A um passo do fim. escrita por Evey


Capítulo 3
Tempo determinado. Destino incerto.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora... Estou internet descente, pensei que já tinha postado esse, mas ele não tá aqui...
Boa leitura e até o próximo. :D



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A chuva tornava-se mais intensa, a luz, causada pelos relâmpagos, atravessava a pequena fresta deixada por acaso entre as cortinas da enorme janela do quarto onde Naruto permanecia internado, as paredes brancas se misturavam a claridade, o loiro começava a piscar devagar atordoado pela claridade do lugar, acordou antes do previsto, as pálpebras pesadas insistiam em cair enquanto o jovem lutava para abrir os olhos e encarar a realidade, não era difícil identificar onde estava, Naruto conhecia muito bem um hospital, de repente uma figura se formou próximo a janela, usava uma espécie de sobretudo com capuz, não conseguia identificar a cor.

– Quem é você? – A voz estava quase inaudível.

– Que bom que acordou! – A voz era familiar, ainda que isso fosse um pouco difícil acreditar. – Não gostava muito de relâmpagos quando estava viva. – Hinata tirou o capuz e virou para encarar o loiro. – Agora anseio por eles.

– Você não é real... – Afirmou entortando o canto esquerdo da boca.

– Entendo... – Hinata estendeu a mão até a cortina e deslizou-a acabando com a passagem de luz. – Então você está ficando louco? – A menina se aproximava da cama.

–Não estou ficando louco... – O rapaz aumentou o tom. – Estou?

– Não... – A menina respondeu com um pequeno sorriso. – Eu to mesmo aqui, só que a maioria das pessoas não pode me ver...

– Você está morta mesmo? – Perguntou em tom baixo.

– Sim... Já faz muito tempo. – Hinata olhou para o chão.

– Como foi que você morreu? – Perguntou com receio. – Como foi morrer? Como isso é possível?

– Foi há tanto tempo... – Disse como se não pensasse sobre isso. – Acho que não vai fazer mal contar a você, talvez assim entenda porque pode me ver...

Hinata começaria a narrar enquanto as lembranças daquele dia lhe invadiam a mente, era evidente que a garota evitara pensar sobre aquilo.

2001

...Era uma bela tarde de primavera, duas crianças brincam em uma praia distante de Tokio cerca de quatro horas, o fim de semana prolongado deu a família Hyuuga uma chance de visitar a casa de praia que mantinham próximo a capital, entretanto Hiashi precisou voltar mais cedo e Hinata, sua filha mais velha pediu para ficar por mais um dia, o pai não negava nada quando a menina pedia usando um tom de choro e os olhos marejavam, assim Hinata, Neji e a babá ficariam mais um dia enquanto Hiashi, sua esposa e sua filha mais nova partiram deixando o motorista a serviço dos que ficaram.

Segundo Hinata aquela era a tarde mais bonita que viu os raios de sol alaranjados cortavam o céu anil, as poucas nuvens pareciam pedaços perfeitos de algodão e a areia estava macia e morna, brincavam sem cansar até que a babá veio chama-los.

– Hinata-sama, Neji-san! – Ela vinha sorrindo. – Já temos que voltar.

Ela era uma mulher linda, os cabelos eram negros e os olhos azuis seu sorriso era tão gentil que fazia Hinata se lembrar de sua mãe, cuidava de Hinata desde seu nascimento, sempre estava com ela, sem perder tempo a mulher os agasalhou levando-os para limpá-los e arruma-los devidamente.

– Não quero voltar ainda Na-chan, vamos ver o sol se pôr. – Hinata fazia uma voz chorosa para tentar sensibiliza-la.

– Temos que ir agora. Pode convencer seu pai assim, mas isso não funciona mais comigo. – Ela a olhava de um jeito tão seguro que a menina só conseguia sorrir.

Eles não tinham muito tempo por isso ela os limpou rapidamente e os arrumou o motorista já esperava e assim começou a volta para casa enquanto o sol sumia no horizonte.

Havia passado mais ou menos umas duas horas de viajem, a babá tentava distrair as duas crianças que já sentiam o cansaço das horas de brincadeira, Hinata e Neji estavam no banco de trás e a babá no banco do carona, Neji segurava a mão da prima enquanto amparava a cabeça dela em seu peito, a pequena estava com sono, ele sempre a protegia, ainda muito pequenos ele não deixava ninguém a incomodar e nunca permitiu que ela caísse.

