Em Busca da Fama escrita por fdar86


Capítulo 2
Capítulo 2: Café com uma desconhecida




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Cristal foi andando em direção ao rapaz que lhe esperava extremamente ansioso. Realmente tinha uns papéis em suas mãos e ele lhe deu uma caneta para que lesse e assinasse o contrato. Logo depois a levou para uma sala que Polly imaginou ser a do produtor do show, ou algum outro membro importante da equipe.

Polly desceu, e por alguns instantes havia esquecido do convite de Cristal, mas após sair do elevador, a imagem da meiga garota lhe convidando para tomar um chá veio-lhe como um raio. "Ela é tão experiente...", pensava Polly admirada.

Polly decidiu tomar um café e esperar um pouco para ver se a garota voltava. Achou estranho a sensação de estar fazendo algo que nunca fez antes. Primeiro procurou uma garota que nunca tinha visto para dizer de uma profunda admiração por sua apresentação, e agora estava sentada em uma lanchonete tomando um café que nada mais é do que uma desculpa para esperá-la.

Totalmente perdida em seus pensamentos, Polly se surpreendeu ao ver uma mão tocando-lhe o ombro.

Era Cristal, seus cabelos lisos e pretos pareciam ainda mais lindos, agora que ela os havia jogado para trás.

- Oi... Fico feliz que tenha me esperado.

- Estranho não é?

Cristal sorriu como se também estivesse achando estranha a sua reação, mas logo se esquivou com uma pergunta.

- O que é estranho?

- Não sei, tomando café com você. Eu vim aqui para competir, e na saída venho tomar café com você. Que na verdade é uma estranha para mim. Eu não sei, mas... Isso não é costume meu, entende? Eu nunca fiz isso antes.

Cristal lhe olhou como se lesse em seus olhos uma revelação que nem mesmo Polly podia perceber.

Isso a intimidou.

- Você tem quantos anos, Polly?

- 22. E você?

Polly começou a observar as suaves mudanças na expressão de Cristal.

Os suaves toques na sombrancelha, o jogar dos cabelos para trás.

Sinais singelos, mas que serviam para deixar seu rosto ainda mais agradável.

- 25.

Um silêncio repentino surgiu com as observações mútuas que elas estavam fazendo em devaneios.

Mas foi logo quebrado com a curiosidade de Cristal em saber mais sobre a vida da garota misteriosa.- Então Polly, você estudou em que faculdade?

- Faculdade? Ah! Não, não, eu não fiz faculdade.

- Cristal sorriu, interessando-se ainda mais pela garota à sua frente.

- E você queria uma vaga aqui? Não acha que está aspirando muito para uma iniciante?

- Talvez. Mas... Eu sempre fui assim. Eu gosto de...Cristal levantou a sombrancelha, como se esperasse um comentário em especial, e sorriu, interrompendo completamente o pensamento da garota, que se transformou na observação de um sorriso que a modelo havia lhe dado, que a Polly deu o título do "melhor dos melhores" até então.

Voltando a si, percebeu que Cristal olhava para ela fixamente, sorrindo suavemente, como se soubesse dos seus pensamentos, e se divertisse com eles. Ficou vermelha bruscamente, constrangida, enquanto a outra permanecia com a mesma expressão suave e gentil no rosto.

- Correr atrás do que eu quero. Independente de ter uma chance real ou não.

- E você está certa.

- Eu acredito que nós só conseguimos coisas na vida se soubermos arriscar as chances, mas sabendo aceitar o que nos for dado também.Pareceu que Cristal se interessou mais por Polly nesse momento.

Sem pensar, ela lhe fez uma pergunta sobre sua família, que acabou rendendo uma longa história. O tempo todo encarando a garota, Polly não percebeu um toque entediado em seu rosto, em nenhum momento. "Houve uma conexão legal entre a gente.", pensou Polly, tentando achar uma boa desculpa para o que sentia pela garota.

História contada, Cristal finalmente toma a palavra.

- Eu estou impressionada com você.Polly ficou meio atordoada, pensando "Engraçado, eu estou da mesma forma".

Se rendendo a curiosidade, ou talvez realmente interessada na conversa, perguntou-lhe:

- Impressionada com o que?

- Sua vida. Sua coragem. Sua beleza.

"Ela me acha bonita".

De repente Polly, embora perplexa, ficou muito feliz por dentro, o que lhe rendeu um doce sorriso. A garota que tanto admirava, um exemplo de beleza e profissionalismo, tinha acabado de dizer que a achava bonita. Imediatamente ela perdeu o jogo, ficando abobada e demonstrando o seu interesse naquela palavra em especial.

- Beleza? Você me acha bonita?

- Sim. Na verdade achei a sua beleza muito especial.

- E... Por que especial?

- Não é uma beleza comum. Como a minha.

- A SUA?

"Deus! Que mico!"

Polly de repente se percebeu aumentando sua voz, que dificilmente é alterada.

Os pais sempre lhe obrigavam a falar baixo, mas tanto foi o choque pelo que Cristal disse, que ela nem pensou.

Se recuperando, falou calmamente, o que ficou totalmente percebível para a garota, pensou.

- Mas eu tive uma visão diferente de você. Eu achei você muito linda.

- Cristal continuou, dando um singelo sorriso.

Cristal pegou o copo com refrigerante da mesa, e emborcou alguns goles em sua boca, suavemente, enquanto pensava no que dizer à garota, que se calou diante daquela visão. Era lindo. Não, era mais do que lindo. Era sexy. Totalmente sexy... E uma estranha sensação foi surgindo no corpo de Polly diante da imagem da língua de Cristal passando por sua boca, molhando-a. Uma coisa ela tinha certeza, era diferente de tudo que já havia sentido.

De repente, digerida a sensação, começava a lhe assustar o fato dela estar sendo transmitida por uma garota.

E antes que Cristal tivesse terminado de pensar no que mais dizer, Polly já foi se adiantando, evidentemente nervosa.

- Eu tenho que ir.Cristal se levantou imediatamente da cadeira, seguindo o passo da garota. Pegou em sua mão, numa tentativa muda de pedir que ela ficasse.

Estava realmente interessada por Polly, que por um certo momento percebeu em seus olhos o pedido feito em silêncio, e lhe falou.- Por que não trocamos telefones. Podemos marcar para nos ver depois. O que acha? Com mais tempo.

Polly pensou "Mais tempo? Até parece que tem algo que eu queira fazer em maior tempo. O que eu estou fazendo. Deus!".

Cristal, no entanto, olhava para ela de uma forma tão gentil, carinhosa, que todo o seu medo se esvaiu por alguns instantes. Polly estava tão concentrada em seu olhar, que apenas viu a boca de Cristal abrir, sem ouvir uma só palavra do que foi dito. Polly imaginou que ela tenha dito um sim, por ter aberto logo depois a bolsa e retirado um bloco de notas para anotar seus números.

Trocado os números, as duas foram para suas casas com a única missão e desejo de receber uma ligação.


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