Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 31
Aflições da alma


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está saindo hoje, embora estava agendado para sexta-feira, decidi postar agora toda a quarta feira.



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Desesperada Ju para salvar o pequeno tigre, empurra para baixo, ele tropeça alguns degraus e caí no colo da outra felina, seus olhinhos redondos buscam o olhar da adulta, um semblante de tristeza e amor, o felino observa a sua fisionomia desaparecer no instante que a mesma fecha a porta, com uma força qual não soube explicar como, debatesse nos braços de Meili, procurando uma escapatória para o medo de perdê-la.

A princípio a felina resiste em deixá-lo ir, atenção está particularmente na pequena porta de madeira, em certo momento o tigre consegue sair de seu aperto, faz uma pequena corrida até os primeiros degraus da escadaria, tenta empurrar a passagem de madeira, em vão, seu coração bate aceleradamente.

Olhos expressam o pânico, com as duas patas soca repetidamente, chamando o nome da felina, as lágrimas recusam a saírem, para dar vazão a todo sofrimento, começa a soluçar, as emoções subitamente liberadas de uma ira de culpa e medo sente o resto de esperança esvair, de rasgar a alma os gritos antes energéticos, não possuem mais o efeito, derrotado deixa-se levar pela dor, procura emergir da dor e do sofrimento, pele menos ajudando os adultos, os quais tem a expressão de pena desenhado.

Sente a pata de Meili em seu ombro, levanta-se mantendo os olhos em seus próprios pés, ergue-se, a fêmea decide reconfortá-lo, mas de maneira evasiva o filhote ordena que todos os sigam, cada passo exige concentração de seu interior, para não explodir novamente a explosão de sentimentos, cujo poderá mandá-lo para o centro de sua dor.

Andaram por minutos a fio naquele túnel subterrâneo, as paredes iam diminuindo e se alargando na medida em que seguem o caminho de barro seco.

Instigado a perguntar Macaco questiona o filhote de tigre, o porquê do túnel, o pequeno ficara quieto, estranhamente, o silêncio é confortável a ele, com a simples declaração de um fato passado explica que o túnel foi feito por felinos há anos, depois de Mirume assumir o trono, temiam se tivesse uma possível guerra, suas esposas e filhos poderiam fugir pela passagem, construíram primeiramente a casa, assim não levantariam suspeitas.

Ainda intrigado o primata indaga como ele e as felinas conseguiram morar no local; depois de um suspiro longo, o menino o responde, dizendo que seu pai deixara como herança.

Macaco assentiu, não porque compreendesse, mas sinalizando que entendera.

Depois do silêncio que se instalou no ambiente, mestre Shifu, esse atrás do filhote, lamenta a morte de Ju, embora não a conhecesse, percebera o afeto da felina com ele, o filhote de tigre, olha sobre o ombro a fisionomia do panda vermelho, permanece visualizando os detalhes da face, como as sobrancelhas brancas, o bigode que iam do canto do focinho até o queixo, o cavanhaque amarrado na ponta por um elástico verde, as orelhas incrivelmente grandes, contornada por de anéis marrons, e as rugas ao redor dos olhos, poucas vezes tivera na presença de uma espécie diferente, as únicas referências que possui são de livros, a dúvida de qual animal ele é trava uma luta inconstante, quer perguntar, entretanto não quer ser indiferente a fala dele, retorna o rosto a frente, um fio de tristeza aprofunda seu interior, pôs-se a caminhar, voltando-se para a voz intima de culpa, de ser o responsável pela morte de Ju, procurando refugiar-se no próprio coração, convence-se que o melhor é ficar calado.

°°°

A respiração ofegante e a boca subitamente seca. Po começara a sentir que está sendo observado; gira a cabeça rapidamente, seu corpo avantajado é escondido pela pilastra de sustentação, suas patas se agarram em um dos lados, seus olhos verdes jades vagam pelo salão de festa, por mais que quisesse correr, seus pés parecem ter vontade própria, determinados a descansar antes de outra corrida, de repente a voz provocativa de Mirume chega a seus tímpanos.

Assustado, ele se imobiliza em silêncio e alerta, olha fixamente para uma das estradas, com o canto dos olhos viu outra porta ser aberta, agacha-se instantaneamente.

Lembra-se de imagens de horror, cuja atormenta a cada segundo, provara que a maldade da rainha não tem limites, ela golpeara com uma adaga o peito da única pessoa que amara na vida, invocara criaturas negras, uma delas engolira por inteiro seu amigo, Yoichi, jamais conseguiria esquecer o assombro de tais acontecimentos, cerra as pálpebras, respirando profundamente, de repente aquela voz, de escárnio e sarcasmo chama-lhe, teve um resigno de repulsa ao ter seu nome pronunciado na boca da rainha, desvia a mirada para o ombro, o ferimento causado por o crocodilo há poucos dias rompera, a dor é nítida, pousa a pata no local, a fim de estacar o sangue, que escorre pelo braço até o antebraço.

Novamente ela o chama, e desta vez quis ter o batalhar, no silêncio que segue, simplesmente permite a enormidade do espaço o tornar racional, demora alguns instantes para mover-se, segurando-se que a majestade não lhe via, fez uma corrida até a outra pilastra, escuta um risinho de deboche da mesma, fica atento ao passos dela sobre aquele salto, novamente esconde-se em outra pilastra, reprime a própria respiração.

— Quer brincar de esconde-esconde dragão guerreiro? — questiona-lhe, a voz um tanto sarcástica. — Engana-se que poderá fugir de mim.

