Os Vingadores - Experiência 787 escrita por MMenezes


Capítulo 2
Lutando contra a ruiva.




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— Uma criança! – Tony Stark berrou entrando de supetão no laboratório onde Bruce e Steve analisavam as amostras de sangue colhidas no dia anterior. – A porcaria da experiência 787 é só uma pirralha chata e melancólica!

— Vejo que sua capacidade de julgamento continua a mesma. - Steve comentou fazendo com que Bruce soltasse uma risada mal disfarçada de tosse que se tornou um engasgo.

— Tudo isso – Tony falou gesticulando dramaticamente. – Toda essa algazarra é só por uma ruivinha pueril. Nada de monstrengos verdes ou criaturas de pavio curto, só uma criança passiva e supersensível.

— Você não diria isso se analisasse as amostras de sangue dela. – Bruce falou, sua voz ainda dissonante por conta do engasgo.

— Por acaso ela tem superpoderes?

— De acordo com as amostras de sangue, o corpo dela é inóspito a praticamente tudo, inclusive ao seu veneno. – Steve brincou encostando-se em uma maca.

— Ainda assim, aquela coisinha ruiva não vale uma noite em claro. Fury poderia largá-la num parque de diversões e nem desconfiariam dela.

— Por sorte, sua opinião é irrelevante Sr. Stark – Fury se fez ouvir entrando na sala. – Se não se importam, gostaria de conversar em particular com o Dr. Banner.

— Ah, claro! – Stark resmungou deixando a sala. – A opinião de um gênio, bilionário, playboy, filantropo não é relevante, mas a do verdão quebra-quebra é de suma importância. Agora sei por que temos uma criança a bordo.

Steve acompanhou Tony até a metade do caminho, mas decidiu deixa-lo por conta própria quando percebeu que as reclamações não cessariam tão cedo. Deu uma desculpa qualquer, tomando o primeiro corredor que viu e fazendo outro trajeto até o seu quarto.

Depois de quase trinta horas em claro, finalmente sentia-se cansado. Não fisicamente, apenas mentalmente. Toda a história dos raios Vita trouxe à tona muitas sensações e lembranças das quais ele já havia se esquecido, sentiu que algo despertou assim que viu a Experiência 787, um incomodo, uma sensação de revolta ao imaginar alguém tão inocente sendo usada como cobaia de um experimento tão agressivo, trancafiada num laboratório, sendo furada por agulhas, dopada, envenenada e sabe-se mais o que.

Sacudiu a cabeça querendo esquecer tais pensamentos e conseguiu fazê-lo, ao menos por ora. Deitou-se encarando o relógio sobre a escrivaninha, nove da manhã, em sete horas estaria de volta à porta da experiência 787. Precisava dormir a qualquer custo.

Porém lá estava ela, a lembrança de seu amor perdido, a memoria de Penny Carter que o assolava desde que acordara há poucos anos atrás. Já tinha tentado esquece-la, mas ela voltava para assombra-lo sempre que abaixava a guarda.

— Por favor, me deixe dormir. – Resmungou cobrindo a cabeça com o travesseiro.

Não adiantou. Os olhos de Penny o perseguiam até mesmo na escuridão. Horas se passaram, já era quase metade do dia quando finalmente o cansaço venceu e lhe permitiu um curto período de sono. Porém, exatamente às três e meia o relógio sobre a escrivaninha soou acordando Steve, dando-lhe tempo apenas para tomar um banho rápido, trocar de roupa e procurar algo para almoçar.

— Bom tarde, Capitão. – Hill saldou assim que Steve apareceu para tomar seu posto.

— Boa tarde. – Ele respondeu tentando controlar um bocejo, sem sucesso.

— Acho que àquelas horas de sono da noite passada estão lhe fazendo falta. – Ela brincou, porém sem perder seu semblante sério.

— Quem me dera fossem apenas as horas da noite passada. – Respondeu com um sorriso desanimado.

— Vou pedir para lhe trazerem um café. – Hill falou antes de se retirar. – Não durma em seu posto, Fury ficaria furioso.

O café chegou quase meia hora depois, quente e amargo. Só então Steve pode realmente se concentrar no que acontecia dentro do quarto. Novamente o som de páginas sendo viradas. Começava a se perguntar com que frequência a jovem Experiência lia? Ela parecia gostar de livros, mas de que gênero? Romance talvez, ou então livros sobre história.

O som das páginas foi encerrado com um baque abafado, sendo substituído pelo som de passos e logo depois da porta sendo aberta.

— Bom tarde, Capitão Rogers. – A jovem falou, sua voz era baixa e aveludada.

— Boa tarde. – Steve respondeu com um pequeno aceno de cabeça e um sorriso torto que escapou sem permissão.

— Posso sair um pouco desse quarto? Não tenho mais livros para ler.

— Você não é uma prisioneira. – Ele explicou complacente. – Pode ir onde quiser, contanto que permaneça dentro dos perímetros desta aeronave, é claro.

