Acordei, eram 10:00 da manhã, não tinha conseguido dormir depois daquele...pesadelo, fiquei ate as 4:00 da madrugada tentando dormir, e como hoje é feriado, não me preocupei tanto em que hora me acordar.

Fiz o meu café da manhã sem colocar fogo na casa. Já que eu não gosto de ficar toda hora pedindo comida pelo telefone eu pedi pra Kaito me ensinar a cozinhar, e bem... perdi a conta de quantas vezes sujamos a casa toda de farinha, que derrubei molho em cima de Kaito, que quase fizemos um buraco na camada de ozônio por causa da fumaça de mais uma comida queimada... mas no fim não foi preciso chamar os bombeiros, então tudo acabou bem.

Subi de novo para o meu quarto, e fui para o computador.

Sim, eu tenho um bom motivo pra isso. todos os dias eu e minha amiga Teto conversávamos pelo chat.

Conheci ela e seu irmão antes de ir pra França e conhecer Gakupo, então não tinha o meu diário ainda.

Ela sempre foi boa em "achar pessoas", se é que eu posso dizer assim. Ela encontrou o meu email a 4 meses, e desde então sempre conversamos.

– Conversa Chat on-

–Pãozinho Doce: Yoo Miku! Tava preocupada com você, porque não ficou online ontem? (Mia Chan: Eu sei, tava sem ideias pro nick dela, mas não ficou tão ruim assim...)

–Miku-Nyan: É que tive alguns problemas com um trabalho do meu professor, não tava com saco pra entrar no pc. (Mia Chan: Luna viciou na palavra "Nyah" Então ficou assim mesmo)

–Pãozinho Doce: Mas você sempre foi inteligente, regrediu foi? kkk

–Miku-Nyan: Não é isso! O assunto me incomodou um pouco, só isso.

–Pãozinho Doce: Ta legal.... É sobre o que? (Mia Chan: Curiosa não, toda)

–Miku-Nyan: Sobre o que vamos fazer no futuro.

–Pãozinho Doce: E o que tem de mais? É seu passado que te incomoda não seu futuro!

–Miku-Nyan: E se o meu futuro for igual ao meu passado?

–Pãozinho Doce: Então faça seu passado ser diferente do seu futuro.

–Miku-Nyan: Mas não tem como eu mudar o meu passado, só o futuro que pode ser igual ao meu passado que eu não quero que fique igual ao... pera a gente tava falando sobre o que mesmo?

–Pãozinho Doce: Eu to ficando confusa com essa conversa, é melhor deixar pra la.

–Miku-Nyan: Ok então

–Pãozinho Doce: Oi Miku como vai você? Você ta com algum... - A mensagem parou ali.

–Pãozinho Doce: Gomen Miku, é meu irmão enchendo o saco de novo, e ele ainda deu enter na mensagem antes de eu chutar ele da cadeira.

–Miku-Nyan: Já é a quinta vez que isso acontece, porque disse pra ele que pegou o meu email?

–Pãozinho Doce: Eu deixei escapar por pouco, mas ele me obrigou a confirmar pra ver se ele não tinha entendido errado.

–Miku-Nyan: E quando você diz "obrigar" quer disser que ele te deu um sonho né?

–Pãozinho Doce: Eu não resisti! Não vende mais na padaria perto de casa, foi mais forte do que eu!

–Miku-Nyan: Não se preocupe, eu te entendo... Mas agora vou ter que sair.

–Pãozinho Doce: Sei... encontro com o Kaito?

–Miku-Nyan: Não é exatamente um "encontro" mas é com ele sim.

–Pãozinho Doce: Depois eu quero os detalhes.

–Miku-Nyan: Eu mereço...fui.

– Conversa Chat off-

Desliguei o computador e tratei de me trocar, coloquei uma blusa simples sem nenhum detalhe, calça jeans e um sapato preto e branco. Fiquei na frente de casa esperando Kaito chegar.

