Entre Mundos escrita por MakaSama


Capítulo 13
Capítulo 13 - Guardiã




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   Layla permaneceu imóvel por um tempo, olhava tudo a sua volta, tudo chamava atenção, tudo bonito e colorido, tudo novo, ela olhava para as árvores que pareciam ter cinco metros de altura, coisas assim ela só havia visto na TV, em lugares como a Amazônia.

  Ventava forte, o único ruído que se ouvia era o farfalhar das folhas. Havia flores no chão que tinha o mais belo colorido, algumas azuis, outras de pétalas brancas e rosadas, outras plantas pequenas, de todos os tamanhos, estranhamente havia flores raras do mundo humano, como a íris, flor de folhas lilás, com traços rosados, e pequenas pétalas azuis e amarelas, havia muitas jade verdes, azuis esverdeada, de grandes pétalas, mas a que mais chamou atenção de Layla foi uma Blue Bell, com seu “olho” azulado, o cheiro que elas exalavam era encantador “Acho que tudo aqui tem magia”, era isso que Layla sentia e era verdade, alguém que não seja usuário de magia, desmaiaria ali mesmo, o cheiro forte era bom, mas entrava pelo nariz e causava um leve torpor nela, um tempo depois andando, ela chega a um tipo de “cidade”.

  As pessoas... Sim, quem eram aquelas pessoas? Orelhas grandes, alguns de pele bege, outros de pele negra, outros com símbolos por todo o corpo, imagens estranhas, meio tribais, e eles se movimentavam com tanta suavidade, sem quase ruído algum, eles olhavam estranho para Layla, mas ainda assim, continuavam seu ritmo, não um ritmo como do “mundo humano”, eles pareciam ricos, mas ao mesmo tempo, simples. Alguns vestiam roupas “modernas”, usavam luvas e roupas daquele tecido desconhecido, uns pareciam guerreiros, outros apenas trabalhadores, havia várias “casas” que até se pareciam um pouco com lojas, ao longe poderia ser visto um castelo enorme, e com alguns detalhes muito brilhantes principalmente um grande cristal transparente na ponta da torre mais alta.

  —Venha por aqui — Um Elfo com uma roupa mais refinada do que os outros ao seu redor fala. Ele usava vestes negras de um tecido que parecia a mistura de seda e couro, pois era fino, mas resistente, usava um sobretudo de mangas longas e que era totalmente fechado acima da cintura, havia dois protetores feitos de aço em seus ombros, ele usava luvas de um material grosseiro que cobriam todo o antebraço, sua calça era frouxa e escura, e suas botas cobriam até o joelho, sua espada era de grande porte e com o cabo feito de aço e cravejado em um tipo de cristal vermelho, ele tinha um longo cabelo preto amarrado, com duas pequenas tranças na frente, ele aparentemente tinha poder maior do que aqueles arqueiros á entrada.

  O Elfo acordou Layla de sua admiração, ele percebia a forma estranha dela e mantinha um olhar meio desconfiado.

  — Claro — Layla tentava não demonstrar o espanto com aquela cidade

  Layla o seguiu até um lugar que parecia ser um estábulo, ele pegou dois cavalos, um puxou para si e o outro puxou para perto dela

 — Pegue rápido, suba e me siga — Ele fala com ar intimidador, mas sem conseguir esconder a curiosidade.

  Layla tenta subir no cavalo naturalmente, como se já tivesse feito antes. Ela segura a corda, vê um lugar onde colocar o pé e tenta subir, fazendo força no pé de trás para dar impulso, para sua infelicidade o cavalo se move e ela cai.

 —Desculpe, me desequilibrei hehehehe — Ela da um sorriso sem graça e olha ao seu redor, todos estão olhando, alguns cochicham e muitos riem, ela finge que nada aconteceu e tenta se levantar.

