Miseráveis e Inconstantes escrita por Vulpvelox


Capítulo 2
Eu não presto, mas tem gente que se supera.


Notas iniciais do capítulo

OMG! Você está lendo a nota do capítulo dois. OMG, OMG, OMG! Isso pode só significar duas coisas: ou você gostou do que leu no primeiro capítulo, ou é masoquista e gosta de se torturar lendo uma coisa que você não gostou. É, eu estou muito ansiosa e já postei o segundo capitulo, mesmo sabendo que não tem muita gente acompanhando. É um capítulo meio grande, mas é que é o primeiro dia de aula, e não queria separar ele em dois capítulos e tals c.c' É isso aí. Boa leitura! *-*



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Recostei-me contra o banco quando Shane parou o carro rente à faixa da calçada. Ele olhou para mim com um pouco de hesitação e depois fitou o colégio um pouco mais a frente. O terreno era extremamente grande e havia um grande gramado com áreas de lazer e estacionamento para os veteranos com carros. Eu era uma veterana, mas não tinha um carro. Ainda dependente das caronas de minha mãe e irmão.

— Devo te desejar boa aula ou boa sorte? — Ele perguntou.

Olhei-o, mordendo o lábio inferior enquanto encarava a escola através do vidro. Da janela para meu irmão. Do meu irmão para a janela e, depois para o relógio do painel. Sete e quatro da manhã. Eu tinha onze minutos antes dos portões se fecharem.

— Pode me desejar e depositar a sorte que for. — Comecei, colocando a mochila no colo. — Nunca vai ser o suficiente para superar a presença desses humanoides que se acham gente grande.

— Lola, eles tem a mesma idade que você.

— Físico, meu querido. Físico. — Falei, arranjando um grande teor de coragem para abrir a porta do carro. Coloquei os pés para fora, acrescentando. — Essa é a única semelhança que minha faixa etária tem com a desses imbecis. Porque mental, estou anos-luz deles. — Gesticulei longamente para frente, como se estivesse indicando para ele algo que fosse praticamente inatingível.

Ele riu e balançou a cabeça negativamente.

— Igual você não existe, baixinha.

— Eu sei, meu irmão. — Falei, soltando um suspiro. — Eu sei.

Saltei do automóvel e bati a porta. Ele abriu o vidro elétrico enquanto eu me afastava em passos largos e firmes. Estava praticamente marchando para o antro, quando Shane chamou-me outra vez.

— Lola?!

Virei-me e sorri-lhe.

— Seja uma boa garota. — Revirei meus olhos e cruzei os braços, ainda sorrindo. — Promete?

Olhei para cima e fingi pensar por um instante, franzindo os lábios como ele fizera mais cedo durante o percurso até o colégio. A resposta era óbvia, mas ele insistiu na pergunta. Completamente lamentável o fato de ele esperar que eu fosse uma boa garota com tanta gente ruim em minha volta.

— Até mais, Shane.

O mesmo sorriu e balançou novamente a cabeça em negativa, colocando os óculos escuros, como se dissesse: “eu sabia.” Acenei para o carro e ele me respondeu com uma buzinada. Quando ele deu partida, fui obrigada a virar e encarar o que eu estava tentando me preparar psicologicamente para bater de frente. O último ano no antro.

— Olá, St. James.

***

Enquanto eu me aproximava do enorme edifício separado em várias áreas, era como se eu pudesse me ver de cima por ser só mais uma naquele meio. Vários adolescentes brotando de todas as esquinas, e todos esses saiam de carros luxuosos, caminhando para apenas um ponto no campus. Parecia que todos nós estávamos sendo atraídos para este local, como um magnetismo completamente estranho e doentio. Ou sugados por um buraco negro. A segunda opção é o que melhor define o local acadêmico.

Academia de Elite St. James. Para os íntimos, apenas St. James.

A escola abriga estudantes apenas com um alto nível de valor monetário e (ou) jovens com um enorme nível de QI. Pelo menos é assim que consta no site da escola. Eu prefiro dizer que St. James é uma aglomeração de almofadinhas riquinhos, CDF’s ou deslocados. Minha mãe e meu pai tem dinheiro, porém apenas é o fruto de um enorme trabalho, e por isso eles se garantem muito bem com suas microempresas que são gerenciadas por minha mãe e pelos irmãos de papai. Porém não sou vista como uma riquinha, justamente por não exalar uma aparência de quem defeca dinheiro. Minhas notas são as melhores, mas só porque apesar dos empecilhos psicológicos de uma garota desequilibrada e temperamental, eu ainda estudo o suficiente, enquanto uns não precisam nem ao menos contar com a sorte e com os livros de modo desesperador.

Sobra o grupo dos deslocados, e eu sou a líder deles, portando o título oficial de pessoal anormal do ano. Esse meio nada mais é do que o grupo de pessoas que foi jogado no lugar errado.