O vento batia no meu rosto e eu via as folhas secas voarem pela rua. Olhei para cima e vi o céu limpo e ensolarado, pois é, um dia normal de outono.

Olho em volta e vejo um "ser" de cabelos azuis me observando.

– Achei que não vinha mais. - Disse soltando uma pequena risada.

– Cheguei já faz um tempo, mas você parecia tão feliz enquanto estava olhando a paisagem que resolvi fazer o mesmo. - Ele se aproximou e ficou brincando com os meus cabelos, então se aproximou mais e sussurrou em meu ouvido - Não acho que tenha algo mais bonito pra se olhar do que você. - Fiquei um pouco corada, e ele riu da minha reação, o que me deixou com raiva, mas logo esqueci.

Andamos ate o metrô e fomos para o outro lado da cidade.

Chegamos no destino, o lugar estava com poucas pessoas, as mesmas choravam e colocavam flores em sepulturas de parentes e conhecidos...já devem imaginar onde estamos, não é?

Eu e Kaito queríamos visitar uma sepultura em especial, fomos para onde a mesma estava.

Ficamos parados ali, em silêncio, vendo o lugar onde a Neru tinha sido enterrada. Quando Piko ainda morava com a gente, nós três vinhamos pra nos recordar da nossa amiga .Piko em especial era quem mais sofria, eles eram muito apegamos quando pequenos. Kaito me contou que na época do acidente dela, Piko foi o que demorou mais pra aceitar o fato dela ter morrido.

Depois de incontáveis minutos eu visitei outra sepultura, e Kaito continuou na mesma.

Aquela sepultura era a da minha mãe, sempre que vinha eu começava a me lembrar de todos os momentos felizes que eu tinha com ela e meu irmão, eu não poderia pedir uma mãe melhor....e isso me deixava triste, por ter um dia me esquecido de todas aquelas lembranças que eram tão importantes pra mim.

Lagrimas não paravam de surgir em meu rosto, eu odiava aquela sensação...

Mas senti braços me envolverem e me senti cada vez mais confortável, ele sabia exatamente quando eu precisava de um abraço.

Saímos do cemitério, fomos para o metrô, o caminho todo ficamos calados, eu queria lhe perguntar uma coisa, mas estava com receio...

Mas aquilo já estava me matando, eu queria que tocar no assunto.

– Kaito, você parece bem animado com isso de ir pra faculdade...

– É, sempre foi meu sonho estudar fora, e a faculdade que Mikuo e Piko estão é ótima! To louco pra chegar o dia de ir. - Ele falou animado.

– Claro, lá deve ter professores bem pacientes, pra Mikuo já não ter sido expulso. - Disse com um sorriso meigo, sem demostrar tristeza, dor, sofrimento, angustia, vontade de me ...

–Miku? - Falou Kaito segurando os meus ombros. Eu tinha parado de andar e minha expressão era vazia.

–O que...? - Disse ainda um pouco atordoada, por ter sido tirada dos meus pensamentos.

– Não se preocupe, eu não vou te esquecer, sempre vou vir te visitar quando puder, e nós podemos trocar emails esqueceu? - Ele Falou tentando me alegrar.

–Vai por mim, não é a mesma coisa... - Minha voz soava triste, porque era assim mesmo que eu estava.

–Vamos dar um jeito esta bem? Ate porque eu não demorei tanto tempo pra te encontra pra nunca mais poder te ver não é? - Disse Kaito com um sorriso no rosto, que fez a minha alegria voltar.

Continuamos a conversar enquanto andávamos.

–Kaito, você não me disse quando tempo falta pra você ir pra facudade.

–Bem...não se preocupe com o tempo, ele não importa não é?

–Mas é claro que importa! Preciso saber quanto tempo ainda tenho com você.

–Tem certeza que quer saber? - Fiz que sim com a cabeça, ele deu um suspiro longo e falou...

"Eu vou embora em menos de um mês"