 —Hahahahaha!! — O Elfo começa a rir, mudando completamente seu humor

 “Ahn? por essa eu não esperava”

 —Venha, hahaha,parece que você é inofensiva mesmo, vamos, humana, eu lhe ajudo — Ele estende a mão pra ela e dá um sorriso bem acolhedor

 — Hum..Eu posso me levantar,obrigada — Dessa vez é Layla que está séria

 Ele a pega pela cintura e a põe no cavalo

 — O quê? — Layla o olha, confusa

 Ele sobe em seu cavalo também e puxa a corda da montaria dela

 —Vamos você tem que ver como Logrehinn está — Ele mantêm o sorriso

 —Hm... — Ela olha meio desconfiada

  Layla é obrigada a parar de observar a cidade, um pouco mais á frente há muitas árvores, meia hora a cavalo depois, o elfo para e estende a mão como se tocasse numa parede invisível, ele pede pra que ela espere.

  Layla após pouco tempo, começa a sentir-se tonta, sua vista começa a escurecer, ela sente uma dor de cabeça, e inesperadamente para o elfo, ela desmaia.

  Ao vê-la desmaiada, ele a pega e a coloca em seu cavalo “O que será que essa humana tem? será que está ferida?”. Eles passam por um tipo de barreira invisível, e logo após a floresta continua, e um tempo depois eles chegam á frente do enorme castelo, magnífico em mármore e pedras brancas, e lá estava o cristal, no topo, transparente e brilhante.

   Há algumas estatuas de cavaleiros e criaturas, e um pouco antes do Elfo chegar aos portões, eles se abrem, fazendo um grande barulho, o Elfo sente um choque, e calafrios aleatoriamente por todo seu corpo, “Em nome de Vlaris[1]! O que está havendo comigo?”.

  Dos portões, a primeira coisa que se vê são escamas, uma pele grossa e avermelhada começa a mostrar sua forma, saindo da escuridão do castelo, seus passos são pesados e ofega como um monstro, ele anda com superioridade, suas garras estão sujas com um sangue envelhecido há anos, agora o Elfo pode vê-lo nitidamente, seus dentes pontudos, suas garras ferozes, suas grandes asas mal passavam pela enorme porta do castelo, seu bafo se torna cada vez mais alto, sua pela é vermelha como fogo, deixando o elfo imóvel de medo.

  — Um dragão! — O elfo sussurra, o cavalo dá alguns passos para trás.

  O homem que estava em cima do dragão para, e olha cruelmente para o elfo e as coisas ao seu redor, seu grande porte assusta, ele possui músculos grosseiros, suas roupas mostravam o caminho difícil que ele já havia passado, sua pele era rígida como a do dragão, havia inúmeros arranhões em seu rosto, e ainda poderia haver mais pelo seu corpo, embaixo do casaco sujo que ele usava. O Rei Élfico vem logo atrás, junto de dois guardas, ele veste um manto branco de mangas grandes e abertas, seu longo cabelo loiro, voava levemente ao vento, apesar de parecer novo, ele carregava um semblante sério, e ao mesmo tempo bondoso, então segurando seu cajado pacientemente, ele sorri para o guerreiro em sua montaria, que acena de volta sem mudar seu mau humor.

  Logo o Dragão começa a voar, arrogantemente ele parte, fazendo ainda um pouco de ruído ao sair. O Rei olha para o elfo e a garota, indo até eles.

  — O que houve meu jovem? — o Rei fala para o elfo que acabara de chegar

  Kalis desce da montaria

  — Meu nome é Kalis, Vossa majestade, Logrehinn está ferido e esta garota estava com ele, antes de entrarmos aqui, ela desmaiou sem motivo algum, suponho que está ferida. — O Elfo explica

  — Oh, sim, levem-na para onde Logrehinn está e cuidem dela também, agora se me permite, irei me retirar — O Rei deixa seus guardas e volta para o castelo.

  Eles vão andando e deixam Layla desacordada no cavalo, tempos depois chegam á parte de trás do castelo, onde inesperavelmente, a cidade continua, só que ainda maior.

  É um festival de cores, há elfos empunhando espadas, humanos forjando armaduras, há “lojas”, e anões barbudos entrando em tavernas, aparentemente poderia saber que a maioria não vivia ali, mas visitava a cidade, e trabalhava ali também, um tempo depois á pé, eles chegam numa parte isolada, pois aos lados, depois de passarem entre algumas árvores, havia várias tendas e milhares de cavaleiros élficos e humanos, era como uma base militar, ao redor de toda a cidade élfica.

