Proud escrita por garotadeontem


Capítulo 9
Capítulo 09




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Félix sabia que se tentasse fugir Anjinho iria atirar, ele estava muito nervoso, mesmo que ele não quisesse fazer isso, faria. Ele destrancou as portas do carro, tentando não transparecer o medo que trazia, o rapaz entrou e bateu a porta, a arma meio apontada pra ele. Toda vez que Félix olhava para a arma, ele tentava se lembrar da última coisa que tinha dito para Niko, porque se ele fosse morrer, queria que tivesse sido uma coisa especial, mas não mal conseguia pensar.

_ Vai, sai com esse carro! Sai!

Félix saiu com o carro, e ao passarem pelo ticket do estacionamento, Anjinho escondeu a arma, mas foram questão de segundos para estar apontada para ele de novo.

_ Me diz, o que você quer? – Félix disse com um tom de voz mais alto do que queria.

_ O que você acha que eu quero? Dinheiro, Félix, eu quero dinheiro!

_ Mas pra quê? Por que você voltou aqui!? Eu te dei uma vida nova em outro país! Pelas contas do Rosário! – Félix segurava com força o volante.

_ Eu fui deportado. – a fala de Anjinho era quase enrolada.

O carro se aproximou de um farol vermelho, Félix pisou no freio, mas Anjinho encostou o cano da pistola em seu braço.

_ Passa! Passa!

_ Mas eu posso bater o carro!

_ NÃO VAI BATER O CARRO, PASSA!

Mesmo com toda a experiência atrás de um volante, ainda era tarde, e o fluxo de carro era grande, o coração de Félix martelava no peito, a adrenalina fluindo rápido pelas veias, ele acelerou o máximo que pode e quase fechou os olhos ao passar pelo cruzamento. Ouviu barulho de freios ao seu redor, e muitos xingamentos, mas logo teve a ideia de pegar uma rodovia, onde não teria onde parar.

_ ONDE VOCÊ VAI!?

_ ANJINHO, EU DEVO TER ENSINADO SALOMÉ A DANÇAR O LEPO LEPO PRA VOCÊ FAZER ISSO COMIGO! O QUE VOCÊ QUER!? FALA LOGO! – Félix olhou de relance para o rapaz, ele estava com os olhos vermelhos, estava drogado. – QUANTO VOCÊ PRECISA!?

_ 100 MIL REAIS!

_ 100 MIL O QUÊ!? – Félix chegou a dar um murro no volante, tamanho era o seu nervosismo.

_ Que é, Félix? Você sempre foi tão bem de vida... VOCÊ NÃO TEM UMA FAMÍLIA AGORA? PEGA DINHEIRO DAQUELE SEU MARIDO... VOCÊ NUNCA ME QUIS DE VERDADE.

_ Ahhhh... Então é esse o seu ressentimento!? É esse? Você vem me infernizar porque eu não quis ficar com você!? Não quis mesmo, eu não te amo, eu amo o Niko. Quer me matar por isso? Pode matar, mas pelas contas do Rosário, não...

_ EU NÃO VOU TE MATAR, CALA A BOCA, FÉLIX! Você acha que eu sou burro!? Se você não me der essa porra desse dinheiro, você sabe muito bem quem eu posso matar... Sei onde seu marido trabalha, onde seus filhos estudam... Sei onde vocês moram.

_ Mas eu não tenho esse dinheiro! Eu não tenho de pronto...

_ VOCÊ TEM ATÉ MEIA NOITE.

_ Meia noite? De hoje!? – ele tentava ultrapassar os carros e ao mesmo tempo pensar em como iria arrumar aquele dinheiro todo.

_ Eu te encontro, meia noite, na frente da academia que sempre nos encontrávamos, se você não aparecer com esse dinheiro, você sabe muito bem o que vai acontecer.

_ Você não tem coragem!

_ VOCÊ DUVIDA!? ENCOSTA O CARRO. – Félix parou o carro no acostamento.

_ Você tá devendo isso pra quem? Pra um traficante!? Você é tão burro assim!?

_ EU JÁ FALEI PRA VOCÊ CALAR A BOCA, FÉLIX! – ele apontava a arma pra cabeça dele, as mãos de Anjinho tremiam. – Meia noite, na merda da academia, ou você fica sem aquilo que você chama de família! – Anjinho escondeu a arma e saltou do carro.

