Eternal Flame – O Fim escrita por Jor Trindade


Capítulo 10
Em Toda Boa História Há Uma Reviravolta




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Já fazia duas semanas que estávamos em Forks. Cada dia que se passava era uma nova descoberta, uma nova realização. E Jacob se incluía em cada uma delas. Honestamente, nunca me senti tão apaixonada por ele como nesses últimos dias... Meu coração chegava a doer de tanto amor.

Ao mesmo tempo, eu também tinha saudades. Sentia falta de toda a minha família, de Jennifer, dos quileutes, talvez até das brincadeiras sem graça de Emmett. E, para diminuir esse sentimento, liguei para Bella todos os dias, como ela havia me pedido. Contei todos os detalhes dos quais eu conseguia me recordar da minha relação com Jacob, implorando para que ela mantivesse as nossas conversas em sigilo e evitando, assim, os comentários insanos dos vampiros em geral.

Para a minha completa frustração, tínhamos que ir embora dali naquele mesmo dia. Apesar de eu querer, e muito, voltar para minha casa junto de minha família, também desejava ter mais tempo a sós com Jacob.

– Qual você prefere? A azul ou a lilás? – perguntei a Jake colocando duas regatas simples diante do meu corpo.

– As duas ficam ótimas em você – ele respondeu depositando um beijo em minha bochecha.

– Precisa ser mais objetivo – dei um soco de brincadeira em seu peito.

– Hã... a azul – murmurou gesticulando para a peça de roupa.

Balancei a cabeça em concordância e caminhei até o banheiro com a regata em mãos. Despi-me do pijama curto que usava e, antes que eu pudesse me vestir novamente, olhei-me no espelho. Depois das minhas relações sexuais com Jacob, minha barriga não apresentava volume algum. Contorci os lábios com a informação, tentando evitar as lágrimas que insistiam em contornar meu rosto.

– O que aconteceu, meu amor? – Jacob indagou parando atrás de mim, notando a minha visível frustração.

– Ah Jake, eu estou tão preocupada – murmurei correndo para abraçar a cintura do lobo. – Eu... eu acho que não consigo engravidar, Jacob.

– Mas e as visões de Alice? – ele perguntou. Seus dedos cálidos tocaram meu rosto com gentileza, percorrendo o caminho das minhas têmporas até o queixo, parando ali para erguer meu rosto com o indicador.

– Elas são subjetivas, Jake. Se qualquer empecilho ocorrer, elas já não são válidas, não servem de nada – expliquei limpando os olhos úmidos com a parte sensível do pulso.

– Mas nós não fizemos nada de errado, Ness – o lobo sussurrou afagando meu rosto melancólico.

– Eu sei disso – balbuciei enlaçando o pescoço de Jacob. – Mesmo assim, eu tenho tanto medo...

– Podemos tentar de novo – ele sugeriu e, de repente, pegou-me no colo, colocando-me sobre a bancada do banheiro.

Nossos lábios se tocaram. Minhas lágrimas de decepção contornavam toda a linha do meu rosto e se misturavam ao beijo. Gemi ao sentir a língua macia de Jacob tocar o meu pescoço e começar a distribuir beijos naquela região.

– Não, Jake. Sinto muito, hoje não – eu disse ao perceber que aquele momento se intensificava.

– Ok, me desculpe – ele murmurou em total compreensão.

Apoiei-me nos ombros do lobo e escorreguei do balcão, ficando de pé e vestindo as roupas depressa para evitar mais um momento como aquele. Por mais que eu amasse nossas relações, eu não estava no menor clima.

– Tudo acontece em seu tempo, Nessie – Jake sussurrou beijando o topo da minha cabeça, a voz abafada pelos meus cabelos. – Não se preocupe.

– Espero que você esteja certo – suspirei com pesar, repousando a cabeça no pescoço do lobo.

– Ah, meu amor – Jacob segurou a minha mão, levando-a até seu peito. – Sinto tanto por ver você assim.

Balancei a cabeça em concordância, afastando-me alguns centímetros dele. Em seguida, caminhei novamente até o quarto a fim de terminar de organizar as malas. Era de manhã, e partiríamos de Forks logo após o almoço. Depois de uma viagem relativamente longa até Mandeville, chegaríamos lá por volta das quatro da tarde.

Avistei algumas roupas espalhadas pela cama do chalé e comecei a dobrá-las, colocando-as dentro das mochilas. Enquanto isso, Jake pegava as malas já prontas e ajeitavam-nas umas sobre as outras no porta-malas da Mercedes.

– Tudo pronto – anunciei entregando-lhe a última mochila.

Jacob passou o braço entorno das minhas costas e caminhamos juntos até o lado de fora. Antes de partirmos, fechei a porta do chalé, girando a chave na fechadura para trancá-la e coloquei o pequeno objeto prateado com laço no bolso da calça.