Somos poucos no meio de quatrocentos e oitenta alunos, divididos em três anos. Cada ano dividido em quatro turmas de quarenta alunos. Todas cheias de gente idiota, e que alguma vez comentaram sobre como sou uma pessoa louca, seja como uma coisa boa ou ruim.

Já havia ultrapassado a entrada, cheia de alunos calouros e velhos conhecidos. Eu poderia estar aparentando completa sutileza por fora, todavia por dentro eu me sentia com o ego lá em cima. A minha real vontade era de gritar: “SAI DA FRENTE, FUBAZADA DO PRIMEIRO ANO! VETERANA PASSANDO EM CUESTA PORRA.”. Se eu fosse do primeiro ano, não iria curtir fazer parte dessa massa citada, por isso fiquei acuada, completamente na minha até enxergar uma cabeça loira num ponto da frente, que possuía um porte um pouco atlético apesar dos traços bonitos de menina nova. Arabella estava conversando com um garoto de cabelo desviado para a direita e um game nas mãos. Provavelmente um PS Vita. Ele conseguia prestar atenção no jogo e na conversa de Bella, porém completamente desajeitado. Seus óculos escorregavam para a ponta do nariz e ele acertava num reflexo. Alecssander, ou simplesmente Alec.

Cheguei sorrateiramente atrás de Alec, me erguendo na ponta dos pés para cobrir os olhos deles com as duas mãos. Bella não havia me visto até fazer isso e privar Alec da visão de seu jogo. A loira soltou uma risada e perguntou para o rapaz:

— Quem é, Alec?

Ele soltou um suspiro, tentando aparentar contragosto, porém emitindo um tom de riso quando respondeu com outra pergunta:

— Com essas unhas grandes e uniformes no vidro dos meus óculos, os anéis e o modo inconveniente como interrompeu meu jogo? — Cruzou os braços, o jogo no PS Vita pausado. Respondeu sua própria questão: — Acho que isso se encaixa no perfil da dona Camille.

Franzi o cenho e fingi indignação.

— Cara, não dá pra brincar com você. — Desfiz o meu teatrinho de menina magoada e tratei de dar um abraço no gamer, e logo em seguida em Bella, que fez questão me fazer a primeira piadinha de ano letivo comigo.

— E aí? Pegou muitos nas férias? — Disse ela, passando os braços pelos meus ombros enquanto passávamos a caminhar. Alec prosseguia atrás de nós, sem desgrudar os olhos do game. — Aposto que pegou todos, sua danadinha.

Limitei-me a revirar os olhos, antes de repreendê-la:

— Sabe que não gosto do termo pegar, Arabella. — Franzi os lábios, olhando para o concreto enquanto sentia um formigamento nas bochechas — E não, eu não “peguei” ninguém. Você sabe que a única coisa que eu tô pegando é gripe. — Antes que minha amiga pudesse notar o meu constrangimento, tentei direcionar o assunto para outra pessoa. — Mas aposto que quem deve ter beijado muito esse verão foi o Alec.

Seus dedos pareceram congelar nas teclas quando ouviu o seu nome numa conversa que parecia não combinar com ele.

Ele sempre dizia: “Quando houver uma sentença onde se lê ‘Alec beijou uma garota’ é porque, com certeza, tem a palavra não no meio”, o que é bobagem em minha opinião, afinal ele era um garoto muito bonitinho. Lindo, aliás. Só que ele se retrai tanto. Sem contar que nenhuma menina em St. James vale a pena. Nunca disse isso para ele, claro, mas Bella sempre o aconselha dessa maneira. Depois faz piadinha sobre a água oxigenada que as loirinhas do colégio usam nos cabelos.

Isso faz o garoto se sentir melhor sempre, e é isso que eu mais admiro em Arabella. Seu modo de alegrar os demais, por mais podre que esteja o estado de espirito de um círculo de pessoas.

— Hein? — Ele perguntou de modo meio débil, querendo saber por que seu nome estava incluído naquele diálogo.

— Você, ué. — Falei, dando de ombros. — Fala sério, Alec. Acha que não notamos o jeito que as menininhas olham pra você na rua?

O garoto parecia estar sem uma resposta na ponta da língua. Franziu o cenho, o semblante sério enquanto empurrava novamente os óculos para a ponte do nariz. Pronto para dar uma resposta, ele abriu a boca quando a indagação veio de alguém que caminhava atrás de nós:

— Quê? Quem olharia pra esse mané do seu colega, Lola?

E estava demorando pra essa parte do dia começar, não é mesmo?

A voz instantaneamente me deixaria esgotada no quesito de tolerância, porém não poderia começar o dia com uma possível advertência no histórico, não é mesmo? O motivo seria tentar engasgar e/ou asfixiar o ser provocante com o próprio punho. Alec poderia ignorar esse tipo de comportamento, mas eu não. Afinal, o dito cujo só mexia com meu amigo para me provocar raiva. Cruzei os braços e virei-me de lado, com um sorrisinho leve e sarcástico na face.

