Após a tempestade vem a calmaria.Hermione Granger sentia falta da tempestade.Não é nada demais,é só que,bem,um sereno já a faria feliz.

Sua mãe sempre lhe falou deste homem,Jesus era o nome,que tinha cicatrizes no corpo e uma enorme dificuldade em deixar as pessoas irem.Quando a guerra começou a rodear a aura do mundo mágico e tudo o que ela até então havia conhecido passou a ser destruído e todo o conceito que ela tanto lutava contra passou a ser normal,Hermione sentiu.Mais que todo mundo.Em toda a sua vida teve amigos pra contar nos dedos de uma mão só e quando eles começaram a ser perseguidos ela desabou.Eles eram tudo o que ela mais amava e temia perder.E então quando tudo voltou a ser normal e ela pôde finalmente respirar aliviada tomou pra si o lema de “entrou e não sai mais”.Começou a se ancorar em tudo que a lhe dava suporte e a prender nos braços as pessoas que pra ela tinham significado.Então,aqui estava Hermione Granger,dois anos depois da guerra,com cicatrizes no corpo e com uma enorme dificuldade em deixar as pessoas irem.

Quando sentada numa mesa recostada de um restaurante meia-boca-com-classe ,olhando pela janela e observando toda aquela gente passar apressada e ouvir o chiado que vinha da cozinha e o burburinho das outras mesas,ela desejou internamente que Draco a ligasse.Nem que fosse só pra dizer que a raiz quadrada de 9 é três.Ela só realmente precisava saber se estava tudo bem.Eles tinham desenvolvido uma amizade.Não?Ela sabia onde ele morava pelo menos,isso conta,não conta?

–Hermione? – ela ouviu alguém chamar.Desviou o olhar da rua e se deparou com um metro e setenta de cabelos avermelhados.

–Gina!Meu Deus,quanto tempo.

–É,duas semanas – a ruiva disse se sentando na cadeira defronte para Hermione.

–Exatamente,duas semanas- Hermione riu-E como estão as coisas no Profeta?

–Bom nada demais.Amanhã tem um jogo de Quadribol na Irlanda,é,Bulgária versus Irlanda.Eu vou cobrir,então é oficial.Ginevra Molly Weasley é editora-chefe da coluna de Quadribol do Profeta Diário.

–Meu Deus,Gina,isso é ótimo!

–É parece que tudo está encaminhando.Quem sabe amanhã eu mande lembranças prum ex-amante seu- disse Gina,sorrindo marota.

–Quem?-indagou Hermione,franzindo o cenho.

–Quem?Quem?Viktor Krum,é claro.

Mas que porra,Gina?,Hermione pensou.

–Ele não é meu ex-amante e eu te proíbo de comentar com ele qualquer coisa que envolva a minha pessoa.

–Ué,por quê?Hermione se você não percebeu,eu como tua amiga,vou te falar:você precisa de um homem.

–Ah,obrigada Gina,isso foi bem gentil da sua parte-disse a morena,com sarcasmo.

–Você sabe muito bem que eu não estou mentindo,mocinha.

–Não é como se você fosse chegar nele e falar “Então,você lembra da Hermione Granger?Aquela menina com quem você foi no Baile de Inverno?Pois é,agora ela tem um trabalho miserável no Profeta Diário e traumas psicológicos.Você deveria ligar pra ela”- comentou Hermione,depois de fazerem os pedidos para um adolescente de cara amarrotada chamado Billy.

–Não é como se você realmente fosse assim Hermione.O seu emprego não é miserável,só é...bem,só não é muito valorizado no mercado capitalista contemporâneo.

–Você sabe que usar as palavras ‘capitalista’ e ‘contemporâneo’ não dão credibilidade a sua frase motivadora,né?Eu sei muito bem que meu trabalho é uma merda.Gina,é sério.Eu provavelmente deveria estar arrumando as minhas tralhas daquele cubículo que chamo de escritório e partir pra bem longe.Quem sabe eu posso arranjar um emprego numa revista trouxa.Quem sabe Vogue...

Gina franziu a testa.

–Hm,Mione,sem querer ofender mas o seu senso de estilo não é digno de Vogue.

–Eu até que me sentiria ofendida se isso não fosse verdade.

–Contudo,sim,você deveria mesmo sair daquele lugar.Na verdade você nunca nem deveria ter aceitado aquele emprego.Hermione você deveria ter um cargo no Ministério,no mínimo isso.

–Não,não mesmo.Merlin me livre de ter um emprego no Ministério,já tive muita dor de cabeça sendo amiga de Harry Potter.Obrigada,mas não,obrigada.

–Que seja.Deveria pelo menos ter pego um cargo maior.

–Você sabe muito bem os motivos pelos quais eu aceitei aquele cargo,Gina.Agora a culpa não é minha se as bruxas de hoje em dia preferem saber quem está ou não solteiro do que das instituições de caridade do Reino Unido.

–Eu não posso culpa-las –sussurrou a ruiva.Hermione lançou-lhe um olhar perfurador.

–Você sabia que Astória Greengrass morreu?

–Sim,por quê? – indagou Gina.

–Na verdade,Draco me contou.Eles eram noivos,ela se matou.

–Ah,verdade.Já ia me esquecendo de toda essa sua tramoia pra se vingar do Brian fingindo que o Draco era seu namorado.

–Quando você fala assim até parece que eu sou algum tipo de sociopata.

–Mas como foi lá?

–Bom...- Hermione começou a responder quando o seu telefone começou a tocar –Por falar no Diabo.Malfoy?

–Granger?

–Eu mesma.

–Granger eu estou aqui no hospital e preciso que você venha aqui.

–Por quê?O que aconteceu?Tá tudo bem contigo,Malfoy? –perguntou Hermione,preocupada.

–Não,está tudo ótimo comigo.Na verdade,tem alguém que nós conhecemos aqui.É a Mary Elizabeth,ela chegou ontem.

–Meu Merlin,o que aconteceu?

–É difícil de explicar,Granger,eu preciso que você venha aqui.

–Tá,tudo bem,já estou indo.Tchau –disse,desligando o telefone.

–O que aconteceu?-perguntou Gina vendo Hermione se levantar depressa.

–Eu não sei muito bem,mas eu preciso ir.Te ligo,me desculpe,Gina- Hermione disse saindo em direção á porta.

Hermione dirigiu atordoada pela Gerard Boulevard até avistar um grande prédio branco com várias árvores rodeando a estrutura que se erguia imponente no meio de Londres.Quando estacionava seu pequeno Prius no amplo estacionamento do local não pôde deixar um pensamento de lado.

Bom trabalho,Malfoy.