P.O.V Lisa

Estou quase morrendo aqui! Depois da notícia que recebi só consigo pensar em uma coisa: Comida. É sério, até em momentos críticos como esse eu sinto fome. Fico imaginando quando vou poder sair de meu quarto e comer algo, mas infelizmente fiz um desafio comigo mesma, que é só poder sair daqui quando conseguir escrever pelo menos umas cinco linhas. MAS A MALDITA INSIPARAÇÃO FOI PARA TIMBUQUITU (seja lá onde é esse lugar)! É o seguinte: Minha escola ligou para meu número de contato, minha mãe, dizendo que fui a escolhida para fazer um discurso na formatura. Por que Diana tinha que ter me recomendado como oradora? Só porquê sou uma de suas melhores alunas!? Oh vida cruel essa minha.

Estou tentando pensar no que dizer sobre minha escola, alunos, futuro e algo que inspirem os outros. Mas a minha forma de inspiração e diferente da dos outros, por exemplo: Para mim, dizer que se tirarmos notas altas ganharemos bombom de chocolate e cereja é a maior fonte que poderia existir! Mas para os outros isso é algo cômico.

– Elizabeth, vou levar Isabelle para sair. – Mamãe disse abrindo um pouco a porta de meu quarto. – Ela precisa respirar e relaxar um pouco, quer ir conosco?

Que sacanagem! Elas nunca saem, e quando isso acontece estou ocupada demais para fazer isso. Parece que tem alguma força sobrenatural que não quer que eu faça essa porcaria de discurso e aproveite minha vida feliz.

– Não posso, tenho que escrever aquela merdinha. – Choraminguei fazendo um biquinho.

– Tem certeza? Você pode fazer isso amanhã.

– Mas amanhã é sexta! E o discurso é para sábado.

– Ah, tudo bem então. Aproveite seu dia.

E fechou a porta, me deixando com uma cara de bosta enorme. Todo santo dia ela insiste que eu faça meus deveres com antecedência, estude e coloque as responsabilidades acima do prazer, mas justo HOJE ela quer que eu me divirta e deixe para última hora meus deveres! As vezes penso que na minha vida passada eu fui uma terrorista, então me fodi nessa né?!

– Respire fundo, vai ficar tudo bem Lisa. – Fechei os olhos e respirei o mais fundo que podia.

O problema é que quando dei essa super respirada, uma poeirazinha maldita entrou em minha boca e eu comecei a tossir igual uma desesperada. No meio desse ataque caí de minha cadeira e comecei a me contorcer no chão.

– R-r-respirar é ruim. – Constatei recuperando o fôlego e me sentando novamente.

Nem é tão difícil escrever um discurso, apenas fale o que você achou desse ano. Pelo que passou, o que quer fazer no futuro, se a escola te ajudou em alguma coisa... / Ei, como sabe mais disso do que eu? / Idiota, qualquer pessoa sabe como escrever um discurso! / Minha mãe sempre diz que não sou qualquer um / Quantos filmes você já assistiu em que alguém faz um discurso? Uns mil, então trate de fazer um tão bom quanto aqueles! / Que filmes?! / High School Musical, Hannah Montana, Feiticeiros de Waverly Place... Até a porcaria do Crepúsculo tem isso! / Pera aí! Mas Hannah Montana e Feiticeiros de Waverly Place são seriados infantis. / Como se você não os assistisse... O ponto é: ESCREVA A PORRA DO DISCURSO!

Celeste algumas vezes acaba com toda a minha auto-estima, mas nesse ponto ela está certa! É só escrever um discurso, não é nada demais.

Vinte minutos depois

EU DESISTO! Jogo a toalha, peço penico... Qualquer coisa, mas eu não vou escrever nada nesse maldito computador! Quem falou que sou obrigada a escrever isso? Ninguém. Eu escrevo se eu quiser, e eu não quero nem um pouco escrever essa porcaria de discurso. Usarei na base do improviso sábado, falarei a primeira coisa que vier em minha cabeça. / Lisa, eu e você sabemos que quando você não tem um plano só sai merda / Mas eu tenho um plano! O plano é o improviso! / Isso não existe, qual é. Tente mais um pouco / Affu, você realmente é minha irmã mais velha imaginária / E você me ama por isso.