Os olhos de Hinata piscavam cada vez mais e a sonolência a fez pensar ter visto algo estranho, uma sombra que passou ao lado do carro, a pequena pensou não ser nada apenas efeito da longa viagem, entretanto aquilo era algo que fazia seu sangue congelar.

A partir daí a serie de eventos ocorreu tão rápido quanto um flash, um carro que vinha no sentido oposto acertou bem de frente o carro dos Hyuugas, o motorista perdeu o controle e começaram a cair pelo barranco, o impacto fez os primos se afastarem. Essas coisas acontecem tão rápido, ainda assim a cabeça de Hinata borbulhava em pensamentos, enquanto tudo acontecia ela era capaz de pensar, ver e agir aproveitando cada instante que lhe foi oferecido, naquele momento soube que aquela sombra não estava ali por acaso, quando olhou para sua babá, a cabeça dela estava cravada no vidro da janela enquanto o sangue escorria e as mãos se moviam em pequenos espasmos involuntários, o carro parou, era plausível pensar que havia acabado.

– Neji... – Sussurrou vendo o primo desacordado do outro lado do banco. – Por favor, acorde!

– Hinata-chan... – Neji falou baixo sem conseguir se mover.

O carro começou a balançar e Hinata gritou desesperada, o motorista não se mexia mais, o carro começou a cair de novo os movimentos do veiculo fizeram Neji se mexer se aproximando da prima ficando bem no centro do banco de trás, Hinata viu que algo atravessava o vidro da frente e atingiria seu primo, ele não estava vendo ou não conseguia se mexer sozinho, se fosse ao contrario ele a protegeria a menina não conseguia encontrar outro modo precisava protegê-lo, não poderia suportaria ver ele morrer, o amava tanto, ele sempre a protegia até mesmo de suas inseguranças e fraquezas.

Ela pegou impulso e o empurrou sentindo algo atravessar seu pequeno corpo, finalmente o carro estabilizou, um galho resistente havia quebrado o vidro e a atingiu atravessando o seu peito prendendo seu corpo ao banco, os olhos de Neji se encheram de lagrimas enquanto Hinata não consegui chorar, com a mesma velocidade que a dor veio ela foi embora, só conseguia mexer seu braço direito e o estendeu em direção ao primo ainda paralisado.

A porta abriu. Como poderia haver alguém ali? Neji se recusava a sair, aquela pessoa o arrancou de lá enquanto ele se debatia e gritava o nome da prima deixando a menina morrer sozinha, a ultima coisa que viu foi uma bela flor branca que estava no galho que a atingiu, seus olhos se fecharam e quando se abriram de novo estava a beira da estrada, havia ambulâncias, viaturas, carros, ela não demorou a perceber que ninguém a via, o carro foi puxado do barranco e com ele os três corpos sem vida, apesar de estar com medo a garota resolveu não fugir, o pequeno e frágil corpo foi retirado e a certeza de que tudo tinha acontecido exatamente como lembrava era inquestionável, assim soube que estava morta.

Todas as pessoas do carro que os atingiu morreram e a identidade daquele que salvou seu primo ficou oculta. Não podia fazer nada além de seguir seu corpo vazio, ficou com ele até o dia do enterro esperando que alguma luz ou qualquer outra coisa fosse busca-la, mas nada veio encarou o enterro e não suportou ver todos que amava devastados resolveu brincar pelo cemitério até que encontrou o loiro e ele podia vê-la brincaram que até que ele se foi e por um bom tempo nem um vivo a veria.

Naquele mesmo dia um ser estranho veio chama-la e a pequena confusa o seguiu buscando respostas e propósito, mas essa parte da história ainda não deveria ser contada por isso a ocultou...

Hinata narrou seus últimos momentos com certa naturalidade, ela não queria deixar transparecer como pensar naquilo era difícil.

– Por que posso ver você? – Essa era a pergunta que mais o perturbava.

– No dia em que nos conhecemos no cemitério você deveria morrer... – As palavras saíram rápido demais. – Quando alguém está prestes a morrer se conecta com o mundo espiritual, naquele dia o véu se partiu para você atravessá-lo por isso pôde me ver e fique sabendo que eu não fui o único espírito que viu por lá, no entanto eu interferi na hora da sua morte por isso ainda está aqui hoje...

– Eu não entendo...