A príncipio, Félix pensou em ficar parado ali, mas ele poderia voltar, então mesmo com as mãos tremendo, ele saiu com o carro, ele tentou digitar no celular o telefone da mãe, mas não conseguia nem desbloquear a tela. A cabeça estava à milhão, ele pensava nos filhos, em Niko, e conseguiu enxergar os três mortos em seus braços. Só por um milagre que ele conseguiu chegar à casa de sua mãe, saiu do carro e entrou feito um furacão.

_ MAMI! – a voz saiu embargada, ele limpou a garganta. – MAMI!

Pilar desceu as escadas com um sorriso no rosto, mas logo o desmanchou ao ver o estado do filho.

_ Félix, o que aconteceu? – ela se aproximou do filho.

_ Eu preciso de dinheiro, mami. – ele pensava no quanto tinha em suas contas, e não chegava nem na metade, e claro, ele nem chegou a considerar a possibilidade de encostar no dinheiro de Niko.

_ Dinheiro!?

Por muito tempo Pilar não tinha ouvido essas palavras do filho, mas ele parecia tão nervoso.

_ É, mami. Dinheiro, pelo amor de Deus, me ajuda... Eu preciso de dinheiro.

_ Pra quê?

_ Eu não... – ele pensou que seria melhor se sua mãe não soubesse o que estava acontecendo. – Depois eu te devolvo, mãe.

_ Félix, me diz o que tá acontecendo com você, meu filho. – ela segurou em seu braço.

Félix quase desmoronou no choro, mas tinha que ser forte. Ele tinha pouco tempo para arrumar tanto dinheiro.

_ Eu preciso de 50 mil reais, mami. Me empresta, depois eu te pago, eu juro.

Niko voltou para a casa depois das ligações das escolas dos filhos o alertando que ninguém o tinha ido busca-los, a casa estava vazia, ele procurou por Félix em todo canto, mas não o encontrou, Jaiminho foi tomar banho e ele foi trocar o Fabricio, ele pegou o celular e ligou para o marido, mas as ligações só chamavam e caiam na caixa postal.

_ Félix, onde você tá? Eu to preocupado com você... Você esqueceu os meninos na escola hoje. Me liga, tá? Assim que você ouvir isso.

Ele pegou o filho no colo, e quando estava indo para a cozinha, ouviu a campainha. Ele deixou o filho com Adriana e foi até a porta.

_ Ué, Félix... você esqueceu a chave...? Eron?

Eron estava parado no vão entre a porta e o apartamento, Niko o olhava confuso.

_ Eu vim conversar com você, Niko, só isso. Posso entrar?

Félix pegava o dinheiro, ainda um pouco nervoso, sua cabeça doía devido a adrenalina, a mãe ainda o olhava com preocupação, por mais que tivesse insistido, ele não tinha dito a ele o porque do dinheiro.

_ Você e o Niko estão com problemas no restaurante?

_ Amanhã eu vou pegar o papi e vamos embora, mami. E eu vou trabalhar pra te devolver esse dinheiro, o mais rápido possível.

Antes de voltar pra casa, Félix tinha passado no banco, limpado sua poupança, tinha sobrado pouco dinheiro em sua conta. A imagem da sua família morta se repetia em sua cabeça, e a culpa era dele e das milhares de merdas que tinha feito na vida, ele sabia que não poderia viver em paz por muito tempo. Ele os amava tanto, tanto que doía, doía saber que se algo de ruim acontecesse, a culpa seria dele, ele não seria capaz de viver carregando isso dentro de si.

Ele chegou ao estacionamento do apartamento de casa, deixou a mala com o dinheiro dentro do carro, já que logo teria que sair de novo, mas ele queria ver as crianças antes de tudo. Ele não sabia se iria estar vivo amanhã. No celular, as dezenas de chamadas perdidas e as mensagens de Niko. Respirou fundo várias vezes antes de abrir a porta, passou a mão no terno amassado, não queria espairecer o problema no rosto, dali ele ouviu a risada de Niko, respirou fundo de novo e abriu a porta.

Niko estava sentado em um sofá e Eron em outro, os dois riram, como se o dia não pudesse ficar pior.

_ Lacraia?

_ Félix! – Niko levantou do sofá e veio em sua direção.

_ Oi, Félix. – Eron disse.

_ O que aconteceu com você? Você tava me deixando preocupado.

_ Eu to vendo como você tava muito preocupado comigo, Niko...


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Notas finais do capítulo

Eu escrevi muito mais do que isso hoje, então, tecnicamente só depende de vcs e suas reviews para que eu possa postar o próximo capítulo logo :)



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