  — Vá aquela tenda, logo ali — Um dos guardas aponta, e sai, o outro continua seguindo com o elfo que agora segurava a garota nos braços.

  Quando chegam á grande tenda, eles entram e encontram poucos feridos, Logrehinn parecia ser o mais grave, havia uma mesa redonda no começo da tenda, e mais a frente havia muitas camas, a maioria vazia, Logrehinn estava em uma das primeiras.

  — Kalis! O que lhe traz aqui? Quem é esta humana? Você soube de Logrehinn? — Muitas perguntas foram disparadas, por aquele alegre...general, ele falava muito empolgado, mesmo de coisas ruins.

  — Eu vim para ver como Hinn está, e esta humana estava com ele, ela vinha comigo á cavalo, quando olhei de volta havia desmaiado. Não sei por que, talvez tenha se ferido, não sei —

  — Aaa, entendo, meu amigo, entendo, há quanto tempo eu não vejo uma aluna da corporação, haha, deixa que eu cuide dela ­— O general tem um sorriso de ponta a ponta. — Hinn está logo ali —

   Kalis vai até Logrehinn, que está acordado, mas descansando, ele tem um tipo de curativo na perna, ele está tomando algum suco ou remédio em um copo.

  — Hinn? Como você está? — Kalis se aproxima da cama

  — Onde está a garota? — Ele indaga com certa aflição no rosto

  — Ah,sim ela desmaiou do nada, está bem ali, ela disse que não havia se ferido —

  — Me ajude á ir até ela, por favor — Logrehinn pede á Kalis

  — AAAAA!!! Onde? Onde? Onde eu estou? Elfos? Elfos? Quantos elfos! Quem são vocês? — Layla havia acordado, estava atordoada e não sabia como tinha chegado ali

  Logrehinn se aproxima dela e fala

  — July? acalme-se! ninguém te fará mal! —

  Layla respira fundo, e consegue se acalmar ao saber que Hinn está ali.

  — Tá certo, desculpe, mas não lembro como cheguei aqui —

  Todos os elfos olham pra ela, devido aos gritos

  — Então? Agora que se acalmou poderia contar sobre você, traremos comida e água, July — Kalis fala.

  Layla olha para Hinn, que está meio confuso também, sobre o que fazer, contar quem ela é ou não?

  — Ah, sim, claro, tudo bem, o que vocês gostariam de saber? —

  — O que você sabe fazer, e de onde você é? — O general que estava cuidando dela fala.

  — Bom, não sei muita coisa, sou aluna da corporação, há pouquíssimo tempo — Ela tenta se sair rápido daquela.

  — Hm.. mas como você encontrou Hinn e lutou ao lado dele? ­— Um deles fala e traz a comida, e um copo com água.

  — Ela se perdeu na floresta, e também não lutou tanto — Hinn responde e de certa forma, salva Layla do interrogatório

— July? — Logrehinn continua — Venha comigo, tenho coisas a tratar com você — Ele fala seriamente se dirigindo á saída, intimidando a maioria na tenda, eles sabiam que era raro para Hinn ficar sério, e quando acontecia, era algo realmente importante.

— Ah, sim, claro, já estou indo — Layla o segue imediatamente.

— Providenciem um cavalo, por favor — A voz de Hinn, soava autoritária em relação aos outros elfos

— Aqui está, seu próprio cavalo, Senhor Logrehinn, havíamos guardado para você — Um cavaleiro élfico aparece, segurando um cavalo branco, com uma longa crina.

— July? venha aqui, por favor suba — Ele sobe com certa dificuldade devido ao ferimento, e logo oferece a mão para Layla subir também

Os dois sobem no cavalo, e Logrehinn vai em direção ao castelo, novamente.

— Layla? me perdoe, mas, teremos que contar ao Rei Lyrius sua situação — Logrehinn aparenta estar preocupado

— Lyrius? Situação? Ahn? —

— Rei Lyrius é Rei dos elfos, ele vai nos ajudar a encontrar Merlyn —

— Encontrar Merlyn? Como assim? Espera! — Layla toma bruscamente as rédeas do cavalo, fazendo Logrehinn se desequilibrar um pouco.