Ele revira os olhos com suas palavras, assegura-se a onde a rainha está, observa as costas da mesma, coberta por aquele vestido negro de cauda comprida, possuído por uma força maior atreve-se de maneira silenciosa aproximar-se, com ironia a felídea riu, um riso que lhe causa calafrios, jaz com ela entre dentes a afronta, resolvendo lançá-lo com o desdém de seus olhos, virando-se para encará-lo, tratou-o com o mesmo sedutor e natural incredulidade que costuma usar, consentido, como por mera condescendência, fazendo-o requerer a sua atenção.

— Vossemecê não é nada gracioso. — afirma. Trazendo ao panda um djavú.

— E você não é nada boa. — contrapunha, com o mesmo tom de voz da rainha. Ainda com a pata sobre o ferimento no ombro.

— Escuso querido... — Anda alguns passos, movida com a sensualidade involuntária. — Dize o que é bom ou mau, embora não seja um julgador plenamente justo.

—Do que fala? Você é um ser mau, matou o único que já amou na vida, meu amigo, e ainda quer dizer que não é? Por favor. — cospe as ultimas palavras.

— Oh... Aquilo que você determina como mau, acabas mudando, seja nas circunstâncias ou no tempo... Discernir é o grande problema da questão querido...

Apesar de não concordar, existe sabedoria em sua fala.

— Entenda a palavra mal é usada apenas para descrever a ausência do bem, não significas que tu és absolutamente bom, assim como não sou inteiramente má. — acrescenta, a poucos metros da fisionomia do guerreiro.

Estremecera com um pressentimento horrível, cuja inquietação do espírito lhe traz agora sérios receios, coberto pela duvida, parece eternamente fechado a analisar a personalidade da felina, ora fria, ora sarcástica.

Abaixa a vista para o colar yang, antes a figura de um sol, feito de madeira, possuído pelo chi de Tigresa, transformado em uma essência de mal, defronte novamente daqueles olhos âmbar rubi, seu semblante torna-se de raiva, a raiva de si próprio.

Com um gesto avança até ela, determinado a batalhar, a felídea meneou a cabeça sorrindo, desviando-se de seu golpe, usando seu cajado para causa-lhe dor nas costas, o urso caí ao chão bruscamente, recuperando-se volta atacá-la, com o punho fechado, ela detém seu golpe estendendo a pata espalmada, aperta a região com força, obrigando-o girar no ar e cair novamente ao chão, desta vez de costas, impulsiona o corpo para frente, estando de pé, distribui inúmeros socos, o qual a felina desvia com facilidade, no instante que o guerreiro tenta lhe dar uma rasteira, ela dá um mortal para trás, e chuta-lhe o rosto, o faz cambalear para trás, permanece com a mirada a ela, ofegando, com as duas patas nos joelhos, de repente sente uma dor no ferimento de seu ombro, caí derrotado.

— Querido, deverias saber, sou mais forte do que vossemecê. — diz, aproximando-se do urso, ao estar perto o suficiente, agacha-se a sua altura, pousa o dedo indicador e o dedão no queixo do panda, obrigando-o a erguer o rosto. — Tu és um grande guerreiro, pena que és tão bom. — Sorri. A respiração do panda, chega-lhe a face, visualiza o olhar verde jade penetrante do mesmo.

Ele desprende-se bruscamente dos dedos dela, um riso de incredulidade brota nos lábios da alteza, levanta-se em seguida.

—Ultimas palavras antes de morrer?— Com o cajado apontando a sua direção, pergunta.

— Sim... — começa ele, com a voz ofegante e séria. — Seu cadarço está desamarrado.

— Achas mesmo que caio nessa? — Questiona-lhe com ironia.

— Não...

Numa ação rápida e precisa, o guerreiro preto e branco a derruba, dando-lhe uma rasteira, a majestade caíra no chão, nesse curto tempo o panda aproveita para fugir, antes de vê-lo atravessar uma das entradas do salão de festa, agarra seu cajado, aponta-lhe, liberando um raio de energia negra, que batera no canto de uma pilastra.

Esse acontecimento, longe de feri-la em seu amor próprio, conquanto, fascinando-a, dominando-a com sua personalidade de guerreiro destemido e inocência de criança. Riu um riso, de descrença.

Na ocasião que deixou a presença da felina, correu sem rumo pelos corredores do palácio, de vez em tempo parando a caminhada para respirar, sua pata pousada no ferimento do ombro, o sangue respiga no chão, sente-se um tolo por ter fugido, mas não poderia ter a enfrentado, defronte daquele olhar delituoso ou daquele sorriso frio, ele se sentia intimidado, a culpa no seu interior, um fardo que impossibilitava de batalhar igualmente.

De algum modo, a culpa mistura-se a frustração, intensificando-se numa angústia contida.

O caminho o leva diretamente até um corredor com inúmeros quadros, a vista antes abaixada, seguindo os próprios pés, olha diretamente para um deles. Uma pintura de quatro tigres, ao lado do rei uma pequena tigresa, aparentando dez anos de idade, tem atenção no filhote, esse nos braços da rainha. Sorri observando a pequena felina, por seguinte anda alguns passos, visualizando o mesmo filhote, um pouco maior, sua veste é um Qipao dourado, com estampas de flores de lótus.

Aproxima a pata espalmada, com o dedo indicador na textura do quadro, analisando os detalhes que dão realismo à imagem, riu levemente, deixando correr pelo sorriso de seu rosto uma lágrima de ternura que se lhe escapa em um dos olhos.

Um ligeiro véu de tristeza, talvez devido à lembrança de Tigresa, talvez devido à sua própria dor que, de tão aflita é, fazendo-o liberar emocionalmente.


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Notas finais do capítulo

Beijos.



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