Family escrita por Luna Sapphire Calhoun


Capítulo 2
Sweet Rebel




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Quase uma semana se passara desde o episódio com James e Clarion não fora vista a semana toda.

Mas naquela noite ela estava de volta. Eram cinco da manhã e música alta ecoava por toda Niceland vinda da casa da menina.

De pé na porta da frente era a única pessoa ainda corajosa o suficiente para tentar enfrentar o pequena rebelde.

Calhoun apenas bateu apenas uma vez, sem resposta, ela verificou se estava trancada, mas para sua surpresa, a porta estava aberta.

A sala estava abandonada e escura, a música parecia vinda do primeiro andar, provavelmente do quarto da menina, de modo que a Sargento subiu as escadas.

A porta do quarto estava fechada, mas surpreendentemente destrancada.

Ela abriu um pouco a porta, mas um dardo cravou na parede à centímetro do seu rosto.

"Eu não sei quem está aí, mas se não se identificar eu atiro de novo, e dessa vez eu acerto!" A voz sombria da garota ameaçou.

Calhoun pensou por um momento no que fazer, ela escolheu tentar falar com a menina com calma primeiro.

"Clar, é a Sargento Calhoun, posso entrar?"

Sem resposta, mas em pouco tempo a menina abriu a porta. Ela estava segurando uma zarabatana, seu cabelo estava pichado de azul, as roupas dela estava um pouco rasgadas, mas o que realmente surpreendeu Calhoun foi o quarto.

Tudo no quarto, exceto pela cama e o rádio de onde a música vinha, estava quebrado ou rasgado, o chão estava coberto de marshmallows, bolas de papel e aviões de papel nas formas mais diferentes, mas todos eles derrubados e destruídos por um bombardeio de tinta. Todo o quarto também estava coberto de pontos coloridos de tinta e a arma de paintball que causara a destruição também estava quebrada, jogada em um canto.

Em uma das paredes tinha uma folha de papel, também atingida por dardos e tiros de tinta.

O que acontecera lá era difícil de imaginar. Não parecia algo que uma menina de dez anos de idade poderia fazer. Parecia mais que um furacão passara por lá. Mas o fato de a cama e o rádio estarem intactos era um bom sinal que alguém fora responsável por essa destruição, e esse alguém não podia ser outra senão a menina na frente dela.

"O que aconteceu aqui?" A Sargento perguntou irritada com a garota.

Clarion deu de ombros.

"Isso acontece toda vez que fico trancada em algum lugar." Ela explicou.

"Todo esse barulho também?"

Clarion não respondeu, mas olhou para o chão. Calhoun aproximou-se e desligou o rádio, mas a menina estalou os dedos e o rádio ligou novamente.

"Você não tem direito de manter as pessoas acordadas, só porque você não quer dormir." Ela desligou novamente.

"E você tem o direito de me dizer o que fazer." Desta vez o rádio ligou sozinho.

Desta vez Calhoun perdeu a paciência e atirou no rádio.

"Agora tudo está completamente destruído." Clarion sorriu, como se simplesmente não tivesse tido coragem de atirar o rádio pela janela ou qualquer coisa do gênero.

Nesse momento Calhoun percebeu o que estava acontecendo.

"Então, você estava esperando que eu viesse?"

"Claro que não!" A menina rapidamente se defendeu.

Mas ela certamente estava. Talvez não exatamente ela, mas alguém... O barulho era apenas para chamar atenção, e era por isso que ambas as portas estavam destrancadas e porque a menina a deixara entrar.

"Então, qual é a sua desculpa para todo esse barulho? Você está perturbando um monte de gente, algumas muito cansadas e precisando de um pouco de sono."

"E outra fazendo o melhor para manter sua mente em condições." Clarion retrucou.

"Não é nenhuma desculpa para você perturbar os outros. Eu não consigo entender qual é o seu problema. Quando você ficou tão egoísta, autoritária e rebelde?" Calhoun ainda estava brava com a menina.

"Eu tinha sete. Tinha três quando aprendi a não confiar em ninguém e manter até mesmo um olho atento a cada olhar, cada gesto, cada som, cada detalhe em torno de mim." Clarion estava já no meio do quarto, voltou-se de costas para Calhoun, olhando pela janela, os braços cruzados e a expressão, antes vazia estava se tornando triste. Lembrar-se de sua antiga vida era difícil para ela. "Uma vez eu tive uma amiga e por um tempo eu senti que tinha recuperado um pouco do que eu perdera, mas eu comecei a me distrair, e pela primeira vez eu deixei de me preocupar tanto. Foi quando um homem quase nos sequestrou, fugimos, mas nos perdemos em uma parte desconhecida da cidade. Estávamos com fome, sem dinheiro e não encontramos nem uma única alma boa para nos ajudar, eu tentei roubar comida, fui pego pela polícia. Sorte para ela, seu pai era um dos policiais, mas estávamos sendo seguidos por uma gangue e por isso eu me vi presa em meio a um tiroteio. Tive que lutar muito para fugir, não antes de eu entender," ela colocou a mão em seu ombro, onde ela levara um tiro, provavelmente na aventura que ela descrevia, "para lembrar eu nunca me distrair de novo, e nunca confiar em ninguém." Agora, ela estava tentando segurar as lágrimas. "Então vocês apareceram na minha vida e comecei a confiar nas pessoas novamente, comecei a relaxar um pouco, e você viu o que aconteceu. Agora, a cicatriz que isso deixou não é visível, mas ainda dói. Porque a vida é tão difícil? Eu só queria ser capaz de entender." Clarion finalmente virou-se para encará-la, lágrimas correndo pelo rosto e dessa vez a menina não fez qualquer esforço para segurá-las.

