando – Jacob anunciou com um sorriso.

– Matilha? – Phil indagou incrédulo, ouvindo a nossa conversa.

–Você ouviu errado – o lobo disse sem jeito.

Ele olhou de canto pra Jake com uma careta estranha. Eu ri e ele me empurrou de leve.

– Desculpe – murmurei. – Não pude controlar.

– Quer que ele descubra sua maluca?

Neguei com a cabeça, ainda com um riso engasgado.

– Oi Nessie – Seth cumprimentou animado, como sempre. – Estou tão ansioso para a nossa viajem ao Canadá.

– Você está sempre animado pra tudo – Jake revirou os olhos.

– Eu também estou animado, Seth – Arthur, o namorado de Leah, interrompeu. Seus olhos azuis acinzentados cintilaram.

– Ah, oi Arthur – apertei sua mão.

– Oi – Jacob disse secamente. Dei uma cotovelada no seu braço.

– Seja simpático – balbuciei.

– Não vou com a cara dele – sussurrou no meu ouvido quando Arthur se afastou.

– Por quê? – perguntei incrédula.

– Ele me parece tão falso.

– Não acho – eu disse balançando a cabeça em negativa.

– Diz isso porque não convive com ele.

– Não entendo. Ele é tão... Tão normal.

– Não sei o que é isso, mas sempre estou com um pé atrás. Ele não me parece confiável – comentou ele, fitando o rapaz.

Dei de ombros, não me importando muito com a opinião do lobo.

– Meu irmão está certo – Rachel interveio. – Arthur é muito misterioso – disse ela. Sustentei meu olhar sobre Rachel para saber melhor o que ela pensava. – Ele sempre fica nos observando com um olhar mortal. É estranho. Sei que não passo muito tempo com a matilha, mas eu pude perceber isso.

Fiz uma pequena careta, mas assenti de leve.

– Acho que o almoço está pronto. Estou sentindo o cheiro de hambúrguer queimado – Phil riu e logo depois correu para o quintal.

– Estou morrendo de fome – Jake disse correndo atrás dele.

– Espere por mim – gritei o alcançando e segurando a sua mão com força.

Chegamos ao quintal e nos sentamos na grande mesa colocada ali. Jacob mal podia esperar por um prato cheio de comida.

– Calma vira-lata, a comida não vai fugir – Rosalie grunhiu batendo nos ombros do lobo enquanto chacoalhava o seu corpo.

– Eu estou com fome sanguessuga fedorenta – Jake ficou furioso e tirou as mãos de Rose dos seus ombros.

– Achei que tinham se acertado – interrompi a briga, sustentando meu olhar sobre os dois.

– Um aperto de mão não resolve nada – minha tia loura deu de ombros e depois completou ácida: – Se cuida lobo.

Jacob soltou uma enorme gargalhada e eu dei uma cotovelada no seu abdômen. Coloquei a mão no rosto de Jake demonstrando que eu não estava gostando daquilo e então ele comprimiu os lábios. Rosalie mostrou os dentes e saiu dali segundos depois.

– Essa vampira azeda me fez perder a fome – ele fez uma careta. – Mas vou comer alguns hambúrgueres do mesmo jeito.

– Não fale assim, Rose é só meio revoltada.

– Revoltada? – ele riu cínico enquanto pegava uma salsicha. – Ela é uma psicopata, isso sim – o lobo deu uma mordida no alimento enquanto gesticulava pra ela.

– Jake! – repreendi, mas aquilo soou como um gemido de reprovação.

Escutei seu riso baixo enquanto ele atacava os hambúrgueres. Revirei os olhos e também comecei a comer. Aquilo estava delicioso, nunca comi hambúrgueres tão bons quanto aqueles.

– Vocês não vão comer? – Renée perguntou aos vampiros.

– Não. Estamos seguindo uma dieta rigorosa e carne gordurosa não está incluída nisso – Alice respondeu.

– Que pena – minha avó deu de ombros. – Está uma delicia.