— E quem ligaria pro que você pensa, Maxwell? — Me dirigi ao loiro com estilo de surfistinha de índole má e cavanhaque ralo. Uma das sensações que eu tinha quando estava no meio dos “populares” era de que eles formavam um combo sanduíche de “odeio você”. E esse era o pão!

Maxwell Petrova. Dezessete anos. Estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Jogador de futebol americano pelo colégio St. James. Mais conhecido pela quantidade de jogadores que espancara durante jogos do que pelo número de touchdowns ou seu suposto talento com o esporte. Demasiadamente mulherengo, galanteador e é um mentiroso de primeira que se acha o foda (ou o pica das galáxias, você pode escolher o adjetivo que se encaixa melhor para o perfil dele). Signo: Cafajeste

— Só todo mundo, garota. Quem não me ouviria? — O garoto responde, sem exatamente um argumento inteligente para rebater minha resposta.

Virei-me completamente na direção dele, numa pose quase predatória em relação ao local onde Maxwell se mantinha. Eu não conseguia deixar nenhuma brincadeira desse rapaz patético passar.

— Qualquer pessoa que tenha o cérebro no lugar. — Retruquei, arqueando as sobrancelhas com satisfação ao ver sua reação com o que eu lhe dissera. — Aliás, é por isso que você monta seu reinado no colégio, não é mesmo? Aqui falta gente com neurônios suficientes para fazer a própria cabeça.

— Pode até ser, minha cara. Mas ainda sim é o meu reinado, e todos aqui são meus soldadinhos. — Maxwell sorriu, abrindo amplamente os braços ao lado do corpo, gesticulando para as pessoas com a sua pose de rei. Para mim, ele estava só parecendo um avulso com cara de idiota com grande sede de destaque, no meio de muitas pessoas.

Coloquei as duas mãos na cintura e me aproximei mais um passo, com o propósito de que ninguém notasse o conflito além dos dois amigos que me ladeavam. Só não o fiz mais, pois Alec mantinha as mãos em meu ombro, enquanto Bella assumia a dianteira. Eu não dava resquícios de ofensividade, porém meus amigos me conheciam o suficiente para saber que de uma atitude para outra completamente diferente, bastava apenas um segundo.

— Nem todos aqui são seus soldadinhos, pois ainda sobrou pessoas com miolos suficientes, as quais você já não pode mais moldar. E o seu reinado não vai durar para sempre. O Ensino Médio vai acabar. O que vai restar pra você governar, Maxwell?

Isso foi como esfregar sal na ferida. Petrova fez uma expressão amargurada e nada disse depois da verdade que ela apenas citara à tona. Ele poderia estar por cima agora, mas não seria permanente. Ele sabia disso. Não foi dada a chance para que ele devolvesse o argumento, pois Bella passou o braço pelo meu e me puxou delicadamente para trás.

— Vamos, Lola. — Alec pediu, olhando de modo neutro, de mim para Maxwell.

Sai do lugar sem ver exatamente para onde eu estava indo até meu humor estar estabilizado de novo. Percebi estar no meio do corredor que rumava o anfiteatro. Quem quebrou o gelo dessa vez foi meu amigo.

— Você ficou maluca? — Ele mostrou-se indignado, e pela primeira vez no dia, conectado diretamente com os acontecimentos do mundo real. Seu game não estava mais nas mãos. — Já quer ganhar uma suspensão no primeiro dia de aula?

— Não, mas... — Coloquei ambas as mãos na frente do rosto. — Essas pessoas da escola me enojam constantemente. Não dá pra viver numa merda dessas.

— Isso não significa que você precisa socar a frente da fuça da primeira pessoa que te enche a paciência, gênio. — Arabella tinha um jeito inovador de fazer com que as pessoas repensassem seus conceitos, que é utilizando a ironia e adjetivos que nos fazem sentir extremamente estúpidos perante nossos atos. E é por isso que funciona com quase cem por cento de sucesso. — Gente idiota tem em todo lugar. Em certos pontos mais, nos outros de menos...

— E aqui são todos. — Completei a frase da loira, que pensou por um instante, mas não pareceu propensa a discordar de mim.

Um corpo simplesmente resolveu brotar fronte ao nosso trio, aparentemente tendo escutado parte na nossa conversa.

— Obrigado pela parte que me toca, Lola. — Disse a cópia fiel do meu amigo gamer. Um sorriso enorme estampou minha face quando ele finalmente resolveu dar as fuças.

— Martin! — Exclamei, colocando os braços em torno do pescoço dele num abraço de urso.

Martin é o irmão gêmeo de Alec. Se não fosse a personalidade dos dois, eu não iria conseguir distinguir ambos. Ok, a personalidade, os óculos de Alec, e também o fato de que os cabelos castanhos de Martin são desviados para o lado esquerdo. E isso nem fui eu quem reparou. A pessoa que havia me dado esse meio de saber quem é um ou outro não estava presente, ainda. A nossa perfeccionista não havia chegado, a qual eu tinha acabado de dar falta desde que terminara de cumprimentar o segundo gêmeo.