A menina se afastou e sentou-se na borda da cama, o rosto escondido entre as mãos, em silêncio, chorando. Aquela situação era nova para Calhoun. Sabia que a menina tinha passado por uma vida difícil, mas não pensava que fosse tanto. Ela suspirou e sentou-se ao lado da garota e passou um braço em volta dos ombros dela, trazendo-a para perto.

"Eu só... Eu tenho medo de tque tudo isso seja apenas um sonho, e acordar um dia de volta a minha antiga vida, ou pior... Depois de tantos anos é difícil de acreditar que a esperança possa existir. Também não tenho certeza se estou pronta para tentar começar de novo..."

Ela passou um pouco mais em silêncio até que começou a cantar:

"Sometimes you think
you'll be fine by yourself
'Cause a dream is a wish
That you mak all alone"

Ela tentou enxugar as lágrimas, parecia difícil.

"Is easy to feel
Like you don't need help
But is harder to walk on your own."

Ela olhou para Calhoun, por um momento, então olhou de volta para a janela.

"You'll change inside

When you reallize

The world comes to life
And everything is right
From beginning to end
When you have a friend by your side
That helps you find
The beauty in you own
When you open your heart
And believe in
The gift of a friend."

Clarion forçou um leve sorriso.

"Desculpe por isso. Eu..." Mas ela parou quando ouviu a voz de Calhoun.

"Someone who knows
Whenyou're lost and scared
And there through the highs and the lows
Someone you can count on
Someone who cares
Besides you whenever you'll go."

"Sabe, nunca imaginei ouvir você cantando." A menina comentou suavemente.

"Também nunca imaginei ver você chorando assim."

"Acho que todos ainda temos muito o que aprender." Clarion riu.

"You'll change inside"

A ruiva começou novamente.

"When you reallize"

Calhoun respondeu. Assim, as duas voltaram a cantar juntas:

"The world comes to life

And everything is right
From beginning to end
When you have a friend by your side
That helps you find
The beauty in your own
When you open your heart
And believe in
The gift of a friend

And when your hope
Crashes down
Shattering to the ground, you
You feel all alone
When you don't know
Which way to go
And there's no signs
Leading you home
You're not alone.

The world comes to life
And everything is right
From beginning to end
When you have a friend by your side
That helps you find
The beauty in your own
When you open your heart
And believe in
The gift of a friend."

"Eu acho que você está certa." Clarion finalmente suspirou. "Eu deveria me dar uma segunda chance. Talvez eu possa encontrar um caminho."

"Você é a garota mais corajosa que eu já conheci. Eu sei que você vai conseguir."

Calhoun se levantou e caminhou em direção à porta, mas parou quando ouviu a voz da menina.

"Você vai me deixar aqui sozinha?" Clarion perguntou inocentemente.

"Você está admitindo que você precisa de mim?"

"Um pouco". A menina riu nervosa, olhando para o chão. Depois de alguns segundos, ela suspirou e olhou de novo para a mais velha. "Tenho medo dela voltar, foi por isso que liguei música alta, para afastá-la."

"Quem?"

"A voz. Eu a ouço desde os quatro anos... Desde que ela chegou. Agora ela fica dizendo coisas assustadoras que eu não quero ouvir, eu só quero que ele vá embora."

"Kitty?"

"Eu não sei, mas ela me assusta. Mas ela não gosta de barulho, e vai embora quando você está por perto. Eu só queria tentar colocar as coisas de volta ao normal, mas é impossível. Eu não estou acostumada com isso. Situações que geralmente são normais para os humanos me perturbam, porque eu não estou acostumada com isso. Minha vida sempre foi diferente, e de repente tudo mudou. para melhor talvez, mas ainda é difícil para mim. Obrigado por ajudar, Sargento".

"Não é errado sentir um pouco de medo de vez em quando. E você ainda é jovem, tem muito para viver, tanto para aprender. Não precisa ter vergonha de pedir ajuda se você precisar. Quer que eu fique aqui até você dormir? Só para ter certeza?"

"Eu não quero incomodar ninguém. Que posso lidar com isso."

"Mas eu vou ficar, só pra garantir."

Em poucos minutos, ambas estavam completamente adormecidas.


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Notas finais do capítulo

A próxima história vai ser postada depois que eu terminar de escrever Labirinto dos Pesadelos, que será iniciada amanhã...



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