– Se for uma carne bem mal passada e com sangue, eu aceito numa boa – disse Emmett cheio de expectativas.

– Calado Emmett! – Bella repreendeu fazendo cara feia.

– Eu estou brincando! – ele riu.

– Brincadeira bem sem graça a sua – minha mãe concluiu séria.

– Ah, use seu senso de humor.

– Já chega pessoal – meu pai se intrometeu na pequena discussão dos dois. – Vem, vamos conversar com os outros – Edward conduziu os dois para perto de Renée, Phil e Charlie.

Em segundos toda a comida havia sido consumida. A matilha comeu a maior parte. Jacob foi um deles e comeu no mínimo sete salsichas e cinco hambúrgueres.

– Pessoal, eu vou pegar os tacos e a bola de beisebol que eu trouxe para jogarmos – anunciou Phil e foi para dentro da casa.

– Ei, diminuam a força no jogo – Edward sussurrou para os vampiros. – Principalmente você Emmett.

Meu tio suspirou alto e revirou os olhos.

– Ok, ok – ele suspirou novamente. – Juro que vou me conter.

– Ótimo – meu pai fez um sinal de positivo e se levantou assim que Phil voltou para o lado de fora. – Ei, eu quero jogar! – gritou ele.

– Claro, claro. Vamos escolher o time – disse ele e escolheu alguns Cullens e alguns Quileutes. Eu e Jacob ficamos de fora. – Se importam se não jogarem? – perguntou Phil para nós e os outros que também ficaram.

– Não, não. Até porque eu não sei jogar mesmo – respondi. Os outros aceitaram como eu.

– Vem cá, Ness – chamou Jacob estendendo a mão pra mim. Agarrei-a com força e ele nos conduziu até a floresta. – Quero um pouco de privacidade.

– Deixar Forks novamente. Acho que já estou me acostumando com tal situação – suspirei.

–Não vai ser tão ruim como da ultima vez – argumentou ele.

– Concordo. Você vai estar comigo, o que melhora tudo – dei-lhe um beijo na bochecha.

– Canadá não deve ser tão ruim. Além disso, fiquei sabendo que Mandeville é considerada um paraíso para a caça, ou seja, vamos ter muita comida.

– Agora sim eu concordo plenamente em ir pra lá – ri.

Caminhamos em silêncio por alguns minutos, até que Jacob começou um novo assunto:

– Quando vai contar pra Renée que não é uma prima de Edward e sim sua neta?

– Nem sei se isso realmente irá acontecer – respondi com um pouco de desdém. – Nem me importo, afinal, é melhor que ela não saiba.

– Você está certa. Podemos nos meter em confusão com outro clã de sanguessugas. Pelo menos os Volturi não nos incomodam mais.

– Ainda existem alguns poucos vampiros da guarda. Não é cem por cento seguro.

– Eu sei. Tomara que não nos incomodem.

– Eles podem querer se vingar – gelei com o meu próprio comentário. – E aí... Tudo pode acontecer.

– Tem razão. É uma hipótese que precisa ser considerada.

Ficamos em silêncio novamente e caminhamos por um longo tempo até que o sossego foi interrompido por alguém correndo no meio da mata.

– Estava procurando por vocês – Seth estava vindo na nossa direção. Seu fôlego estava esgotado. – Estamos indo embora. Vamos nos despedir – disse ele com a voz entrecortada.

– Oh, Deus. Já estamos indo? – lamentei.

Seth assentiu. Então corremos até a casa de Charlie para podermos nos despedir de verdade, afinal, não nos veríamos por um bom tempo depois que nos mudássemos. Corremos na nossa maior velocidade e alcançamos o destino em pouco mais de quinze minutos.

– Finalmente vocês chegaram – Bella murmurou. – Venham logo, já estamos indo.

Minha mãe nos conduziu até o semicírculo no meio do quintal. Dei um abraço apertado em Charlie antes de tudo.