— Pensei que a Biah estivesse com você. — Indaguei para Martin, que terminava de abraçar Arabella longamente.

Esse garoto é tão feliz que me assusta às vezes.

— Hum, não. Não a vi.

Alec soltou um longo suspiro e ajeitou seus óculos. Cruzou os braços, parecendo um pouco incomodado por seus dedos não estarem ocupados com seu jogo. Franziu os lábios e deu de ombros antes de dizer:

— Vocês conhecem a Bianca. Ela vai chegar. Alguns segundos antes do sinal bater, ou até depois se ela der sorte. — Quando Martin viu que seu irmão resolveu se manifestar, sorriu e caminhou até o lado dele, passando um dos braços por seus ombros, dizendo:

— Ei brother. Não te vejo há tanto tempo. — Bagunçou os cabelos de Alec e voltou a brincar: — Tá bonitão, hein?

O outro deu um sorriso mínimo e uma cotovelada na lateral do corpo do gêmeo.

— Cale a boca.

Bufei e levei as mãos até os cabelos, jogando a minha franja para trás, exalando completa impaciência com a falta de pontualidade de minha amiga. Olhei para os lados, esperançosa em relação a ter algum sinal dela antes de bater ambas as mãos nas pernas.

— Ok, galera. Brincadeiras à parte, vamos. O anfiteatro vai ficar lotado e não vamos arranjar lugar pra todos juntos se não nos apressarmos.

— Relaxem. — Martin balançou a mão fronte ao rosto. — Hayden tá guardando os nossos lugares.

— Martin, eu não sei se você tem alguma noção de distância ou tamanho, mas ele não é grande o suficiente pra guardar seis lugares. — Retrucou Bella, com sua costumeira delicadeza, porém o rapaz nem se incomodou com a resposta cítrica da garota.

— Ok, mas acho que está na hora de... — Alec foi interrompido em meio de seu incentivo para que continuássemos caminhando quando uma massa de cabelos longos e castanho avermelhados atropelou o nosso bolinho, me dando um longo abraço, gritando e arrancando olhares de calouros assustados e veteranos indignados:

— OI, FAMÍLIA! — Bianca me deu um beijo no rosto, enquanto eu retribuía o abraço apertado nela, feliz por ter uma peça mais louca que eu ali do lado. Ambas ríamos feitas duas idiotas no meio do abraço, trombando com Arabella entre o ato, que novamente reclamou:

— Será que dá pras duas fingirem que são pessoas e não nos fazerem passar vergonha?

Bianca me soltou e sorriu para Bella, sem deixar o humor ser afetado pelo o jeito arisco da loira, dizendo:

— Olha quem tá com ciúmes. Eu também te dou um abraço, vaca. — Dito e feito, Biah abraçou Bella, que se deixou ceder. Ela podia ser a mais "racional" (com muitas aspas) de nós três, mas mesmo assim não deixava de amolecer com o abraço de Bianca.

— Ei! — Martin exclamou. — Também quero um abraço!

***

Depois de todos os cumprimentos feitos, nós cinco entramos no anfiteatro, fazendo um congestionamento na porta até acharmos nosso amigo isolado até então.

Por incrível que pareça, o garoto conseguiu guardar os seis lugares antes que eles fossem tomados por alguém. Possivelmente o poder de persuasão dele, ou simplesmente sua índole indiferente se torna extremamente intimidadora para conservar os assentos. Não, Hayden não é um cara gótico, nem emo e muito menos com estilo de ex-presidiário. Ele deve ser o menino de aparência mais comum entre nós seis, porém algo na postura dele faz com que ele não pareça pertencer ao corpo estudantil de St. James.

O mesmo é bonito, com seus olhos azuis elétricos e chamativos. Porém seus traços são quase que inexpressivos quando está na presença de qualquer pessoa, como alguém que não liga para o que está ocorrendo em volta. O mundo pode explodir que ele vai continuar com o restante dos minutos de vida como qualquer outro, sem se deixar desesperar pelas circunstâncias. Seus sorrisos são marotos, sarcásticos ou frios. Os raros sorrisos genuínos e gargalhadas quase inexistentes que ele dirigia eram quando ele estava na presença de nosso círculo de amigos. Principalmente com as bizarrices que eu e Bianca fazíamos.

Tomei o lugar do assento ao lado dele para saudar o rapaz. O mesmo mexia na tela do celular, tão absorto quanto Alec em seus jogos. Porém eu tinha certeza de que os sistemas com que ele mexia eram muito mais complexos que os comandos de movimento de Alecssander.

— Ei garotão. Posso ocupar esse lugar aqui?

Hayden deu um curto riso, desgrudando os olhos da tela para me encarar.

— Se eu te disser que não, você vai sair daqui? — O mesmo me conhecia o suficiente para saber que resposta eu daria, por isso brincou com a pergunta.

— Claro que não, né?