– Aquele era o dia programado para a sua morte, você caminharia atordoado cairia em uma cova aberta bateria a cabeça e morreria, eu não podia permitir, nós tínhamos a mesma idade assim como eu e o meu primo você merecia viver. – Hinata suspirou e mordeu o lábio. – É quase impossível impedir a morte de alguém, quando a morte chama não há como fugir, mas eu consegui isso, você deveria estar do outro lado e ainda está vivo, isso porque os olhos dos Hyuugas no plano material são comuns, mas no plano espiritual são únicos e podem ver coisas que outros espíritos não podem...

– Você disse que eu te vi naquele dia porque deveria morrer... – O rapaz não desviava o olhar. – Por que posso te ver agora?

– A sua condição te faz encarar a morte todos os dias... – Hinata encarava os olhos azuis. – Você não é como eu, estou presa entre o mundo material e o espiritual, pois a morte me alcançou antes de me chamar, estou presa aqui até o dia programado para o chamado chegar, como o seu dia já passou pode partir para a próxima etapa. – A menina já estava ao lado do loiro.

– Não faz sentido, eu só fui ao cemitério naquele dia porque você morreu, se não era sua hora de morrer porque a minha morte estava programada para acontecer lá? – Naruto estendeu a mão para tentar toca-la.

– Você ainda não pode me tocar. – Disse afastando o braço. - O seu tempo está determinado, não seu destino... – Os olhos brancos estavam opacos enquanto respondia. – A cada escolha ou circunstancia o modo como vai morrer se adapta para o lugar no qual estará na hora da morte.

– Quando estava na garupa da moto do Sai eu vi você abraça-lo. Porque ele pode te ver e te tocar?

– Aqueles que são como eu, só podem interagir completamente com o mundo físico quando a conexão entre os dois mundos está sendo fortalecida por mais de um chamado, o véu se parte ao ponto de poder haver o toque, eu conheci o Sai no acidente de avião há dois anos, depois o véu é reestabelecido a maior parte das pessoas esquece a experiência, em outros casos o trauma é tão profundo que não conseguem acabar com a conexão e viram médiuns, mantendo a mesma intensidade do momento no qual estabeleceram a ligação, o Sai é uma dessas pessoas. Ele desenvolve tanto o poder dele que já é capaz de interromper e reestabelecer a conexão quando lhe convém.

– Tudo isso é tão estranho, existem tantas perguntas...

– Naruto eu não estou aqui em vão, o mundo espiritual está em desequilíbrio, muitas pessoas estão morrendo antes do chamado, céu e inferno estão em guerra declarada, ainda não é hora de revelar detalhes e não posso mais responder as suas perguntas, só peço que confie em mim, eu preciso estar naquela escola e quando a hora chegar tudo vai ficar claro. Eu preciso ir agora. – Hinata se afastou da cama. – Se for pra escola amanhã te vejo por lá. – A menina desapareceu.

– Isso aconteceu mesmo? – Sussurrou.

– Já está acordado! – Shizune, assistente de Tsunade, entrou no quarto, para Naruto aquela afirmação confirmava que o acontecimento foi real.

Tsunade conversou com Minato e Kushina juntamente com Sasuke que narrou tudo que havia acontecido na escola deixando-os preocupados, a medica achava que não deveria ser nada demais por isso assim que ele quisesse poderia ser liberado, assim que recebeu a noticia o jovem quis sair daquele lugar sendo prontamente atendido pelos pais superprotetores.

O dia seguinte chegou sem raios de sol, Sai abriu os olhos devagar enquanto o despertador o forçava a sair da cama, o rapaz morava só em um pequeno apartamento por isso tinha que fazer tudo sozinho.

– Vamos Sai-kun! – Hinata colocou as mãos na costa do rapaz que permanecia deitado. – Levanta, levanta... – A garota o balançava.

– Porque você tem que ficar aqui? – Perguntou enquanto se levantava.

– Não seja malvado, você é o único médium que eu conheço aqui! – Disse fazendo bico.

– Como foi a conversa com o Naruto? – Perguntou indo em direção ao banheiro.

– Só espero que ele acredite e confie em mim... – Respondeu vendo o garoto entrar no banheiro.

Hinata ficou sentada na cama do moreno encarando o céu através do vidro embaçado, falar sobre a morte lhe trouxe lembranças que evitava, a conversa com Naruto a fazia pensar sobre tudo que acontecerá para que naquele momento ela estivesse ali sentada na cama de um amigo vivo tentando salvar pessoas que não pôde conhecer.


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Notas finais do capítulo

Bom, mais ou menos, ruim??? Como tá??
Aguardo o comentário de vocês, beijos e até o próximo..



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