Ao sofrer um susto o corpo libera uma grande descarga de adrenalina na corrente sanguínea,o que faz o coração bater rápido e a pressão arterial se elevar.Após 5 ou 10 minutos,quando a quantidade de adrenalina no corpo diminui,o ritmo respiratório vai voltando ao normal até atingir a calma.

Por isso,Draco Lucius Malfoy deitava ofegante ao lado de uma Hermione Jean Granger quase caindo da cama de tanto rir.

–MAS QUE PORRA,GRANGER? – ele gritou.

Risque a parte de atingir a calma.

–Eu quase morri de medo.Que tipo de ser humano você é?

–Calma Malfoy,foi só uma brincadeira.Você deveria ter visto a tua cara – ela respondeu,voltando a rir.

Então a coisa mais estranha aconteceu.Draco Malfoy começou a rir.E Hermione estava tão embalada na própria risada que demorou pra perceber que o loiro gargalhava tanto que lágrimas saiam de seus olhos.

A risada dela foi se desfazendo mas o sorriso continuava lá enquanto ela o observava rir.Ela esperava no mínimo uns bons crucios mas,olha,ela não podia reclamar.Não podia mesmo,porque a risada dele era tão melodiosamente sexy e ela queria escutar aquele som pro resto da vida.Agora voltando a verdadeira Hermione Granger.Porque Hermione Granger não se permite esses pequenos deslizes,até porque pra se apaixonar e ter o coração partido é um pulo.E então ela o empurrou da cama.

–Isso tá virando um costume e eu não estou gostando Granger – ele disse,se levantando do chão.

–Você se acostuma- ela respondeu,ajeitando as cobertas em seu corpo.

Ele se levantou e deitou do lado dela na cama.

–Você deveria mesmo ter visto a tua cara –ela disse,suprimindo uma nova carga de risadas-Sério,foi a coisa mais engraçada.Eu juro que pensei que você ia fazer xixi nas calças.

–Nós estamos dormindo do lado da sua prima que uma vez roubou o seu namorado,eu pensei que era ela.

–E por isso você quase se mijou?

–Simplesmente achei que isso seria um grande corta-tesão,então é.

Os ombros dele começaram a tremer e a risada começou a tomar conta do quarto novamente.

–Você percebe que nós estamos nos dando bem?Tipo,dessa vez sem eu estar parcialmente bêbada e você sem estar tomado pela nicotina.

–É –ele disse,depois de a sua respiração ter voltado ao normal.

–É.

Por um momento eles fizeram um acordo silencioso.Daniel Handler disse em um de seus livros que refúgio é um lugar pequeno e seguro num mundo turbulento.Talvez eles tenham encontrado o seu refúgio.Não naquele quarto gigantesco da casa de verão O’Hare,mas na bolha quentinha da amizade que eles começavam a formar.O negócio é que quanto mais você se apega a alguém mais difícil é deixa-la ir.Hermione Granger,por exemplo,estava quase a beira de lágrimas porque sentia que no fundo de seu coração –lá no fundo mesmo- ela ia sentir falta dele.Por mais que o destino os tenham colocado juntos da forma mais grotesca e ridícula imaginável,ela ia sentir falta.

–Nós vamos embora amanhã.

–Quê?Por quê?

–Eu só não quero ficar aqui.E também porque eu fiz algo com o Brian e apesar de querer muito ficar pra ver a cara dele,acho melhor sairmos pro nosso próprio bem.

–O que você fez?

–Não posso contar –ela disse,e se virou pra sorrir pra ele.

Essa garota é impossível,ele pensou.

–Tudo bem,nós vamos embora amanhã.

–E depois tudo vai voltar ao normal.

–Tudo.

–Você volta pras suas coisas sem se preocupar com os artigos e eu volto pros meus artigos sem se preocupar com as suas coisas.

–Exatamente – ele disse,uma pontinha de desapontamento se alongando em sua voz.

–Exatamente – ela repetiu.

A Lua brilhava alta no céu,o vento batia manso em seus rostos,o cheiro de grama molhada invadia suas narinas e o silêncio só era quebrado pelo farfalhar das folhas.E eles adormeceram.