— Então se sinta à vontade, senhorita. — Hayden deu de ombros, com um curto sorriso ao voltar os olhos para o celular. Enquanto isso, o restante do pessoal passava por nós para tomarem os seus lugares, e tumultuando mais conforme cumprimentavam o amigo ao meu lado. O anfiteatro mais parecia uma sala de cinema, onde o telão era substituído por um palco com luzes, palanques e uma boa acústica.

Havíamos ocupado os assentos de algum lugar do meio para a parte do fundo do recinto, da parede até o centro. Bella, Martin, Bianca, Alec, Hayden e eu; logo ao lado dos outros assentos disponíveis para desconhecidos ocuparem. Que desgraça!

Fiquei tentada a pedir para que Hayden trocasse de lugar comigo, porém possivelmente Alec iria querer mudar de lugar também, afinal queria ficar do lado do primeiro, que é seu melhor amigo. Quando estava prestes a cutucar meu amigo ao lado, que estava absorto em seu trabalho, eu tive consciência de que os lugares de nossa frente estavam desocupados até então. Foi quando um grupo de garotas sentou-se naqueles assentos, e devo confessar que não fiquei nada feliz com a distribuição de lugares.

Retraí-me em meu lugar e fiquei o mais quieta possível. Não estava a fim de começar uma discussão no meio daquela macacada toda como testemunhas para um iminente assassinato que eu cometeria, caso a babuína oxigenada na minha frente resolvesse brincar de seu esporte favorito: irritar Lola. O clima em nossa fileira pareceu esfriar, pois minhas duas amigas também notaram a presença fronte a nós e nosso trio fez uma troca silenciosa e significativa de olhares. Não que elas alimentassem um ódio mortal pela garota, entrementes Arabella e Bianca sabiam como eu não me dava bem com a moça, e elas temiam que a Terceira Guerra Mundial explodisse dentro de poucos segundos.

A voz de Martin morreu quando notou o silêncio das duas, e foi isso que chamou a atenção da Polly Pocket com seu grupinho de seguidoras puxa saco. Eu diria que a menina seria o recheio do sanduíche “odeio você”.

— O que você ainda está fazendo aqui?

Leighton O’Donnell. Dezessete anos. Estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Capitã das líderes de torcida da Academia St. James. Demasiadamente falada perante as fofocas das meninas e a cobiça dos garotos. Implantadora da moda na instituição, muito embora eu tenha montado teorias sobre suas vinte e sete plásticas, a aparência de árvore de Natal da casa da Barbie e chutado a marca do laxante que ela usa para perder tantos quilos em tão pouco tempo. Signo: Vadia.

Suspirei e olhei para ela com a face que poucos conseguem assumir: a de paisagem! Nada melhor do que responder uma pergunta zombeteira sendo mais zombeteira ainda.

— Não é óbvio? Tô fazendo uma pizza. — Sorri, perguntando em um tom artificialmente inocente, até metamorfoseá-lo para um tom mais caustico. — O que as pessoas fazem na escola?

A loira não parecesse afetar com o meu comentário que faz colocar sua esperteza em evidência (o que é impressionante, nenhum dos imbecis másters da escola parecem se importar; e isso me faz botar a possibilidade de eles pelo menos manterem um neurônio na cabeça em xeque, como se eles não tivessem entendido minha tentativa de rebatê-los. Pessoas de ego inflado e grande futilidade se ofendem facilmente, então não ignorariam caso entendessem. Será que aqui não tem gente que pensa?). Ao invés disso, ela apenas me olha de cima abaixo, como se estivesse decidindo se eu era digna de alguma atenção. Isso realmente não me irrita, afinal ela não está muito melhor do que eu.

— Pensei que o diretor estivesse repensando o corpo estudantil e houvesse pré-selecionado pessoas que realmente fazem parte da elite. — Ela enfatizou a última palavra pronunciando-a de modo arrastado. Nessa altura, as luzes do anfiteatro já estavam sendo ajustadas para emitirem menos claridade, exceto a do palco. As últimas pessoas estavam adentrando o recinto quando o diretor assumia o palanque e esperava os ajustes dos microfones.

Aproveitei a deixa para proferir as últimas palavras que eu precisava para manter a babuína loura calada durante os próximos minutos:

— Se fazer parte de elite significa ter de ser uma bonequinha de plástico sem sal e sem personalidade como você e seu grupinho de cadelas, eu nem faço questão de fazer participar desse circo que você monta na sua cabecinha limitada.

Leighton se virou e me dirigiu um sorrisinho cínico e presunçoso.

— Se você enxerga isso como um circo, o problema é todo seu. Só que eu sou a dona do espetáculo. Esse é meu show, e você não pode fazer nada pra mudar isso. — Murmurou com sua voz cheia de veneno. — Só olhar em volta, Camille. Não há incêndio ou alarde no mundo que possa queimar a minha lona.

O que me impressionava era o fato de como as duas pessoas mais fúteis e imbecis do universo imaginam a instituição como um pedaço de terra onde eles mandavam incessantemente, feito Senhores Feudais. A pior parte disso é que isso apenas se tratava da verdade.

