Meu primeiro Amor escrita por Beth Goulart


Capítulo 4
Capitulo 4




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Esse meu devaneio durou mais ou menos umas duas semanas, toda vez em que eu vasculhava uma gaveta encontrava um pedaço de Cris. Passei a ficar na casa até a tarde cair, olhava suas roupas, seus sapatos, suas fotos, ela era muito bonita. Eu não me entendia mais.

Era uma beleza angelical, parecia uma menina, e eu a conhecia cada vez mais. Passada a primeira semana, eu consegui abrir uma das gavetas da escrivaninha.

No interior da gaveta havia um pequeno caderno com as seguintes anotações: "Segunda-feira dia 21 de maio de 1958. Espero que seja um dia feliz".

Fui folhando as páginas e a cada palavra escrita eu desnudava aquela alma confusa e cativa. Lembro-me de alguns trechos escritos, os quais ficaram na minha lembrança.

“Foi horrível esse dia, tudo me parecia inútil. Minha vida, minhas tentativas de sobreviver...”

Tudo que Cris escrevia era muito abstrato, as coisas eram de dentro do intimo. Eu notei que algumas coisas eram escritas como se fossem ditas em segredo. Como se ela susurra-se em meu ouvido.

Continuei a ler... “Segunda-feira de sol, um dia frio, a cidade esta toda gelada. Vida gelada, pessoas geladas, corpo gelado, ideias geladas,pensamentos gelados... Eu me sinto gelada. O gelo está na alma no corpo, nos desejos, nos próprios pensamentos. O meu “eu” está morto de frio”.

Passou muito tempo, quando percebi que a tarde caia e o ambiente ficou escuro. Eu fechei a janela e os ruídos da noite que chegava cessaram. Baixei as venezianas e depois fechei as leves cortinas. A vela estava em cima da pequena escrivaninha, peguei um fósforo e á acendi.Num instante como uma mágica a luz iluminou o quarto mostrando todo o seu interior.

Já havia se passado algumas semanas da morte de Cris e eu frequentava aquela casa todos os dias, fazendo tudo igual, como se fosse um ritual, e uma força misteriosa não me deixava parar.

Eu sabia que não podia contar a ninguém porque não seria compreendido, nem eu conseguia me compreender. Aquele sentimento que me invadiu era um amor espiritual que eu não podia evitar, como se tudo já tivesse sido escrito e programado.


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Notas finais do capítulo

Logo, logo continuarei caros leitores...



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