Já sei! Não consigo escrever pois o local em que estou não é apropriado para um discurso, preciso estar em um local mais educacional. Com ar de inteligência, onde várias idéias aparecerão em minha bela cabecinha vazia. Mas onde é esse lugar? Qual lugar expira inspiração?

...

O Central Park é perfeito para uma coisa dessas! Nova Iorque, eu amo você por me deixar conhecer esse lugar tão bonito. Para sair coloquei a primeira roupa que encontrei em meu guarda roupa, uma blusa da Ariel e continuei com a calça normal que usava. Infantil, mas amo a Ariel com toda a minha força. Acho incrível ela seguir seu sonho custasse o que for, e preferir perder a bela voz a ficar sem seu amor verdadeiro. Além do mais, sereias são fodásticas.

Encostei-me em uma árvore qualquer, tirei meu laptop de dentro da mochila e o liguei. É isso, eu vou conseguir com toda certeza escrever pelo menos cinco linhas nesse lugar. Não tem nada para me desconcentrar, então estou de boas aqui.

– Elizabeth Marie? – Perguntou um homem.

Tirei os olhos da tela e olhei para ele com um pouco de raiva, o que esse ser maligno que comigo?!

– A mesma. – Fui direta e meio grosseira. – O que deseja?

– Trabalho para a revista “Teen York”, – Ótimo, um jornalista. – poderia responder a algumas perguntas?

Sério Deus! Você me odeia por acaso?! Eu fiz algo de ruim para você?! Não, eu não fiz merda nenhuma para você querer me fuder tanto quanto está fazendo agora! Só porquê eu falo palavrão e não sigo os treze mandamentos?! / Lisa, são dez / Não, eu tenho certeza que são treze mandamentos / Daí-me paciência para aguentar uma idiotice dessas! Apenas aceite responder as perguntas do cara.

– Claro, nem estava fazendo nada de importante. – Sorri falsamente para o cara.

O segui até uma das mesas que o parque dispunha e respondi calmamente a cada pergunta dele, tomando cuidado para não dizer nada que acabe com a “reputação” que tenho ou de minha mãe. Ele tomou uns trinta ou quarenta minutos de minha vida fazendo essas perguntas.

– Muito obrigado. – Agradeceu e depois se retirou.

– É. – Falei suspirando.

Olhei para meu relógio e vi que já eram seis horas da tarde. Eu tirei esse dia para escrever, acordei uma hora da tarde e ainda não consegui escrever porra nenhuma! Maldita falta de criatividade!

...

Acabei de sair de meu banho, nem consegui sorrir ao dar boa noite a minha mãe, de tão irritada que estou. Como pude ser tão idiota a ponto de perder um dia para escrever e ainda não escrever nada?!

– Lisa? – Minha mãe entrou em meu quarto.

– MÃE! – Gritei, estou apenas com meu roupão.

– Sem neura, sou sua mãe. – Sentou em minha cama.

Andar com a tia Belle faz um lado diferente ser aberto em minha mãe, um lado menos patricinha e mais normal.

– Qual o motivo de você entrar em meu quarto sem bater e ainda ser folgada o bastante para nem pedir desculpas? – Arqueei a sobrancelha.

– Queria falar o quanto estou feliz por você ser minha filha, andei pensando e percebi que tenho muita sorte por você ser como é,. – Sorriu. – E não agiu para sempre como uma mimadinha, só porque seu pai foi embora e por termos dinheiro. Você age com responsabilidade e realmente como uma adulta. Mesmo fazendo suas maluquices e agindo como uma criança de sete anos algumas vezes, eu queria dizer que te amo muito.

Sem querer um sorriso apareceu em meu rosto.

– Também te amo muito mãe, obrigada por tudo que fez por mim nesses anos. Mas, sem querer ser insensível, por que está tão sentimental?

Ela deu de ombros, e piscou para mim.

– Cada um com suas manias. Acho que peguei um pouco do sentimentalismo de sua tia.

Depois saiu sem dizer mais nada. Ok, isso é incomum para ela, mas fazer o que? Troquei de roupa e coloquei meu pijama de frio, totalmente desolada por não conseguir escrever. Deitei em minha cama e fechei os olhos, hora de dormir!

Cinco horas depois, para ser mais exata, ás duas horas da manhã...

– JÁ SEI O QUE ESCREVER!