– Sentirei falta desse lugar – lamentei sentindo uma leve angústia envolver meu coração.

– Voltaremos mais vezes, eu prometo – o lobo murmurou e beijou ternamente o topo da minha cabeça.

– Em uma segunda lua-de-mel, talvez? – brinquei.

– Boa ideia – concordou ele, levantando o polegar num gesto afirmativo.

Andamos lentamente até a Mercedes vermelha, atravessando a passarela de pedras que ligava o chalé à mata. Aquele lugar era tão reconfortante, me trazia boas lembranças da infância não muito distante. Eu gostaria de ficar ali por mais algum tempo, mas tínhamos de ir embora.

Entramos no carro, Jake como motorista e eu como passageira. O lobo girou a chave de ignição e começou a dirigir, manobrando por entre as árvores até chegarmos à mesma clareira em que desembarquei no dia do casamento. Avistei o jato assim que nos aproximamos dali, e o Sr. Lockwood nos aguardava próximo à pequena escada de embarque. Jacob estacionou perto dali, com certeza Alice daria um jeito de levar o automóvel de volta à Mandeville.

– Sra. Black – saudou o Sr. Lockwood, beijando as costas da minha mão. – Jacob – cumprimentou-o com um aceno de cabeça.

Sorri para o homem grisalho que repousava numa pose napoleônica ao nosso lado. Sr. Lockwood era uma pessoa com pouco mais de quarenta anos, mas, devido às cansativas horas de viagem, aparentava ser muito mais velho.

– Podem entrar – disse ele, gesticulando para o interior do jatinho.

Obedecemos ao pedido do homem, confortando-nos nos assentos do pequeno avião.

– A Sra. Cullen me pediu para que eu aprontasse um almoço para vocês – contou ele, apontando para a bandeja de canapés e o balde de gelo com champanhes que jaziam sobre uma mesa simples dentro do jato.

– Uau – balbuciei de olhos arregalados. Quando me virei para perguntar a ele “tem certeza de que não foi Alice Cullen quem pediu”, Sr. Lockwood já havia fechado a porta.

– Minha nossa, eu estou faminto – Jacob disse enquanto mordiscava um canapé de presunto e tirinhas de pimentão.

Acomodei-me em um dos assentos e também peguei um dos petiscos. Estavam tão deliciosos que soltei uma exclamação admirada.

– Cuidado com a cabeça – o lobo advertiu e abriu a champanhe com muito cuidado. Mesmo assim, a rolha saiu da garrafa com velocidade e bateu contra uma das paredes do pequeno avião.

Eu ri, estendendo a taça para que Jacob me servisse de um pouco do líquido.

– Caramba, nunca imaginei que nossa vida de casados seria tão luxuosa – comentei levando a taça aos lábios e bebendo um gole do champanhe.

Antes que eu ou Jake pudéssemos rir, uma dor repentina retorceu meu estômago, quase como o choque depois de levar um soco no abdômen.

– Há algo errado, Ness? – o lobo inquiriu ao mesmo tempo que notava a minha careta de dor.

– Com licença! – balbuciei com a voz entrecortada.

Disparei para o banheiro com a mão sobre a boca, ignorando as turbulências do jato que acabava de decolar. Agachei-me diante da privada, vomitando violentamente tudo aquilo que eu havia comido durante a semana. Jacob apareceu por trás de mim, mantendo o meu cabelo longe do rosto exageradamente pálido até que eu pudesse respirar de novo.

– Está tudo bem? – o lobo perguntou visivelmente preocupado.

– Sim – respondi com certa dificuldade. – Só acho que não estou acostumada a beber álcool.

Jacob concordou com a cabeça, compreensivo.

Gemi ao me levantar e caminhei debilmente até a pia, onde enxaguei a boca. Jake fez um formato de concha com as mãos e pegou um pouco de água, colocando-a perto dos meus lábios. Bebi tudo em segundos e me senti ligeiramente melhor.

Jacob afagou a ponta dos meus cabelos, e eu concedi a mim a liberdade de repousar a cabeça sobre seu ombro. Em seguida, o lobo me conduziu novamente até o assento do jatinho em que estávamos sentados minutos atrás.

– Se sente melhor? – indagou ele, colocando a mão quente em meu rosto. A sensação era tão boa.

Concordei com a cabeça, abraçando sua cintura.

– Obrigada por se preocupar – murmurei passando o dedo indicador pela linha do seu maxilar e então, puxei-o para um beijo.

– Na saúde e na doença – lembrou Jacob. Eu sorri e, em seguida, dei um bocejo cansado. – Pode dormir, se quiser.

Permiti aninhar-me na segurança do seu peito, inalando lentamente o aroma amadeirado dele, o qual me trazia tanta paz.

E então, em segundos adormeci.

(...)

Horas depois, acordei um pouco melhor. O calor de Jacob ainda impregnava em minha pele, e eu levantei os olhos notando ele ali, também dormindo.