Não consegui mais responder, o que a garota tomou como uma vitória antes virar-se para frente e prestar atenção, ou fingir ao menos, no que o diretor estava a dizer. A minha expressão não era nem um pouquinho amistosa. Surpreendentemente, Hayden parecia estar prestando atenção no diálogo (se é que é possível dialogar com uma macaca loura) e analisava seriamente a minha expressão por alguns segundos, voltando a fitar a tela do seu celular.

— Acho que esse ano esses cretinos vão perder o império até o fim do período letivo.

Olhei-o interrogativamente, porém ele nem ao menos deixou de fitar os códigos que inseria no aparelho.

— Como você pode ter certeza disso?

— Só pela sua expressão eu sei que você não vai deixa-la estar com a razão. — ele respondeu-me com simplicidade. Hayden sempre foi desse jeito. Quieto e aparentemente distraído, porém é um ótimo observador. Ele não é o tipo de cara que lida com o psicológico nem o emocional quando se trata de pessoas, porém consegue lê-las muito bem nas atitudes e expressões. Principalmente os amigos, aos quais fomos ousados o suficiente para conhecê-lo.

O que eu estou querendo dizer é que ele está certo. Eu não vou deixar o argumento de Leighton passar, nem fodendo.

Quando finalmente comecei a prestar atenção no que o diretor — Sr. O’Mailley — dizia pomposamente no microfone. Normalmente eu ignoraria, entretanto ele estava citando algo interessante. Era a única coisa que me interessava na história da escola. A origem do nome. Por que St. James? Quem é esse cara?

O nome completo do homem cujo foi dado o título ao colégio é desconhecido. James era simplesmente considerado quase que uma santidade há séculos atrás, por ter tido grandes feitos para a história. Primeiramente ele não era levado a sério, tinha suas ideias questionadas e teses praticamente desconsideradas pela maioria; pois ele era do tipo gentil, agradável e um grande adorador do consumo álcool. Praticamente morava em tabernas em dias de folga, e era lá, depois de vários copos virados é que ele tinha as melhores teorias sobre a sociedade. É claro que ele se retraía quanto expor suas ideias quando sóbrio, porém o que foi dito bêbado foi pensado durante a lucidez.

Depois de certo tempo James começou a expor o que pensava cada vez mais, e dia após dia ele deixava de lado a ideia de ficar bêbado para mostrar seus ideais. É claro que ele não largou a bebida depois de ser reconhecido como um grande pensador, sociólogo e filósofo. James não guiava ninguém e não fazia seus ideais de acordo com as leis. Fazia o próprio caminho e os que possuíam a mente aberta para coisas novas apenas o seguiram. O homem operou várias mudanças com seus esquemas sobre como funciona o modo como nos relacionamos e marcou revoluções que inspiraram grandes líderes do século XX.

Em palavras resumidas, o cara era simplesmente foda. Merece todas as reverencias do mundo, hoje, amanhã e sempre. Esse cara tem o meu respeito eterno.

E depois do modo recatado e exageradamente dramático do Sr. O’ Mailley de narrar a história da origem do nome da academia, o restante todo já não me interessava mais. Ele falaria de como começou o colégio, sobre a história do dito cujo propriamente dito que decidiu erguer uma escola para a elite, e sobre os seus números e como é a remuneração, mais como o local é visto pelos resultados avaliativos e pessoas bem sucedidas que passaram por aqui. É bem chato, e nada disso me interessava. Nem na época em que eu era caloura. Nossa fileira fazia várias coisas aleatórias, tudo, menos prestar atenção no discurso superficial e ridículo que o diretor fazia.

Bella conversava com Martin sobre o último jogo dos Lakers, questionando as jogadas que eles se davam o trabalho de memorizar e trocar análises criticamente. Bianca fazia uma troca de ideias com Alec, coisa que sempre era pauta para assunto em nossas rodas de conversa: a origem do universo (e sim, nossa turma tem todos esses complexos nerds e assuntos cultos que fazemos questão de agarrar). Hayden ainda mexia em combinações de seu celular com ainda mais urgência, olhando do palco para a tela do aparelho. Suas sobrancelhas estavam franzidas, ou seja, ele não iria querer papo agora.

O lugar ao meu lado foi ocupado; uma menina que me parecia nova estava no assento, e a mesma não havia aberto a boca desde que sentara. Agora estava tirando um longo cochilo e não dava indícios de que ia acordar. Os óculos estavam posicionados tortos em sua face, o que me denunciava o fato de que ela estava tão absorta no sono que nem as hastes do objeto incomodavam enquanto dormia. Arqueei as sobrancelhas e decidi seguir seu exemplo.

Quando estava quase dormindo, um murmúrio de Hayden me fez pestanejar.

— Consegui! — Seu sussurro foi tão empolgado que despertou a minha curiosidade.

— O que você conseguiu?

Ele apenas arqueou as sobrancelhas e colocou o celular no bolso, olhando para mim misteriosamente e sorrindo de jeito maroto.

