O menino loiro de olhos azuis estava brincando na areia da praia. Seus pais não estavam muito longe dali. Ele possuía um graveto em mãos e desenhava na areia a palavra: Peter. Será que era o nome dele? De quem será esse nome? O menino não se lembrava. Só lembrava do rosto do irmão mais velho que havia sido morto em um acidente de carro. Como que contaram para esse menino de seus cinco anos de idade que o irmão havia sido morto? Ninguém contara. Como ele sabia? Os adultos acham que as crianças não percebem, mas elas prestam mais atenção do que se imagina.

–James! Não vai para a água! - grita sua mãe.

Peter tinha olhos incrivelmente azuis e cabelos negros arrepiados. Sempre tinha um sorriso no rosto, mas naquela noite - a noite em que deixara James - um homem o matou. Ele não queria - era o que James acreditara -, ele estava bêbado, foi o que James ouvira seu pai dizendo. Quando se está bêbado, não sabemos ao certo o que fazemos, dizia James a si mesmo. Um menino de cinco anos não pode saber de tanto, mas James sabia. Ele ouvia tudo.

–James, o que você está fazendo? - pergunta a mãe, mas James nem estava prestando atenção no que dizia.

James sonhava com Peter. Sonhava com o irmão falando para ele: "Vou sempre estar aqui com você, Jay. É só acreditar". Ele não contava para a mãe porque sabia que ela iria mentir, falar que Peter estava dormindo na casa da tia Olívia, mas o loiro sabia que não era verdade. Ele ouvia os pais chorando antes de dormir. Crianças ouvem, mas os adultos se negam a acreditar. Crianças sentem, mas os adultos se negam a acreditar.

–Ah, meu filho. Por que escreveu Peter? - pergunta sua mãe, ao seu lado. James viu que ela estava segurando o choro.

–As pessoas bebem, sabem que pode matar, então... Por que dirigem? Sei que elas não querem machucar, mas mesmo assim... Dirigem bêbadas... Por que, mamãe?