— Calma Layla, me deixe explicar. Merlyn foi pego por elfas negras, tenho certeza que o levaram para o castelo, Merlyn me pediu também que falasse com Rei Lyrius sobre os cristais —

Layla parece menos confusa agora

— Hm.. entendi... Então você vai tirar o Merlyn de lá? Mas você já sabe como fazer isso? —

— Sim, tenho uma ideia, mas, podemos continuar agora? Rei Lyrius vai ter um prazer em conhecê-la — Logrehinn volta a cavalgar

— Está certo — Layla parece confusa

   Um tempo depois, e eles chegam ao Castelo, Layla fica maravilhada com tudo, principalmente o grande cristal, no topo do palácio. Logo, os dois descem do cavalo e entram no castelo.

— Com sua licença, Vossa Majestade? — Logrehinn fala, após prestar reverencia, e Layla faz o mesmo.

— Oh? sim, pode falar Logrehinn, e pequena garota humana, qual o assunto a se tratar? — Lyrius fala de forma gentil e formal

— O assunto é muitíssimo importante, Rei, gostaria de tratar o assunto a sós? — Logrehinn se mantém com seu cordial modo de falar, com certo ar de superioridade.

— Não, meu amigo, pode falar do que se trata, não haverá problema — O Rei afirma

— Como queira, bem... Como eu poderia falar... Vê esta garota ao meu lado, Rei Lyrius? Seu nome é Layla, reconhece este nome de algum lugar? — Logrehinn tenta disfarçar sua preocupação

O Rei levanta-se imediatamente, sua expressão é de surpresa, quebrando seu ar calmo.

— O quê? Você tem certeza disso Hinn? — Lyrius está muito espantado

— Não tenho toda a certeza, mas eu acredito que sim, Majestade — Logrehinn abaixa a cabeça.

Layla se mantêm abaixada, com o joelho no chão em sinal de reverência.

— Guardiã, Levante-se, por favor — o Rei ordena a Layla.

Ela levanta, seu rosto está confuso, mas ela olha diretamente ao Rei Lyrius.

— Guardas, Fechem as portas ­— Lyrius fala.

O Rei levanta e caminha até ela, seu semblante é sério, ele para em frente a ela, e segura sua cabeça com as duas mãos, e põem os dois dedos polegares no meio da testa de Layla.

—Feche os olhos guardiã, e sinta o poder — Lyrius sussurra.

Lyrius pega seu cajado e o bate no chão. Símbolos iguais ao “Campo dos Seis Horizontes” aparecem no chão. Logrehinn se afasta e os guardas também.

   Layla fecha os olhos e relaxa o corpo totalmente. Uma aura branca forte começa a envolvê-la, a cobre totalmente e só aumenta, aumenta. O Rei se afasta um pouco, soltando-a. Um vento forte invade o lugar, a aura se torna uma grande esfera ao redor de Layla, folhas de árvores voam ocupam todo o lugar. De repente o chão começa a rachar, raízes começam a se formar, a aura branca dela começa a escurecer, raízes negras e avermelhadas encravam na esfera branca. Layla levita e mantêm seus olhos fechados, seu cabelo está esvoaçando, ela parece estar em transe.

   Os guardas estão assustados com tamanho poder, o Rei está surpreso com a aura da guardiã, ele senta-se em seu trono. Logrehinn está afastado assistindo ao longe.

Dentro da esfera, Layla começa a encolher-se em posição fetal, seu corpo começa a mudar, sua roupa lentamente se rasga, enquanto dá lugar a símbolos tribais, seu cabelo cresce rapidamente até a cintura, suas orelhas vão mudando de forma, vão e tornando orelhas de elfo, ela está deixando de ser uma humana, e se tornando uma guardiã.

 


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Notas finais do capítulo

[1] “Deus” principal dos elfos, foi um dos primeiros elfos do mundo mágico, criou e organizou toda a raça élfica e seus costumes, fez com que sua civilização élfica aumentasse,foi um grande líder.



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