O Inverso da Dor escrita por fdar86
Algumas horas depois Lucy acordou no hospital, após ser sedada para não sentir dor durante o tratamento. Por efeito dos remédios, ainda não conseguia ver as coisas bem. E começou a recordar o que havia acontecido, ainda sem entender bem o que aconteceu. - Você está bem?, disse a outra aparentemente nervosa. De repente, Lucy conseguiu observar uma linda garota sentada próxima a ela, sorrindo, mas aparentemente preocupada, levantando-se imediatamente, se aproximando e pegando na sua mão. Ela era realmente linda. A verdade era que se sentiu o dia inteiro algo como se estivesse em uma maternidade, e ansiosa para a sua esposa ter o bebê. Sua reação era tão estranha que o pai havia pensado que se tratava de uma amiga íntima da filha. E ela era... Era como se fosse... - Estou. V-você me trouxe aqui...? - disse envergonhada por ter importunado a garota - Sim. Meu pai trabalha aqui. Ele cuidou de você. - Obrigada. Você... June aparentou, de repente, sentir uma tristeza imensa. - Eu queria te pedir desculpas. - Pelo que? - Por minha causa aquilo caiu no seu pé. - Não diga bobagem! Claro que não foi culpa sua! - disse de forma rude... Precisava consertar o que havia dito. Lucy parou uns instantes em silêncio encarando a garota, que agora lhe parecia um precioso anjo da guarda. - Na verdade... Eu tive culpa... Eu estava nervosa. - Hoje você está de repouso. Ordem de meu pai. Amanhã te levarei para sua casa. Lucy sorriu, ao ver a decisão nos olhos brilhantes de June. - E como é seu nome? Acho que nem nos apresentamos corretamente... June se aproximou até Lucy, e beijou carinhosamente a sua mão. O toque novamente fez com que Lucy se estremessesse. Após uma tarde de muita conversa, June foi para sua casa, praticamente a mando da garota com o pé-machucado. - Vá pra casa, anjo. Amanhã você me pega. - disse ruborizando lentamente pela expressão que usou. - Não, melhor n... Lucy sorriu, aquele sorriso que June adorou desde que a conheceu. June foi forçada para casa. Aquela garota tinha algo que lhe atraía, e ela não entendia bem por que.
O tendão do pé havia sido distendido. Por sorte, não havia afetado o osso.
Ainda parecendo confusa, Lucy olhava para uma garota sentada no sofá do quarto.
Sentia-se tonta, e com a visão ligeiramente embaçada.
O que ela sentiu quando June a tocou? Por que ficara tão nervosa, a ponto de deixar cair um aparelho daqueles em seu pé?
June estava muito nervosa.
Preocupava-se com Lucy além da conta, e passara todo o dia enchendo seu pai para deixá-la entrar, e esperar no quarto com June.
Era uma sensação que June não conseguia explicar. Aliás, como todas que havia sentido, desde que conheceu Lucy.
E uma lágrima caiu de seus olhos, repentinamente, comovendo a outra.
Abaixou a cabeça, apertou a mão de Lucy mais forte, e continuou.
Um lindo anjo da guarda. E ela não conseguia evitar sentir como se a garota fosse o seu anjo da guarda...
Pouco depois rompeu o silêncio.
- Nervosa? Entendo... - Imaginando que a outra estivesse nervosa por ser seu primeiro dia na academia, não se aprofundou no assunto.
- Você foi um anjo. Novamente obrigada.
- Não precisa... Eu...
- Eu te trouxe, eu vou te levar.
- É sério... não precisa.
- Eu quero.
Se emocionou com o carinho da moça.
- June Macedo.
- Lucy BoaVentura. Prazer em te conhecer...
June não sentiu o mesmo, porque estava muito preocupada com a moça para poder sentir qualquer coisa.
Seus sentidos estavam totalmente confusos.
Definitivamente não queria deixá-la sozinha. Persistia aquela sensação de uma necessidade de cuidar dela.
E não existia mais treinador, nem academia. Era apenas ela e Lucy.
A palavra anjo confundiu June, que não esperava por um carinho tão grande.
Afinal, ela era uma estranha, embora fosse uma louca, alucinada, que sentia como se ela fosse a sua grande razão de viver, ela ainda era uma estranha.
Uma estranha linda, mas uma estranha.
- Eu estou bem. Não vou me sentir bem se você dormir aqui nesse sofá duro.
- Está bem... Mas só vou por que você me pede.
- Obrigada.
Pensou em Lucy por toda a noite.
Não esqueceria de buscá-la amanhã, de maneira alguma.
Sentia que precisava estar com ela.
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