Dei de cara com um garoto. Não consegui ver ele muito bem. Em minha mente eu só conseguia escutar a voz da Ino como um eco, repetindo a palavra: psicopata, psicopata, psicopata... gritei mais alto dessa vez e me escondi debaixo das cobertas. Ok, não foi um ato muito inteligente da minha parte, se ele fosse me fazer algo a coberta não seria o que bem posso chamar de salvador, mas eu não tava nas melhores condições pra pensar nisso.

Estava com aquela sensação de estar sendo observada de novo. Só que agora eu sabia bem quem estava me observando. No meu ataque de pânico, tive uma ponta de coragem e olhei direto para o garoto que estava quieto de pé em frente a minha cama.

Ele era alto, tinha os cabelos pretos, compridos e um olhar penetrante, mas ao mesmo tempo seu olhar me passava uma angústia muito grande. Tinha a leve impressão de que ele era muito parecido com alguém, só não conseguia me lembrar com quem. Vestia um sobretudo preto. O garoto abriu a boca pra falar algo e minha porta foi aberta com um estrondo:

– Meu Deus, Sakura, você está bem? Escutei gritos! O que aconteceu?

Antes de responder pra minha mãe, voltei meu olhar para o garoto, mas (acho que já deveria esperar por isso) ele não estava mais lá. Ótimo! Fiz um fiasco com gritos, estou tremendo, não tem absolutamente nada no meu quarto a não ser pela minha mãe do meu lado... já até posso imaginar tudo. Estou enlouquecendo e vou ser internada:

– Tudo bem mãe. Eu tive um pesadelo, mas não consigo me lembrar! – Acrescentei rápido. Minha mãe tinha a estranha mania de querer saber os pesadelos dos outros e eu não tava a fim de falar de algo que nem mesmo eu estava entendendo:

– Nossa, você me assustou Sakura! Estava entrando em casa e escutei seus gritos. A última vez que você teve um pesadelo de acordar gritando foi aos 5 anos. Tem certeza de que está bem? – Não me lembrava de acordar gritando alguma vez:

– Tenho. Desculpe te assustar mãe.

– Tudo bem querida, só volte a dormir. Amanhã vai ser um dia cheio de novo.

Ela estava saindo do quarto. Eu não queria que ela saísse, acho que estava com medo ainda. Precisava puxar qualquer assunto pra me sentir um pouco mais segura antes de ficar sozinha de novo. Então falei a primeira coisa que me veio na cabeça:

– Mãe, você poderia não ir trabalhar amanhã?

Ela me olhou com aqueles olhos. Detestava esse olhar, de culpa. Eu sabia que ela se sentia culpada por me deixar sozinha durante muito tempo por causa do seu trabalho. Deveria ter escolhido qualquer outra coisa pra falar:

– Deixa pra lá mãe. Eu sei que você tem que trabalhar. Álias, lembrei agora que tinha combinado de passar a tarde com o Naruto, então não se preocupe que estarei bem:

– Tudo bem então filha. No domingo podemos fazer algo juntas pra recompensar essa tarde. Mande um abraço pra Kushina e pro Naruto.

Fui deixada sozinha. Demorei um pouco para dormir, mas logo o sono falou mais alto que meu medo e acabei pegando no sono.