– Adeus Charlie – apertei ainda mais meus braços em volta da sua cintura. – Sentirei sua falta.

– Eu também – sussurrou ele.

– Adeus Renée – a abracei também. Ela retribuiu amorosamente.

– Quem disse que isso é um adeus? – ela perguntou indignada. – Eu ainda vou visitar vocês muitas e muitas vezes.

Eu ri baixo enquanto a soltava lentamente. Acenei para Phil que deu um sorriso. Então todos trocaram beijos e abraços. Nós estávamos prestes a entrar no carro até que Charlie gritou:

– Esperem! Antes de vocês irem eu preciso saber de uma coisa – ele respirou fundo antes de continuar. – Quero saber o que vocês realmente são.

Vi os rostos de todos se enrijecerem, até o meu. Lembrei-me da conversa que tive com Jacob há poucos minutos. Meu pai engoliu em seco. Claire se escondeu atrás de Quil.

– Pai... Não podemos – minha mãe murmurou de cabeça baixa.

– Eu tenho o direito de saber! – Charlie insistiu. – Bella você é minha filha e eu quero saber a verdade. Eu sei que vocês não são normais, afinal, eu vi Jacob se transformando em um cachorro enorme na minha frente.

– Pai – Bella gemeu e então negou com a cabeça. – Você se lembra do que eu disse sobre que não é necessário que você saiba disso.

– Por favor – meu avô insistiu novamente.

– Tudo bem – disse Carlisle. – Mas você, Renée e Phil têm que prometer que não vão contar isso a ninguém.

Eles concordaram e então Edward explicou:

– Eu e minha família somos vampiros. Renesmee é uma híbrida fruto do meu relacionamento com Bella. Ela é meio vampira e meio humana. Os outros são lobisomens, menos Arthur que é humano.

– Isso é um tipo de brincadeira idiota? – Renée perguntou espantada. – É mentira... Tudo isso. Renesmee não é minha neta, vocês não são essas coisas.

– Podemos provar – Emmett olhou desafiador e então derrubou uma árvore enorme com um só soco.

Depois disso Edward correu até a floresta e voltou em dois segundos. Leah se transformou e eu pulei numa altura inimaginável para alguém aparentemente frágil como eu.

– É impossível – Phil balbuciou incrédulo.

– Essa é a verdade. Agora por favor, jurem que ninguém mais saberá disso – pediu Esme.

– Nós juramos – os três falaram em uníssono.

Os vampiros sorriram sem humor e então finalmente entramos nos carros e seguimos viagem até o aeroporto. Um clima meio tenso pairava no ar.

– Acha que eles vão manter isso em segredo? – perguntei à Jacob sem tirar os olhos da estrada.

– Creio que sim. Charlie e Renée são os pais de Bella e aposto que não fariam nada para prejudicá-la. Também acho que Phil não contaria nada.

– É, você tem razão – murmurei. – Eu tenho tanto medo que algo de ruim aconteça conosco.

– Eu nunca vou deixar que um sanguessuga fedorento encoste um dedo em você – disse ele firmemente, com os maxilares rígidos. – Nem que isso custe a minha vida.

– Eu também não vou deixar! Vou usar toda a minha força para proteger você. Eu não quero te perder, nunca!

Senti Jacob beijar o topo da minha cabeça.

– Eu te amo – sussurou ele. – Pra sempre.

Sorri com tanta alegria e uma emoção ia me dominando. Queria me sentar no seu colo e beijá-lo até perder o fôlego. Entristecia-me ter que me concentrar em dirigir.

– Eu também – declarei tentando controlar minha respiração irregular causada pelos meus pensamentos.

Ficamos em um completo silêncio até chegarmos ao aeroporto. Tudo aconteceu como quando fomos ao Brasil. Carlisle comprou as passagens enquanto era feito o check-in e então entramos no avião. Alegrava-me pensar que a viagem demoraria pouco mais de três horas, diferentemente das infinitas dez horas de viagem daqui até a América do Sul.


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