– Sr. e Sra. Black, estamos prestes a pousar – a voz do Sr. Lockwood soou nos auto-falantes do jato.

Remexi-me preguiçosamente no colo do lobo, contudo, ele estava com o sono tão pesado que nem sequer sentiu meus movimentos. Embora eu não quisesse acordá-lo, tive de fazê-lo, já que estávamos a apenas alguns quilômetros de Mandeville.

– Jake, meu amor, acorde – sussurrei cutucando-o com o dedo indicador.

Ele nem se moveu. Jacob tinha um adormecer tão profundo que chegava a ser assustador.

Depositei um beijo abrasador em seus lábios voluptuosos, mordiscando a parte inferior deles. Em um segundo, o lobo despertou e a primeira coisa que fez foi fitar meus olhos com intensidade, correspondendo ao beijo.

– Ah, como é bom acordar todos os dias com uma visão tão linda como essa – Jake comentou reflexivo, mexendo em algumas mechas do meu cabelo.

Senti minhas bochechas pinicarem e um leve rubor invadir minha face.

– Não exagere! – exclamei sem graça.

– Exagerar? Poxa, Ness, você precisa de uma sala de espelhos para reconhecer o quão bonita é.

– Bobo! – dei um soco de brincadeira em seu peito.

Naquele mesmo instante, as rodas do pequeno avião colidiram contra o solo de uma clareira. Ele avançou mais alguns metros até estacionar por completo. Tirei o cinto que me pressionava contra o banco, sentindo novamente o desconforto no estômago.

– Nessie, você está bem? – Jacob indagou apreensivo quando coloquei as mãos sobre a barriga, soltando um gemido de dor.

– Estou – balbuciei recuperando o fôlego. – Não fique preocupado.

Sr. Lockwood saiu da cabine do piloto para abrir novamente a porta do jato e, em seguida, eu e Jake descemos dali através da mesma escada em que entramos.

Olhei para cima, notando o céu azul-escuro, repleto de nuvens densas e salpicado por alguns pontos de luz solar. Deduzi que acabara de chover, já que a grama continha gotículas recentes de água e o ar que eu inspirava estava bastante úmido.

O grisalho Sr. Lockwood nos auxiliou a retirar as malas do pequeno avião, entregando-as em nossas mãos para que pudéssemos levá-las de volta à nossa casa.

– Minha cara, diga à sua família que eu estou à disposição quando necessitarem. Além disso, lembre a Esme Cullen que admiro a ela e a sua incrível beleza – pediu o homem.

Mesmo tentando manter a discrição, nós sempre seríamos notados pela nossa aparência vampiresca e estonteante. Era simplesmente inevitável.

– Ok, obrigada Sr. Lockwood – agradeci assentindo com a cabeça.

Jacob e eu viramos o corpo na direção contrária do homem e começamos a caminhar floresta adentro. Demorou poucos minutos para que avistássemos a fachada da nova mansão, onde vampiros e lobisomens viviam juntos.

Avançamos mais alguns metros até chegarmos na porta de entrada e a abrimos lentamente, esperando pela calorosa recepção.

No entanto, nada disso aconteceu. Um silêncio perturbador pairava pelo ambiente. Cullen e Quileutes formavam um semicírculo na sala de estar, cada um deles com expressões preocupadas e olhos opacos, nada do brilho radiante de dias atrás. Esquadrinhei o recinto, notando que Arthur, Leah e Jennifer não estavam presentes ali.

Bella caminhou vagarosamente até nós, equilibrando-se no scarpin de salto finíssimo que estalava a cada passo no carpete de madeira. Seus olhos, antes dourados, agora adquiriam um tom de amarelo-escuro extremamente sem vida.

– Temos uma má notícia – disse ela com a voz baixa.

Despachei as malas ali mesmo, as quais foram de encontro ao chão, gerando um estrondo. Fiquei completamente nauseada com o anúncio de Bella e massageei as têmporas, sentindo uma pontada lacerante no local.

– Sobre o quê? – consegui balbuciar, vacilante.

Subitamente, Edward correu até o andar de cima e, em menos de um segundo, estava de volta com uma carta em mãos.

– Veja você mesma – papai me estendeu o pedaço de papel e eu, hesitantemente, o peguei de seus dedos gélidos.

Caro Arthur, espero que compreenda os meus motivos de tê-lo deixado em Volterra. Seus poderes são muito preciosos para serem utilizados em vão. Estamos em maior número nesta guerra e acredito que obteremos êxito. Caso perdermos, você e sua querida irmã terão que prosseguir com a nossa batalha contra os Cullen, sem levantar suspeitas. Use todos os artifícios a seu alcance, derrotando um a um. Começando, é claro, pela idolatrada Renesmee, o único motivo que desencadeou todas essas lutas.

Io credo in tu,

A. Volturi


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