— Você vai ver.

— Os códigos que você estava digitando no seu celular, com certeza, têm a ver com isso, não é? — Perguntei certa da resposta que teria.

— Exatamente, minha cara.

Hayden é um gênio da computação, e seja lá o que estivesse aprontando, parecia prometer algo inesquecível.

Vejam bem, Hayden não é apenas um cara normal da informática. Ele começou mexer com a tecnologia desde cedo, e mesmo muito moleque já sabia montar e desmontar um computador. Certo momento ele começou a cansar do padrão dos computadores e resolveu explorar algo além de criar programas e sistemas. O garoto é o rei dos hackers!

“Temos aqui os números, alunos.” Disse Sr. O’Mailley no microfone. “E também mostraremos aqui algumas imagens nos slides. Elas retratam o que o colégio tem de melhor e comprovam o que eu estou dizendo. Em St. James há muito do que colégios normais não têm.”

As imagens mostradas no enorme telão de slide, atrás do diretor. Realmente as outras escolas não tinham o que era ilustrado para todos verem.

Nenhum colégio normal tem o diretor O’Mailley de sunga e cheio de protetor solar lhe pintando a cara como uma maquiagem de índio, na costa da praia.

Todos os alunos, veteranos e calouros, começaram a rir e foi o caos. O diretor, alheio ao que estava sendo o alvo da graça de todo mundo por estar de costas para o telão, teve seu sorriso pomposo deteriorado por um segundo. Ele voltou a sorrir debilmente, constrangido por seus gráficos estarem sendo alvo de riso e virou-se para ver do que se tratava. Ele olhou de nós para o telão, completamente atônito com a foto constrangedora de suas férias de verão.

“Corta isso! Desliga isso! DESLIGA AGORA!”

Eu perdia o fôlego e minha barriga doía ao seguir o coro de risadas.

O restante do discurso e números que mostravam o quão St. James era uma escola excepcional foram cancelados por falha no sistema — e várias outras fotos de piscina e praia que estavam no lugar dos gráficos.

Enquanto saíamos do anfiteatro, todos caminhavam rapidamente enquanto o grupo de amigos que correspondia ao meu se mantinha lenta no percurso. Bianca achara graça da situação, porém agora estava apreensiva pelo amigo depois de descobrir que ele era o responsável.

— E se eles lhe pegarem? — Repreendeu-o.

— Não vão, Biah. — Ele retrucou no mesmo tom baixo. — Nunca me pegaram, e não vai ser agora que vão conseguir. Eu sei o que eu faço e se soubesse que haveria falhas, nem teria feito.

Bianca não pareceu convencida, e apenas olhou para baixo e de lábios franzidos numa careta típica de quem está procurando argumentos para responder, porém não tinha. Ela era a única que tinha a cara de pau suficiente para retrucar o garoto, e ainda repreendê-lo.

— Tá, faz o que você quiser. — Falou por fim, sem ter alguma desculpa concreta para confrontá-lo de novo pelo ato. Porém, as entrelinhas diziam “presta atenção nas merdas que você está fazendo”.

— Parem de discutir, já aconteceu, já está feito. E o diretor tá acostumado a pagar mico. — Arabella balançou a mão fronte ao rosto e abraçou-me nos ombros (não era exatamente um ato carinhoso; ela só estava escorando em mim para não se esforçar durante a caminhada). — Logo quando ele se conformar com o fato de quê não há como descobrir o autor da brincadeira, ele vai desistir e todo mundo vai esquecer.

— Eu não sei, hein? — Alec questionou. — Ele pode não descobrir quem fez, mas essa brincadeira foi maior do que todas as outras. Não vão esquecer tão cedo.

— Só sei que foi muito engraçado. — Martin disse, soltando um novo riso enquanto se recordava do diretor com um sorriso de “eu sou o cara”, com quilos de protetor solar no rosto. Estava ridículo. — Como você fez isso, cara? — Perguntou para o nosso gênio das tecnologias.

— Assim como um mágico nunca revela seus segredos, um hacker também não. — E assim findou-se o modo como ele obteve as fotos privadas e acesso ao computador dos slides.

— E eu só sei que eu estou com fome. — Eu apertei o passo, acrescentando com ânimo — E é hora do intervalo! Alguém aí tá a fim de comprar um cheeseburguer com bacon e batatas fritas para mim? E um refrigerante diet, porque eu não quero engordar. — Brinquei.

— Do jeito que você come, né? — Retrucou Bella de modo zombeteiro.

— Quê? Tô querendo manter o corpo esbelto, loira.

— Gorda! — Ela riu e revirou os olhos. Eu tive de acompanhar o riso dela, afinal eu não sei como seria uma amizade verdadeira não sendo com essa troca de ofensas que fazemos.

— Não sei do que você está falando, Bells. — Bianca bufou, abraçando a loira pelo outro lado. — É praticamente o sujo criticando o mal lavado.