— E com um de vocês na minha cola. – Ela completou para então rolar os olhos. – Vivi assim por cinco anos, sei a diferença entre prisão e liberdade, por isso acredite em mim quando digo que isto aqui não é liberdade.

— Fury quer te manter segura.

— Fury quer me manter presa. – Ela rebateu revolta para então retomar seu tom aveludado. – Eu... realmente não quero discutir o conceito de liberdade com você, só quero dar uma volta, ok? Acredito que não seja pedir demais.

— Aonde quer ir? - Steve perguntou sentindo-se derrotado.

— Qualquer lugar, vamos apenas andar por ai.

— Ok. – Ele concordou guiando-a pelo corredor.

Dois corredores, uma escada e muitas portas. O silêncio entre os dois começara a se tornar desconfortável. Steve queria dizer algo que a animasse, mas tudo o que tinha conseguido até o momento eram discussões para as quais a garota já estava muito bem preparada.

Chegaram até o centro de treinamento onde decidiram parar e assistir Tony Stark lutando contra um cara bem maior e mais forte do que ele.

— Não sabia que o Stark era bom de briga. – A Experiência comentou assim que Tony nocauteou o grandão.

— Não o deixe ouvir isso...

— Ei Rogers, aqui não é lugar para crianças! – Stark berrou interrompendo-o. – Tire essa coisinha ruiva daqui.

— Coisinha ruiva – A jovem repetiu indignada. – Ele me chamou de coisinha ruiva?

— Não ligue, ele é um idiota. – Steve falou passando os braços ao redor dos ombros da jovem guiando-a para a saída, mas a garota foi mais rápida desvencilhando-se de seus braços e se aproximando do ringue de luta.

— Ei, Stark! – Ela chamou subindo no ringue. – Vou te mostrar quem é a coisinha ruiva.

— Ah, não. – Ele falou negando com a cabeça. – Não luto com crianças.

— E eu não luto com velhacos. – Ela respondeu começando um aquecimento com socos e chutes no ar. – Vamos lá, só um round.

— Primeiro, o único velhaco aqui é o Rogers – Tony falou apontando para Steve, fazendo-o trincar os dentes de raiva. – E segundo, você não deveria estar brincando de boneca?

— Assim como você deveria estar brincando com a sua armaduras de sucata?

O comentário realmente pareceu atingi-lo. Os olhos de Tony se tornaram estreitos e sua expressão deixou de ser sarcástica transformando-se em uma mistura de raiva e frieza.

— Um round, não é. – Ele falou jogando uma toalha no canto do ringue. – Está bem. Mas se eu ganhar, e eu vou, você vai ter que pedir desculpas a “sucata” da minha armadura... Em público, é claro.

— Que? - Steve falou pulando para dentro do ringue. – Enlouqueceu Stark? Nosso trabalho é protegê-la, não espancá-la.

— Ela pediu por isso. Ela ofendeu minha armadura.

— Dane-se sua armadura, se acontecer alguma coisa com ela Fury nos mata.

— Não vai acontecer nada comigo – A jovem se manifestou. – A única habilidade que ele possui é um ego inflado e com isso eu sei lidar muito bem.

— Você não vai lutar com ele – Steve falou segurando-a pelos pulsos.

— Eu quero ver você me impedir. – Ela desafiou.

— Eu não vou machuca-la, Rogers. – Tony falou mediando a discussão. – Veja isso como um aprendizado. Quando ela perder, e ela vai perder, nunca mais vai entrar numa briga.

Steve continuou encarando os olhos irredutíveis da ruiva, ela era realmente teimosa e mantinha-se firme mesmo diante da autoridade de um capitão. Queria convence-la com argumentos, mas não os tinha. Só lhe restava duas opções, arrastá-la a força de volta para o quarto dando a ela mais motivos para ver aquele lugar como uma prisão ou deixa-la lutar e correr o risco de ser expulso da iniciativa Vingadores pelo próprio Fury.

— Se ela sofrer o mínimo arranhão, eu vou intervir – Steve falou soltando os pulsos da jovem e dirigindo-se a Tony que por sua vez rolou os olhos dramaticamente. – E quando eu digo intervir significa que vou fazer questão de quebrar essa sua cara.

— Ótimo, agora saia do ringue. – Tony se limitou a dizer.

Steve o obedeceu à contra gosto assistindo a tudo, colado à borda do ringue. Após fazer uma primeira analise temeu que a garota estivesse em desvantagem, por mais que o corpo esguio e fino da jovem fosse bem treinado, não se comparava aos músculos e ao conhecimento que Tony adquirira com anos de luta corpo a corpo. Mas assim que os aquecimentos terminaram e a luta finalmente começou Steve pode perceber a mudança na postura da jovem.

— Primeiro as damas. – Tony brincou, dando a jovem a oportunidade de atacar primeiro, mas ela não o fez limitando-se a mover-se pelo ringue esperando o ataque do mais velho. – Neste caso...