Bella empurrou Bianca com os ombros, me levando junto. Rindo, Biah devolveu o empurrão e isso deu início a uma brincadeira idiota de empurra-empurra que parecia não ter mais nenhum fim. Tumultuamos a saída do anfiteatro, pois um grupo de amigos retardados e deslocados não sabe andar normalmente quando está todo reunido.

Mas essas brincadeirinhas nunca dão certo.

Afobado com a brincadeira, Martin acabou me empurrando para fora do montinho, diretamente nas costas de um garoto alto e moreno. Estava prestes a pedir desculpas até ver de quem se tratava o armário com que eu havia colidido. Franzi o nariz de frustração, cruzando os braços fronte ao peito depois de me endireitar e o rapaz virar na minha direção.

— Será que nem no primeiro dia de aula você pode fingir que é normal?

Adam Herrera. Dezoito anos. Aluno do terceiro ano. É armador do time de basquete de St. James e muito conhecido por seus passes incríveis. Presidente do Grêmio Estudantil eleito pela terceira vez desde sua primeira candidatura, vencedor por conta de sua lábia incombatível. É o piadista e ganhou o carinhoso título de palhaço da turma. Eu teria pena dele por se orgulhar de um título tão esdrúxulo quanto esse se eu não fosse um dos alvos de suas piadinhas. Signo: Filho da Puta.

— Ano vai, ano vem e você continua o mesmo poço de gentileza, Herrera.

O dono da resposta irônica dessa vez foi Martin. Ele não suporta Adam, e eu muito menos. Por isso, nós dois compartilhamos essa raiva do garoto xingando-o nas suas costas e na sua cara. É divertido, e eu enxergo isso como um esporte coletivo — mesmo sendo praticada por apenas duas pessoas. Os outros apenas continuaram andando no mesmo ritmo, olhando muitas vezes em modo de advertência para nós. Estávamos cercados por funcionários e pelo próprio diretor que ainda buscava pelo culpado pela invasão do sistema.

— Bom te ver também, Rosenthal. — Adam olhou Martin da ponta dos pés e até o último fio de cabelo, desafiadoramente como sempre fazia. Herrera não seria conhecedor de brigas de corpo, mas tem prazer em humilhar as pessoas que lhe confrontam. — E você devia se controlar um pouco, Lola. Vai assustar os novatos com esse seu jeito. — Ele deu destaque a palavra com um arquear de sobrancelhas e um suspiro entediado, como se minhas atitudes não fossem nada novas para ele.

— Adam, me faz um grande favor? — Pedi com falsa delicadeza. Ele pareceu se surpreender com minha cautela. Cruzou os braços e sorriu, inclinando-se levemente para frente enquanto dizia:

— Só faço porque você pediu com educação.

Compartilhei do mesmo sorriso e mantive a expressão.

— Dê dois passinhos para o lado, três voltinhas e vai para o inferno! — Aumentei a voz um oitavo no fim da sentença e peguei Martin pela mão, arrastando ele para longe da entrada. O garoto parecia surpreso com o modo como eu agira na frente de Adam, dando um leve assovio enquanto eu procurava nossos amigos na multidão. — Hein? Qual é o motivo da surpresa? — Questionei, mesmo tendo certeza do que ele ia me dizer.

— Você não tentou esmurrar a cara dele. — Martin parecia mais que confuso. Estava incrédulo. Quando finalmente achei a galera que se reunira em volta de uma mesa perto da bancada da cantina, meu amigo ainda estava sendo içado por mim. E ainda parecia chocado. — Você não socou a cara dele.

— Não tá satisfeito? Eu bato em você se te fizer sentir melhor. — Retruquei com azedume. Eu mesma estava descrente da minha tolerância em excesso.

Quando chegamos a mesa, ainda me sentia intrigada com a força de vontade que tive baseada no fato de que não queria me manter em encrenca. Lembrei-me de meu pai, aguentando todo tipo de dificuldade naquela zona de guerra em que ele havia sido enviado. Eu me sentia exatamente igual em relação à situação, e queria me igualar no quesito de resistência também.

— Quer batata, Lola? — Bianca estendeu sua porção de fritas com queijo para mim, e eu encarei-o com o nariz franzido. Neguei com a cabeça.

A manhã nem começara direito e eu já havia esbarrado com as três pessoas mais intragáveis de todo o campus. Maxwell, Leighton e há pouco tempo, Adam. Acabei de me deparar com o molho especial do sanduíche de “odeio você”. Com esse meu pensamento, acabei perdendo completamente o apetite.


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Notas finais do capítulo

Acho que vocês devem ter estranhado a ideia do "sanduíche de odeio você". Foi bem idiota mesmo. É pensamento de gorda. Tanto que esse capítulo me deu fome conforme eu escrevia. A história de St. James foi algo que eu inventei, inspirada na letra de uma música, chamada St. James. Há! Agora é só semana que vem mesmo. *-* Espero que tenham gostado e agora só posto se obtiver reviews e algum comentário! :3



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