Tony usou o clássico “esquerda, direita e jab” errando a garota que desviou facilmente com seus pés ágeis e corpo esbeltou.

— Esse é o seu melhor, Stark? - Ela provocou recebendo em troca três tentativas de soco e um chute que por pouco não lhe acertou a coxa. – Vamos lá, menos força e mais rapidez.

Tony não pareceu considerar o conselho da jovem desferindo mais golpes cheios de força e soltando um urro de frustração por não acertá-la.

— Você é muito boa fugindo – Ele constatou com raiva, para então alfinetar. – Entretanto, eu pensei que quisesse lutar, não brincar de pega-pega.

— Eu pretendia prolongar mais a luta – Ela respondeu parecendo decepcionada, contudo deu de ombros continuando. – Mas se você insiste...

Antes que Tony pudesse sequer pensar, a jovem lhe acertou em cheio com um soco de esquerda, um de direita, um soco no abdômen e um chute na perna esquerda que o fez perder o equilíbrio e cair no chão. Por fim, aproveitou-se do estado desnorteado de Tony para enlaçar as pernas em torno de seu pescoço, sufocando-o.

— Desista, Stark. – Ela aconselhou vendo o rosto do rapaz ficar vermelho.

— Nunca. – Ele tentou responder, sua voz era rouca e quase não saiu por culpa do aperto em seu pescoço.

A jovem continuou apertando-o até que Tony finalmente perdeu a consciência, só então afrouxou as pernas deitando a cabeça do rapaz sobre as mesmas.

— Ele não sabe quando deve desistir? - Ela perguntou assim que Steve subiu no ringue para ajuda-la.

— Não. – Respondeu, tentando fazer com que Tony recobrasse a consciência.

— Capitão. – Hill chamou entrando no centro de treinamento, surpreendendo-se ao encontrar Tony Stark desacordado sobre o colo da Experiência. – O que houve com o Stark?

— Chamou ela de coisinha ruiva. – Steve explicou indicando com a cabeça a jovem que agora dava tapinhas no rosto de Tony tentando acordá-lo.

— Você nocauteou o Stark? - Hill questionou.

Por um segundo Steve pensou ter visto surpresa e até mesmo um sorriso de satisfação transpassar o rosto da agente, mas Hill era boa em esconder qualquer expressão que não fosse dura, séria e muitas vezes até fria. Mas não pode dizer o mesmo da jovem Experiência que apenas abaixou a cabeça e deu de ombros demonstrando certa culpa enquanto tentava sem sucesso acordar o rapaz.

— Bem. Acordem o Stark e compareçam a sala de reuniões. – Hill falou andando até a porta. – Temos noticias do Dr. Tomas e Fury quer falar com vocês.

— Acho que devemos levá-lo a enfermaria ou alguma coisa assim. – A Experiência falou parecendo realmente preocupada.

— Ele só está fazendo drama. – Steve respondeu pegando a garrafa de água na beira do ringue e despejando sobre o rosto de Tony que rapidamente recobrou a consciência.

— Mas que droga foi essa! – Tony reclamou levantando a cabeça que antes repousava no colo da Experiência.

— Você brigou com a pessoa errada e levou uma surra, essa foi a droga. – Steve falou ficando em pé e encarando com divertimento a expressão indignada de Tony que além de suado e descabelado agora também estava ensopado como um cão na sarjeta em dia de chuva.

— Você parece bem animadinho pra quem estava quase começando a terceira guerra mundial há poucos minutos atrás. – Tony alfinetou, vendo Steve rolar os olhos.

— Levante-se, Fury quer nos ver.

— Só um momento Rogers, preciso de mais uns minutos por aqui. – Tony falou voltando a repousar a cabeça no colo da Experiência com um gemido de dor. – Se a ruivinha não se importar, é claro.

— Eu não sou ruiva. – Tentou esclarecer. – Meu cabelo é castanho claro cobre avermelhado, numeração 55.46 na escala de cores.

— Ou seja, ruivo.

— Castanho.

— Ruivo. – Teimou Stark.

— Castanho. – A jovem falou com firmeza.

— Ruivo, ruivo, ruivo!

— Discutir com você é como tentar dialogar com uma parede. – A Experiência falou levantando repentinamente, fazendo com que a cabeça de Tony batesse no chão. – É inútil, improdutivo e vão.

— Criança pirracenta. – Tony murmurou, levantando-se a contra gosto enquanto a garota deixava a sala a passos firmes.

— A unica criança que vejo aqui é você. – Steve falou, repreendendo-o com o olhar antes de seguir os passos da garota para fora da sala.

— Ainda acho que ela é ruiva.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que demorei para postar. Mas sejam compreensivos e entendam que minha prova da Anac é dia 11, por isso tenho estudado loucamente e tido pouco tempo pra escrever.
Fora isso, espero que minha querida Experiência 787 esteja conseguindo conquistar vocês e que tenham gostado do capitulo.

Beijos da Mia.